Colégio "LUIZA DE MARILLAC"

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COLÉGIO LUIZA DE MARILLAC
EXTERNATO POPULAR SÃO VICENTE DE PAULO
Rua Voluntários da Pátria, 1.653 - Santana - São Paulo - CEP: 02011-300
Tel/Fax: 2226-6161 – www.marillac.g12.br – [email protected]
HISTÓRIA – 2ª EM
AS INVASÕES HOLANDESAS
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a União Ibérica (1580-1640)
a Presença Holandesa no Nordeste
a Decadência do Açúcar
A União Ibérica (1580-1640)
Em 1578, a morte de D. Sebastião I de Portugal, sem deixar herdeiros diretos, acarretou uma crise dinástica que conduziu à união
dos tronos espanhol e português, em 1580, na figura do rei Felipe II da Espanha. Iniciava-se, desse modo, a União Ibérica, que
duraria até 1640.
O império de Felipe II incluía Espanha, Países Baixos (Bélgica e Holanda) e regiões da atual Itália, como Sardenha, Nápoles e Sicília;
compreendia também as possessões espanholas na América. A partir de 1580, Portugal e suas possessões também passaram a
fazer parte do império espanhol.
A União das coroas ibéricas teve consequências importantes para o Brasil...e para Portugal...
Por um lado, tornou sem efeito a linha divisória estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, o que estimulou a penetração dos
portugueses em direção ao interior, no sul do Brasil e na Amazônia.
Por outro, trouxe problemas para os domínios portugueses, uma vez que ao se aliar com a Espanha, Portugal herdou os inimigos dos
espanhóis.
Dentre esses adversários estava a Holanda...
Um pouco da história da formação da Holanda...
A Holanda, juntamente com a Bélgica e Luxemburgo, fazia parte das 17 Províncias dos Países Baixos. As Províncias do Norte
(Províncias Unidas dos Países Baixos), que deram origem à Holanda, tinham uma tradição urbana e comercial que remontava à Idade
Média. Já no séc. XVI, a Holanda possuía uma poderosa marinha mercante e era o maior centro financeiro da época. A burguesia
flamenga aderiu ao calvinismo, entrando em choque com a política de Felipe II, de defesa e expansão da fé católica. Ao conflito
religioso somaram-se outros: a pesada política fiscal do imperador e as tendências nacionalistas dos flamengos, levando-os a lutar
por sua independência, que foi reconhecida formalmente apenas em 1648.
A União Ibérica rompe os laços comerciais entre portugueses e holandeses, que financiaram a montagem de muitos engenhos
coloniais no nordeste brasileiro e distribuíam o açúcar aqui produzido. Dessa forma, em busca de lucros e de medidas contra os
espanhóis, os holandeses viram-se estimulados a empreender a conquista das zonas de produção açucareira no Brasil.
A criação de duas poderosas companhias comerciais, a Companhia das Índias Orientais, organizada em 1602, e a Companhia das
Índias Ocidentais, formada em 1621, dava aos comerciantes flamengos os instrumentos para desafiar os dois reinos ibéricos. Os
laços com os portugueses pertenciam ao passado.
Os holandeses no Brasil: primeiro na Bahia...
A primeira tentativa dos holandeses para conquistar terras brasileiras ocorreu em 1624, ocupando a Bahia. A campanha foi
organizada e financiada pela Companhia das Índias Ocidentais, que recebera o monopólio por 24 anos de navegação, comércio,
transportes e conquista de todas as terras da costa atlântica situadas na América e na África.
Em 1625, porém, uma esquadra luso-espanhola bem armada, enviada pelo rei da Espanha, retomou a Bahia.
No entanto...
Apesar da derrota, a expedição à Bahia foi bastante proveitosa para os holandeses. Nas poucos incursões ao interior, puderam
conhecer o funcionamento dos engenhos de açúcar. Esse processo de produção escravista era o derradeiro segredo tecnológico em
mãos dos portugueses. Com seu desvendamento, teve início a concorrência entre os fornecedores. Além dos holandeses, também
franceses, ingleses e espanhóis entraram no mercado, implantando nas Antilhas o método português: senhores com capitais e
escravos africanos para estourar no trabalho. Com isso, a colônia portuguesa começava a deixar de estar na vanguarda do mercado
mundial de açúcar.
Os holandeses no Brasil: a vez de Pernambuco (1630-1654)
Em 1630, uma armada holandesa ocupou Olinda e Recife. Contudo, os invasores ficaram isolados nos núcleos urbanos, devido à
resistência dos portugueses liderados pelo governador Matias de Albuquerque. Ele organizou suas defesas numa elevação próxima
das áreas invadidas, o Arraial do Bom Jesus, de onde lançou contínuos ataques e emboscadas, dificultando por cinco anos a
penetração dos holandeses no interior...
Cala a boca, Calabar!...
Entre 1632 e 1635, com reforços vindos da Europa e com a ajuda de moradores da terra, os flamengos conquistaram pontos chaves
como a ilha de Itamaracá, a Paraíba, o Rio Grande do Norte, e, por fim, o Arraial do Bom Jesus, consolidando a ocupação de
Pernambuco.
Dentro os colaboradores dos holandeses destacou-se a figura de Domingos Fernandes Calabar. Mulato, nascido em Alagoas, perito
conhecedor das terras onde ocorreram os combates. Integrou inicialmente as forças ibéricas, acabou tornando-se um eficaz
colaborador dos flamengos na colônia, até ser preso, executado e esquartejado pelos portugueses.
Reflexões...
(...) Traição era uma atitude cotidiana, aliás implícita na própria colocação do problema: defender Portugal ou defender a Holanda
significava uma traição ao Brasil. Trocar de lado era um hábito constante. De toda esta confusão, restou um bode expiatório: Calabar.
Desde os bancos de escola primária nos ensinam que Calabar foi um traidor. Nada mais lógico, já que nossa história defende o ponto
de vista da colonização portuguesa. Para os holandeses, entretanto, Calabar era um herói. Na verdade, ao contrário de muitos
delatores ou mercenários, Calabar fez uma opção.
PEIXOTO, Fernando. Uma reflexão sobre a traição. In BUARQUE, Chico & GUERRA, Ruy. Calabar: o elogio da traição.
Administração de Nassau: 1637-1644
O escolhido para a missão de administrar a nova possessão brasileira foi o conde Maurício de Nassau, que desembarcou em Recife
com uma gente nunca vista nos trópicos: pintores, arquitetos, escritores e naturalistas. Pela primeira vez, uma colônia da América
seria governada à européia. Com supremacia militar e prevendo excelentes perspectivas econômicas, Nassau usou dinheiro e
escravos da Companhia para atrair os donos dos engenhos para a órbita holandesa.
Em 1644 o conde entrou em choque com a Cia das Índias Ocidentais, que o acusou de administrar a colônia de forma muito pessoal:
foi demitido.
A Insurreição Pernambucana: 1645-1654
Catalisa o sentimento anti-holandês, em especial dos senhores de engenho forçados a pagarem suas dívidas. Incitada pelo paraibano
Vidal de Negreiros, chefiada pelo senhor de engenho português João Fernandes Vieira, durante certo tempo não conta com a ajuda
de Portugal. O movimento assumiu, nesse momento, um caráter tipicamente nativista, com interesses coloniais próprios e em
desacordo com a política lusa.
Os grandes senhores de engenho passaram a colaborar com as forças populares do negro Henrique Dias, que comandava um
batalhão de africanos e Felipe Camarão, comandando tropas indígenas catequizadas, o que fortaleceu o movimento...
As Batalhas de Guararapes (19/04/1648 e 19/02/1649...
... rechaçam uma incursão do grosso do exército holandês.
Segue-se longa guerra de desgaste e cerco terrestre do Recife.
Enquanto isso, na Europa, a Holanda se envolve numa guerra com a Inglaterra (1652-1654)...
A derrota holandesa diante da Inglaterra foi o desgaste necessário para outra derrota no Brasil... Em 20/02/1653 Portugal auxilia os
insurrectos com 13 navios, que completam o cerco e obtém (23/01/1653) um rendição negociada. A vitória definitiva veio após a
batalha da Campina do Taborda, em 1654...
Os holandeses continuaram reivindicando seus direitos sobre os domínios coloniais portugueses no NE e, muitas vezes, recorreram
ás armas para recuperá-los.
Graças, porém à aliança entre Portugal e Inglaterra, esta última detentora de poderosa esquadra, os holandeses foram obrigados a
concordar com a Paz de Haia, assinada de 1661, reconhecendo os domínios coloniais lusos mediante indenização de 600 mil libras,
pagas em 16 anuidades (56% pelo Brasil)...
Os vínculos entre portugueses e ingleses vão se estreitar progressivamente, reforçando a dependência de Portugal com a
Inglaterra...
Consequências...
A expulsão definitiva dos holandeses do NE brasileiro levou a economia colonial açucareira a uma série crise. Os holandeses
puderam implantar a empresa açucareira em seus domínios (Curaçao, Anguilla e Suriname) e a produção passou a concorrer
vantajosamente com o açúcar brasileiro, já que eles haviam aprendido profundamente as técnicas de cultivo e produção do açúcar e
já praticamente monopolizavam o refino ( 25 refinarias em Amsterdã) e a comercialização do açúcar na Europa.
Além dos holandeses, os espanhóis (em Santo Domingo e Cuba), os ingleses (na Jamaica e nas Bahamas) e os franceses (no Haiti),
também passaram a cultivar o produto.
A Independência de Portugal
A União Ibérica foi desastrosa para Portugal, que viu o esfacelamento de seu império colonial devido ao seu envolvimento nas
guerras espanholas contra Holanda, França e Inglaterra.
Organizou-se um movimento pela restauração da autonomia lusa, liderado pelo duque de Bragança. Vitorioso o movimento, o duque
foi coroado, em 1640, rei de Portugal, recebendo o título de D. João IV, marco do início da dinastia de Bragança. Em 1644, após
quatro anos de luta, o novo rei de Portugal, embora sem obter o reconhecimento da Espanha, havia firmado sua posição.
A guerra contra a Espanha (Restauração), a luta pela retomada dos territórios coloniais e a decadência da produção açucareira levam
a economia portuguesa à ruína.
Dessa forma,
 no Brasil, a centralização política iria se intensificar, fundada na rigidez fiscalizadora metropolitana, o que virá a provocar inúmeros
choques entre a Coroa e os interesses locais...
 em Portugal, a “ajuda” inglesa para se livrar do domínio espanhol, acabará levando este país (e, indiretamente, o Brasil) a ser
submeter à Inglaterra. Essa submissão seria marcada pelo Tratado de Methuen (1703).
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