CONHECIMENTO DOS FATORES DE RISCO DO CÂNCER DE MAMA

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CONHECIMENTO DOS FATORES DE RISCO DO CÂNCER DE MAMA:
Contribuições para a prevenção, promoção da saúde e qualidade de vida
Danilo Rafael da Silva Fontinele (Bolsista de ICV), Inez Sampaio Nery (Orientadora, Depto
de Enfermagem – UFPI)
INTRODUÇÃO: O câncer de mama é o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo e o mais
comum entre as mulheres. Com altas taxa de prevalência anuais, cerca de 22% de novos casos a
cada ano, estimando-se 57.120 novos casos para 2014. Trata-se, portanto de um significante
problema de saúde pública segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA (2014). Pesquisas
evidenciam que o conhecimento das mulheres brasileiras acerca do câncer de mama revela que os
fatores de risco são pouco conhecidos na população feminina, bem como pouco estudados pelos
pesquisadores (BATISTON et al., 2011). Objetivou-se com este estudo analisar o conhecimento de
mulheres com câncer de mama acerca dos fatores de risco do câncer de mama e aspectos
importantes para prevenção, promoção e qualidade de vida. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo
do tipo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa. O local de coleta para compor o Banco de
Dados foi o Hospital São Marcos, em Teresina-PI. Utilizar-se-á o Banco de Dados que se encontra no
Núcleo de Estudo e Pesquisa Sobre o Cuidar Humano e Enfermagem – NEPECHE. O referido Banco
é resultante das pesquisas de três projetos de PIBIC/CNPq/AF. Tais projetos foram aprovados pelo
Comitê de Ética e Pesquisa conforme a Resolução 466/12. As participantes do estudo foram
compostas por mulheres acometidas com câncer de mama, internadas ou não, em uma clínica da
referida instituição e participantes do grupo de apoio Amigas do Peito. A coleta destes dados
compreendeu o período de 2011 a 2013. Foi realizada a observação direta e extensiva visando obter
informações das entrevistadas. Os instrumentos foram constituídos de perguntas com os aspectos
sócio demográficos, conhecimento dos fatores de risco para a neoplasia maligna mamária, as fontes
de informações que elas utilizaram para obter tais conhecimentos e o tratamento realizado. Os dados
foram analisados no período de outubro de 2014 a fevereiro de 2015. Os dados quantitativos foram
apresentados em tabelas ou gráficos com a distribuição dos percentuais de acordo com as respostas
apresentadas no formulário aplicado. Os achados foram analisados com base na literatura produzida
sobre a temática do estudo. RESULTADOS: O banco de dados era composto por um estudo com
setenta e seis (76) mulheres acometidas com câncer de mama, tendo uma média de 58,75 anos de
idade. No que se refere a escolaridade, houve um empate percentual na prevalência, o que
representou 27% para as que possuíam o ensino fundamental incompleto e para as que possuíam o
ensino médio completo. A renda com maior percentual foi a renda correspondente a até dois salários
mínimos que correspondeu a 61,84%. Quanto ao Índice de massa corpórea (IMC), obteve-se uma
média de 28,68kg/m², representando sobrepeso. A grande maioria (88,16%) respondeu que
possuíam filhos, e em média a 4,04 filhos para cada mãe. No que se refere a amamentação 81,58%
já amamentaram e por um período em média de 12,29 meses. Em relação a história familiar e
pessoal de CA de mama 35,52% responderam possuir históricos familiares e atribuíram que a relação
era em média com o parentesco de 1º grau. Outra variável questionada foi o consumo de leite e,
89,48% responderam que fazem o consumo, e com uma frequência em média de 2x ao dia. Dos
fatores de risco, os mais conhecidos pelas mulheres foram, respectivamente: o consumo de álcool e
gorduras (73,68%), o tabagismo (72,36%), a história familiar e pessoal de câncer de mama (69,73%),
e não amamentação (68,15%). Indiscutivelmente, a maior fonte de obtenção de conhecimentos para
as entrevistadas é a televisão com 72,36%, em seguida conhecimento interpessoal, depois os
profissionais de saúde. Como atividade preventiva, as mais adotadas foram evitar o consumo de
álcool, amamentar, controlar a alimentação e evitar o tabagismo ativo e passivo. Os métodos mais
utilizados para a detecção foram: o autoexame das mamas com 72,36% e a mamografia com
69,73%. DISCUSSÃO: A idade das participantes foi de 58,75 anos, o que vai de acordo com a
maioria do estudo sobre o assunto e encontra-se de acorda também com o INCA (2014), que afirma
que a incidência da doença cresce rapidamente até os 50 anos de idade, e posteriormente, essa
elevação se dá de maneira mais lenta. No que se refere à escolaridade, pôde-se observar que mais
da metade (54%) das pacientes possuíam o ensino fundamental incompleto e o ensino médio
completo, sendo cada um com 27%. Assim, pode-se observar o que Bastion et al. (2011) afirma a
respeito de uma relação significativa entre anos de estudo sobre os fatores de risco, sendo que o
conhecimento é maior à medida em que o nível de escolaridade aumenta. Além disso, mulheres com
baixo grau de instrução e dependentes do Sistema Único de Saúde tem mais chances de descobrir
tumores da mama em estadiamentos tardios (SILVA et al., 2013). Os achados encontrados no
quesito renda nos mostram como o número de pessoas que tem como renda até dois salários
mínimos é grande (61,84%). Isso, subsidia a necessidade de mudança nas estratégias para a
prevenção secundaria dos tumores de mama, direcionadas para populações de baixa renda, em que
os baixos graus de instrução e a dependência acentuada do SUS são prevalentes (SILVA et al.,
2013). O sobrepeso com o IMC de 28,68kg/m², subsidia os estudos de Felder; Figueiredo (2011)
considerada um fator de risco para câncer de mama em mulheres na pós-menopausa. Das
participantes, 81,58% amamentaram, e por um período de 12,29 meses. De acordo com o estudo de
Inumaru et al. (2011) a amamentação pode contribuir para o efeito protetor das mamas, pois leva a
diferenciação completa das células mamárias, assim como uma renovação do tecido mamário e das
células epiteliais. No que se refere a história familiar, 35,52% responderam possuir histórico familiar
de câncer e com parentes de 1,03 grau. Segundo o INCA (2014), a história familiar aumenta em duas
a três vezes o risco de desenvolver câncer de mama. Um dos hábitos alimentares questionados para
o grupo foi o consumo de leite, e 89,48% afirmaram fazer uso com uma frequência de duas vezes ao
dia. É mais interessante um aumento de leite, mas, desnatado, dada a implicação das gorduras no
aumento do risco de recidiva da doença (CIBEIRA; GUARAGNA, 2006). Notou-se que o
conhecimento é relativamente considerável. Segundo Batiston et al. (2011) a maioria das mulheres
não tem muita informação sobre os esses fatores de risco, sendo pequena as ações de prevenção
entre aquelas que possuem algum conhecimento do assunto visto que ainda são poucas as práticas
adotadas. As principais fontes de conhecimentos os dados obtidos vão de acordo com Godinho e
Koch (2005) que atribuem a fonte de maior ação na educação das mulheres sobre o câncer de mama
é a televisão, seguida de revistas, conhecimento interpessoal e, por fim, pelo profissional de saúde. A
prática do exame clínico da mama e a realização da mamografia detectadas como as mais utilizadas,
estão entres as ações mais eficientes para o diagnóstico precoce, e como trata Thuler e Mendonça
(2005). CONCLUSÃO: Contudo, percebe-se como um estilo de vida saudável pode ser incorporado
somente quando se tem o conhecimento, a oportunidade, e a vontade para tal. Nesta lógica, ressalta-
se o importante papel que os profissionais e os serviços de saúde desempenham para que
informações sobre os fatores de risco para o câncer de mama sejam disseminadas, bem como a
necessidade da incorporação de um estilo de vida saudável, podendo assim minimizar os riscos de
desenvolvimento desta e de outros tipos de agravos crônicos não-transmissíveis.
REFERÊNCIAS:
BATISTON, A. P. et al. Conhecimento e prática sobre os fatores de risco para o câncer de mama
entre mulheres de 40 a 69 anos. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v.11 n.2 p. 163-171 abr. /
jun., 2011.
CIBEIRA, G.H; GUARAGNA, R.M. Lipídio: fator de risco e prevenção do câncer de mama. Rev Nutr.
2006; 19(1):6575.
FELDEN, J.B.B; FIGUEIREDO, A.C.L. Distribuição da Gordura Corporal e Câncer de Mama: um
estudo caso-controle no Sul do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(5):2425-33.
Instituto Nacional de Câncer - INCA. Câncer de Mama. Disponível em
<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama>, acesso em 15/05/14.
INUMARU, L. E.; SILVEIRA, É. A.; NAVES, M. M. V. Fatores de risco e de proteção para câncer de
mama: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 7, p. 1259-1270,
2011.
GODINHO, E. R,; KOCH, H. A. Fontes utilizadas pelas mulheres para aquisição de conhecimentos
sobre câncer de mama. Radiol Bras, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 169-173, 2005.
SILVA, P.F. et all. Associação entre Variáveis Sociodemográficas e Estadiamento Clínico Avançado
das Neoplasias da Mama em Hospital de Referência no Estado do Espírito Santo. Revista Brasileira
de Cancerologia. 2013; 59(3): 361-367.
THULER, L.C.S; MENDONÇA, G.A. Estadiamento Inicial dos Casos de Câncer de Mama e Colo do
Útero em Mulheres Brasileiras. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005;27(11):656-60.
Palavras-chave: Neoplasias da Mama, Conhecimento, Qualidade de Vida, Prevenção/Promoção da
Saúde.
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