Informe sobre KPC - CRF-SP

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Informe Técnico da Comissão Assessora de
Análises Clínicas e Toxicológicas do CRF-SP
Informe Técnico: KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase
O gênero Klebsiella pertence à família das Enterobacteriaceae, que é
constituída por bactérias Gram negativas, e atualmente é composto por oito espécies
e três subespécies, sendo Klebsiella pneumoniae a mais importante espécie
causadora de infecções. As espécies de Klebsiella têm emergido como patógenos
oportunistas, capazes de desenvolver também quadros de infecções adquiridas na
comunidade. Entretanto, a maioria das infecções causadas por estes microrganismos
continua sendo de origem hospitalar, cenário em que emergem rapidamente como
uma das principais bactérias Gram negativas causadoras de infecção do trato urinário,
pneumonia, infecções intra-abdominais e de corrente sanguínea, em pacientes
imunocomprometidos e/ou com sérias doenças de base.
As carbapenemases do tipo KPC são enzimas estritamente plasmidiais que
apresentam resistência a todas as cefalosporinas e monobactâmicos e redução da
sensibilidade para os carbapenêmicos. O primeiro membro da família KPC foi descrito
em uma cepa de K. pneumoniae isolada na Carolina do Norte em 1996. Em 1998, a
variação de um único aminoácido, caracterizou por uma mutação pontual a primeira
variante, denominada KPC-2 também descrita numa cepa de K. pneumoniae. A partir
de então, relatos de KPC-2 tornaram-se freqüentes na Costa Leste dos Estados
Unidos e rapidamente expandiu-se, sendo descrito em diversas partes do mundo.
No Brasil, o primeiro relato de KPC foi em 2005 na cidade de São Paulo, em
2008 no Hospital das Clínicas também em São Paulo, em 2009 um caso foi registrado
em Londrina. Nesse ano de 2010 foram confirmados diversos casos em São Paulo,
Brasília, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, demonstrando a grande
capacidade de disseminação dessa enzima, que é explicada por sua localização
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Análises Clínicas e Toxicológicas do CRF-SP
plasmidial. Embora as carbapenemases do tipo KPC sejam predominantemente
descritas em cepas de K. pneumoniae, existem relatos dessa enzima em cepas de
Enterobacter spp., Escherichia coli, Salmonella spp., Citrobacter freundii
e
Pseudomonas aeruginosa.
O tratamento de infecções causadas por KPC torna-se extremamente difícil,
uma
vez
que
esses
microrganismos
podem
ser
susceptíveis
somente
a
aminoglicosídeos (amicacina e gentamicina) , polimixina B e Tigeclina, diminuindo
muito as opções terapêuticas. Além disso, essas drogas são extremamente tóxicas
podendo resultar em efeitos colaterais significativos impactando ainda mais o estado
do paciente, e muitas vezes aumentando as taxas de mortalidade.
Vale ressaltar que essas bactérias produtoras de KPC estão restritas ao
ambiente hospitalar, acometendo pacientes debilitados. Entre outros fatores, isso
ocorre devido ao uso de antimicrobianos no ambiente hospitalar, selecionando
microrganismos cada vez mais resistentes, demonstrando a importância do uso
racional de antimicrobianos.
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