utilização de modelo anatômico de cérebro como auxílio de aulas

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
UTILIZAÇÃO DE MODELO ANATÔMICO DE CÉREBRO COMO
AUXÍLIO DE AULAS PRÁTICAS NA ESCOLA PÚBLICA
Rebeca Gonçalves de Melo1, Maria Laura da Silva2, Júlio César de Oliveira Santos3, Fernanda de Almeida Alves4,
Hugo Guilherme de Mores Jurema5, Jaciel Benedito de Oliveira6, Maria de Fátima Galdino da Silveira 7

Introdução
A constante evolução da tecnologia na área educacional faz crescer a necessidade de apreensão, clarificação e
possíveis adaptações dos métodos de ensino-aprendizagem. Para tanto, acredita-se haver possibilidade de modificações
das práticas pedagógicas, visto que as mudanças já estão inseridas no dia a dia dos estudantes e que o processo ensinoaprendizagem deve ser condizente com a realidade que o acadêmico vivencia em sua rotina. Este processo deve ser
largamente discutido entre os professores para que se apliquem propostas pedagógicas coerentes, instigando a
transformação do desempenho dos sujeitos em sala de aula (FORNAZIERO et al., 2010). A prática pedagógica se
encontra em um processo acelerado e irreversível de transformações técnicas e científicas, sendo indiscutível a
necessidade de um planejamento minucioso para que a atividade educacional não esteja embasada em improvisos
(MANATA, 2004). Os avanços nos campos tecnológicos, capacitação profissional e mudança em método de ensino,
foram fundamentais para um maior desenvolvimento social e do país. No entanto, as atuais escolas públicas brasileiras
ainda sofrem um déficit na educação, relacionados à desvalorização do educador, carência dos alunos e falta de
conhecimento tecnológico para aprimorar e melhorar a educação. Fatores como esses geram uma falta de estímulo
muito grande, tanto dos educadores como por parte dos alunos, a se dedicarem no processo de ensino-aprendizagem.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 1998) propõe que o ensino de ciências deve
propiciar “ao educando compreender as ciências como construções humanas, entendendo como elas se desenvolvem
por acumulação, continuidade ou ruptura de paradigmas, relacionando o desenvolvimento científico com a
transformação da sociedade”. As aulas práticas no ensino de Ciências servem a diferentes funções para diversas
concepções do papel da escola e da forma de aprendizagem. No caso de um currículo que focaliza primordialmente a
transmissão de informações, o trabalho em laboratório é motivador da aprendizagem, levando ao desenvolvimento de
habilidades técnicas e principalmente auxiliando a fixação, o conhecimento sobre os fenômenos e fatos. As aulas
práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam
como abordar objetivamente o seu mundo e como desenvolver soluções para problemas complexos (LUNETTA, 1991).
Além disso, as aulas práticas servem de estratégia e podem auxiliar o professor a retomar um assunto já abordado,
construindo com seus alunos uma nova visão sobre um mesmo tema. Quando compreende um conteúdo trabalhado em
sala de aula, o aluno amplia sua reflexão sobre os fenômenos que acontecem à sua volta e isso pode gerar
consequentemente, discussões durante as aulas fazendo com que os alunos, além de exporem suas ideias, aprendam a
respeitar as opiniões de seus colegas de sala (KRASILCHIK, 2000).
A utilização de modelos anatômicos como auxiliadores em aulas de Ciências nas escolas públicas do país ainda é
uma temática pouco explorada. O projeto de Extensão desenvolvido no Departamento de Anatomia da UFPE,
coordenado pela docente Maria de Fátima Galdino da Silveira, visa beneficiar as escolas públicas que não dispõem de
materiais para as aulas práticas, proporcionando uma maior qualidade do aprendizado. Além de aulas práticas de
Anatomia realizadas no Departamento para alunos do oitavo ano (7ª série) do Ensino Fundamental de uma escola
pública do Recife, os monitores do projeto confeccionam também modelos anatômicos de diversos órgãos do corpo,
com a finalidade de facilitar o entendimento dos alunos acerca do assunto abordado. Em seguida esses modelos serão
levados à escola através de projetos de intervenção, onde os próprios alunos da escola confeccionarão modelos
semelhantes aos dos monitores, criando um acervo de modelos anatômicos na própria escola. Comparado com peças
cadavéricas, os modelos anatômicos oferecem a vantagem de poder ser produzidos em larga escala e serem utilizados
várias vezes (GROSCURTH et al., 2001). Aprimorar os recursos didáticos aplicados às aulas teóricas tende
satisfatoriamente para o direcionamento das ações, estimula a participação do aluno como sujeito ativo, na busca por
novas informações promovendo suporte indispensável ao processo ensino-aprendizagem (GUIRALDES et al., 1995).
Diante do vivenciado na experiência do projeto, notou-se a necessidade de desenvolver uma nova proposta de estudo de
1
Graduanda do Curso de Ciências Biológicas/ Licenciatura, Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: [email protected]
Graduanda do Curso de Enfermagem, Universidade Federal de Pernambuco.
3
Graduando do Curso de Ciências Biológicas/ Licenciatura, Universidade Federal de Pernambuco.
4
Graduanda do Curso de Ciências Biológicas/ Licenciatura, Universidade Federal de Pernambuco.
5
Graduando do Curso de Odontologia, Universidade Federal de Pernambuco.
6
Professor Substituto do Departamento de Anatomia da Universidade Federal de Pernambuco.
7
Professora Adjunta do Depto. De Anatomia da Universidade Federal de Pernambuco.
2
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Ciências aos alunos de escolas públicas da cidade do Recife. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar a
confecção de um modelo anatômico de cérebro, a partir de observações em peças cadavéricas originais, auxiliando nas
aulas de Ciências do ensino fundamental de escolas públicas, além de montar um acervo de modelos anatômicos nestes
colégios.
Material e Métodos
Confecção do cérebro.
A escultura foi realizada no Dept. de Anatomia – CCB – UFPE pelos monitores do Projeto de Extensão. Para
confecção do modelo anatômico foi utilizado 1 kg de argila e água, além da utilização de instrumentais (espátula e
pinça) para acabamento da escultura final. Uma peça anatômica cadavérica foi colocada à disposição para observação
direta durante a realização da escultura, obtendo assim para uma melhor visualização das disposições dos lobos e
detalhamento dos sulcos e giros cerebrais, preservando as dimensões originais. Todo o trabalho foi realizado
manualmente.
Resultados e Discussão
O modelo anatômico criado será em breve levado à escola para visualização dos alunos. Em outro momento eles
também confeccionarão as suas peças, como já foi comentado anteriormente. Através desta abordagem pedagógica os
alunos passarão a compreender com detalhes o que seria difícil apenas no livro didático, cuja ferramenta é mais direta
e objetiva. Hodson (1998) afirma que as atividades práticas também podem ser feitas através de trabalhos de campo,
computadores e estudos em museus. Teoria e prática devem andar juntas. Aulas teóricas e atividades práticas se
completam, reforçam e garantem a solidez dos conhecimentos adquiridos (GONZAGA et al., 2012). A montagem de
exposições e feiras científicas proporciona ao aluno oportunidades de desenvolver sua criatividade, raciocínio lógico,
capacidade de pesquisa e conhecimento, de expor à comunidade seus trabalhos, suas descobertas. Portanto a utilização
de modelos anatômicos em aulas práticas de anatomia constitui um recurso interessante para o estudo de Ciências no
nível fundamental das escolas, estimulando a compreensão e o aprendizado da morfologia com atividades criativas e
dando sequência ao trabalho didático feito em sala de aula.
Por fim, espera-se que este projeto seja tomado como uma alternativa inovadora, visto que não é encontrado nenhum
registro semelhante na literatura, servindo de suporte aos profissionais do ensino de Ciências para a construção de
uma educação mais crítica e reflexiva, proporcionando aos alunos um novo olhar sobre o seu cotidiano.
Agradecimentos
À PROEXT (Pró-Reitoria de Extensão) - UFPE.
Referências
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Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 436 p.
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ANEXOS
Figura 1: Peça original de cérebro – visão lateral
Figura 2: Peça original de cérebro – visão posterior
Figura 3: Modelo anatômico em argila de cérebro –
vista superior
Figura 4: Modelo anatômico em argila de cérebro –
vista lateral
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