VEJA on-line 1 de 3 http://veja.abril.com.br/270705/p_094.html SITES CELULAR DIVERSÃO SHOPPING EDUCAÇÃO Abril BUSCAR: ESTILO NOTÍCIAS SAÚDE TECNOLOGIA Web VIAGEM ok Edição 1915 . 27 de julho de 2005 Economia e Negócios A China cai na real Índice Pressionados pelos Estados Unidos, os chineses desatrelam o iuane do dólar para se consolidar como economia de mercado Chrystiane Silva Kin Cheung/AP Lya Luft Millôr Diogo Mainardi André Petry Tales Alvarenga Roberto Pompeu de Toledo Carta ao leitor Entrevista Cartas Radar Holofote Contexto Veja essa Gente VEJA Recomenda Os livros mais vendidos Hong Kong: chineses fazem troca de dinheiro após anúncio de que o iuane poderá flutuar diariamente O dragão chinês teve o NESTA REPORTAGEM ímpeto arrefecido e Quadro: O dragão lembrou-se de que o amansa EXCLUSIVO ON-LINE mundo existe. A China Conheça o país: China anunciou na semana passada a valorização de sua moeda, o iuane, atendendo a reclamações de americanos, europeus e japoneses que se avolumam desde 1994. Nos últimos onze anos, o iuane teve uma cotação fixada estrategicamente em um patamar que barateou os produtos chineses – cada dólar equivalia a 8,28 iuanes. Essa cotação, considerada artificial pelos americanos, foi vital para que a China se transformasse numa potência exportadora e os Estados Unidos, o principal importador dos artigos chineses, vissem seu déficit comercial em relação ao mundo se aprofundar. Desde a última quinta-feira, com a mudança no regime cambial chinês, cada dólar 1/8/2007 16:26 VEJA on-line 2 de 3 http://veja.abril.com.br/270705/p_094.html passou a valer 8,11 iuanes, uma valorização de 2,1%. Não foi a única mudança. O iuane passou a variar dentro de uma banda de 0,3%, para cima ou para baixo. Ainda que essa faixa de flutuação seja pequena – irrelevante, dizem alguns –, a China deixou de ter um câmbio fixo e indicou um desejo de aproximar-se do câmbio flexível, o modelo oficial dos regimes de mercado. Os americanos acharam pouco, mas reconhecem que a medida tem méritos. "O mecanismo utilizado pela China abre um espaço significativo para a mudança do regime cambial", disse o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, John Snow. Agora, o valor final do iuane é anunciado a cada dia pelo banco central chinês, e esse valor será a média para a negociação do dia seguinte. Com custo de produção baixo, salários magros e moeda subvalorizada, a China tornou-se extremamente competitiva nos últimos anos e virou uma pedra no sapato dos principais fabricantes mundiais. O país cresce, em média, 9% ao ano. Somente em 2004 vendeu ao mundo 32 bilhões de dólares a mais do que comprou. Apenas nos seis primeiros meses deste ano, o saldo comercial já havia atingido 40 bilhões de dólares. Números tão expressivos causaram uma gritaria geral. Empresários alegam que as exportações chinesas sucatearam parques industriais ao redor do mundo, eliminando postos de trabalho. Os Estados Unidos, os maiores compradores de produtos chineses, amargaram um déficit comercial de 617 bilhões de dólares no ano passado e ameaçavam implementar uma tarifa de 27,5% nas importações vindas da China. Os chineses também fizeram estragos no Brasil. A indústria de brinquedos, por exemplo, naufragou com a concorrência dos importados chineses. "O que a China faz agora é uma medida para inglês ver. Não haverá reflexos imediatos nem para o Brasil nem para o resto do mundo, mas os chineses sinalizam que querem se tornar cada vez mais uma economia de mercado", avalia Roberto Gianetti da Fonseca, diretor do departamento de comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Independentemente dos efeitos práticos, a mudança cambial na China terá importante impacto psicológico e político. Em setembro, o presidente chinês, Hu Jintao, irá se reunir com representantes do governo americano e, desta vez, haverá menos tensão e reclamações. Os chineses dirão que fizeram um favor ao resto do mundo e que seus competidores foram beneficiados. Mas não é tão simples assim. Nos Estados Unidos, os maiores perdedores serão os grandes varejistas, como o Wal-Mart, cujo modelo de negócios se baseia em fixar a produção em países onde os custos são mais baixos e a moeda esteja subvalorizada. Juntos, os maiores varejistas mundiais compraram 18 bilhões de dólares em produtos chineses no ano passado. Apenas os EUA importaram 10% de tudo o que a China vendeu. Outros segmentos não devem sentir mudanças nos 1/8/2007 16:26 VEJA on-line 3 de 3 http://veja.abril.com.br/270705/p_094.html negócios. "Uma valorização entre 10% e 15% no iuane contra o dólar deve ser neutra ou até ligeiramente positiva", disse Jorma Ollila, executiva-chefe da Nokia, fabricante de celulares que produz peças e equipamentos na China e exporta para o mundo. Na ponta do lápis, a relação comercial da China com os Estados Unidos também não será substancialmente afetada. Para cada 10% de valorização do iuane, projeta-se uma redução de apenas 1% no déficit comercial americano. Apesar disso, como a China tem sido o motor do crescimento mundial, suas ações no campo econômico são observadas com lupa. Os chineses consomem metade do cimento produzido no planeta, 31% do carvão, 21% do aço e 70% das máquinas têxteis. Eles produzem 35% dos brinquedos, 30% dos aparelhos de ar-condicionado e 19% dos telefones celulares vendidos no mundo. Diz Henrique Meirelles, presidente do Banco Central: "A China começa a fazer um movimento no sentido de maior flexibilização dos mercados. O que é positivo para a economia chinesa por permitir menor rigidez no câmbio e desvincular a moeda chinesa de uma só referência, o dólar". topo voltar 1/8/2007 16:26