Perspectiva Semanal De 14 a 18 de setembro de 2009 Cenário A atenção dos agentes participantes dos mercados estará centrada, notadamente, nos eventos internacionais nesta semana, sobrepondo-se a uma agenda doméstica mais modesta. Os indicadores econômicos que serão divulgados nos Estados Unidos no período, envolvendo atividade produtiva e inflação, devem exercer importante papel na definição das expectativas dos investidores. A confirmação de sinais de estabilização da economia americana, confirmando a trajetória de crescimento moderado, deve favorecer o bom humor dos mercados. Por outro lado, sinais de recuperação frágil, sujeita a retrocessos, serão motivos para realização, derrubando os preços dos ativos. No front interno, com agenda mais modesta, o mercado deverá focar nos novos dados sobre as vendas do comércio varejista nacional de julho. O resultado reafirmará o dinamismo da demanda como principal elemento de sustentação da atividade econômica doméstica. Pelo lado da inflação, os índices deverão confirmar o ambiente favorável, captando o bom desempenho dos alimentos, no momento, ao lado da redução das pressões decorrentes dos preços administrados. Economia Internacional As economias emergentes têm mostrado crescente dinamismo, tendo superado grande parte dos efeitos negativos decorrentes da crise internacional. A recuperação econômica ganha força em diversos países, muito embora a maioria ainda se ressinta de uma demanda doméstica enfraquecida e do baixo dinamismo do comércio internacional. A China é o destaque entre os emergentes. É muito provável que o PIB chinês mostre crescimento muito próximo de 9,0% neste ano, bem superior as projeções predominantes no início deste ano, que apontavam expansão entre 5% e 6%. A resposta do governo chinês à retração da economia mundial concentrou-se na expansão dos investimentos públicos em infraestrutura, acompanhado de fortes incentivos monetários e creditícios. A economia tem respondido com certo sucesso aos estímulos governamentais. A produção industrial, vendas a varejo e os investimentos mostram avanços, estimulando o crescimento, que ainda se encontra distante do vigor observado antes da eclosão da crise. O índice dos gerentes de compra para a economia chinesa, o PMI da China, superou a barreira dos 50 pontos, indicação de economia em expansão, permanecendo flutuando próximo dos 53,5 pontos nos últimos quatro meses. Os números podem estar indicando que o atual movimento de recuperação é desequilibrado e instável, sustentado graças aos estímulos governamentais. Sinal de que a substituição do setor exportador pela demanda doméstica como o motor do crescimento tem se mostrado difícil. O comércio exterior chinês permanece em retração, limitado pela queda do comércio mundial. Por outro lado, o consumo das famílias (responsável por cerca de 36% do PIB) não tem mostrado força suficiente para recolocar o país em uma trajetória mais robusta de crescimento. Mantido este quadro de fragilidade da recuperação econômica, em meio a ausência de ameaça inflacionária, o governo da China deve manter a política de estimulo fiscal e monetário ao longo dos próximos meses. Perspectiva para a semana Nesta semana, a economia dos Estados Unidos reserva uma agenda recheada de indicadores merecendo especial atenção os novos dados sobre a atividade econômica. Neste sentido, destaque para a produção industrial de agosto, que deverá mostrar expansão de 0,7% em relação ao mês anterior, quando registrou avanço de 0,5%. Este movimento deverá refletir ainda o processo de recomposição de estoques no setor automobilístico, estimulado pelo programa de incentivo a compra de novos carros. Ademais, análise com base no indicador de novas encomendas, componente do ISM – Manufatura, reforça a expectativa de maior dinamismo da produção industrial americana nos próximos meses. O nível de utilização da capacidade instalada depois de bater no fundo do poço dois meses atrás, volta a subir, devendo marcar 69,1% em agosto (68,5% em 1 julho) refletindo o fim do processo de ajuste da indústria americana. Pelo lado do consumo, as vendas do comércio varejista, também de agosto, deverão mostrar aumento de 1,7% (queda de 0,1% no mês anterior), captando as maiores vendas de automóveis no programa "cash for clunkers", que incentivava a troca de veículos velhos por novos e mais eficientes. Excluindo-se as vendas de veículos como também o faturamento dos postos de gasolina, o núcleo do faturamento do comércio deverá mostrar alta marginal de 0,1%, após registrar recuo de 0,4% no mês de julho. O resultado do núcleo capta com mais acuidade os efeitos da deterioração do mercado de trabalho, crédito restrito e redução do patrimônio pessoal, impedindo uma reação mais incisiva do consumo em geral. Merecem atenção também os indicadores regionais que serão conhecidos ao longo da semana. O indicador de atividade do Fed de Filadélfia deverá mostrar que a atividade econômica ganha força na região, refletido em um índice de 8,0 pontos em setembro, superior aos 4,2 pontos apurados no mês anterior. O índice do Fed 1 de New York (Empire Manufacturing) de setembro deverá registrar 14,5 pontos (12,08 pontos em agosto), confirmando que a região deixou a recessão para trás. No front inflacionário, destaque para o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto, que deverá mostrar alta de 0,3% no mês (0,0% em julho), refletindo os impactos da alta da energia e outras commodities sobre o índice. Excluindo-se alimentos e energia do índice geral, obtém-se o núcleo do CPI, que deve subir 0,1%, que se seguiria à alta semelhante registrada em julho. Caso estas projeções estejam corretas, o CPI registraria ainda deflação de 1,7% nos doze meses encerrados em agosto, enquanto o núcleo acumularia alta de 1,4% no período. Será divulgado também o índice de preços ao produtor (PPI), que influenciado pelos maiores preços de energia a outros insumos deverá subir 0,8% em agosto (-0,9% em julho), acumulando deflação de 5,3% em bases anuais. O núcleo do PPI, excluindo-se alimentação e energia, deve mostrar alta de 0,1% no mês de agosto, reduzindo a alta anual de 2,6% em julho para 2,2% com o último dado. No setor imobiliário, será conhecido o indicador do mercado de imóveis residenciais, apurado pela Associação Nacional dos Construtores de Residências (NAHB), que deverá registrar 19 pontos em setembro (18 pontos no mês anterior), sustentando a tendência de lenta melhora apresentada pelo setor nos últimos quatro meses. Em linha com a melhora do humor no setor, os investimentos imobiliários continuam reagindo lentamente. O número de construção de novas casas deve aumentar 2,1% em agosto em relação ao mês anterior, equivalente ao início da construção de 593 mil novas casas, em termos anualizados. Da mesma forma, projeta-se alta em torno 2,8% para o número de licenças para construção, estimando-se em 580 mil licenças em agosto (564 mil no mês anterior). Perspectiva Semanal A Semana Segunda-feira Zona euro: Prod. Industrial M/M (julho) – Projeções: -0,4% Zona euro: Prod. Industrial A/A (julho) – Projeções: -16,9% Japão: Produção industrial M/M (julho) – Projeções: 1,8% Japão: Produção industrial A/A (julho) – Projeções: -22,9% Terça-feira EUA: Preços ao produtor PPI M/M (agosto) – Projeções: 0,8% EUA: Preços ao produtor PPI A/A (agosto) – Projeções: -5,3% EUA: Núcleo do PPI M/M (agosto) – Projeções: 0,1% EUA: Núcleo do PPI A/A (agosto) – Projeções: 2,2% EUA: Vendas a varejo (agosto) – Projeções: 1,7% EUA: Vendas exceto autos (agosto) – Projeções: 0,4% EUA: Vendas exceto autos & gás (agosto) – Projeções: 0,1% EUA: Empire manufacturing NY (setembro) – Projeções: 14,5 pts EUA: Estoques de empresas (julho) – Projeções: -0,8% Zona euro: Zew Sent. econômico (setembro) – Projeções: 55,1 pts Alemanha: Zew Sent. econômico (setembro) – Projeções: 59,5 pts Reino Unido: CPI M/M (agosto) – Projeções: 0,3% Reino Unido: CPI A/A (agosto) – Projeções: 1,4% Quarta-feira EUA: Preços ao consumidor CPI M/M (agosto) – Projeções: 0,3% EUA: Preços ao consumidor CPI A/A (agosto) – Projeções: -1,7% EUA: Núcleo do CPI M/M (agosto) – Projeções: 0,1% EUA: Núcleo do CPI A/A (agosto) – Projeções: 1,4% EUA: Produção industrial (agosto) – Projeções: 0,7% EUA: Utilização da capacidade (agosto) – Projeções: 69,1% EUA: Ind mercado residencial NAHB (setembro) – Projeções: 19 pts Zona euro: Preços ao consumidor M/M (agosto) – Projeções: 0,3% Zona euro: Preços ao consumidor A/A (agosto) – Projeções: -0,2% Quinta-feira EUA: Pedidos seguro desemprego (12/set) – Projeções: 555k EUA: Construção de casas novas (agosto) – Projeções: 593k EUA: Licença p/ construção (agosto) – Projeções: 580k EUA: Ind Fed Filadélfia (setembro) – Projeções: 8,0 pts Reino Unido: Vendas a varejo M/M (agosto) – Projeções: 0,4% Reino Unido: Vendas a varejo A/A (agosto) – Projeções: 2,9% Japão: Boj anúncio da taxa de juros Sexta-feira Alemanha: Preços ao produtor M/M (agosto) – Projeções: 0,1% Alemanha: Preços ao produtor A/A (agosto) – Projeções: -7,2% Economia Brasileira Os números do PIB do segundo trimestre mostram que o consumo das famílias foi o grande responsável pela retirada do Brasil da recessão. Ao que tudo indica, o consumo das famílias continuará a ser um fator positivo no PIB em 2009. Na terça-feira, o IBGE deve divulgar os dados do comércio varejista do mês de julho e, segundo nossas projeções, deverá apontar crescimento de 1,4% em relação a junho já descontados os efeitos sazonais¹. O índice de confiança do consumidor também dá sinais de que não iremos nos decepcionar com o consumo (o índice atingiu a marca de 111,0 pontos em agosto, o maior desde maio de 2008). Para agosto, o roteiro parece o mesmo, segundo o Serasa, o comércio varejista deve ter crescido 0,7% em relação a julho. Rendimentos reais pouco afetados pela crise, expansão monetária e fiscal e um mercado de trabalho surpreendentemente resistente são os principais responsáveis para que o consumo das famílias fosse tão pouco afetado pela crise. O resultado fraco de 2009 parece dado! É interessante notar como o país passou bem pela crise e como 2010 tem tudo para ser um ano de forte crescimento! ¹ O consumo das famílias (em relação ao trimestre anterior dessazonalizado) teve queda de 1,4% no quarto trimestre de 2008 e altas de 0,6% e 2,1% no primeiro e segundo trimestres de 2009, respectivamente. Inflação IPC-S 2ª quadri setembro, que será divulgado na quarta-feira, deverá mostrar inflação de 0,60%, ficando ligeiramente acima do resultado da semana passada (0,56%). Alimentação, pressionada Inflação pela alta dos preços dos produtos in natura (hortaliças, legumes e frutas), além da redução da queda sazonal do grupo vestuário. IPC-Fipe 2ª quadri de setembro, que será conhecida na quintafeira, deverá registrar inflação de 0,40%, perdendo fôlego frente à quadrissemana anterior (0,47%). A desaceleração ocorrerá devido à saída parcial do reajuste de energia elétrica na capital paulista, 2 atenuando o impacto altista da alimentação, pressionada pelos maiores preços de frutas e carne bovina. IGP-10 de setembro será anunciado na sexta-feira, devendo mostrar alta de 0,40%, revertendo o quadro de deflação que prevalecia nos meses anteriores (-0,60% em agosto). Este resultado deverá refletir, basicamente, o movimento de recuperação dos preços no atacado, com destaque para as altas de produtos químicos, derivados de petróleo e álcool, metais, soja e alimentos in natura. Perspectiva Semanal Projeções SulAmérica Focus SulAmérica Semana anterior Esta semana IPCA em 12 meses 4,15 4,07 4,12 IPCA 2009 4,31 4,30 4,30 IPCA Setembro/09 0,20 0,23 0,24 IPCA Outubro/09 0,35 0,30 0,30 IPCA 2010 4,50 4,30 4,35 Selic final 2009 8,75 8,75 8,75 Selic média 2009 10,10 9,81 9,81 Selic final 2010 9,25 9,25 9,25 Selic média 2010 8,83 8,90 8,90 Câmbio final 2009 1,87 1,85 1,81 Câmbio médio de 2009 2,03 2,01 2,01 Câmbio final 2010 1,84 1,85 1,85 Câmbio médio de 2010 1,84 1,85 1,85 Preços Administrados 2009 4,50 4,20 4,20 Preços Administrados 2010 3,50 3,50 3,50 PIB 2009 (%) -0,20 -0,16 -0,15 PIB 2010 (%) 4,50 4,00 4,00 Expediente Vice-presidente de Investimentos: Marcelo Mello [email protected] Economista-chefe: Newton Rosa [email protected] Economista: Marcelo Gazzano [email protected] Produtos, Informações e Advisory: Marcelo Bonini [email protected] Bianca Abondanza [email protected] Site: www.sulamerica.com.br Este material foi preparado pela SulAmérica Investimentos DTVM S.A. e apresenta caráter meramente informativo, não podendo ser reproduzido ou copiado sem a expressa concordância da mesma. As análises aqui contidas foram elaboradas a partir de fontes fidedignas e de boa-fé. As informações aqui apresentadas deverão ser consideradas confiáveis apenas na data em que este foi publicado. Ainda assim, a SulAmérica Investimentos DTVM não garante, expressa ou tacitamente, exatidão, nem tampouco assertividade sobre os temas aqui abordados. Todas as análises aqui contidas estão sujeitas a alteração sem aviso prévio. As opiniões aqui expressas não devem ser entendidas, em hipótese alguma, como uma oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Mercados Câmbio A agenda externa intensa nesta semana, para a qual destacamos os dados de vendas no varejo, atividade industrial e o discurso do presidente norte-americano, Barack Obama, poderá provocar oscilações no dólar. Desta forma, não enxergamos tendência definida para o dólar nesta semana. Juros Com o fim da recessão, o mercado deverá focar no ritmo da recuperação. Os dados de vendas no varejo, caso venham próximos da nossa projeção (acima do consenso do mercado), poderão trazer algum movimento de alta das taxas. Porém, dado o ritmo atual de recuperação, não acreditamos que será necessário um aperto monetário anterior ao terceiro trimestre de 2010, o que garante prêmio nas curvas de juros. Bolsa A atenção dos agentes dos mercados estará voltada para as divulgações internacionais nesta semana, sobrepondo-se a uma agenda doméstica mais modesta. A confirmação de sinais de estabilização da economia americana, alimentando a trajetória de crescimento moderado, deve favorecer o bom humor dos mercados. Por outro lado, sinais de recuperação frágil, sujeita a retrocessos, serão motivos para realização, derrubando os preços dos ativos. No front interno, com agenda mais modesta, o mercado deverá focar nos novos dados sobre as vendas do comércio varejista nacional de julho que poderão beneficiar nosso posicionamento no crescimento doméstico. Alta 3 Queda Estável Volátil