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A Independência dos Estados Unidos
Fundação das 13 Colônias
Durante o século XVII, a Grã-Bretanha foi abalada por
revoluções e lutas político-religiosas que assinalaram a crise do
absolutismo monárquico. Grupos de puritanos britânicos,
perseguidos por suas idéias políticas (antiabsolutista) e por suas
crenças religiosas (protestantes calvinistas), foram obrigado a
abandonar a Grã-Bretanha, fixando-se na Costa Leste da América
do Norte, onde fundaram as primeiras colônias. A colonização
britânica nessa região foi facilitada pela decadência da Espanha,
que, concentrando-se no eixo México-Peru, abandonara aqueles
territórios, inicialmente integrantes de seu império americano.
As 13 colônias
surgiram
no
território situado
entre o oceano
Atlântico e os
montes Apalaches.
No Norte, na região
conhecida como
Nova Inglaterra, o
clima era temperado,
semelhante
ao
europeu,
propiciando apenas o
cultivo de produtos
agrícolas também
existentes na GrãBretanha.
Ali
realizou-se uma
colonização
de
povoamento, cujas
principais características foram:
• o desenvolvimento de uma agricultura de subsistência, com
base na pequena propriedade familiar (granjas) e no trabalho livre;
• o surgimento de cidades na Costa Leste (Boston, Filadélfia,
Nova Iorque), cuja economia se baseava em indústrias
manufatureiras e no comércio marítimo, realizado com as demais
colônias do Sul, com a América Central e com a África;
• a realização de um contrabando sistemático com as Antilhas,
a despeito da proibição oficial das autoridades britânicas.
Em conseqüência desses fatores, estruturou-se nas colônias
do Norte uma economia voltada “para dentro”, baseado no
mercado consumidor interno e com reduzidas exportações para a
Grã-Bretanha. A sociedade, por sua vez, era formada por uma
camada média de agricultores granjeiros e por uma rica burguesia
de industriais e comerciantes.
No Sul, região de clima subtropical, desenvolveu-se uma
colonização de exploração, cujas principais características eram:
• o desenvolvimento de uma economia fundada na grande
propriedade agrária (latifúndio);
• a monocultura, com a produção de itens agrícolas de clima
subtropical (arroz, tabaco e algodão);
• a utilização de mão-de-obra escrava de origem africana;
• a exportação, com a produção voltada para o atendimento
das necessidades do mercado externo.
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Este sistema, a que se dá o nome de plantation, gerou uma
economia voltada “para fora”, com reduzido mercado interno e
dependente das exportações para a metrópole. A sociedade sulista,
por sua vez, caracterizou-se pela inexistência de camadas médias
e pela polaridade entre uma imensa massa de escravos e uma rica
e poderosa aristocracia agrária.
As colônias eram governadas por representantes oriundos
da Grã-Bretanha e nomeados pelo rei. Em cada uma delas, os
governadores britânicos eram assessorados por uma assembléia
eleita pelos próprios colonos e encarregada de votar os impostos
e as taxas locais. As relações entre as colônias e a metrópole
caracterizavam-se desde o início por ampla autonomia políticoadministrativa em relação à Grã-Bretanha. A tentativa da metrópole
de impor às colônias uma política monopolista, arrochando o pacto
colonial, foi a causa determinante da eclosão da luta de
independência, no final do século XVIII.
O processo de independência
Razões da Independência
Quatro fatores contribuíram decisivamente para a
independência norte-americana: a Guerra dos Sete Anos (17561763); as tentativas inglesas de alterar a situação políticoadministrativa das colônias; o pensamento político do Iluminismo
e o processo da Revolução Industrial.
Guerra e mudanças
A Guerra dos Sete Anos (1756-1763), chamada pelos
americanos “A guerra contra os franceses e os índios”, produziu
importantes mudanças na América inglesa.
Para enfrentar os franceses, que haviam feito alianças com
diversas tribos indígenas, as treze colônias tiveram de se unir
provisoriamente, formando um exército que combateu junto com
os ingleses. Muitas batalhas foram vencidas pelos norteamericanos sozinhos, o
que contribuiu para
aumentar
sua
autoconfiança e dar-lhes
razoável preparo militar.
Futuros líderes da luta
pela independência, como
George Washington,
surgiram nessa época.
No fim da guerra os
franceses foram vencidos,
mas, na Inglaterra
vitoriosa, o tesouro estava
à beira da bancarrota
devido aos gastos
militares.
Visando
à
recuperação financeira do
país, a Coroa inglesa
tentou impor às colônias
uma nova situação
(George Washington. Fonte: História das
Civilizações, volume IV, Abril, P. 169).
político-administrativa.
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A Independência dos Estados Unidos
Sobre o comércio que os americanos, principalmente os da
Nova Inglaterra, mantinham com diversas partes do mundo,
começaram a pesar crescentes restrições que, progressivamente,
imporiam às treze colônias um regime de Pacto Colonial, forçandoas a comerciar apenas com a Inglaterra.
Uma série de novos impostos foi decretada pela Coroa inglesa
a partir de 1763. Um deles, estabelecido pela famosa Lei do Selo,
obrigava à selagem de diversas mercadorias e papéis relacionados
a transações comerciais. Surgiram então as primeiras revoltas
abertas contra a autoridade inglesa; especialmente nas cidades da
Nova Inglaterra, selos foram roubados aos funcionários do governo
britânico proibiu que os colonos ocupassem terras do Oeste, de
onde haviam sido expulsos os franceses, alegando que aquelas
terras deviam ser transformadas em reservas índias.
Idéias da revolução
As atitudes do governo inglês começaram a ser atacadas pelo
povo das colônias com base numa série de argumentos inspirados
nas tradições políticas inglesas e no pensamento iluminista.
As tradições inglesas, desde a Magna Carta de 1215,
estabeleciam que imposto algum deveria ser pago se não fosse
aprovado por representantes do povo reunidos no Parlamento. As
treze colônias não tinham representantes no Parlamento inglês e,
desta forma, justificou-se a resistência dos americanos aos novos
impostos. “Nenhum imposto sem representação” foi um dos lemas
dos revolucionários.
A Inglaterra estabeleceu a partir de 1750 o fim das manufaturas
coloniais, com o objetivo de manter o monopólio do mercado
colonial para os produtos ingleses. Fazia se necessário essa atitude
devido o crescimento do capitalismo inglês a partir da Revolução
Industrial.
As severas leis estabelecidas pela Inglaterra
Para impor vigor à dominação colonial, a Inglaterra aprovou
uma série de leis que desagradaram profundamente a burguesia
colonial americana. Entre essas leis, destacam-se as seguintes:
• Lei do Açúcar (1764): estabelecia, entre outras
determinações, a proibição da importação do rum estrangeiro e
cobrava taxas sobre a importação de açúcar (melaço) que não
viesse das Antilhas britânicas;
• Lei do Selo (1765): cobrava uma taxa sobre os diferentes
documentos comerciais, sobre jornais etc;
• Lei dos Alojamentos (1765): exigia que os colonos
americanos fornecessem alojamentos e alimentação às tropas
inglesas;
• Lei do Chá (1773): concedia o monopólio da venda do chá
nas colônias à Companhia das Índias Orientais. Revoltados com
concessão do monopólio, os comerciantes das colônias destruíram
diversos carregamentos de chá que estavam nos navios da
Companhia (16-12-1773);
• Leis Intoleráveis (1774): para conter o clima de
insubordinação que se espalhava pelas colônias, a Inglaterra
adotou sérias medidas legais, que foram recebidas como Leis
Intoleráveis. Essas leis determinavam o fechamento do porto de
Boston e autorizavam o Governo Colonial inglês a julgar e a punir
severamente todos os colonos envolvidos nos distúrbios políticos
contra a Inglaterra.
(Destruição do
carregamento de chá
em Boston, em 1773,
Fonte: N. Currier,
1846. Coleção
Particular).
Reação contra as leis coloniais
Para protestar conta as Leis Intoleráveis foi realizado, na
Filadélfia, no dia 5 de setembro de 1774, um Congresso com os
principais representantes das colônias americanas, ocasião em
que se elaborou um enérgico documento de protesto encaminhado
às autoridades inglesas. Nessa altura dos acontecimentos, o
processo de independência americana já se encaminhava de forma
inevitável, sendo impulsionado, no plano filosófico, pelas idéias
iluministas de liberdade, justiça e combate à opressão política.
Em maio de 1775, realizou-se o Segundo Congresso Continental
de Filadélfia, que conclamou os cidadãos às armas e nomeou George
Washington comandante das tropas americanas. No dia 4 de julho
de 1776, surgiu a declaração formal da independência, preparada
por um comitê de cinco membros, presidido por Thomas Jefferson.
A declaração de independência dos Estados Unidos estava
inspirada nos ideais iluministas, e defendia a liberdade individual
e o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana. Vejamos
um trecho dessa famosa declaração:
“Todos
os
homens são criados
iguais e são dotados
pelo Criador de
certos
direitos
fundamentais, como
a vida, a liberdade
e a busca da
felicidade.
Para assegurar
tais direitos, são
instituídos
Governos entre os
homens. O justo
(Thomas Jefferson. Fonte: História das
poder
desses
Civilizações, volume IV, Abril, P. 182).
Governos deriva do
consentimento dos governados. Todas as vezes que qualquer forma
de Governo torna-se destrutiva desses objetivos, é direito do Povo
alterá-la ou aboli-la...”
A Guerra pela Independência
Da declaração de Independência até sua conquista efetiva
em 1783, transcorreram oito anos de guerra entre os insurretos
(rebeldes norte-americanos) e os “jaquetas vermelhas” (tropas
britânicas). Os norte-americanos, comandados por um rico
fazendeiro da Virgínia, George Washington, eram carentes de
experiência militar, de armas e de dinheiro, e tinham de combater, a
um tempo, três inimigos: as tropas britânicas, os “legalistas”
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A Independência dos Estados Unidos
África e nas Antilhas para a França, e da ilha de Minorca e da
Flórida para a Espanha.
(Os delegados das colônias firmam a declaração de independência.
Fonte: História das Civilizações, volume IV, P. 182).
(colonos fiéis à Inglaterra) e as tribos indígenas, que, expulsas de
suas terras pelos colonos norte-americanos, haviam se aliado
aos britânicos.
Os dois primeiros anos de guerra se caracterizaram por várias
derrotas dos norte-americanos diante das tropas da Grã-Bretanha.
Entretanto, a vitória conquistada em 1777 na batalha de Saratoga
alterou o curso da guerra a favor dos insurgentes. A partir daí, a
França passou a fornecer ajuda militar e financeira aos norteamericanos, com o objetivo de enfraquecer a Grã-Bretanha e
desforrar-se da derrota sofrida na guerra dos
Sete Anos. Um
corpo de voluntários franceses, comandado pelo marquês de La
Fayette, deslocou-se para a América do Norte para lutar ao lado
dos colonos rebeldes e, em 1781, as tropas franco-americanas,
agora contando também com o auxílio espanhol, obtiveram uma
vitória decisiva sobre os britânicos na batalha de Yorktown.
(O marquês La
Fayette. Fonte:
História das
Civilizações, volume
IV, Abril, P. 185).
Em 1783, a Grã-Bretanha assinou o tratado de Versalhes
reconhecendo a independência das 13 colônias, que incorporaram
todos os territórios à leste do rio Mississípi. A guerra de
independência custara aos norte-americanos cerca de 70 mil mortos,
e aos britânicos, além de vidas humanas, a perda de possessões na
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Formação dos Estados Unidos
Logo após a independência, travou-se um amplo debate a
respeito de qual deveria ser a organização política do primeiro
Estado livre da América. De um lado, estavam os republicanos,
liderados por Thomas Jefferson e defensores de um poder central
meramente simbólico e grande autonomia dos estados; de outro,
estavam os federalistas, liderados por Alexandre Hamilton e George
Washington, partidários do fortalecimento do poder central.
A Constituição dos Estados Unidos da América, promulgada
em 1787, representou uma solução de compromisso entre as duas
tendências ao instaurar no país uma república federativa
presidencialista. O federalismo e o presidencialismo tornavam-se
assim as duas principais características da primeira democracia
moderna. O novo regime político estabeleceu o princípio da divisão,
harmonia e independência dos três poderes, inspirado na teoria de
Montesquieu. O poder Legislativo caberia a um Congresso formado
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado; o poder Executivo
seria exercido por um presidente eleito por sufrágio direto; o poder
Judiciário caberia à Suprema Corte de Justiça, encarregada de zelar
pela Constituição e de julgar a constitucionalidade das leis.
Em 1789, George Washington, o herói da guerra de
independência, foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos.
A independência desse país produziu grandes conseqüências na
história contemporânea. No Novo Mundo, contribuiu para acelerar
a crise do sistema colonial e exerceu profunda influência na
Inconfidência Mineira e no processo de independência da América
espanhola. No Velho Mundo, enfraqueceu momentaneamente o
poderio colonial britânico e contribuiu para a queda do absolutismo,
influenciando a Revolução Francesa de 1789.
Repercussões da Independência Americana
O aparecimento dos Estados Unidos como nação
independente incentivou os partidários das idéias da ilustração na
Europa e na América. Os americanos haviam criado a primeira nação
nos moldes da democracia liberal burguesa. A influência desse
fato foi visível na Revolução Francesa de 1789, bem como na luta
pela independência da América ibérica. Um bom exemplo da
influência do “modelo” norte-americano pode ser visto nos planos
da Inconfidência Mineira.
01. (PUCCAMP) Leia o comentário a seguir, relativo à história
política americana, no século XVIII.
"A segunda grande revisão de documentos escritos por Jefferson
resultou no corte de um longo trecho - mais de 150 palavras relacionado com a escravidão e o comércio de escravos".
Tal afirmação do historiador Herbert Aptheker refere-se:
a) à tentativa do Parlamento inglês de censurar o livro do filósofo
Thomas Jefferson, Discurso sobre a Desigualdade, obra
fundante do pensamento liberal.
b) ao manifesto que desencadeou a Guerra de Secessão nos
Estados Unidos, graças à divergência de alguns estados sulistas
quanto ao emprego do trabalho escravo.
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A Independência dos Estados Unidos
c) à declaração de independência dos EUA, que não pôde incluir
a condenação da escravidão no país, para garantir um relativo
consenso entre os estados americanos.
d) ao fato de Jefferson manifestar, em seus escritos, a defesa da
escravidão, o que dificultaria a adesão dos democratas a sua
candidatura à presidência dos EUA.
e) às conhecidas tentativas de Jefferson, encarregado da redação
dos discursos do presidente americano, Abraham Lincoln, de
fazer passar suas idéias pessoais.
02. (FATEC) Com relação à Independência dos EUA é correto
afirmar:
a) ao final da Guerra dos Sete Anos, os cofres ingleses estavam
em má situação, apesar de terem sido tomadas da França as
regiões do Canadá e parte da Índia.
b) seu processo de emancipação, na segunda metade do século
XVIII, é denominado Revolução Americana por muitos
historiadores, porque foi a primeira das Revoluções Liberais
que, a partir daí, iriam propagar-se pela Europa e pelo resto do
mundo.
c) o antagonismo básico com a Inglaterra foi o interesse religioso
da Metrópole, desejosa de manter a religião católica na América.
d) as treze colônias inglesas da América formaram-se com amplas
liberdades, pois o mercantilismo aplicado pela Inglaterra carecia
de rigor, diferentemente do que faziam os espanhóis e os
portugueses em suas colônias.
e) insere-se num processo mundial ocorrido no final do século
XVIII e início do século XIX, que colocou em crise a organização
do sistema colonial, devido às necessidades da Inglaterra de
adquirir produtos manufaturados.
c) tentativa de expansão francesa na América do Norte, em virtude
da Guerra dos Sete Anos, que fortaleceu a hegemonia política
da França no continente europeu e ameaçou o domínio
britânico.
d) influência da Revolução Francesa, que pôs fim à monarquia
absolutista, criando, em seu lugar, instituições controladas pela
burguesia, as quais impulsionaram o capitalismo.
Gabarito
01. c
02. b
03. e
04. a
ANOTAÇÕES
03. (FATEC) A Lei do Açúcar (1764), a Lei do Selo (1765) e a Lei
Townshend (1767) representaram, quando implementadas, para:
a) os EUA, um estopim à declaração de guerra à França, aliada,
incondicionalmente, aos interesses ingleses.
b) a França e a Inglaterra, formas de arrecadação e controle sobre
o Quebec e sobre as Treze Colônias.
c) os EUA, uma excepcional oportunidade, pela cobrança destes
impostos, à ampliação de seus mercados interno e externo.
d) as Treze Colônias, uma medida tributária que possibilitou a
expansão dos negócios da burguesia de Boston na Europa,
marcando, assim, o início da importância dos EUA no cenário
mundial.
e) a Inglaterra, uma alternativa para um maior controle sobre as
Treze Colônias, e, também, uma medida tributária que permitisse
saldar as dívidas contraídas na guerra com a França.
04. (UFRN) A origem do processo de independência dos Estados
Unidos, em fins do séc. XVIII, relaciona-se com a:
a) crise do Antigo Regime, ocasionada, em grande parte, pela
difusão de idéias políticas e sociais de cunho liberal, contrárias
às determinações monopolísticas contidas no pacto colonial.
b) intenção das colônias do Norte de se separarem do Sul
escravista, em razão das dificuldades que a estrutura
socioeconômica sulina criava ao desenvolvimento capitalista
na região.
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