O Mundo O blogueiro saudita Raif Badawi recebeu pena de 1 mil chibatadas e 10 anos de prisão por ter criado site que promovia fórum de debate público. [email protected] O ESTADO DO MARANHÃO - SÃO LUÍS, 11 de janeiro de 2015 - Domingo Movimentos anti-imigração deverão crescer na Europa Philippe Huguen/AFP Atentado ocorrido na semana passada na França incentivou apoio à unidade e liberdade de expressão nacional; país tem amaior população muçulmana da Europa P ARIS - O ataque com 12 mortos contra uma jornal semanal de sátiras francês que zombou do islamismo parece dar combustível para os movimentos anti-imigração em toda Europa e inflamar a "guerra cultural" sobre a posição da religião e da identidade étnica na sociedade. A primeira reação na França às mortes na redação do jornal Charlie Hebdo, na quarta-feira (7), por homens armados e mascarados que gritavam slogans islâmicos foi uma efusão de apoio à unidade e liberdade de expressão nacional. Mas isso parece provável que seja pouco mais do que um cessar-fogo momentâneo em um país dominado pelo mal-estar econômico e alto desemprego. A França tem a maior população muçulmana da Europa e está no meio de uma discussão intensa sobre a identidade nacional e o papel do Islã. "Este ataque certamente vai acentuar a crescente islamofobia na França", disse Olivier Roy, cientista político e especialista em Oriente Médio do Instituto da Universidade Europeia de Florença. Um livro do jornalista Eric Zemmour intitulado "Le Suicide Français" (O Suicídio Francês), argumentando que a imigração muçulmana em massa está entre os fatores que vêm destruindo os valores seculares franceses, foi o ensaio mais vendido de 2014. O principal lançamento de publicação do ano até o momento é um romance do controverso escritor Michel Houellebecq que imagina a vitória de um muçulmano à Presidência da França em 2022, que impõe como lei o ensino religioso obrigatório e a poligamia e proíbe as mulheres de trabalhar. Essa efervescência intelectual se mistura à ansiedade na população com a radicalização de centenas de muçulmanos franceses que se uniram aos combatentes do Estado islâmico na Síria e no Iraque, e que as autoridades do setor de segurança temem que possam provocar ataques aos que retornarem à França. Pena de morte - A Frente Nacional, de extrema-direita, não perdeu tempo em vincular o ato mais letal de violência política em décadas à imigração e exigir um referendo para restabelecer a pena de morte, apesar de um líder muçulmano francês, o ímã Hassen Chalghoumi, ter dito que o caminho certo para combater o Charlie Hebdo não era com derramamento de sangue ou ódio. A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, que as pesquisas de opinião indicam que estaria em primeiro lugar se uma eleição presidencial fosse realizada hoje, disse que o "fundamentalismo islâmico" declarou guerra à França e que isso exige uma ação forte e eficaz. Embora ela tenha tido o cuidado de fazer distinção entre os cidadãos muçulmanos que compartilham valores franceses e "aqueles que matam em nome do Islã", seu pai, o fundador da Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, e seu vice, Florian Philippot, foram menos cautelosos. "Qualquer um que diga que o radicalismo islâmico não tem nada a ver com a imigração está vivendo em outro planeta", disse Philippot à rádio RTL. Ímãs entoavam orações diante da redação do Charlie Hebdo na quinta-feira e líderes islâmicos instavam os fiéis a participar do luto nacional pelas vítimas, cujas charges do profeta Maomé provocaram a ira de muitos muçulmanos no passado. Durante a noite houve ataques que as autoridades classificaram como de vingança. Uma mesquita na cidade de Le Mans, no leste do país, foi alvo de tiros, e uma explosão destruiu uma lanchonete de quebab ao lado de uma mesquita no centro da cidade de Villefranche-sur-Saône. 'Abraçem a imigração' - O presidente francês, o socialista François Hollande, exortou no mês passado os franceses a abraçar a imigração como um benefício econômico para a cultura e o país e a não fazer dos migrantes um bode expiatório para os problemas econômicos. Seu antecessor, o conservador Nicolas Sarkozy, que tenta voltar à disputa política, exigiu controles nas fronteiras europeias muito mais rigorosas para conter a imigração ilegal. Marine Le Pen atacou os símbolos visíveis do Islã na vida francês: como os muçulmanos rezando na rua, comida halal servida nas escolas e as mulheres usando véu. Muitos secularistas de esquerda compartilham essas preocupações em um país onde a separação entre Igreja e Estado motivou décadas de luta. Uma pesquisa realizada no ano passado constatou que os franceses acreditam que os imigrantes constituem 31% da população, cerca de quatro vezes o número real. Embora não haja estatísticas étnicas ou religiosas, uma estimativa confiável publicada pelo Centro de Pesquisas Pew calcula a população muçulmana em cerca de 7,5%. Remy de la Mauviniere/AP O presidente Hollande exortou os franceses a abraçar a imigração “ Este ataque certamente vai acentuar a crescente islamofobia na França" Olivier Roy, cientista político e especialista em Oriente Médio A representante da extrema-direita, Marine Le Pen, atacou o islã