TRATAMENTO DE CÂNCER

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Cerca de 5 mil
armas de fogo
serão destruídas
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Termina o prazo
para o Estado
assumir hospital
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A GAZETA - 1B
CUIABÁ, 20 DE DEZEMBRO DE 2011
José Sabino Monteiro Filho exibe
o novo aparelho para radioterapia
a ser instalado na Santa Casa
TRATAMENTO DE CÂNCER
Otmar Oliveira
Poder público tem prazo de 180 dias para fazer os
diagnósticos e as cirurgias dos 1,6 mil pacientes em MT
Liminar determina
fim da fila
GLÁUCIO NOGUEIRA
DA REDAÇÃO
stado e município têm 180 dias para atender
todos os mais de 1,6 mil pacientes à espera de
tratamento contra o câncer. A liminar foi
concedida pelo juiz da Vara Especializada da
Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, Luiz Aparecido
Bertolucci Júnior, para evitar que mais pessoas morram sem o
devido tratamento. Para o câncer de próstata, por exemplo,
aguardam por uma biopsia mais de 600 pessoas, mas o
Hospital Metropolitano realiza apenas 14 procedimentos por
semana.
A doença, segundo tipo que mais
atinge homens e que mata 12 mil
pessoas por ano, é só mais um exemplo
do caos que a área enfrenta em Mato
Grosso. “Nestes casos, a precocidade
do diagnóstico é fundamental. Se
descoberto a tempo, muitas pessoas
podem superar o problema, algo
impossível com o número de pessoas
aguardando tratamento hoje”, destaca o
promotor de Justiça e Cidadania de
Cuiabá, Alexandre Guedes, autor da
ação.
Com a limiar, as responsabilidades do tratamento dos
pacientes são divididas. O Estado terá 180 dias para realizar
todos os procedimentos de diagnóstico dos pacientes que
ingressaram na Central de Regulação Oncológica até 1º de
agosto deste ano.
Aqueles que foram incluídos no sistema após esta data, a
Secretaria de Estado de Saúde (SES/MT) deverá garantir o
atendimento em até 80 dias. Para as cirurgias, serão 180 dias
para os que foram regulados até 31 de julho e 120 para os
novos pacientes. A Secretaria Municipal de Saúde da Capital
(SMS) fica responsável pelos pacientes de Cuiabá e terá que
cumprir os mesmo prazos.
O promotor explica que um inquérito civil foi aberto
para tentar compreender quais os pontos críticos no
tratamento de câncer em Mato Grosso. Após audiência
pública e diversos estudos foi constatado que os maiores
problemas eram os diagnósticos e as cirurgias. “Com a
demora em se constatar o câncer, o Sistema Único de Saúde
(SUS) acaba gastando mais com tratamentos paliativos, que
são ineficazes no combate ao problema”.
Segundo o promotor, uma vez vencido o desafio de acabar
E
com as filas de atendimento da doença, é preciso se pensar no
aumento da capacidade da rede de forma constante. “Em
Mato Grosso, o SUS tem poucos serviços próprios. Ele faz
muitos convênios com hospitais para garantir o atendimento.
Em um primeiro momento, acredito que a contratação de
serviços privados deverá suprir a demanda emergencial, mas
é algo a ser pensado”.
Outro problema apresentado na Central de Regulação
Oncológica do Estado diz respeito aos medicamentos usados
para os procedimentos de quimioterapia. Em muitos casos,
são encaminhados para a farmácia de alto
custo, mantida pela SES, pedidos de
medicamentos que não fazem parte
do protocolo do Ministério da
Saúde (MS) para o tratamento da
doença.
Com isso, a SES é obrigada a
realizar um pregão para garantir a compra
do medicamento, mais caros que os
convencionais, e garantir o atendimento,
mesmo quando não há estudo que comprove
que tais produtos sejam melhores que os
distribuídos pelo MS.
O dispositivo cria um mercado paralelo
de distribuição de medicamentos, onerando
os cofres públicos.
Alexandre Guedes pontua que a medida é mais uma forma
de auxiliar nos ajustes necessários ao SUS para que ofereça
com eficiência os serviços de saúde à população. “Estamos
acompanhando a evolução dos atendimentos”. Ele está
também aberto ao diálogo para que os prazos da liminar
sejam mudados, se necessário. “O que queremos é resolver o
problema e garantir a todos um tratamento digno”.
Hospital do Câncer
atende por ano cerca
de 47 mil pacientes,
aproximadamente
4 mil por mês
Hospital de Câncer - Maior estabelecimento voltado
ao tratamento oncológico de Mato Grosso, o Hospital de
Câncer possui hoje 111 leitos. Segundo o presidente da
unidade, João Castilho Moreno, são atendidos por ano cerca
de 47 mil pessoas, aproximadamente 4 mil por mês. E este
número será aumentado a partir de janeiro. Isto porque o
hospital absorverá os cerca de 70 pacientes/mês que fazem
radioterapia na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, que
será fechada para reformas e substituição do equipamento no
dia 30 de dezembro.
Para garantir o atendimento de mais esta demanda,
garante que vai ampliar o horário das sessões. “Vamos
começar às 5 da manhã e terminar apenas quando o último
paciente do dia for medicado”. O suporte à população será
dado com lanches, que serão servidos em um serviço de van,
que realizará os transportes das casas de apoio.
Para urologia, o hospital conta com 4 cirurgiões e 3
médicos residentes, número que subirá para 5 em 2012. Ainda
no primeiro trimestre do ano que vem, o médico projeta a
inauguração do Centro de Diagnóstico de Mama, com
equipamentos de última geração. Com isso, será possível
diagnosticar tumores com até 2 milímetros, o que aumentará
ainda mais a chance de cura.
Já a Santa Casa projeta para 60 dias o prazo de conclusão
das obras e substituição do equipamento de radioterapia. Ao
custo de U$ 1 milhão, a nova máquina foi importada da
Inglaterra e chega ao Brasil na metade de janeiro. “Nosso
equipamento já possui 22 anos de uso e, embora esteja
funcionando, era um desejo antigo ter esta nova tecnologia”,
explica o oncologista José Sabino Monteiro Filho.
O médico pontua que a substituição da máquina, que pesa
aproximadamente 9 toneladas, deve ser feita em 3 etapas.
“Primeiro fazemos a desmontagem. Depois, as obras de
adequação, conforme projeto que enviamos para a Comissão
Nacional de Energia Nuclear (Cnem). Só aí é que a nova
máquina é montada. Sabino explica que mesmo que todo este
trabalho fique pronto antes, apenas quando técnicos do Cnem
vierem do Rio de Janeiro e analisarem todos os detalhes é que
os atendimentos serão retomados. “Vamos fazer isso nesta
época do ano porque cai o número de atendimentos”.
goutro lado
or meio da assessoria, a Secretaria de Estado de Saúde
(SES/MT) informa que a responsabilidade sobre a rede
oncológica de Mato Grosso pertence à Prefeitura de Cuiabá.
Esta, por sua vez, pactua o atendimento aos pacientes com os
demais municípios do Estado. A pasta aguarda 2012, quando
assumira o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC) para
redistribuir a rede de atendimento e negou que o Hospital
Metropolitano faça biopsias. Sobre os medicamentos, informou
que não há falta de remédios para quimioterapia e que todas as
compras são feitas mediante receituário médico e desde que o
produto esteja autorizado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá
(SMS), por sua vez, destaca que está no limite de sua capacidade
de atendimento de pacientes oncológicos, seja do ponto de vista
estrutural ou financeiro, sobretudo aqueles vindos do interior.
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