a experiência do enfermeiro em cuidar do idoso

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ATrabalho
EXPERIÊNCIA
DO ENFERMEIRO EM CUIDAR DO IDOSO PORTADOR DE CÂNCER
NO HOSPITAL
Amony Lopes Bezerra1
Flávia da Costa Rodrigues Lima2
Fernando José Guedes da Silva Júnior3
Maria Enoia Dantas da Costa e Silva4
RESUMO
O panorama do envelhecimento traz consigo a velhice que possui características próprias
de sua estrutura social, que nos coloca como sujeitos de agentes de saúde, abrindo
espaço a novas experiências a serem vivenciadas (1). Observando-se o grande número da
população idosa no Brasil, visualiza-se o processo de envelhecimento com suas
acentuadas características, dentre elas o aumento das doenças crônicas, em especial o
câncer. Entre as diversas causas de morte no mundo, o câncer é a única que continua a
crescer independentemente do país ou continente, sendo os países desenvolvidos,
atualmente, responsáveis por uma entre dez mortes. Assim, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) relata, em todo o mundo, mais de 10 milhões de novos casos e 6 milhões
de morte por câncer por ano, sendo os países desenvolvidos responsável por 12% destes
casos
(2)
. O câncer é uma doença que se caracteriza por um conjunto de mais de 100
doenças que tem em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que
invadem os tecidos e órgãos, podendo-se espalhar (metástase) para outras regiões do
corpo
(3)
. Esta doença não consiste em uma causa única, mas em um grupo com
diferentes manifestações, tratamentos e prognósticos
(4)
. O câncer é conhecido como uma
doença de alta complexidade pela gama de sinais e sintomas e pelos efeitos agressivos
associados à patologia, relativos não somente ao crescimento celular anormal, mas
também colaterais aos tratamentos; Tudo isto traz enorme sofrimento para o paciente
durante o tratamento, além de afligir família, amigos, e profissionais de saúde que o
acompanham. O profissional de enfermagem parece estar mais suscetível ao sofrimento
destes pacientes em virtude do intenso contato, onde paciente e enfermeiro passam a
compartilhar o mesmo espaço por um longo período de tempo, tendo em vista sua
necessidade de constantes cuidados hospitalares, favorecendo a uma relação de
proximidade entre os dois. Em face de todos esses problemas enfrentados pelo
profissional de enfermagem, este trabalho busca também pontuar maneiras de lidar com
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Santo Agostinho FSA. Email: [email protected]
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Santo Agostinho FSA.
3
Graduando em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Email:
[email protected]
4
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora da Faculdade de Saúde,
Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí (NOVAFAPI) e Faculdade Santo Agostinho. Email:
[email protected]
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os
aspectos
psicossociais
do profissional que assiste o paciente oncológico, analisando
como esse cuidado ao portador de câncer pode ser propiciado de uma forma menos
desgastante para o enfermeiro. Dessa forma, a assistência de enfermagem ao paciente
oncológico e à família consiste em permitir a todos verbalizar seus sentimentos e valorizálos, identificar áreas potencialmente problemáticas, auxiliar paciente e familiares a
identificar fontes de ajuda, informações e busca de soluções dos problemas, permitir
tomada de decisões sobre o tratamento proposto e levar a pessoa ao autocuidado dentro
do possível
(4)
. A proximidade da equipe de enfermagem com o paciente traz a
possibilidade freqüente de compartilhar situações conflituosas, na qual a postura
profissional, atitude ética e o cuidar do pacientes são indissociáveis. O cuidado é a
essência da enfermagem e ao considerar a responsabilidade que o cuidar implica reforçase, além da necessidade da conscientização de atitudes éticas na prática cotidiana, a
análise dos conflitos e dilemas éticos encontrados. Pensar acerca dos valores,
significados, crenças, condutas dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem,
frente aos conflitos que emergem do cuidado na prática, é um sinal de preocupação com
o outro. A motivação pelo estudo que busca a experiência do enfermeiro em cuidar do
idoso portador de câncer no hospital, ou seja, as maneiras de enfrentamento que utiliza
para assistir o paciente idoso portador de câncer surgiram de nossa observação, na
realidade local, como visitantes de instituições que tratam portadores de câncer,
pautando-se nas possibilidades dos resultados em ampliar a análise das questões
levantadas; desta forma, buscou-se alcançar melhores alternativas para o enfermeiro lidar
com os problemas surgidos dessa relação de cuidar, podendo apresentar soluções para
que a assistência seja prestada pelo enfermeiro de forma menos desgastante, ao tempo
que orientará a implementação de novos meios para lidar com esse trabalho. Nesse
sentido, o estudo tem como objeto a experiência do enfermeiro em cuidar do idoso
portador de câncer no hospital, e buscando-se trabalhar tal objeto definiu-se as seguintes
questões norteadoras: qual a experiência do enfermeiro em cuidar de idoso portador de
câncer, no hospital?; quais são os aspectos psicossociais resultantes dessa experiência
de cuidar e suas implicações para este profissional?. Assim, o estudo tem como objetivos
descrever a experiência do enfermeiro em cuidar do idoso portador de câncer no hospital,
discutir e analisar os aspectos psicossociais que permeiam essa relação. Trata-se de um
estudo de natureza qualitativa, exploratório descritivo, cuja produção de dados foi
realizada por meio de entrevista semi-estruturada. Os sujeitos de estudo foram 14
enfermeiros de um Hospital filantrópico, Teresina-PI, de referência no tratamento do
câncer no Estado. Subsidiados pela análise realizada conforme os pressupostos
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metodológicos
Bardin
(5),
emergiram duas categorias e as cinco subcategorias oriundas
das 219 unidades de registro revelam qual a rotina do enfermeiro em cuidar do seu
paciente (idoso), portador de câncer, ressaltando as orientações oferecidas, os
procedimentos técnicos que envolvem todo o tratamento, e, como parte deste, o apoio
psicológico e espiritual oferecido pelos enfermeiros a estes idosos no ambiente hospitalar,
bem como das relações interpessoais que se estabelecem entre os (as) enfermeiros (as),
paciente, família e equipe multiprofissional, evidenciando seus sentimentos, limitações,
dificuldades que emergem do processo de cuidar. A pesquisa evidencia a necessidade de
um apoio psicológico para os enfermeiros que trabalham com idosos oncológicos, tendo
em vista o desgaste emocional e por ter em sua rotina várias atividades de grande
responsabilidade, tendo assim uma sobrecarga de trabalho. Além disso, essa pesquisa
corrobora a necessidade de o enfermeiro entender qual o seu papel no tratamento do
idoso com câncer, onde, ressalva-se, o foco da ação de enfermagem não é curar, mas
cuidar, independentemente do prognóstico. Frente aos resultados alcançados, esperamos
que esta pesquisa possa sensibilizar a sociedade, e especialmente os enfermeiros,
considerando que estes possuem uma participação importante no processo de cuidar,
sendo de especial valor compreender-se que sua saúde psicológica refletirá não só na
assistência prestada, mas em sua própria vida.
Palavras chave: Enfermagem. Cuidado ao idoso. Paciente oncológico.
REFERÊNCIAS
1. Visentin A. Orientações de enfermagem ao paciente que inicia o tratamento de
radioterapia. Biblioteca Virtual em Saúde. Curitiba; s/n, 2003.
2. Silva RCF, Hortale VA. Cuidados paliativos oncológicos: elementos para o debate de
diretrizes nesta área. Cad. Saúde Pública, 2006, 22(10): 212-18.
3. Brasil. Ministério da Saúde. INCA. O que é câncer. [on line] 2006 [Acesso em: 12 out.
2008]. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp? id=322>.
4. Sá SPC, Ferreira MA. Cuidados fundamentais na arte de cuidar do idoso: uma questão
para a enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enfermagem, 2004, 8(1): 45-53.
5. Bardin L. Análise de Conteúdo. 3 ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
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