Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Publicação Científica do Curso de Bacharelado em Enfermagem do CEUT. Ano 2010(14). Edição 30 Ana Paula Oliveira dos Santos 1 Andrelina Maria Machado de Morais 1 Leilyanne de Araújo Mendes oliveira 1 Márcia Gardênia Pereira de Holando 1 Selonia Patrícia Oliveira Sousa 2 Márcia Andrea Lial Sertão 3 Esta edição traz como foco de pesquisa caxumba, doença descrita pela primeira vez no Século V a.c. por Hipócrates, que observou o surto de uma doença caracterizada por inchaço e dores no pescoço, abaixo das orelhas, unilateral ou bilateral - alguns pacientes também apresentavam dor e edema dos testículos. A partir da publicação da matéria Instituto Adolfo Lutz descobre novo tipo de vírus da caxumba vejamos as características clínicas e epidemiológicas da doença, bem como seus aspectos clínicos e laboratoriais e um breve panorama epidemiológico mundial da doença. Instituto Adolfo Lutz descobre novo tipo de vírus da caxumba4 Um grupo de pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, identificou uma nova variedade de vírus da caxumba circulando no estado. O novo patógeno, que não é m ais nocivo que os subtipos já conhecidos, não requer novas medidas de saúde pública, pois também sucumbe à vacina tríplice. A descoberta, porém deve ajudar os cientistas a atenderem melhor a dinâmica sucumbe à vacina tríplice. A descoberta, porém, deve ajudar os cientistas a entenderem melhor a dinâmica de espalhamento geográfico da doença e a rastreá-la. O isolamento do novo subtipo foi feito pela biomédica Terezinha Maria de Paiva a partir de 14 amostras de sangue coletadas de pacientes em 2005 e 2006. Os doentes moravam nos municípios paulistas de Atibaia, Jundiaí, Campinas e São Paulo. Nenhum deles tinha tomado as duas doses da vacina tríplice necessárias para proteção contra caxumba. A caracterização do novo tipo de vírus, que foi reconhecida por pesquisadores britânicos independentes, foi feita com base em seqüenciamento de trechos do DNA do patógeno. Foi a primeira vez que o Adolfo Lutz, instituto de referência em vigilância epidemiológica no país, caracterizou um novo patógeno usando essa ferramenta. O domínio do método é importante para os que médicos estejam preparados para lidar com novos patógenos. O vírus de caxumba isolado pelo Adolfo Lutz é o 13º subtipo conhecido no mundo. Mapear as diferenças entre os patógenos ajuda os cientistas a entender melhor a dinâmica de espelhamento da doença entre regiões. Figura 1 – Vírus da família Paramyxoviridae, gênero Paramyxovirus - agente causador da caxumba. 1 Acadêmicas do 4º Período de Enfermagem do CEUT Acadêmica do 8º período de enfermagem e monitora do Observatório Epidemiológico do CEUT 3 Professora da disciplina epidemiologia e orientadora do Observatório Epidemiológico do CEUT 4 Fonte: www.cliquesaude.com.br em 17 de agosto de 2010. 2 Observatório Epidemiológico | 33ª Semana Epidemiológica 1 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 2 – Campanha Nacional contra tríplice viral (caxumba, rubéola e sarampo). Governo Federal – Ministério da Saúde do Brasil. Características Clínicas e Epidemiológicas Descrição: A parotidite infecciosa é uma doença viral aguda, caracterizada por febre e aumento de volume de uma ou mais glândulas salivares, geralmente a parótida e, às vezes, glândulas sublinguais ou submandibulares. Sinonímia: Papeira, caxumba. Agente etiológico: Vírus da família Paramyxoviridae, gênero Paramyxovirus. Reservatório: O homem. Modo de transmissão: Via aérea, através disseminação de gotículas, ou por contato direto com saliva de pessoas infectadas. Período de incubação: De 12 a 25 dias, sendo, em média, 16 a 18 dias. Período de transmissibilidade: Varia entre 6 e 7 dias antes das manifestações clínicas, até 9 dias após o surgimento dos sintomas. O vírus pode ser encontrado na urina até 14 dias após o início da doença. Susceptibilidade e imunidade: A imunidade é de caráter permanente, sendo adquirida após infecções inaparentes, aparentes, ou após imunização ativa. Aspectos Clínicos e Laboratoriais Manifestações Clínicas: A principal e mais comum manifestação desta doença é o aumento das glândulas salivares, principalmente a parótida (Figura 3), acometendo também as glândulas sublinguais e submaxilares, acompanhada de febre. Observatório Epidemiológico | 33ª Semana Epidemiológica 2 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 3 - aumento da glândula parótida, um dos principais sinais da caxumba. Diagnóstico Diferencial: Cálculo de dutos parotidianos, reação a iodetos, ingestão de amidos, sarcoidose, cirrose, diabetes, bulemia, parotidite de etiologia piogênica, inflamação de linfonodos. Diagnóstico Laboratorial: O diagnóstico da doença é eminentemente clínico-epidemiológico. Existem testes sorológicos (ELISA, inibição da hemaglutinação e fixação do complemento) ou de cultura para vírus, porém não são utilizadas de rotina. Tratamento: Não existe tratamento específico, indicando-se apenas repouso, analgesia e observação cuidadosa, quanto à possibilidade de aparecimento de complicações. Nos casos que cursam com meningite asséptica, o tratamento também é sintomático. Nas encefalites, tratar o edema cerebral e manter as funções vitais. Aspectos Epidemiológicos A parotidite infecciosa costuma apresentar-se sob a forma de surtos, que acometem mais as crianças. Estima-se que, na ausência de imunização, 85% dos adultos poderão ter a doença, sendo que 1/3 dos infectados não apresentarão sintomas. A doença é mais severa em adultos. As estações com maior ocorrência de casos são o inverno e a primavera. O retrato vigilante no mundo A Caxumba é considerada uma doença leve, com febre, dor de cabeça e inchaço das glândulas salivares, mas complicações como meningite (em até 15% dos casos), encefalite ou pode ocorrer orquite. Embora a taxa de letalidade da encefalite da papeira é baixo ea mortalidade geral é de 1 / 10 000 casos, seqüelas permanentes ocorrem em cerca de 25% dos casos de encefalite. A caxumba é uma das principais causas de surdez neurossensorial adquirida em crianças, afetando cerca de 5 / 100 000 doentes caxumba. Caxumba infecção durante as primeiras 12 semanas de gravidez é associado com uma incidência de 25% de aborto espontâneo, malformações embora após infecção pelo vírus da caxumba durante a gravidez não foram encontrados. Na era pré-vacina, a caxumbal foi a principal causa de encefalite viral em muitos países. Em 2002, a vacina contra caxumba foi incluída no calendário vacinal de rotina de 121 países / territórios (Figura 4). Nos países onde a vacinação foi introduzida e alta cobertura foi sustentada da incidência da doença caiu tremendamente e a circulação foi interrompida. Nos países onde a vacinação não foi introduzida a incidência de caxumba permanece elevada, principalmente em crianças com idade 5-9 anos. Observatório Epidemiológico | 33ª Semana Epidemiológica 3 Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina Coordenação do Curso de Bacharelado em Enfermagem Figura 4 - Países que utilizam a vacina contra caxumba no programa nacional de imunização, WHO, 2009. Fiscalização para a papeira deve evoluir com o nível de controle e deve ser ajustado para corresponder aos objetivos específicos de cada país. Nos países em alcançar alta cobertura caxumba rotina e com baixa incidência de surtos que incluem periódicos, a vigilância deve ser usada para identificar populações de alto risco e prever e evitar possíveis surtos. Países com o objetivo de interromper completamente caxumba transmissão exigem vigilância baseada em casos intensivos para detectar, investigar e confirmar cada caso suspeito caxumba na comunidade. A vacina contra caxumba é usado em combinação com sarampo e rubéola (MMR), estratégia de vigilância para a doença deve ter a mesma vigilância para o sarampo, a rubéola e a síndrome da rubéola congênita. Referências BRASIL, Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 7 ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. WHO. World Health Organization. Mumps. Veneza, 2009. Observatório Epidemiológico | 33ª Semana Epidemiológica 4