Patologia da construção Elaboração de um catálogo

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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO - ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO
Marília Margarida Ferreira de Sousa
Licenciada em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de
Mestre em Construção de Edifícios
Dissertação realizada sob supervisão de
Professor Doutor Vasco Manuel Araújo Peixoto de Freitas
da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Porto, Setembro de 2004
Aos meus Pais
AGRADECIMENTOS
Ao concluir o presente trabalho gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para a sua
realização.
Ao Professor Vasco Freitas expresso aqui o meu sincero agradecimento pela forma sempre solícita e
simpática com que me apoiou e orientou na elaboração desta dissertação, bem como pelos
conhecimentos transmitidos, pela compreensão e pelo incentivo que sempre me deu.
Aos meus colegas de gabinete, nomeadamente, ao Pedro, ao Paulo e, em especial, à Susana, pela
ajuda sempre pronta, deixo também aqui o meu agradecimento.
De realçar ainda o Laboratório de Física das Construções – LFC, pela ajuda dos seus actuais e excolaboradores, em particular, à Isabel, ao Nuno e à Eva.
Um agradecimento muito especial à minha mãe, à minha irmã, ao meu irmão e à Andreia pela força
que sempre me transmitiram e pela incansável paciência e compreensão.
A todos os meus amigos pelo apoio que sempre me deram expresso aqui a minha gratidão, em
especial ao João, pela compreensão e companhia durante o decorrer deste trabalho, à Ana Cláudia,
pela ajuda nas correcções finais, à Patrícia, pela tradução, à Kitty, ao Nuno e à Susana.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
I
PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO
RESUMO
Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os
edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que
condicionam a sua utilização.
Em Portugal, uma das principais causas da não qualidade da construção é a inexistência de um
sistema de responsabilidades, garantias e seguros que responsabilize efectivamente os diversos
intervenientes no processo construtivo pelos erros de concepção, de execução ou de mau
comportamento dos materiais e componentes, e que, simultaneamente, garanta a reparação imediata
dos danos.
Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a
envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos. A patologia da construção tem sido
objecto de inúmeros estudos. No entanto, a informação técnica disponível encontra-se dispersa,
sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a resolução dos
problemas.
No presente trabalho foi estudado o problema da patologia da construção, nomeadamente, no que
se refere às principais patologias e respectivas causas. Tomou-se como base os registos de sinistros
declarados às companhias de seguros francesas, no âmbito das garantias da construção obrigatórias
em França, face à inexistência de dados nacionais. Foi também efectuado o estudo e a análise dos
sistemas francês e espanhol de responsabilidades, garantias e seguros na construção, sendo
apresentada uma proposta para a implementação de um sistema análogo em Portugal.
Por último, foi elaborado um Catálogo das patologias associadas ao comportamento higrotérmico da
envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das
Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos:
descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação.
Palavras-Chave:
Patologia, Higrotérmica, Catálogo de Patologias, Fichas de Patologias, Responsabilidades, Garantias,
Seguros
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
III
BUILDING PATHOLOGY – PREPARATION OF A CATHALOGUE
ABSTRACT
Despite the growing concern over the quality of construction, recent buildings fall short of
expectations. There are thousands of recent buildings with very serious pathologies that limit their
use.
In Portugal, one of the major causes of the non quality of the buildings is the lack of an effective
system of responsibilities, guarantees and insurance that makes responsible the multiple intervenient
parts in the construction process for the defects of conception, execution or bad performance of the
materials and components, and simultaneously, insures the immediate repair of damage.
There is a wide range of pathologies that affect the envelope of the buildings, caused by different
phenomena. Building Pathology has been the subject of numberless studies. However, the available
information is dispersed. It’s necessary to systematize it, in order to analyse the causes and solve
pathologies in an easier and more effective way.
In this paper we study the building’s pathology problem, concerning the main pathologies and
causes, based upon people’s claims of legal guarantees on the insurance companies in France, due to
the inexistence of Portuguese data. The French and Spanish system of responsibilities, guarantees
and insurances are also studied and analyzed. We propose a model of development of a similar
system in Portugal.
A Building Pathology Catalogue was also prepared containing the higrothermal pathologies occurred
on the envelope of the buildings studied in the last few years by the Laboratory of Building Physics
(LFC), of the Faculty of Engineering at the University of Oporto (FEUP).
The Catalogue is made up of a set of Pathologies Reports that include four fields: description of the
pathology, prospecting and measurements, causes and retrofit solutions.
Keywords:
Pathology, Higrothermic, Building Pathology Catalogue, Pathology Reports, Responsibilities,
Guarantees, Insurances
IV
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
PATHOLOGIE DU BATIMENT – ELABORATION D’UN CATALOGUE
RESUME
Malgré l’existence d’un souci croissant sur la qualité de la construction, on vérifie que les bâtiments
construits ces dernières années ne présente pas la qualité souhaitée. On peut affirmé qu’il existe des
milliers d’logements, construits récemment, qui présentent des pathologies très graves qui
conditionnent leur utilisation.
Au Portugal, l’une des principales causes de la “non qualité“ de la construction est l’inexistence d’un
système de responsabilités, garanties et assurances qui responsabilise vraiment les divers intervenants
dans le processus de la construction, par les erreurs commises (conception, exécution ou défaillant
comportement des matériaux et components) et qui simultanément assure la réparation immédiate
des dommages.
Il existe une grande diversité de pathologies qui affecte les éléments qui constituent l’enveloppe des
bâtiments, provenant de différents phénomènes. La pathologie du bâtiment a déjà été l’objet de
nombreuses études. Toutefois, l’information technique disponible est disperse et sa systématisation
est indispensable afin de faciliter l’analyse des causes et la résolution des problèmes.
Dans ce travail, le problème de la pathologie du bâtiment a été étudié, notamment, ce qui concerne
les principales pathologies et respectives causes. Les registres des sinistres déclarés aux compagnies
d’assurance françaises, concernant des garanties de construction obligatoires en France, ont servis de
base, vu l’inexistence de données nationales. L’étude et l’analyse des systèmes français et espagnol de
responsabilité, garanties et assurances dans le bâtiment ont été étudiées et une proposition pour
l’implémentation au Portugal d’un système analogue est présentée.
Un catalogue de pathologies liées au comportement hygrothermique de l’enveloppe des bâtiments
étudiés ces dernières années pelo Laboratório de Física das Construções de la Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto a été élaborée.
La catalogue est constitué par un ensemble de fiches de pathologies, qui incluent quatre domaines:
description de la pathologie, sondages et mesures, causes et solutions possibles de la réparation.
Mots-clé:
Pathologie, Hygrothermique, Catalogue de Pathologies, Fiches de Pathologies, Responsabilités,
Garanties, Assurances.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
V
PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO
ÍNDICE DO TEXTO
1.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................................................. 1
1.2
INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO................................................................. 1
1.3
ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO ....................................................... 2
2. O PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO..................................................3
2.1
CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................... 3
2.2
ANÁLISE DO PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO COM
BASE NOS DADOS FRANCESES.......................................................................................... 4
2.2.1 Caracterização da Amostra.................................................................................................... 4
2.2.2 Tipo de Edifícios .................................................................................................................... 5
2.2.3 Principais Patologias............................................................................................................... 6
2.2.4 Principais Causas das Patologias........................................................................................... 7
2.2.5 Elementos Construtivos ........................................................................................................ 8
2.2.5.1
Dados Gerais.......................................................................................................... 8
2.2.5.2
Coberturas .............................................................................................................. 9
2.2.5.2.1 Coberturas Inclinadas ........................................................................................... 9
2.2.5.2.2 Coberturas em Terraço ....................................................................................... 10
2.2.5.3
Fachadas................................................................................................................ 12
2.2.5.4
Vãos Envidraçados.............................................................................................. 13
2.2.5.5
Envolvente Interior............................................................................................. 14
2.2.5.5.1 Elementos Divisórios.......................................................................................... 14
2.2.5.5.2 Revestimentos Interiores.................................................................................... 15
2.2.6 Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos.................................................................. 16
2.2.7 Extrapolação dos Dados para o Problema da Patologia da Construção em
Portugal .................................................................................................................................. 17
2.3
O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL .................... 18
2.3.1 Dados dos Censos 2001....................................................................................................... 18
2.3.2 Dados Europeus ................................................................................................................... 21
2.3.3 Causas Fundamentais da Não Qualidade dos Edifícios em Portugal ........................... 21
2.3.3.1
Generalidades....................................................................................................... 21
2.3.3.2
Sistematização do Conhecimento ..................................................................... 22
2.3.3.3
Informação Técnica ............................................................................................ 22
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
VII
2.3.3.4
Sistema de Garantias e de Seguros ....................................................................23
2.3.3.5
Qualificação Profissional.....................................................................................24
2.3.3.6
Importância da Física das Construções.............................................................24
2.3.3.7
Caracterização dos Materiais e Componentes..................................................24
2.3.3.8
Erros de Execução ...............................................................................................24
2.3.4 Política de Intervenção .........................................................................................................25
3. SISTEMA DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS NO
ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS ............................................................27
3.1
GENERALIDADES...................................................................................................................27
3.2
O SISTEMA FRANCÊS.............................................................................................................28
3.2.1 Conceito Geral.......................................................................................................................28
3.2.2 Recepção da Obra .................................................................................................................29
3.2.2.1
Definição ...............................................................................................................29
3.2.2.2
Formalidades da Recepção..................................................................................30
3.2.2.3
Efeitos da Recepção.............................................................................................30
3.2.2.4
Recepção Judicial..................................................................................................31
3.2.3 Responsabilidade dos Intervenientes no Processo Construtivo.....................................31
3.2.3.1
Definição ...............................................................................................................31
3.2.3.2
Intervenientes na Construção Afectos à Responsabilidade Decenal............32
3.2.3.3
Beneficiários da Responsabilidade Decenal .....................................................32
3.2.4 Garantias Obrigatórias..........................................................................................................32
3.2.4.1
Generalidades........................................................................................................32
3.2.4.2
Garantia de “Perfeito Acabamento” .................................................................33
3.2.4.2.1 Definição ...............................................................................................................33
3.2.4.2.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................33
3.2.4.3
Garantia de “Bom Funcionamento” .................................................................33
3.2.4.3.1 Definição ...............................................................................................................33
3.2.4.3.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................34
3.2.4.4
Garantia Decenal..................................................................................................34
3.2.4.4.1 Definição ...............................................................................................................34
3.2.4.4.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................35
3.2.5 Seguros Obrigatórios ............................................................................................................35
3.2.5.1
Conceito Geral......................................................................................................35
3.2.5.2
Seguro de Responsabilidade Decenal................................................................35
3.2.5.2.1 Definição ...............................................................................................................35
3.2.5.2.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................35
3.2.5.2.3 Validade e duração ...............................................................................................35
3.2.5.3
Seguro de Reparação de Danos..........................................................................36
3.2.5.3.1 Definição ...............................................................................................................36
3.2.5.3.2 Quem deve subscrever?.......................................................................................36
VIII
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3.2.5.3.3 Validade e duração............................................................................................... 36
3.3
O SISTEMA ESPANHOL ........................................................................................................ 36
3.3.1 Conceito Geral ...................................................................................................................... 36
3.3.2 Recepção da Obra................................................................................................................. 38
3.3.2.1
Definição............................................................................................................... 38
3.3.2.2
Formalidades na Recepção................................................................................. 38
3.3.3 Responsabilidade dos Intervenientes no Processo Construtivo.................................... 39
3.3.4 Garantias Obrigatórias ......................................................................................................... 39
3.3.4.1
Definição............................................................................................................... 39
3.3.4.2
Quem deve subscrever? ...................................................................................... 40
3.3.5 Seguros Obrigatórios........................................................................................................... 41
3.3.5.1
Conceito Geral ..................................................................................................... 41
3.3.5.2
Seguro Decenal .................................................................................................... 41
3.3.5.2.1 Definição............................................................................................................... 41
3.3.5.2.2 Quem deve subscrever? ...................................................................................... 41
3.3.5.2.3 Validade e duração............................................................................................... 41
3.3.6 Controlo da Qualidade da Construção .............................................................................. 42
3.3.6.1
Organismos de Controlo da Qualidade da Construção................................. 42
3.3.6.2
Código Técnico da Construção ......................................................................... 42
3.3.6.2.1 Conceito geral ...................................................................................................... 42
3.3.6.2.2 Entidades responsáveis pela elaboração do Código Técnico da
Construção............................................................................................................ 43
3.3.6.2.3 Estrutura do Código Técnico da Construção.................................................. 43
3.4
O SISTEMA PORTUGUÊS ..................................................................................................... 44
3.4.1 Conceito Geral ...................................................................................................................... 44
3.4.2 Garantias Obrigatórias ......................................................................................................... 45
3.4.3 Seguros Obrigatórios............................................................................................................ 46
3.4.4 Proposta de um Sistema Nacional de Responsabilidades, Garantias e Seguros.......... 46
4. CATÁLOGO DE PATOLOGIAS .................................................................................... 49
4.1
IMPORTÂNCIA DO CATÁLOGO....................................................................................... 49
4.2
MODELOS EXISTENTES ...................................................................................................... 49
4.2.1 Caracterização Geral............................................................................................................. 49
4.2.2 “Fiches Pathologie du Bâtiment” (AQC e Fondation Excellence SMA) ..................... 50
4.2.3 “Defect Action Sheet” e “Good Repair Guide” (BRE) ................................................. 52
4.2.4 “Cases of Failure Information Sheet” (CIB W086 Building Pathology) ...................... 53
4.2.5 “Fichas de Reparação de Anomalias” (LNEC) ................................................................ 54
4.3
GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – PATORREB ..... 55
4.3.1 Objectivos.............................................................................................................................. 55
4.3.2 Organização do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB...... 56
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
IX
4.3.3
Estrutura do Site Criado pelo Grupo de Estudos da Patologia da Construção –
PATORREB ..........................................................................................................................57
4.4
CARACTERIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA ELABORAÇÃO
DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS...................................................................................59
4.5
ESTRUTURA DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS........................................................61
4.6
FICHAS DE PATOLOGIAS ....................................................................................................62
4.6.1 Estrutura das Fichas de Patologias .....................................................................................62
4.6.2 Identificação da Patologia ....................................................................................................63
4.6.3 Descrição da Patologia .........................................................................................................63
4.6.4 Sondagens e Medidas ............................................................................................................64
4.6.5 Causas da Patologia...............................................................................................................64
4.6.6 Soluções Possíveis de Reparação ........................................................................................65
4.7
EXEMPLO DE UMA FICHA DE PATOLOGIA...............................................................65
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................67
5.1
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................67
5.2
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS DA INVESTIGAÇÃO NESTE
DOMÍNIO ....................................................................................................................................68
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................69
ANEXOS
ANEXO I - CATÁLOGO DE PATOLOGIAS.....................................................................77
X
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – “Leis de Hammurabi” (traduzido por R. F. Harper no livro “Falhas na Construção”
de Jacob Field, publicações Wiley&Sun Inc., Nova Iorque, 1992) [42]. .............................. 3
Figura 2 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos em função do tipo de edifícios. ...................................................................................... 5
Figura 3 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos em função das principais patologias. ............................................................................. 6
Figura 4 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos em função das principais causas das patologias. .......................................................... 7
Figura 5 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos em função dos elementos construtivos. ........................................................................ 8
Figura 6 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em coberturas inclinadas.............................................................................. 10
Figura 7 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em coberturas em terraço. ........................................................................... 11
Figura 8 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em fachadas. .................................................................................................. 13
Figura 9 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em vãos envidraçados. ................................................................................. 14
Figura 10 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em elementos divisórios (envolvente interior). ........................................ 15
Figura 11 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de
danos ocorridos em revestimentos interiores. ....................................................................... 16
Figura 12 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal em 2001 [71]. ....................................... 19
Figura 13 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal segundo a época de
construção [71]. .......................................................................................................................... 20
Figura 14 – Necessidade de reparação dos edifícios em função do elemento construtivo [71]. ......... 20
Figura 15 – Investimentos na construção em 2000, na Europa [86]. ...................................................... 21
Figura 16 – Intervenientes no “Programa Nacional de Desenvolvimento da Informação
Técnica” [59]. .............................................................................................................................. 23
Figura 17 – Garantia Decenal (França). ....................................................................................................... 29
Figura 18 – Garantias na construção obrigatórias em França. ................................................................. 33
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
XI
Figura 19 – Garantias na construção em Espanha......................................................................................37
Figura 20 – Estrutura do Código Técnico da Construção espanhol [31]. ...............................................44
Figura 21 – Organização das “Fiches Pathologie du bâtiment” [5]..........................................................51
Figura 22 – Exemplo de uma “Fiche Pathologie du bâtiment” [8]. .........................................................52
Figura 23 – Exemplo de uma “Defect Action Sheet” [25]. .......................................................................53
Figura 24 – Site do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61]...................55
Figura 25 – Organigrama do Grupo de Estudos da Patologia da Construção –
PATORREB [61]........................................................................................................................56
Figura 26 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente à “Descrição da Patologia”) [61]. .........................57
Figura 27 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Sondagens e Medidas”) [61]..........................58
Figura 28 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Causas da Patologia”) [61].............................58
Figura 29 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Soluções Possíveis de Reparação”) [61]. ....59
Figura 30 – Tipo de edifícios analisados.......................................................................................................60
Figura 31 – Principais patologias analisadas.................................................................................................60
Figura 32 – Organização do Catálogo de Patologias. .................................................................................61
Figura 33 – Modelo das “Fichas de Patologias”..........................................................................................62
Figura 34 – Exemplo do campo da Ficha de Patologia correspondente à “Identificação da
Patologia”.....................................................................................................................................63
Figura 35 – Exemplo de uma “Ficha de Patologia”. .................................................................................66
XII
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – ELABORAÇÃO DE UM CATÁLOGO
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 – Distribuição dos sinistros em função do custo total e do custo médio dos
trabalhos de reparação de danos [6]..................................................................................... 17
Quadro 3.1 – Proposta de calendarização para o desenvolvimento do sistema nacional de
responsabilidades, garantias e seguros................................................................................. 48
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
XIII
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os
edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que
condicionam a sua utilização.
Em Portugal, uma das principais causas da não qualidade da construção é a inexistência de um
sistema de responsabilidades, garantias e seguros que responsabilize efectivamente os diversos
intervenientes no processo construtivo pelos erros de concepção, de execução ou de mau
comportamento dos materiais e componentes, e que, simultaneamente, garanta a indemnização de
danos causados, de forma análoga, por exemplo, ao sistema existente em França.
Por outro lado, só a análise dos registos de sinistros declarados às companhias de seguros no âmbito
das garantias da construção permitiria avaliar quais as principais patologias que afectam os edifícios
e, simultaneamente, condicionar a própria investigação.
Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a
envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos, tendo a patologia da construção
sido objecto de inúmeros estudos. A informação técnica disponível, no entanto, encontra-se
dispersa, sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a
resolução dos problemas, bem como a sua prevenção.
1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO
A implementação em Portugal de um sistema que garanta a responsabilização dos intervenientes no
processo construtivo pelos erros cometidos irá melhorar substancialmente a qualidade da
construção.
Neste sentido, um dos objectivos deste trabalho consistiu no estudo e na análise do sistema francês
de responsabilidades, garantias e seguros da construção e do sistema espanhol, que se encontra em
fase de desenvolvimento e implementação, com o intuito de apresentar uma proposta para a
implementação de um sistema análogo em Portugal.
No âmbito da patologia da construção têm sido desenvolvidos inúmeros estudos com o objectivo de
analisar as causas das patologias e definir as acções a desenvolver para restabelecer as características
funcionais ou estéticas dos elementos degradados, existindo uma extensa lista de publicações de
carácter técnico-científico.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
1
No entanto, esta informação encontra-se dispersa, sendo fundamental a sistematização da
informação disponível relativamente às patologias já estudadas, pelo que se considera imprescindível
a elaboração de um Catálogo.
Assim, o objectivo principal do presente trabalho foi o de elaborar um Catálogo das patologias
associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos
pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto (FEUP).
O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos:
descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação.
1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO
O trabalho encontra-se dividido em três partes principais:
2
•
Na primeira parte (capítulo 2) é feita uma análise do problema da patologia da
construção, sendo apresentadas as principais patologias e as causas que estão
na sua origem, bem como os elementos construtivos afectados e os
respectivos custos dos trabalhos de reparação de danos. Tomou-se como base
os registos de sinistros declarados às companhias de seguros francesas no
âmbito das garantias da construção obrigatórias em França, face à inexistência
de dados nacionais. É também analisado o estado de conservação dos edifícios
portugueses com base nos dados estatísticos disponíveis;
•
Na segunda parte (capítulo 3) é apresentada uma descrição e apreciação dos
sistemas francês e espanhol de responsabilidades, garantias e seguros na
construção, sendo apresentada uma proposta de desenvolvimento e
implementação de um sistema análogo em Portugal;
•
Na terceira e última parte (capítulo 4) é apresentado um Catálogo das
patologias associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos
edifícios, elaborado com base nos estudos de edifícios com patologias
efectuados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das Construções
(LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). O
Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem
quatro campos: descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e
soluções possíveis de reparação.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2. O PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Embora o tema “Patologia da Construção” possa parecer recente, a reparação de defeitos nas
construções não é seguramente um fenómeno actual. Já no ano 2200 A.C., o Código de Construção
de Hammurabi's (Rei da Babilónia) impunha punições severas no caso de ocorrência de falhas, o que
reflecte o conceito de responsabilidade inerente à patologia da construção [42].
A – Se um construtor, ao construir
a casa para terceiros, não fizer a
construção firme e se a casa cair e
causar a morte do dono da casa,
esse construtor será condenado à
morte.
B – Se causar a morte do filho do
dono da casa, será condenado à
morte o filho do construtor.
C – Se causar a morte de um
escravo do dono da casa, o
construtor terá de dar um escravo
de igual valor ao dono da casa.
D – Se destruir propriedade, o
construtor terá de reconstruir o que
destruiu à sua própria custa.
E – Se a construção não obedecer
aos requisitos e uma parede cair, o
construtor terá de reforçar a parede
às suas custas.
Figura 1 – “Leis de Hammurabi” (traduzido por R. F. Harper no livro “Falhas na Construção” de
Jacob Field, publicações Wiley&Sun Inc., Nova Iorque, 1992) [42].
Actualmente, a investigação de defeitos é bem mais complexa, devido quer à complexidade das
construções, quer ao desenvolvimento considerável das sociedades e ao aumento das exigências,
sendo necessário um aumento efectivo do conhecimento e da informação disponível, bem como a
interacção entre os diversos intervenientes no processo construtivo.
O registo e a divulgação dos erros de construção, bem como o estudo dos casos de patologia, são
fundamentais para a melhoria da qualidade das construções. Existem experiências neste sentido em
alguns países, no entanto, nem sempre bem sucedidas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3
Na generalidade, os dados disponíveis resultam da análise dos registos de patologias, efectuada no
âmbito de trabalhos de investigação realizados por instituições que estudam o problema da patologia
da construção. Como exemplo, refira-se os dados disponibilizados pelo BRE Advisory Service [62],
que têm como base a análise das patologias efectuada nos inúmeros estudos de edifícios
habitacionais e não habitacionais elaborados pelo BRE.
Como excepção a este procedimento salienta-se a experiência francesa, nomeadamente os dados
disponibilizados pela Agence Qualité Construction (AQC) [5], organismo responsável pela
apreciação e implementação da qualidade na construção, em França.
A AQC criou um mecanismo de recolha e análise dos sinistros declarados às companhias
seguradoras - sistema SYCODÉS (“Système de Collecte des Désordres”), no âmbito da garantia
decenal e dos seguros inerentes (seguros de reparação de danos e de responsabilidade decenal),
obrigatórios em França desde 1978 (ver § 3). Estes dados constituem um elemento fundamental na
avaliação da importância da patologia da construção, sendo apresentados no § 2.2.
Na análise efectuada pelo SYCODÉS, além da descrição da patologia, é identificado o elemento
construtivo e a causa que esteve na origem do problema, bem como o custo de reparação dos danos,
com base nos registos efectuados pelos peritos que avaliaram os sinistros.
Em Portugal não existem elementos que permitam apreciar quais as principais patologias que
afectam as construções. Os dados existentes resultam de trabalhos pontuais de investigação, não
permitindo uma abordagem global do problema. Apenas estão disponíveis alguns dados relativos ao
estado de conservação de edifícios, apresentados no § 2.3.
2.2 ANÁLISE DO PROBLEMA DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO COM BASE NOS
DADOS FRANCESES
2.2.1
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Os dados a seguir apresentados resultaram da análise efectuada pelo SYCODÉS (“Système
Collecte des Désordres”), mecanismo criado pela Agence Qualité Construction, a 39.000 casos
sinistros declarados às companhias seguradoras, entre 1999 e 2001, no âmbito dos seguros
reparação de danos e de responsabilidade decenal obrigatórios em França, e que foram alvo
peritagens por técnicos especializados [6].
4
de
de
de
de
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2.2.2
TIPO DE EDIFÍCIOS
De acordo com os resultados obtidos através da análise efectuada pelo SYCODÉS [6], 81,3% dos
sinistros registados ocorreram em edifícios de habitação, correspondendo os edifícios de habitação
colectiva a 49,3% dos casos, tal como apresentado no gráfico da Figura 2.
O custo total dos trabalhos de reparação de danos, resultantes de sinistros ocorridos em edifícios
habitacionais, foi de € 132.069.600, o que correspondeu a 66,4% do custo total.
Apesar dos sinistros que ocorreram em edifícios não habitacionais representarem apenas 18,7% do
total dos sinistros analisados, o custo dos trabalhos de reparação inerentes correspondeu a 33,6% do
custo total.
TIPO DE EDIFÍCIOS
50%
45%
Sinistros (%)
40%
Custo dos Trabalhos de
Reparação de Danos (%)
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
Edifícios
Habitacionais
Albergues
Espaços de
Cultura
Edifícios de
Saúde
Edifícios de
Ensino
Edifícios de
Transportes
Parques de
Estacionamento
Edifícios
Agrícolas
Armazéns
Industrias
Edifícios de
Comércio
Edifícios de
Escritórios
Edifícios
Colectivos
Habitações
Unifamiliares
0%
Edifícios Não Habitacionais
Figura 2 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função do tipo de edifícios.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
5
2.2.3
PRINCIPAIS PATOLOGIAS
Dos 39.000 casos analisados [6], verificou-se que cerca de 62% dos sinistros declarados resultaram
de problemas de estanquidade à água, sendo o custo dos respectivos trabalhos de reparação de
danos de cerca de € 100.000.000, o que correspondeu a 50,3% do custo total dos trabalhos de
reparação (Figura 3).
Os problemas de condensações e de falta de isolamento (térmico e acústico) da envolvente
corresponderam a 3% dos casos analisados.
Apesar da análise detalhada de patologias associadas a problemas estruturais não fazer parte do
presente trabalho, é de salientar o custo dos trabalhos de reparação de danos resultantes de
problemas desta índole, que representaram 17,5% do custo total dos trabalhos de reparação, ou seja,
€ 34.810.000.
Os restantes sinistros (24%) eram resultantes de problemas de utilização.
PRINCIPAIS PATOLOGIAS
62%
10%
24%
1% 1% 2%
Sinistros (%)
0
20.000
40.000
60.000
80.000 100.000 120.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Problemas de estabilidade
Problemas de estanquidade ao ar
Problemas de estanquidade à água
Insuficiência de isolamento
Condensações
Outras
Figura 3 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função das principais patologias.
6
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2.2.4
PRINCIPAIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS
Em matéria de sinistros, as causas e as responsabilidades são, geralmente, múltiplas e de definição
nem sempre fácil. No gráfico da Figura 4 é apresentada a causa que, de acordo com a apreciação do
perito responsável pela análise do sinistro, foi a que, de forma mais significativa, conduziu à
patologia.
Com base nos resultados fornecidos pelo SYCODÉS [6], constata-se que 79% dos sinistros
registados se verificaram devido a defeitos de execução, sendo o custo dos trabalhos de reparação
inerentes de € 135.849.000.
As patologias devidas a erros de concepção representaram cerca de 11% dos sinistros.
PRINCIPAIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS
79%
11%
3% 1%
5%
Sinistros (%)
0
20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Defeitos de concepção
Defeitos de utilização
Defeitos de execução
Outros
Defeitos dos materiais
Figura 4 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função das principais causas das patologias.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
7
2.2.5
2.2.5.1
ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
DADOS GERAIS
O gráfico da Figura 5 mostra a distribuição dos sinistros analisados e do respectivo custo dos
trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos construtivos “causadores” do dano.
Verifica-se que 54 % dos casos correspondem a problemas que ocorreram na envolvente exterior do
edifício (coberturas, fachadas e vãos envidraçados), sendo o custo dos trabalhos de reparação de
€ 93.881.000, o que correspondeu a 47,2 % do custo total.
Nos parágrafos seguintes é apresentada uma análise detalhada da distribuição dos sinistros e do
custo dos respectivos trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos da envolvente
exterior (coberturas, fachadas e vãos envidraçados) e interior. São também identificadas as principais
patologias observadas e as causas que estiveram na sua origem, com base na informação fornecida
pelo SYCODÉS [6].
ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
16%
6%
8%
5%
11%
15%
8%
20%
11%
Sinistros (%)
0
5.000
10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x103 €)
Infra-estruturas
Cobertura inclinada
Vãos envidraçados
Fundações
Cobertura em terraço
Envolvente interior
Estrutura de suporte
Fachada
Equipamentos
Figura 5 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função dos elementos construtivos.
8
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2.2.5.2
COBERTURAS
2.2.5.2.1 Coberturas Inclinadas
Dos sinistros analisados, em cerca de 15 % dos casos, foram detectados problemas que ocorreram
ao nível das coberturas inclinadas (Figura 5), sendo o custo dos trabalhos de reparação associados de
€ 27.647.000.
De acordo com o gráfico da Figura 6, verifica-se que grande parte das patologias (51 %) ocorreu em
coberturas com revestimento descontínuo de pequenas dimensões, do tipo telhas cerâmicas. Com
base na informação fornecida pelo SYCODÉS [6], os danos resultaram, na maioria dos casos, em
infiltrações de água através dos pontos singulares, devido principalmente a uma deficiente execução.
No entanto, os problemas mais onerosos, em termos de reparação, estavam associados a deficiências
do material de revestimento, o que implicou, em geral, a sua substituição integral.
No que se refere à estrutura de suporte do revestimento da cobertura, as causas dos sinistros
diferiram em função da natureza dos elementos:
•
Para as estruturas tradicionais de suporte em madeira, as duas causas mais
relevantes foram a qualidade da madeira usada, tanto no que se referia à sua
qualidade intrínseca, como ao nível do tratamento insecticida e fungicida, e a
aplicação e a deficiente concepção dos elementos, nomeadamente, dos pontos
singulares;
•
Para as estruturas de suporte industriais, a insuficiência de contraventamento
constituiu a patologia que mais afectou esta solução (40%).
Nas coberturas dotadas de um revestimento descontínuo de grandes dimensões (por exemplo,
chapas de fibrocimento), a origem dos sinistros prendeu-se com o remate do revestimento com os
pontos singulares e com o tratamento da ligação com os elementos do contorno e emergentes, tal
como se havia verificado para as coberturas com revestimento descontínuo de pequenas dimensões.
Ocorreram também alguns sinistros imputáveis a deficiências dos materiais aplicados e do sistema
de fixação.
No caso das coberturas com revestimento em elementos metálicos, há ainda a considerar as
condensações que ocorreram na superfície inferior das coberturas metálicas devido a uma deficiente
ventilação da cobertura, que se traduz no excesso de humidade na face inferior, resultando na
degradação do revestimento e do suporte.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
9
COBERTURAS INCLINADAS
14%
3%
8%
51%
1%
22%
Sinistros (%)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Estrutura de suporte
Revestimento de grandes dimensões
Drenagem de águas pluviais
Revestimento de pequenas dimensões
Coberturas especiais
Clarabóias/Iluminação natural
Figura 6 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em coberturas inclinadas.
2.2.5.2.2 Coberturas em Terraço
No que se refere às coberturas em terraço e de acordo com o gráfico da Figura 7, os sinistros
verificaram-se, principalmente, nas coberturas em terraço não acessíveis (46 %) e acessíveis (32 %),
correspondendo o custo dos trabalhos de reparação de danos a € 9.211.000 e a € 6.959.000,
respectivamente.
Os principais problemas deveram-se a deficiências de estanquidade, em geral, associada aos pontos
singulares da cobertura, nomeadamente ao remate do sistema de impermeabilização com os
elementos do contorno.
O custo da reparação de danos causados por sinistros deste tipo foi, geralmente, elevado, tendo em
atenção a consequente degradação dos elementos adjacentes. As investigações quanto à causa do
sinistro foram particularmente longas e inconclusivas, tendo sido habitualmente necessário refazer
por completo a cobertura.
10
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Os defeitos em zona corrente, apesar de cada vez mais raros em França, foram, contudo, os mais
onerosos, visto que a sua reparação implicou a substituição integral do sistema de impermeabilização
da cobertura.
Os sinistros verificados nas coberturas em terraço-jardim ocorreram devido ao deficiente remate do
sistema de impermeabilização com os elementos da envolvente, tal como para as restantes
coberturas em terraço. Ocorreu também um tipo de patologia particular desta solução, que consistiu
no ataque do sistema de impermeabilização pelas raízes das espécies vegetais, sempre que estas eram
de grande porte e a espessura de terra vegetal era insuficiente.
Por fim, uma pequena parte dos sinistros das coberturas em terraço, cerca de 5%, deveu-se ao
deficiente dimensionamento e à configuração do sistema de drenagem de águas pluviais, o que
originou a acumulação de água na cobertura, conduzindo a infiltrações diversas.
COBERTURAS EM TERRAÇO
8%
5%
1%
8%
46%
32%
Sinistros (%)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Cobertura em terraço não acessível
Cobertura em terraço-jardim
Clarabóias/Iluminação natural
Cobertura em terraço acessível
Sistema de drenagem de águas pluviais
Outros
Figura 7 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em coberturas em terraço.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
11
2.2.5.3
FACHADAS
Trata-se do elemento construtivo que evidenciou um maior número de sinistros, 20% (Figura 5),
bem como a parcela mais importante dos custos de reparação de danos (€ 33.620.000).
Na Figura 8 é apresentada a distribuição dos sinistros analisados e o respectivo custo dos trabalhos
de reparação, relativamente à solução adoptada para a fachada, definida em função do suporte ou do
próprio revestimento.
Nas soluções tradicionais de fachada, verificou-se que as patologias surgiram quer ao nível do
suporte, quer do revestimento, sendo principalmente afectadas as alvenarias de tijolo e de blocos de
betão.
No que se refere ao suporte, as manifestações mais correntes consistiram em fissuras resultantes da
deficiente ligação da alvenaria com a estrutura, da deformabilidade do suporte e da retracção da
argamassa e do betão. A degradação do suporte conduziu à degradação do revestimento, que deixou
de assegurar a estanquidade da fachada.
Quanto ao revestimento, os principais problemas deveram-se a uma deficiente preparação do
suporte, o que levou à ocorrência de descolamentos, destacamentos, aparecimento de manchas,
entre outros. Os poucos sinistros imputáveis aos materiais resultaram do não cumprimento das
especificações dos fabricantes (deficiente dosagem, não respeito dos tempos de mistura, aplicação
com temperaturas demasiado frias ou quentes, etc.).
Pouco utilizada nos edifícios de habitação, a solução de fachada ligeira é habitualmente aplicada nos
edifícios de escritórios ou outros do sector terciário. As causas dos sinistros foram múltiplas e os
custos de reparação, em geral, elevados, devido às soluções técnicas inovadoras e à aplicação de
materiais de revestimento com alto custo. A origem das patologias prendeu-se com a concepção,
mas também com a deficiente execução.
A percentagem de patologias que surgiram em sistemas de isolamento térmico pelo exterior foi
reduzida, cerca de 2%.
12
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
FACHADAS
11%
30%
20%
4%
2%
6%
3%
24%
Sinistros (%)
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Alvenaria de tijolo
Betão à vista
Isolamento térmico pelo exterior
Blocos de betão
Painéis pré-fabricados pesados
Outros
Alvenaria de pedra
Fachadas ligeiras
Figura 8 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em fachadas.
2.2.5.4
VÃOS ENVIDRAÇADOS
Os sinistros que afectaram os vãos envidraçados dos edifícios representam 8% do total de sinistros e
um pouco mais de 6% do custo total dos trabalhos de reparação (Figura 5).
Trata-se de um domínio que sofreu uma grande evolução em França, estando constantemente a
surgir novos produtos no mercado, em resposta às exigências acústicas e térmicas. Esta evolução
tem-se verificado quer ao nível dos perfis, quer dos vidros.
Foram observadas patologias a dois níveis (Figura 9): afectando a própria caixilharia (deficiente
qualidade dos constituintes, deficiente colocação em obra), ou inerentes ao deficiente tratamento da
ligação dos vãos com a envolvente, o que constituiu a grande maioria dos problemas observados.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
13
VÃOS ENVIDRAÇADOS
7%
67%
13%
6%
7%
Janelas e porta-janelas
Vidros
0
Sinistros (%)
Portas
Outros
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x103 €)
Protecções exteriores
Figura 9 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em vãos envidraçados.
2.2.5.5
ENVOLVENTE INTERIOR
2.2.5.5.1 Elementos Divisórios
De acordo com o gráfico da Figura 5, os sinistros que afectaram a envolvente interior dos edifícios
representaram 11% do total de sinistros analisados, sendo o custo correspondente aos trabalhos de
reparação de danos de cerca de 12,6% do custo total.
Por elementos divisórios entendem-se os elementos de separação que não fazem parte da estrutura
de suporte dos edifícios, tais como paredes divisórias entre compartimentos, “forras” interiores e
tectos falsos.
As patologias registadas nas paredes divisórias entre compartimentos resultaram, principalmente, da
aplicação de materiais inadequados. Como exemplo, refira-se a aplicação de divisórias em gesso
cartonado em zonas húmidas, o que provocou o apodrecimento do material e o descolamento dos
revestimentos.
14
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
ELEMENTOS DIVISÓRIOS
36%
35%
26%
0
3%
Sinistros (%)
Paredes divisórias
“Forras”
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Outras divisórias
Tectos
Figura 10 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em elementos divisórios (envolvente interior).
2.2.5.5.2 Revestimentos Interiores
Os revestimentos dos pavimentos foram os mais afectados pelos sinistros (78%), o que é natural, se
tivermos em atenção o facto de estarem sujeitos a inúmeras solicitações: uso, punçoamento, acção
da água ou de agentes químicos (Figura 11).
O revestimento em ladrilhos cerâmicos colados constituiu o tipo de solução que apresentava cerca
de dois terços das patologias registadas. As principais manifestações das desordens foram o
descolamento, a fissuração e o empolamento dos ladrilhos. As causas principais das patologias
foram a inexistência ou insuficiência de juntas, a aplicação de produtos de colagem inadequados e a
deficiente preparação do suporte.
Nos edifícios do tipo industrial, estes problemas tiveram uma dimensão considerável, na medida em
que as superfícies revestidas com ladrilhos tinham maiores dimensões. As solicitações foram de igual
modo mais severas, nomeadamente no que se refere às cargas e ao punçoamento.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
15
REVESTIMENTOS NTERIORES
78%
17%
5%
Sinistros (%)
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Revestimentos de pavimentos
Revestimentos de tectos
Revestimentos de paredes
Figura 11 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em revestimentos interiores.
2.2.6
CUSTO DOS TRABALHOS DE REPARAÇÃO DE DANOS
De acordo com os resultados obtidos pelo SYCODÉS [6], foi necessário um investimento de cerca
de € 200.000.000 para a reparação dos danos causados pelos 39.000 sinistros declarados às
companhias de seguros, entre 1999 e 2001. Verificou-se que para 36,3% dos casos, os trabalhos de
reparação corresponderam a um custo médio de € 1.400 (Quadro 2.1). Os custos publicados foram
actualizados a valores de 2001, em função do índice de construção francês.
Note-se que este número não representa efectivamente o custo total das reparações de danos
realizadas no âmbito dos seguros, na medida em que não incluem reparações com custos inferiores a
€ 762, nem os custos referentes a danos imateriais.
16
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Quadro 2.1 – Distribuição dos sinistros em função do custo total e do custo médio dos trabalhos
de reparação de danos [6].
CUSTO DOS TRABALHOS DE REPARAÇÃO DOS DANOS
CUSTO TOTAL (€)
SINISTROS
(%)
CUSTO TOTAL (%)
CUSTO MÉDIO (€)
Menos € 1.000
2,6
€ 900
14,4
De € 1.000 a € 1.999
10,0
€ 1.400
36,3
De € 2.000 a € 4.999
18,5
€ 3.200
29,6
De € 5.000 a € 9.999
15,3
€ 7.000
11,1
De € 10.000 a € 19.999
13,9
€ 13.900
5,1
De € 20.000 a € 49.999
15,8
€ 30.500
2,6
Mais de € 50.000
23,9
€ 128.400
0,9
2.2.7 EXTRAPOLAÇÃO
PORTUGAL
DOS
DADOS
PARA O
PROBLEMA
DA
PATOLOGIA
DA
CONSTRUÇÃO
EM
Tal como referido no § 2.1, em Portugal não existe um sistema efectivo de seguros que permita
realizar uma recolha de dados e efectuar uma análise estatística do problema da patologia da
construção.
Considera-se que, tal como em França, os problemas de estanquidade à água constituirão também a
principal patologia que afecta a envolvente dos edifícios nacionais. Salienta-se, no entanto, o
problema das condensações que, ao contrário do caso francês, terá uma maior relevância em
Portugal, face às condições habituais de utilização, à inexistência de sistemas contínuos de
aquecimento e de ventilação das habitações, bem como à insuficiência de isolamento térmico da
envolvente dos edifícios portugueses.
No que se refere às causas das patologias e, contrariamente à situação francesa, em que os defeitos
de execução estão na origem de cerca de 79% das patologias observadas, considera-se que os
defeitos de concepção deverão contribuir de uma forma muito significativa para os problemas que
se observam na envolvente dos edifícios nacionais.
Relativamente aos elementos construtivos, admite-se que a fachada e as coberturas serão, sem
dúvida, os elementos que mais estarão na origem das patologias, tal como no caso francês. No
entanto, considera-se que os vãos envidraçados terão também um peso significativo, tendo em
atenção que não existe tradição de aplicação de caixilharias classificadas em Portugal.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
17
Admite-se que as patologias que surgem em coberturas serão mais significativas nos casos de
soluções de coberturas em terraço do que inclinadas, ao contrário do que acontece em França.
Uma última referência relativamente à fachada, quanto ao suporte, considera-se que a solução
nacional de alvenaria de tijolo vazado terá problemas muito mais significativos do que no caso
francês.
Torna-se absolutamente necessário fazer um estudo sistemático e fundamentado em Portugal, o que
pode exigir a criação de um “Observatório” e a inspecção periódica obrigatória dos edifícios.
2.3 O ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL
2.3.1
DADOS DOS CENSOS 2001
Em Portugal, a política seguida nos últimos anos foi assumidamente de incentivo à construção nova
e à aquisição de casa própria. A realidade mostra-nos que a população dos grandes centros urbanos
se deslocou em massa para as áreas periféricas das cidades, tendo-se assistido, em consequência e em
simultâneo, à degradação e abandono de milhares de fogos inseridos no património edificado dos
centros urbanos [86].
A análise dos edifícios recenseados em 2001, segundo a época de construção, é também elucidativa
da forte expansão da habitação em Portugal. Cerca de 60% dos edifícios foram construídos após
1970 e 19% foram construídos na última década. Em termos comparativos, refira-se que a
proporção de edifícios construídos em França durante a década de 90 (1990-1999), representa 10%
do total (cerca de metade da situação portuguesa) [93].
Em relação ao estado de conservação dos edifícios existentes em Portugal, em 2001, cerca de 59,1%
não apresentavam necessidades de reparação e 38,0% careciam de obras de reparação, sendo que
2,9% se encontravam muito degradados (Figura 12). Dos edifícios que apresentavam necessidades
de reparação, a grande maioria dizia respeito a pequenos trabalhos de reparação (22%) [3].
Quanto à distribuição geográfica dos alojamentos a necessitar de obras, importa referir que 36% se
localizavam nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.
Note-se que estes dados têm de ser analisados com muita precaução. Por um lado, os valores
recolhidos resultaram da observação dos inquiridores, que não têm formação específica neste
domínio; por outro, esta avaliação foi feita tendo em conta apenas o aspecto exterior do edifício, o
quem nem sempre traduz as necessidades efectivas de intervenção. É do conhecimento geral que
existem diversas patologias associadas a infiltrações no interior das habitações que condicionam a
sua utilização.
18
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
10,4%
5,2%
2,9%
Sem necessidade de reparação
Pequenas reparações
Reparações médias
Grandes reparações
Muito degradado
22,4%
59,1%
Figura 12 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal em 2001 [71].
Os dados dos Censos 2001 apontam, ainda, para a existência de uma forte relação entre a idade dos
edifícios e o seu estado de conservação (Figura 13). De facto, dos edifícios construídos, antes de
1919 apenas 19,8% não apresentavam necessidades de reparação. À medida que o ano de construção
dos edifícios aumenta, as necessidades de reparação dos mesmos diminui, com cerca de 87,6% dos
edifícios construídos entre 1991 e 2001 a não necessitarem de qualquer tipo de intervenção. Não
obstante este facto, é de referir que 0,2% dos edifícios construídos entre 1996 e 2001 se
encontravam muito degradados e que 0,6% necessitavam de grandes reparações. Apesar de, em
termos relativos, ser um valor bastante pequeno, este dado não é, de todo, menosprezável quando
estamos a falar de 1.489 edifícios que têm, no máximo, 8 anos de idade.
No que se refere aos elementos construtivos, as necessidades de reparação repartiam-se de forma
homogénea pela envolvente (cobertura, paredes e caixilharia) e pela estrutura (Figura 14).
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
19
Sem necessidade de reparação
Pequenas reparações
Grandes reparações
Muito degradado
Reparações médias
100%
90%
80%
Edifícios (%)
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
antes de 1919
1919-1945
1946-1960
1961-1970
1971-1980
1981-1985
1986-1990
1991-1995
1996-2001
Época de construção
Figura 13 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal segundo a época de construção [71].
70%
60%
Nenhumas
50%
Edifícios (%)
Pequenas
40%
Médias
Grandes
30%
Muito Grandes
20%
10%
0%
Estrutura
Cobertura
Paredes e caixilharia exteriores
Figura 14 – Necessidade de reparação dos edifícios em função do elemento construtivo [71].
20
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2.3.2
DADOS EUROPEUS
Apesar do estado de degradação dos edifícios portugueses, explicado, principalmente, pelo reduzido
investimento na sua manutenção e reabilitação, quando comparado com os restantes países do
espaço económico europeu, verifica-se que Portugal apresenta o valor mais baixo de investimento
em manutenção/reabilitação, no conjunto dos países considerados (apenas 5,7%), sendo a média
europeia de 33,2% [71].
Habitação
Reabilitação
Não Residencial
Obras Públicas
60%
50%
Investimento (%)
40%
30%
20%
10%
Média Europeia
Portugal
Grã-Bretanha
Suíça
Suécia
Espanha
Noruega
Holanda
Itália
Irlanda
Alemanha
França
Finlândia
Dinamarca
Bélgica
Aústria
0%
Figura 15 – Investimentos na construção em 2000, na Europa [86].
2.3.3
2.3.3.1
CAUSAS FUNDAMENTAIS DA NÃO QUALIDADE DOS EDIFÍCIOS EM PORTUGAL
GENERALIDADES
Muito embora se verifique uma preocupação crescente com a qualidade da construção, traduzida
pela introdução de regulamentação específica na área do conforto, verifica-se que os edifícios
construídos em Portugal nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada [59].
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
21
Considera-se que as causas fundamentais da não qualidade dos edifícios portugueses são as
seguintes:
2.3.3.2
•
A complexidade crescente das construções;
•
As novas preocupações arquitectónicas;
•
A falta de sistematização do conhecimento;
•
A ausência de informação técnica;
•
A inexistência de um sistema efectivo de responsabilidades, de garantias e de
seguros;
•
A não qualificação profissional dos intervenientes no processo construtivo;
•
A inexistência de especialistas em física das construções na equipa de projecto;
•
A aplicação de novos materiais;
•
A velocidade exigida ao processo de construção e os erros de execução
inerentes.
SISTEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Na área da patologia da construção existem já, em termos nacionais, algumas publicações e estudos
realizados. No entanto, a informação encontra-se dispersa, sendo fundamental a sua sistematização e
divulgação.
Considera-se que um contributo para a sistematização da informação será o Catálogo de Patologias
apresentado na presente dissertação e que será desenvolvido e divulgado através do site do Grupo
de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB, criado em Março de 2003 e coordenado
pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto (FEUP) (ver § 4.3).
2.3.3.3
INFORMAÇÃO TÉCNICA
A informação técnica disponível é insuficiente e não se encontra sistematizada, pelo que seria
fundamental que o Estado promovesse a criação de um “Programa Nacional de Desenvolvimento
de Documentação Técnica” que fosse sendo actualizado ao longo do tempo. Nesse grupo de
trabalho deveriam participar todos os intervenientes no processo construtivo (Figura 16).
22
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Este tipo de documentação permitiria não só sintetizar os Regulamentos, as múltiplas normas
nacionais e as normas publicadas no âmbito do Comité Europeu de Normalização (CEN), como
também estabelecer as bases para a selecção exigencial dos materiais e dos elementos de construção.
Por outras palavras, possibilitaria estabelecer critérios objectivos para evitar escolhas tecnológicas
inadequadas.
Paralelamente, a preparação de um “Código da Construção” constituiria uma referência e uma base
sólida para a criação de um sistema efectivo de garantias da construção associado a seguros (ver
§ 3.4.4).
PROGRAMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
DE DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA - ACTUALIZÁVEL
EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO
UNIVERSIDADES
PRODUTORES
DE MATERIAIS
SEGURADORAS
ORDENS
ASSOCIAÇÕES
LABORATÓRIOS
ENTIDADES
GOVERNAMENTAIS
Figura 16 – Intervenientes no “Programa Nacional de Desenvolvimento da Informação
Técnica” [59].
2.3.3.4
SISTEMA DE GARANTIAS E DE SEGUROS
A inexistência de um sistema efectivo de garantias e de seguros favorece o descuido dos diversos
intervenientes no processo construtivo, uma vez que não existe uma responsabilização efectiva e
eficaz pelos erros de concepção, de execução ou de mau comportamento dos materiais e dos
componentes aplicados na construção. Seria desejável a adopção de um sistema de garantia decenal,
com base em seguros obrigatórios, quer de responsabilidade profissional para todos os
intervenientes no processo construtivo, quer de reparação de danos causados aos utilizadores,
análogo ao existente em França.
No § 3.4.4 é apresentada uma proposta de desenvolvimento e de implementação de um sistema
português de responsabilidades, garantias e seguros obrigatórios.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
23
A participação das seguradoras no processo conduziria ao registo dos sinistros verificados, o que
permitiria não só definir as causas que estariam na origem dos problemas, como também avaliar os
custos envolvidos nas reparações. Em síntese, o registo dos sinistros constituiria um elemento
fundamental para avaliar quais as principais patologias que afectam as construções em Portugal,
condicionando simultaneamente a própria investigação.
2.3.3.5
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Muitas das patologias observadas na construção nacional devem-se à não qualificação profissional
dos técnicos envolvidos. A exigência de qualificação profissional dos intervenientes seria
fundamental para garantir a qualidade da construção.
2.3.3.6
IMPORTÂNCIA DA FÍSICA DAS CONSTRUÇÕES
A participação de especialistas em física das construções na equipa de projecto e a compatibilização
das múltiplas exigências, tal como já se verifica em outros países, seria essencial para resolver grande
parte dos erros de concepção.
2.3.3.7
CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS E COMPONENTES
Muitas das patologias têm como causa fundamental os próprios materiais utilizados. Os
intervenientes no processo construtivo não deveriam permitir a aplicação de materiais dos quais não
se conhecem as propriedades, sem que previamente haja uma caracterização experimental do seu
desempenho.
Os erros inerentes ao comportamento dos materiais são resultado, nomeadamente:
2.3.3.8
•
Da não realização de estudos do comportamento dos materiais antes da
comercialização;
•
Da insuficiente homologação/certificação dos materiais utilizados;
•
Do não investimento no desenvolvimento tecnológico.
ERROS DE EXECUÇÃO
Os erros de execução são também responsáveis por muitas das patologias que as construções
apresentam. Devem-se, principalmente, aos seguintes factores:
24
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
2.3.4
•
Estrutura das empresas de construção;
•
Deficiente interligação entre os diferentes subempreiteiros;
•
Qualificação insuficiente da mão-de-obra;
•
Velocidade exigida ao processo de construção;
•
Deficiente responsabilização dos diversos intervenientes em caso de erro, em
particular das empresas de construção, devido à demorada intervenção da
justiça em caso de conflito;
•
Desconhecimento das propriedades dos materiais e dos componentes
aplicados.
POLÍTICA DE INTERVENÇÃO
O Estado promoveu um conjunto de apoios e incentivos à recuperação urbana, nomeadamente [86]:
•
O RECRIA, que apoia a recuperação de fogos arrendados;
•
O REHABITA, que apoia as Câmaras Municipais na recuperação dos seus
centros históricos, ou de áreas de recuperação e de reconversão urbanística;
•
O RECRIPH, que visa a recuperação de prédios habitacionais antigos, em
regime de propriedade horizontal;
•
O SOLARTH que apoia os agregados familiares de fracos recursos na
realização de obras nas suas habitações e também os proprietários de fogos
devolutos, procurando criar condições para a sua colocação no mercado.
Numa tentativa de inverter a situação existente, o Instituto de Gestão e Alienação do Património
Habitacional do Estado (IGAPHE) foi extinguido e incorporado no Instituto Nacional de
Habitação (INH) e foi aprovado o quadro legal que regulará a actividade das Sociedades de
Reabilitação Urbanas (SRU).
Desta breve análise, pode-se concluir da existência de fortes probabilidades de se assistir a um
crescimento significativo do Mercado da Reabilitação e Manutenção, face ao verificado nos últimos
anos, já que cerca de 38% dos edifícios apresentavam necessidades de reparação e 2,9%
apresentavam-se muito degradados, num total de 1.291.701 edifícios [3], além dos edifícios não
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
25
considerados que apresentam problemas de infiltrações no interior que condicionam a própria
utilização e habitabilidade.
Note-se que há ainda a considerar o sector da reabilitação do património monumental, não incluído
neste estudo.
A reabilitação de edifícios ocupados, em particular da sua envolvente exterior, exige uma nova
metodologia de abordagem e uma imprescindível compreensão do processo pelos diferentes
intervenientes (donos de obra, projectistas, empreiteiros, gestores financeiros, fiscalização - controlo
técnico e financeiro, etc.), o que pressupõe:
26
•
O desenvolvimento de uma metodologia para a elaboração de projectos de
reabilitação;
•
A implementação de estudos de diagnóstico suportados por medidas “in situ”
e em laboratório;
•
O conhecimento das patologias mais correntes;
•
O conhecimento do desempenho dos materiais e tecnologias utilizadas em
reabilitação;
•
A elaboração de cadernos de encargos exigenciais suportados por manuais
exigenciais.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3. SISTEMA DE RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS NO
ÂMBITO DA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS
3.1 GENERALIDADES
As construções podem padecer de defeitos, sejam aparentes e imediatamente reconhecíveis, sejam
ocultos e que se revelam apenas posteriormente à sua aquisição, muitas vezes anos após a sua
conclusão [29].
Os proprietários deveriam dispor de um sistema de garantias que assegurasse a reparação de danos e
responsabilizasse os intervenientes no processo construtivo: projectistas e responsáveis pelo
controlo técnico da obra, empresas de construção e o próprio dono de obra. Não existe, no entanto,
em Portugal um sistema com estas características, tal como acontece, por exemplo, em França e,
mais recentemente, em Espanha.
No caso francês, o actual regime de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção,
em vigor desde 1978 tal como descrito no § 3.2, garante a responsabilização dos intervenientes e a
indemnização imediata de danos aos proprietários, durante um período de dez anos após a
conclusão da obra. Este regime é posto em prática através da instituição de uma política de seguros
de subscrição obrigatória, quer pelos intervenientes na construção, no que se refere à
responsabilidade legal, quer pelo dono de obra, no que se refere à política de reparação de danos.
Em Espanha, com a publicação da “Lei de Ordenación de la Edificación” (L.O.E.) [76], impera,
desde 2000, a transição entre um regime de responsabilidades e de garantias apenas regido pelo
Código Civil, para um regime próximo do existente em França (ver § 3.3). Com a publicação desta
lei foi também necessário criar um Código Técnico da Construção, que se encontra em fase de
aprovação final (ver § 3.3.6.2).
No entanto, apesar do regime de responsabilidades espanhol assentar num pressuposto de
responsabilização dos intervenientes durante um período de dez anos, existem algumas diferenças
relativamente ao regime francês, nomeadamente, no que se refere à responsabilização de reparação
apenas dos danos que afectam a estabilidade e a segurança estrutural da construção e à inexistência
de obrigatoriedade de subscrição de um seguro de responsabilização decenal por parte dos
intervenientes na construção, sendo apenas obrigatório para o dono de obra.
Em Portugal, sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos, com evidentes
repercussões no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património
arquitectónico, carece, sem dúvida, de regras que atendam a esta importância. É urgente a
implementação de um regime em que claramente sejam identificadas as obrigações e as
responsabilidades dos intervenientes no processo construtivo, bem como sejam definidas as
garantias de protecção dos utilizadores face a possíveis danos. Neste sentido, é apresentada no
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
27
§ 3.4.4 uma proposta para o desenvolvimento e implementação de um sistema português de
responsabilidades, garantias e seguros.
Considera-se que em simultâneo deverá ser desenvolvido um “Código de Construção” (ver § 3.4.4),
de forma a ser criada uma base de referência sólida para a construção de edifícios com qualidade e
ser possível o estabelecimento de um sistema de garantias obrigatórias associadas a seguros.
3.2 O SISTEMA FRANCÊS
3.2.1
CONCEITO GERAL
O actual regime de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção de edifícios em
vigor em França, tem como base a Lei 78-12, de 4 de Janeiro de 1978, designada “Lei Spinetta” [50].
A entrada em vigor desta lei alterou radicalmente o conceito de responsabilidade e de seguros no
âmbito da construção até então vigente, surgindo numa altura em, pela Lei de 31 de Dezembro de
1940, apenas os arquitectos eram obrigados à subscrição de um seguro. Os outros intervenientes não
se encontravam cobertos por seguros, sendo a reparação de danos, na generalidade dos casos,
suportada pelos seguros dos arquitectos.
No que se refere ao regime de responsabilidades (ver § 3.2.3), a “Lei Spinetta” instituiu a presunção
de responsabilidade dos “construtores”, perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do
edifício ou parte, pelos danos que afectem os elementos ou equipamentos indissociáveis da
envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina. Este pressuposto é válido para um
período de dez anos após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento" [50].
A reparação de danos que afectem os equipamentos dissociáveis do edifício, não abrangidos na
garantia decenal, é realizada ao abrigo da garantia de “bom funcionamento”, válida durante um
período de dois anos, após a recepção (ver § 3.2.4.3).
Refira-se que o conceito de “construtores” é definido na lei com um sentido abrangente (ver
§ 3.2.3.2), incluindo, além da empresa de construção propriamente dita, todos os intervenientes
ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de serviços, tais como arquitectos,
engenheiros, técnicos, controladores de qualidade e vendedores. Os fabricantes ou importadores de
produtos e equipamentos são também considerados solidários no pressuposto da responsabilidade
decenal.
28
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
De forma a ser assegurada a garantia decenal, a lei impõe a subscrição de dois seguros obrigatórios
(Figura 17):
•
Um seguro de responsabilidade decenal (ver § 3.2.5.2), que garante a
responsabilidade de todos os intervenientes no acto de construção
(“construtores”);
•
Um seguro de reparação de danos (ver § 3.2.5.3), subscrito por “aquele que
faz construir”, ou seja, pelo dono de obra, e que assegura a cobertura dos
trabalhos de reparação através de um sistema de pré-financiamento,
independente do processo de procura de responsabilidades, garantindo a
indemnização dos danos.
Trata-se de um sistema de dupla acção: através do seguro de reparação de danos, subscrito pelo
dono de obra, são indemnizados os trabalhos de reparação das patologias, accionando a seguradora,
em seguida, os meios de que dispõe contra os diversos intervenientes no processo construtivo, que
devem, obrigatoriamente, ter subscrito uma política de responsabilidade decenal no início da obra.
Intervenientes no
Processo Construtivo
Dono de Obra
Seguro de
Responsabilidade
Decenal
Seguro de
Reparação de
Danos
GARANTIA
DECENAL
Figura 17 – Garantia Decenal (França).
3.2.2
3.2.2.1
RECEPÇÃO DA OBRA
DEFINIÇÃO
As especificações legislativas e regulamentares relativas à responsabilidade dos intervenientes no
processo de construção, perante danos, são fundadas num acto jurídico definido na Lei de 4 de
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
29
Janeiro de 1978, designado por “recepção” e que marca a conclusão e entrega dos trabalhos de
construção da obra [50].
A recepção define-se como sendo o acto através do qual o dono de obra declara aceitar a obra com
ou sem “reservas”, quer de forma amigável, quer judicial, caso não haja entendimento, de acordo
com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50].
Em termos práticos, a recepção consiste na entrega dos trabalhos ao dono de obra e,
principalmente, na aprovação desses trabalhos por parte do mesmo.
É a partir da recepção que os “construtores” são submetidos ao regime jurídico instituído pela lei
francesa, nomeadamente, à garantia decenal. Sem existir recepção, os seguros não podem intervir em
caso de ocorrência de danos.
3.2.2.2
FORMALIDADES DA RECEPÇÃO
Em termos legais não existem especificações formais relativas ao “acto” de recepção. Consiste
simplesmente na elaboração de uma declaração, designada por “processo verbal de recepção”, em
que o dono de obra declara que aceita os trabalhos realizados ao abrigo do contrato estabelecido
entre as partes, com ou sem “reservas”.
Devem ser objecto de “reservas” na recepção, as patologias ou defeitos de acabamento
eventualmente existentes no edifício. A empresa de construção terá de proceder à sua reparação no
prazo fixado de comum acordo, no âmbito da garantia de “perfeito acabamento” (ver § 3.2.4.2).
Os defeitos visíveis na recepção, que não tenham sido objecto de “reservas”, não poderão ser
incluídos na garantia decenal.
3.2.2.3
EFEITOS DA RECEPÇÃO
A recepção constitui o momento a partir do qual entram em vigor as garantias instituídas pela lei
francesa, que asseguram a reparação de patologias que surjam no edifício, marcando o fim da fase de
responsabilidade contratual dos “construtores”.
Se não ocorrer a recepção da obra, em caso de danos, as seguradoras recusarão qualquer intervenção
no âmbito das garantias.
30
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3.2.2.4
RECEPÇÃO JUDICIAL
A recepção judicial apenas deverá ser realizada nos casos em que não seja possível a ocorrência da
recepção de forma amigável ou se uma das partes se recusar a proceder à recepção, de acordo com a
alínea 1 do artigo 1792º do Código Civil Francês [50].
Será o tribunal a nomear um perito para analisar se a obra se encontra em estado de ser
recepcionada, com ou sem “reservas”, comunicando depois a recepção ao dono de obra e à empresa
de construção.
De salientar, no entanto, que, de acordo com a jurisprudência, o dono de obra não se pode recusar a
recepcionar os trabalhos, exceptuando os casos em que estes não se encontrem concluídos ou que
existam graves patologias, equivalentes a uma não conclusão.
3.2.3
3.2.3.1
RESPONSABILIDADE DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO CONSTRUTIVO
DEFINIÇÃO
A reparação de danos no domínio da construção de edifícios, em França, assenta, essencialmente,
num pressuposto de responsabilidade obrigatória que pesa sobre os intervenientes no processo
construtivo (“construtores”) durante dez anos. Este pressuposto foi instituído pela entrada em vigor
da Lei 78-12 de 4 de Janeiro de 1978, dita “Lei Spinetta”, sendo designado, habitualmente, por
responsabilidade decenal [50].
De acordo com o artigo 1792º do Código Civil Francês [50], “todo o construtor é responsável,
perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do edifício ou parte, pelos danos, mesmo
resultantes de defeitos do solo, que comprometam a solidez ou que afectem os elementos ou
equipamentos indissociáveis da envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina”. Este
pressuposto é válido para um período de dez anos, após a recepção da obra (artigo 2270º do Código
Civil Francês).
Por equipamentos indissociáveis entendem-se todos os equipamentos cuja colocação ou substituição
não possa ser realizada sem afectar os elementos da envolvente, como, por exemplo, uma tubagem
encastrada na laje do pavimento de uma habitação.
Os danos que afectem os equipamentos dissociáveis do edifício, ou seja, equipamentos cuja
colocação/substituição não afecte os elementos envolventes, como, por exemplo, radiadores, são
incluídos no âmbito da garantia de “bom funcionamento”, válida por um período de dois anos.
A garantia de responsabilidade é assegurada através da subscrição, por cada um dos intervenientes
na construção, de um seguro de responsabilidade decenal obrigatório (ver § 3.2.5.2).
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
31
3.2.3.2
INTERVENIENTES NA CONSTRUÇÃO AFECTOS À RESPONSABILIDADE DECENAL
De acordo com a legislação em vigor (artigo 1792-1º do Código Civil Francês [50]), são
considerados “construtores da obra” e, por conseguinte, afectos ao pressuposto de responsabilidade
decenal definido no § 3.2.3.1, todos os que intervêm no processo de concepção, execução e controlo
técnico da obra ou que se encontrem ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de
serviços.
Os vendedores do edifício ou de parte deste, após a conclusão dos trabalhos, são também
equiparados a “construtores”.
De acordo com o artigo 1792-4º do Código Civil Francês [50], são ainda solidários com o
pressuposto de responsabilidade especificado na lei, os fabricantes, importadores ou representantes
de produtos ou equipamentos, sendo abrangidos pela obrigatoriedade de subscrição de uma política
de responsabilidade decenal.
3.2.3.3
BENEFICIÁRIOS DA RESPONSABILIDADE DECENAL
A presunção de responsabilidade decenal beneficia o dono de obra e todos os proprietários
sucessivos, durante os dez anos que se seguem à recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito
acabamento”.
3.2.4
3.2.4.1
GARANTIAS OBRIGATÓRIAS
GENERALIDADES
A reparação das patologias que surjam após a conclusão da obra e a recepção dos trabalhos (ver
§ 3.2.2) será realizada pela empresa de construção, no âmbito das garantias obrigatórias, definidas
pela legislação francesa em vigor no domínio da construção (Figura 18).
A garantia é objecto de um contrato de seguros, de uma obrigação legal de responsabilidade ou de
um compromisso contratual, a partir do qual o “construtor” assume a sua responsabilidade quanto à
qualidade das suas prestações e das suas obras.
32
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Período de tempo após a recepção da obra (Anos)
Recepção
da Obra
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Garantia de “Perfeito Acabamento”
Garantia de “Bom Funcionamento”
Garantia Decenal
Figura 18 – Garantias na construção obrigatórias em França.
3.2.4.2
GARANTIA DE “PERFEITO ACABAMENTO”
3.2.4.2.1 Definição
De acordo com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50], a garantia de “perfeito acabamento”,
válida durante um ano, assegura a reparação de todas as patologias que surjam na recepção dos
trabalhos e que tenham sido objecto de “reserva”, ou que se manifestem durante o ano seguinte à
recepção dos trabalhos, tendo de ser comunicadas à empresa de construção pelo dono de obra.
3.2.4.2.2 Quem deve subscrever?
Esta garantia é assegurada pela empresa de construção em benefício do dono de obra e dos
proprietários sucessivos do imóvel, fazendo parte integrante dos contratos de seguros de
responsabilidade obrigatórios.
3.2.4.3
GARANTIA DE “BOM FUNCIONAMENTO”
3.2.4.3.1 Definição
Esta garantia assegura a reparação das patologias que afectam os elementos e os equipamentos
dissociáveis da obra, durante os dois anos que se seguem à recepção, de acordo com o artigo 17923º do Código Civil Francês [50].
Se um elemento é considerado indissociável, as patologias que o afectam são reparadas no âmbito da
garantia decenal. Caso contrário são incluídas nesta garantia, também designada por alguns autores
como “bienal”.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
33
Em termos práticos, encontram-se incluídas nesta garantia as reparações/substituições de
equipamentos que possam ser realizadas sem afectar os elementos, como, por exemplo, a colocação
de portas, a reparação de canalizações “à vista”, de radiadores, etc..
3.2.4.3.2 Quem deve subscrever?
Esta garantia deve ser assegurada por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no
§ 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel.
Incluem-se também os intervenientes que, de alguma forma, se encontrem ligados ao fabrico,
fornecimento e montagem dos elementos e equipamentos dissociáveis do edifício.
3.2.4.4
GARANTIA DECENAL
3.2.4.4.1 Definição
No âmbito do pressuposto da responsabilidade decenal definida no § 3.2.3.1, os intervenientes no
processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2) são obrigados a reparar os danos que surjam nos dez
anos seguintes à recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento”.
A garantia decenal abrange os danos seguintes:
•
Os danos que, mesmo resultando de um defeito do solo, comprometam a
solidez do edifício, como, por exemplo, fissuras graves, assentamentos
diferenciais, problemas da estrutura, defeitos de estanquidade;
•
Os danos que tornem o edifício, ou parte, inadequado ao uso e ao fim a que
se destina, como, por exemplo, infiltrações através da cobertura, fissuras na
fachada;
•
Os danos que afectem os elementos construtivos ou equipamentos
indissociáveis da envolvente, tornando o edifício inadequado ao uso e ao fim a
que se destina, como, por exemplo, a ruptura de uma canalização encastrada
numa laje.
Note-se que não são cobertos pela garantia decenal os danos resultantes de uma falta de manutenção
ou do deficiente uso, como, por exemplo, infiltrações devido à ausência de limpeza dos orifícios de
drenagem das caixilharias ou acumulação de água devido à não limpeza das caleiras.
34
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3.2.4.4.2 Quem deve subscrever?
Esta garantia deve ser subscrita por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no
§ 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel.
A garantia decenal entra em vigor com a recepção dos trabalhos e com o fim da garantia de
“perfeito acabamento”.
3.2.5
3.2.5.1
SEGUROS OBRIGATÓRIOS
CONCEITO GERAL
A Lei de 4 de Janeiro de 1978 [50] instituiu uma dupla obrigatoriedade de seguro: a subscrição de
um seguro de responsabilidade decenal para todos os intervenientes na construção de edifícios (ver
§ 3.2.5.2) e de um seguro de reparação de danos para o dono de obra (ver § 3.2.5.3).
3.2.5.2
SEGURO DE RESPONSABILIDADE DECENAL
3.2.5.2.1 Definição
De acordo com o artigo L241-1º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral,
cuja responsabilidade possa ser accionada sobre o fundamento de responsabilidade estabelecido no
artigo 1792º do Código Civil Francês (ver § 3.2.3.1), referente a trabalhos de edifícios, deve ser
coberta por um seguro”.
3.2.5.2.2 Quem deve subscrever?
O seguro de responsabilidade decenal deve ser subscrito obrigatoriamente no início da obra por
todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2).
3.2.5.2.3 Validade e duração
O seguro de responsabilidade deste tipo será válido durante o período de garantia decenal, ou seja,
dez anos.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
35
3.2.5.3
SEGURO DE REPARAÇÃO DE DANOS
3.2.5.3.1 Definição
De acordo com o artigo L242-2º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral
que, na qualidade de dono de obra ou mandatário do dono de obra, manda realizar trabalhos de
construção de edifícios, deve subscrever antes do início da obra, para seu benefício e dos
proprietários seguintes, um seguro que garanta, independentemente da procura de responsabilidades,
o pagamento da totalidade dos trabalhos de reparação da responsabilidade dos construtores (de
acordo com o definido no artigo 1792-1º do Código Civil Francês - § 3.2.3.1)”.
O seguro abrange os danos incluídos na garantia decenal, definidos no § 3.2.4.4.1.
Note-se, no entanto, que não se trata de um seguro multiriscos de habitação, que inclui danos
causados por eventos súbitos e imprevistos exteriores ao edifício.
3.2.5.3.2 Quem deve subscrever?
O seguro de reparação de danos deve obrigatoriamente ser subscrito pelo dono de obra, no início
dos trabalhos, em seu benefício e dos proprietários sucessivos.
3.2.5.3.3 Validade e duração
A garantia de reparação de danos aplica-se após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito
acabamento”, durante um período de dez anos.
3.3 O SISTEMA ESPANHOL
3.3.1
CONCEITO GERAL
O actual sistema espanhol de responsabilidades, garantias e seguros no âmbito da construção de
edifícios tem como base a Lei 38/1999, de 5 de Novembro, designada por “Lei de Ordenación de la
Edificación” (L.O.E.), que entrou em vigor em 6 de Maio de 2000 [76].
Antes da homologação da L.O.E., a configuração legal da construção era basicamente estabelecida
através do Código Civil e de uma diversidade de normas, cujo conjunto apresentava sérias lacunas na
ordenação do complexo processo da construção no que diz respeito quer à identificação de
obrigações e de responsabilidades dos intervenientes no mesmo, quer no que concerne às garantias
de protecção dos proprietários.
36
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
A lei surgiu, principalmente, para atender à necessidade de superar a discrepância existente entre a
legislação até então vigente e a realidade da insuficiente regulamentação do processo de construção,
bem como para estabelecer um marco geral em que se pudesse fomentar a qualidade dos edifícios,
fixando garantias face a possíveis danos.
Para os diferentes intervenientes no processo de construção foram enumeradas as obrigações
correspondentes a cada um deles e as que resultam das suas responsabilidades.
O regime instituído pela L.O.E. comporta três níveis de responsabilidades, definidas no § 3.3.3, e
respectivas garantias (ver § 3.3.4), correspondentes ao prazo de um, três e dez anos, definidos em
função da data de recepção da obra (ver § 3.3.2) (Figura 19).
No entanto, a exigência da obrigatoriedade das garantias a que se faz referência na lei tem vindo a
ser efectuada de forma escalonada no tempo, para permitir ao sector acomodar-se às novas
exigências. Assim, apenas a garantia de dez anos contra danos materiais, causados por defeitos que
afectem a estabilidade e a segurança estrutural, foi exigida a partir da entrada em vigor da lei
unicamente para os edifícios cujo destino principal fosse a habitação.
Com a instituição da actual lei, o Estado Espanhol procurou fomentar a qualidade da construção,
incidindo nos requisitos básicos dos edifícios, nas obrigações dos intervenientes no processo e
fixando as responsabilidades e as garantias que protegem o comprador, dando cumprimento ao
direito constitucional de uma habitação digna e adequada.
Para definição das exigências a que devem satisfazer os edifícios, no que respeita aos requisitos
básicos de qualidade especificados na lei, foi também imposta a elaboração de um “Código Técnico
da Construção” (ver § 3.3.6.2), que actualmente se encontra em fase de aprovação final.
Período de tempo após a recepção da obra (Anos)
GARANTIAS
Recepção
da Obra
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Defeitos de Execução
Condições de Habitabilidade
Segurança e Estabilidade Estrutural
Figura 19 – Garantias na construção em Espanha.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
37
3.3.2
3.3.2.1
RECEPÇÃO DA OBRA
DEFINIÇÃO
De acordo com o definido no artigo 6º da L.O.E. [76], a recepção é o acto através do qual o
construtor, após a conclusão da obra, faz a entrega dos trabalhos ao dono de obra e este os aceita.
Poderá realizar-se com ou sem “reservas” e abarcar a totalidade da obra ou fases completas e
concluídas da mesma, quando assim concordarem as partes, de forma semelhante ao definido nos
termos da legislação francesa em vigor (ver § 3.2).
Salvo acordo em contrário, a recepção da obra tem lugar dentro dos 30 dias seguintes à data de
conclusão. A recepção será tácita se, passados esses 30 dias, o dono de obra não apresentar
quaisquer “reservas”.
Os prazos de responsabilidade e de garantias estabelecidos na L.O.E. têm início a partir da data em
que é subscrita a acta de recepção, ou quando se entenda esta como tacitamente aprovada.
3.3.2.2
FORMALIDADES NA RECEPÇÃO
A recepção deverá consignar-se numa acta assinada pelo dono de obra e pelo construtor, onde
deverá constar o seguinte:
•
As partes que intervêm;
•
A data do certificado final de conclusão da obra;
•
O custo final de execução da obra;
•
A declaração de recepção da obra com ou sem “reservas”, especificando-as de
maneira objectiva, caso tenham sido assinaladas, bem como o prazo em que
deverão ser reparados os defeitos;
•
As garantias que se exigem ao construtor para assegurar as suas
responsabilidades.
O dono de obra poderá recusar a recepção da obra se considerar que a mesma não está terminada
ou que não está de acordo com as condições contratuais.
38
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3.3.3
RESPONSABILIDADE DOS INTERVENIENTES NO PROCESSO CONSTRUTIVO
De acordo com o artigo 17º da L.O.E. [76], “as pessoas físicas ou jurídicas que intervêm no
processo construtivo, sem prejuízo das suas responsabilidades contratuais, responderão perante os
proprietários do edifício, ou partes do mesmo, relativamente aos seguintes danos materiais que
surjam dentro dos prazos indicados, contados desde a data de recepção da obra, sem reservas ou
após a sua reparação”:
•
Durante dez anos, perante danos materiais causados no edifício por defeitos
que afectem fundações e estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte
ou outros elementos estruturais) e que comprometam directamente a
segurança e a estabilidade do edifício;
•
Durante três anos, perante danos materiais resultantes de defeitos nos
elementos construtivos ou nas instalações que condicionem a habitabilidade.
O construtor responderá, ainda, durante um ano perante os danos materiais causados por defeitos
de execução.
No que se refere à exigência de responsabilidade dos diferentes agentes por danos materiais no
edifício, a legislação estabelece que será realizada de forma pessoal e individualizada a cada um dos
intervenientes. No entanto, quando não se puder individualizar a causa de danos materiais ou
provar-se inequivocamente a ocorrência de culpas, ou se não se puder precisar o grau de intervenção
de cada agente no dano causado, a responsabilidade será exigida solidariamente. Em todo o caso, o
dono de obra responderá solidariamente com os demais intervenientes perante os possíveis
proprietários, relativamente a danos materiais no edifício ocasionados por defeitos de construção.
Este regime de responsabilidade abrange também o vendedor do edifício ou de parte, perante o
comprador.
As acções para exigir a responsabilidade por danos resultantes de defeitos prescrevem no prazo de
dois anos após o surgimento dos ditos danos, sem prejuízo das acções que possam subsistir para
exigir responsabilidade por incumprimento contratual.
3.3.4
3.3.4.1
GARANTIAS OBRIGATÓRIAS
DEFINIÇÃO
Paralelamente ao regime de responsabilidades, a L.O.E. especifica as seguintes garantias obrigatórias
(Figura 19):
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
39
•
Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante um ano, a
reparação de danos resultantes de defeitos de execução que afectem os
acabamentos ou os revestimentos finais da obra. Poderá ser substituído por
uma retenção, por parte do dono de obra, de 5% do custo final da obra,
incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados;
•
Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante três anos, a
reparação de danos resultantes de defeitos nos elementos construtivos ou nas
instalações que condicionem a habitabilidade. O capital segurado deve
corresponder a 30% do custo final da obra, incluindo os honorários dos
intervenientes e de projectos e estudos realizados;
•
Seguro de danos materiais ou de caução que garanta, durante dez anos, a
reparação de danos resultantes de defeitos que afectem as fundações ou a
estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos
estruturais) e que comprometam directamente a segurança e a estabilidade do
edifício. O capital segurado deve corresponder a 100% do custo final da obra,
incluindo os honorários dos intervenientes e de projectos e estudos realizados.
De referir que, de acordo com a 2ª disposição adicional da L.O.E., a subscrição destas garantias
actualmente só é obrigatória para a responsabilidade decenal e apenas para edifícios de uso
habitacional.
3.3.4.2
QUEM DEVE SUBSCREVER?
O seguro de danos ou de caução que garanta, durante um ano, a reparação de danos resultantes de
defeitos de execução, que afectem os acabamentos ou revestimentos finais da obra, deve ser
subscrito pelo construtor em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos.
Os restantes seguros deverão ser subscritos pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos
proprietários sucessivos.
Note-se que, além do dono de obra e do construtor, os restantes intervenientes não são obrigados à
subscrição de seguros de danos ou de caução, sendo accionada a responsabilidade civil ou
contratual.
Os seguros ou cauções deverão ser subscritos na recepção dos trabalhos (ver § 3.3.2). Em termos
formais, não é permitido o registo notarial ou a realização de escrituras de edifícios ou parte, sem
que tenham sido subscritos os seguros ou cauções que assegurem as garantias em vigor.
40
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
3.3.5
3.3.5.1
SEGUROS OBRIGATÓRIOS
CONCEITO GERAL
De acordo com o especificado na legislação espanhola em vigor [76], apenas o dono de obra de
edifícios cujo uso principal seja a habitação e que tenha solicitado licença de obras a partir do dia 6
de Maio de 2000, é obrigado a subscrever um seguro que cubra os danos materiais, designado de
seguro decenal. Em alternativa poderá subscrever uma caução de igual valor.
3.3.5.2
SEGURO DECENAL
3.3.5.2.1 Definição
O seguro decenal deverá cobrir os danos materiais que afectem as fundações ou a estrutura de
suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos estruturais) e que comprometam
directamente a segurança e a estabilidade do edifício, durante dez anos.
O capital segurado deverá corresponder a 100% do custo final da obra, incluindo os honorários dos
intervenientes e de projectos e estudos realizados.
Note-se que, a subscrição de uma política de seguro decenal implica, de acordo com as exigências
das companhias de seguros espanholas, um controlo técnico de acompanhamento da obra desde a
fase de projecto à fase de execução, incluindo o ensaio e o controlo de qualidade dos materiais e
produtos, por um organismo reconhecido contratado pelo segurador e aceite pelo segurado (ver
§ 3.3.6.1).
3.3.5.2.2 Quem deve subscrever?
O seguro decenal deverá ser subscrito pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos
sucessivos proprietários do edifício ou de parte dele.
3.3.5.2.3 Validade e duração
A seguradora garante durante dez anos, a partir da recepção da obra e da subscrição do seguro, a
indemnização ou reparação de danos materiais causados ao edifício (fundações, estrutura,
envolvente, obras secundárias, equipamentos, instalações, etc.), devidos a defeitos que tenham a sua
origem ou afectem obras fundamentais e que comprometam a estabilidade do edifício.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
41
3.3.6
3.3.6.1
CONTROLO DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO
ORGANISMOS DE CONTROLO DA QUALIDADE DA CONSTRUÇÃO
As entidades de controlo da qualidade da construção, de acordo com o artigo 14º da L.O.E. [76], são
definidas como sendo organismos capacitados para prestar assistência técnica na verificação da
qualidade do projecto, dos materiais e da execução da obra e das instalações, de acordo com as
normas aplicáveis.
A lei atribui, ainda, a designação de “laboratórios de ensaios para o controlo da qualidade da
construção”, aos laboratórios com capacidade para prestar assistência técnica, mediante a realização
de ensaios a materiais, a sistemas ou a instalações de um edifício.
De salientar que a lei não exige a intervenção das entidades de controlo da qualidade com o sentido
obrigatório. No entanto, em Espanha, as companhias seguradoras exigem ao dono de obra a
contratação destas entidades, no âmbito da subscrição de uma política de seguro decenal.
A missão da entidade de controlo técnico consiste, fundamentalmente, na revisão do projecto de
execução e no controlo técnico do processo de execução da obra, incluindo o ensaio e controlo de
qualidade dos materiais e dos produtos. A informação que fornecerá, além de servir de base à
seguradora para a elaboração do contrato de seguro decenal, permitirá ao dono de obra a prevenção
e o melhoramento da qualidade da construção.
3.3.6.2
CÓDIGO TÉCNICO DA CONSTRUÇÃO
3.3.6.2.1 Conceito geral
A entrada em vigor da L.O.E. teve como objectivo principal assegurar a qualidade das construções,
mediante o cumprimento dos requisitos básicos dos edifícios e da adequada protecção dos interesses
dos utilizadores [76].
No artigo 3º da L.O.E. são estabelecidos os requisitos básicos que devem ser cumpridos pelos
edifícios, de forma a garantir a segurança das pessoas, o bem-estar da sociedade e a protecção do
meio ambiente, nomeadamente:
42
•
Relativos à funcionalidade (utilização, acessibilidade e acesso aos serviços de
telecomunicações, audiovisuais e de informação);
•
Relativos à segurança (estrutural, em caso de incêndio e de utilização);
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
•
Relativos à habitabilidade (higiene, saúde e protecção do meio ambiente,
protecção contra o ruído, poupança de energia e isolamento térmico e outros
aspectos funcionais).
A garantia de protecção dos utilizadores especificada na lei passa, não só pelos requisitos técnicos do
construído, mas também pela subscrição de um seguro de danos, sendo imprescindível criar um
marco normativo consistente que confira ao processo a necessária objectividade. Surgiu, assim, o
Código Técnico da Construção, como um desenvolvimento da L.O.E., onde são claramente
definidas as exigências a cumprir pelos edifícios, no que respeita aos requisitos básicos de
funcionalidade, de segurança e de habitabilidade.
Após uma fase de desenvolvimento desde o ano 2000 e a apresentação de um primeiro projecto para
apreciação dos intervenientes no processo construtivo em 2002, actualmente foi já apresentada à
Comissão Europeia uma versão final do Código Técnico da Construção, que se encontra em fase de
apreciação.
Com a aprovação deste documento, apenas alguns regulamentos espanhóis continuarão em vigor,
servindo como complemento ao especificado no Código. As normas vigentes, nomeadamente, as
Normas Básicas da Construção (NBE), foram reestruturadas, actualizadas e o seu conteúdo
integrado no Código.
Os Eurocódigos foram considerados como documentos de referência base na elaboração do
documento.
3.3.6.2.2 Entidades responsáveis pela elaboração do Código Técnico da Construção
Para elaboração do Código Técnico da Construção foi criada uma organização que coordenou a
intervenção dos diversos organismos envolvidos, nomeadamente, a Secretaria de Estado da
Habitação do Governo Espanhol e o Instituto de Ciência da Construção Eduardo Torroja [31].
Participaram, ainda, pontualmente, diversas comissões técnicas, centros tecnológicos e de
investigação, bem como universidades e especialistas independentes. Foram criados grupos de
trabalho, distribuídos em função dos requisitos básicos estabelecidos na lei.
3.3.6.2.3 Estrutura do Código Técnico da Construção
O Código Técnico da Construção encontra-se dividido em duas partes (ver Figura 20).
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
43
Na Parte 1, de carácter exigencial, são apresentadas as disposições de carácter geral (âmbito de
aplicação, estrutura, etc.) e os objectivos a alcançar pelos edifícios, de forma a cumprir os requisitos
básicos estabelecidos na L.O.E.. São também definidas as exigências a que devem atender os
edifícios para se alcançarem os referidos objectivos, entendidas como condições específicas que
devem ser cumpridas pelo projecto, pelos sistemas construtivos e pelos produtos que os
integram [44].
A Parte 2, de carácter instrumental, é constituída pelos Documentos de Aplicação do Código
(DAC), cuja utilização garante o cumprimento das exigências. Estes documentos contêm
procedimentos, regras técnicas e exemplos de soluções que permitem determinar se o edifício
cumpre os níveis de desempenho definidos.
Como complemento, para a aplicação do Código Técnico da Construção são, ainda, reconhecidos os
Documentos de Referência como documentos técnicos externos e independentes ao Código, cuja
utilização facilita o cumprimento de determinadas exigências e que contribuem para a
implementação da qualidade.
Objectivos
PARTE 1
Exigências
PARTE 2
Documentos de Aplicação
do Código Técnico da
Construção - DAC
Figura 20 – Estrutura do Código Técnico da Construção espanhol [31].
3.4 O SISTEMA PORTUGUÊS
3.4.1
CONCEITO GERAL
Em Portugal não existe uma política de responsabilidades e de garantias de reparação de danos que
surjam nos edifícios após a sua construção, devidamente regulamentada, como existe, por exemplo,
em França.
44
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
No que se refere a garantias, o eventual aparecimento de defeitos nas construções, a sua denúncia e
reparação estão regulados no Código Civil Português [43], em “sede de empreitada” (ver § 3.4.2).
Há, ainda, que atender à Lei de Defesa do Consumidor [48] actualmente em vigor, que resulta da
transposição da Directiva Europeia que regula os direitos dos consumidores no que se refere a
garantias dos imóveis, e que subscreve e reforça o especificado no Código Civil.
Relativamente a seguros, não existe um sistema de obrigatoriedade de subscrição de seguros por
parte dos intervenientes na construção (ver § 3.4.3).
3.4.2
GARANTIAS OBRIGATÓRIAS
Em Portugal, a eventual existência de defeitos nas construções, a sua denúncia e reparação estão
regulados no Código Civil Português, em “sede de empreitada” (Capítulo XII), sendo relevante reter
o estabelecido no artigo 1225º, que, em relação aos imóveis destinados a longa duração (e todos os
edifícios se incluem nesta categoria), prevê uma garantia de cinco anos a contar da entrega,
abrangendo “vícios estruturais que ponham em causa a solidez e segurança da construção e os
outros defeitos que se vierem a revelar” [43].
A Lei de Defesa do Consumidor actualmente em vigor [48], que resulta da transposição da Directiva
Europeia 199/44/CE, do Parlamento e do Conselho, de 25 de Maio, estabelece a obrigação do
“vendedor de entregar ao consumidor um bem que esteja em conformidade com o contrato de
compra e venda”. No artigo 4º da Lei define-se ainda que “os bens devem ser aptos a satisfazer os
fins a que se destinam segundo as normas legalmente estabelecidas, ou, na sua falta, de acordo com
as expectativas legítimas do consumidor”.
A garantia, no caso de imóveis, é de um período mínimo de cinco anos, tal como definido no
Código Civil, suspendendo-se esse prazo durante o período em que o consumidor se achar privado
do uso de bens, em virtude das operações de reparações resultantes de defeitos originários.
A empresa de construção é responsabilizada por esta garantia legal, tal como o vendedor do imóvel,
sendo beneficiários da garantia, quer “o que mandou fazer a obra”, quer os proprietários sucessivos
do imóvel ou parte.
Durante o prazo de garantia, que se inicia na data de aceitação da obra, a denúncia do defeito deve
ser apresentada no prazo de um ano a contar da data do seu aparecimento. O consumidor deve
exigir a eliminação dos defeitos ou, se estes não puderem ser eliminados, exigir nova construção. No
entanto, não sendo eliminados os defeitos ou construída de novo a obra, pode ser exigida a redução
do preço ou a resolução do contrato e a devolução das quantias pagas, se os defeitos tornarem a
obra inadequada ao fim a que se destina.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
45
Não existe, no entanto, uma efectivação da garantia através de um seguro de responsabilidade dos
intervenientes no processo construtivo. Habitualmente, é efectuada uma caução num valor
correspondente a 5% do preço total do respectivo contrato, sendo prestada por depósito em
dinheiro ou em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou segurocaução, conforme escolha do adjudicatário.
3.4.3
SEGUROS OBRIGATÓRIOS
No que se refere a seguros no âmbito da construção de edifícios, em Portugal não existe um sistema
de seguros de subscrição obrigatória para os intervenientes da construção, quer no que se refere à
responsabilidade contratual, quer no que concerne a reparação de danos que eventualmente ocorram
nos edifícios.
Em termos de responsabilidade dos intervenientes, o seguro de responsabilidade civil é facultativo e
pessoal, tendo as coberturas e as exclusões que em cada contrato forem definidas, podendo assumirse em várias modalidades, garantindo entre outras coberturas, os prejuízos resultantes do exercício
da profissão. Na generalidade, garante os danos patrimoniais e/ou não patrimoniais causados a
terceiros pelo segurado, nos actos ou omissões expressamente previstos nas condições particulares,
especiais e gerais do contrato.
Relativamente à reparação de danos que surjam durante o período de garantia dos edifícios, não
existem, actualmente, em Portugal seguros que abranjam esta problemática.
3.4.4 PROPOSTA
SEGUROS
DE UM
SISTEMA NACIONAL
DE
RESPONSABILIDADES, GARANTIAS
E
Sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos com evidentes repercussões
no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património arquitectónico, carece,
sem dúvida, de regras concordantes com esta importância. É urgente a implementação de um regime
em que claramente sejam identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no
processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção do comprador face a
possíveis danos.
Este regime de responsabilização poderia ter como base a experiência francesa apresentada no § 3.2,
em que é garantida a responsabilização dos intervenientes no processo construtivo e a indemnização
de danos imediata aos proprietários, durante um período de dez anos após a conclusão da obra,
através da instituição de uma política de seguros de subscrição obrigatória, quer pelos intervenientes
na construção, no que se refere à responsabilidade legal, quer pelo dono de obra, no que se refere à
política de reparação de danos.
46
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Para a instituição de um sistema com estas características seria necessário criar um organismo que
fosse responsável pelo seu desenvolvimento e pela sua implementação, sendo constituído pelos
representantes dos diversos intervenientes no processo construtivo, pelas entidades legisladoras e
pelos organismos, instituições e universidades que se dedicam ao estudo da construção. Seria, ainda,
imprescindível a participação activa das seguradoras.
O desenvolvimento do sistema de responsabilidades, garantias e seguros proposto teria de ser
realizado de acordo com os seguintes objectivos:
•
Identificação e definição detalhada das obrigações de cada um dos
intervenientes no processo construtivo, bem com das responsabilidades que
lhes são inerentes;
•
Desenvolvimento de um sistema de garantias associadas a seguros
obrigatórios. A instituição de um sistema com estas características implicaria a
participação activa das seguradoras, garantindo a indemnização dos
beneficiários e a responsabilização dos intervenientes. Propõe-se o
desenvolvimento de uma política de seguros e garantias com base no sistema
francês apresentado no § 3.2;
•
Definição das exigências a satisfazer pelas construções, o que implica a
elaboração de um “Código de Construção”, de forma a estabelecer uma
referência sólida para a aplicação do sistema efectivo de garantias associadas a
seguros. O Código teria por base as normas e os regulamentos nacionais
aplicáveis à construção, bem como a normalização europeia, de forma análoga,
por exemplo, ao Código Técnico da Construção que se encontra actualmente
em fase de aprovação final em Espanha e cujas características principais são
apresentadas no § 3.3.6.2.
No Quadro 3.1 é apresentada uma proposta de calendarização para o desenvolvimento do processo.
Note-se que o registo dos sinistros verificados pelas seguradoras iria permitir não só definir as causas
que estão na origem dos problemas, bem como avaliar os custos envolvidos nas reparações dos
danos. O registo de sinistros constituiria um elemento fundamental para avaliar quais as principais
patologias que afectam os edifícios em Portugal e, simultaneamente, condicionar a própria
investigação.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
47
Quadro 3.1 – Proposta de calendarização para o desenvolvimento do sistema nacional de
responsabilidades, garantias e seguros.
TAREFAS
1.
ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DOS GRUPOS DE
TRABALHO
2.
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE
RESPONSABILIDADES, GARANTIAS E SEGUROS
2.1.
ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE LEI
(VERSÃO PARA APRECIAÇÃO)
2.2.
APRECIAÇÃO DA PROPOSTA E CONSULTA PÚBLICA
2.3.
CORRECÇÃO E APROVAÇÃO DA PROPOSTA FINAL DE
LEI
3.
2005
2006
2007
2008
2009
2010
ELABORAÇÃO DO “CÓDIGO DA CONSTRUÇÃO”
3.1.
ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DA 1ª VERSÃO DO
DOCUMENTO (VERSÃO PARA APRECIAÇÃO)
3.2.
APRECIAÇÃO E CONSULTA PÚBLICA
3.3.
CORRECÇÃO E APROVAÇÃO DO DOCUMENTO FINAL
48
2004
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4. CATÁLOGO DE PATOLOGIAS
4.1 IMPORTÂNCIA DO CATÁLOGO
Em Portugal, apesar de se encontrarem milhares de fogos degradados, não existem meios de
informação disponíveis que permitam identificar e resolver as principais patologias que afectam
actualmente a envolvente dos edifícios.
O registo dos erros cometidos e a análise dos motivos que lhe deram origem, bem como a sua
divulgação, são fundamentais para o conhecimento das patologias mais correntes e para uma mais
fácil resolução dos muitos problemas que afectam os edifícios. Foram já realizadas tentativas neste
sentido em alguns países, sendo apresentados, no § 4.2, alguns exemplos dos modelos adoptados.
De forma a sistematizar a informação disponível, procedeu-se à elaboração de um Catálogo de
Patologias com base nos estudos de patologia dos edifícios realizados pelo Laboratório de Física das
Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), entidade com
vasta experiência nesta matéria.
O Catálogo apresentado no presente trabalho é constituído por um conjunto de Fichas de
Patologias, em que, para cada problema, foram definidas as suas principais causas, os métodos de
diagnóstico e as soluções possíveis de reparação.
As Fichas de Patologias têm uma estrutura que permite a sua publicação e divulgação através da
Internet, o que tem vindo a ser realizado através do site criado pelo Grupo de Estudos da Patologia
da Construção – PATORREB, criado no âmbito do 1º Encontro Nacional sobre Patologia e
Reabilitação de Edifícios – PATORREB 2003 e coordenado pelo Laboratório de Física das
Construções da FEUP.
Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais
correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da
patologia e reabilitação de edifícios (ver § 4.3).
4.2 MODELOS EXISTENTES
4.2.1
CARACTERIZAÇÃO GERAL
Apesar de existir uma extensa lista de publicações de carácter técnico-científico relativas à patologia
da construção, de acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, não existem propriamente modelos
de “Catálogos de Patologias” com uma estrutura idêntica à proposta na presente dissertação. O
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
49
método de registo e de organização da informação é diverso, variando de organização para
organização, em função dos objectivos e dos dados disponíveis.
Nos parágrafos seguintes são apresentados alguns exemplos dos modelos existentes.
4.2.2
“FICHES PATHOLOGIE DU BATIMENT” (AQC E FONDATION EXCELLENCE SMA)
As fichas designadas por “Pathologie du bâtiment” foram elaboradas e publicadas pela “Agence
Qualité Construction” (AQC), organismo francês responsável pela apreciação e implementação da
qualidade na construção [5], em associação com a “Fondation Excellence SMA”, do Grupo
SMABTP, sociedade de seguros mútuos líder no domínio da construção em França [98].
Estas fichas foram elaboradas numa perspectiva de divulgação e de prevenção das principais
patologias dos edifícios em França, tendo como base os resultados da análise dos sinistros
declarados às companhias seguradoras no âmbito dos seguros de construção obrigatórios.
Desde 1999 foram já publicadas 61 “Fichas de Patologias”, que se encontram actualmente também
disponíveis “on line” [5]. Estas fichas foram agrupadas em função dos elementos construtivos
afectados, classificados de acordo com o seguinte critério (Figura 21):
50
•
Fundações e infraestruturas;
•
Estrutura de suporte;
•
Envolvente e revestimentos exteriores;
•
Coberturas e estruturas de suporte;
•
Acabamentos interiores;
•
Equipamentos.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Figura 21 – Organização das “Fiches Pathologie du bâtiment” [5].
Cada ficha refere as manifestações e as causas da patologia, bem como as recomendações
construtivas para evitar a sua ocorrência, sendo a informação dividida nos seguintes capítulos
(Figura 22):
•
Descrição da patologia, ilustrada com imagens do problema;
•
Diagnóstico, em que é realizada a identificação e a descrição das principais
causas que estão na origem do problema;
•
Pontos “sensíveis”, sendo caracterizadas as principais regras a cumprir na fase
de concepção, com base na normalização e regulamentação em vigor;
•
Conselhos de prevenção, sendo indicadas algumas regras práticas, para evitar
o aparecimento do problema.
As fichas são apresentadas de uma forma interactiva, sendo dotadas de numerosas ligações a textos
complementares, tais como estratos de regulamentos técnicos, artigos publicados em revistas
profissionais e informações técnicas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
51
Figura 22 – Exemplo de uma “Fiche Pathologie du bâtiment” [8].
4.2.3
“DEFECT ACTION SHEET” E “GOOD REPAIR GUIDE” (BRE)
Entre Maio de 1982 e Março de 1990, o Departamento de Prevenção de Defeitos na Construção do
BRE, organização do Reino Unido especialista em edifícios, elaborou e publicou um total de 144
fichas designadas por “Defect Action Sheet” (Figura 23), com o intuito de informar os projectistas e
responsáveis pela qualidade dos edifícios, no sentido de prevenir e corrigir os defeitos registados
pelos especialistas desta instituição [105].
A informação contida nas fichas foi organizada de acordo com os seguintes capítulos:
•
Descrição da patologia;
•
Descrição da causa;
•
Medidas de prevenção;
•
Referências e leituras complementares.
Actualmente, o BRE edita periodicamente uma vasta lista de publicações na área da construção de
edifícios sob a forma de fichas ou guias, como, por exemplo, os “Digests”, os “Information Papers”
e os “Good Building Guides” [22].
52
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Os “Good Repair Guides”, relativos à patologia da construção, são guias práticos desenvolvidos no
sentido de permitirem a identificação, o diagnóstico e a reparação das patologias dos edifícios mais
correntes no Reino Unido. As patologias são apresentadas de uma forma genérica, sendo analisadas
as causas e especificadas soluções para a sua reparação. Cada “guia” desenvolve-se em cerca de 4 a 6
páginas, não tendo uma estrutura comum.
Figura 23 – Exemplo de uma “Defect Action Sheet” [25].
4.2.4
“CASES OF FAILURE INFORMATION SHEET” (CIB W086 BUILDING PATHOLOGY)
A comissão CIB W086 Building Pathology, organismo internacional responsável pela investigação,
divulgação e estudo da patologia da construção, na sua Publicação nº 155, de Junho de 1993,
apresenta um modelo das Fichas de Patologias que se propunha elaborar, designadas por “Cases of
Failure Information Sheet”. Foram também apresentadas as fichas que, à data, se encontravam
elaboradas, como exemplos [42].
As fichas apresentam uma estrutura complexa, salientando-se os seguintes campos:
•
Identificação do componente afectado;
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
53
•
Descrição das causas;
•
Descrição da patologia, recorrendo a ilustrações gráficas;
•
Identificação dos agentes que causaram as patologias;
•
Indicação dos erros e da fase do processo construtivo em que ocorreram.
Em Junho de 1999, no Encontro de Vancouver do CIB W086 Building Pathology foi proposta a
criação de um fórum aberto onde fosse possível a publicação de estudos de casos de patologia - o
“Building Pathology Forum” (BPForum) [21], com o intuito de agrupar e divulgar a informação
disponível no âmbito do estudo da patologia e apresentar os casos mais significativos e correntes da
patologia da construção dos diversos países.
Nesse sentido, o Departamento de Engenharia Civil do Instituto Politécnico de Milão, colocou já
“on line” sob a forma de Fichas de Patologias, 19 casos de patologia estudados. Para cada patologia
é feita a descrição do problema e das causas correspondentes, de uma forma sumária e ilustradas
com imagens.
4.2.5
“FICHAS DE REPARAÇÃO DE ANOMALIAS” (LNEC)
No 1º Encontro sobre Conservação e Reabilitação de Edifícios de Habitação realizado no LNEC,
em Junho de 1985, foi apresentada a metodologia que seria adoptada para a elaboração de “Fichas
de Reparação de Patologias”, tendo sido publicadas algumas fichas como exemplos [87].
As fichas seriam agrupadas em três categorias: “anomalias estruturais”, “anomalias não estruturais” e
“instalações e equipamentos”, sendo cada ficha organizada em quatro capítulos:
54
•
Sintomas;
•
Exame;
•
Diagnóstico das causas;
•
Reparação.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4.3 GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO – PATORREB
4.3.1
OBJECTIVOS
Na sequência do 1º Encontro Nacional sobre Patologia e Reabilitação de Edifícios – PATORREB
2003, organizado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi criado o
Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB , coordenado pelo Laboratório de
Física das Construções (LFC) da FEUP [61].
Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais
correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da
patologia e da reabilitação de edifícios.
Neste sentido, com base no Catálogo de Patologias apresentado no presente trabalho, o Grupo de
Estudos criou um site na Internet (Figura 24), onde serão publicadas as Fichas de Patologias que
constituem o Catálogo.
O site encontra-se disponível desde Junho de 2004, tendo sido já publicadas 22 das Fichas de
Patologias apresentadas no Anexo I.
Figura 24 – Site do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61].
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
55
4.3.2 ORGANIZAÇÃO
PATORREB
DO
GRUPO
DE
ESTUDOS
DA
PATOLOGIA
DA
CONSTRUÇÃO –
O Grupo de Estudos da Patologia da Construção é coordenado pelo Laboratório de Física das
Construções (LFC) da FEUP e tem a participação de mais sete Universidades portuguesas (Instituto
Superior Técnico – IST, Universidade Nova de Lisboa – UNL, Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra – FCTUC, Universidade do Minho – UM, Universidade da Beira
Interior – UBI, Universidade de Aveiro – UA e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro –
UTAD), bem como o apoio de diversas empresas e de pessoas singulares (Figura 25).
A edição, a organização, o desenvolvimento do site e a publicação das Fichas de Patologias são da
responsabilidade do LFC, designado por “Editor” (Figura 25). Fazem parte do “Corpo Editorial”
professores das sete Universidades portuguesas, que efectuarão a revisão do conteúdo das fichas
previamente à sua publicação.
Em cada ficha é incluído o logótipo das Instituições envolvidas, bem como o nome dos autores e do
revisor.
As empresas, além do acesso à informação publicada no site mediante o pagamento de uma cota
anual, têm também a possibilidade de propor anualmente 2 estudos de caso para apreciação do
Grupo de Estudos.
GRUPO DE ESTUDOS DA PATOLOGIA DA CONSTRUÇÃO - PATORREB
Editor
LFC
Instituições
Corpo Editorial
IST
FCTUC
UM
UBI
UTAD
UA
FEUP
Centro de
Informação
2 Casos de Estudo
Empresas
Pessoas Singulares
Figura 25 – Organigrama do Grupo de Estudos da Patologia da Construção – PATORREB [61].
56
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4.3.3
ESTRUTURA DO SITE CRIADO
CONSTRUÇÃO – PATORREB
PELO
GRUPO
DE
ESTUDOS
DA
PATOLOGIA
DA
Tal como já referido, para divulgação do Catálogo de Patologias desenvolvido nesta dissertação, o
Grupo de Estudos PATORREB criou um site na Internet, onde estão a ser publicadas as Fichas de
Patologias que integram o Catálogo.
As fichas disponibilizadas “on line” são constituídas pelos quatro campos indicados no § 4.6,
nomeadamente “descrição da patologia”, “sondagens e medidas”, “causas da patologia” e “soluções
possíveis de reparação”. Nas Figuras 26 a 29 apresenta-se uma das fichas já publicadas.
Estas fichas encontram-se agrupadas em função do elemento de construção em que a patologia se
manifesta (ver Figura 32).
Figura 26 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente à “Descrição da Patologia”) [61].
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
57
Figura 27 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Sondagens e Medidas”) [61].
Figura 28 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Causas da Patologia”) [61].
58
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Figura 29 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Soluções Possíveis de Reparação”) [61].
4.4 CARACTERIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA ELABORAÇÃO DO
CATÁLOGO DE PATOLOGIAS
O Catálogo de Patologias, apresentado no Anexo I, é constituído por um conjunto de 65 Fichas de
Patologias elaboradas com base nos estudos de patologia de carácter higrotérmico realizados pelo
Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
(FEUP).
Desde 1990 que uma das actividades do LFC consiste no estudo das patologias de carácter
higrotérmico que afectam a envolvente dos edifícios, sendo analisadas as causas que estão na origem
dos problemas e definidas soluções para a sua correcção.
Para a elaboração das Fichas de Patologias que integram o Catálogo, foram analisados um total de
333 relatórios do LFC, sendo 68% referentes a edifícios de habitação e 22% a edifícios de serviços
(ver Figura 30).
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
59
14%
10%
Habitação Unifamiliar
Edifícios de Habitação Colectiva
Edifícios de Serviços
Outros
54%
22%
Figura 30 – Tipo de edifícios analisados.
Dos casos analisados (ver Figura 31), 31% das patologias prendem-se com problemas de
estanquidade, o que afecta as condições de habitabilidade e de durabilidade dos edifícios e, nalguns
casos, se traduz em degradações irreversíveis dos materiais que tornam inevitável a sua substituição a
curto prazo.
Um segundo grupo de patologias com uma certa relevância (27%) consiste na degradação do
revestimento dos elementos da envolvente, devido, quer a erros de concepção e de execução, quer
às solicitações, bem como ao tipo de ocupação e de uso dos edifícios e à inexistência de acções de
manutenção e de limpeza periódica.
Outro grupo importante, com cerca de 12% dos casos, corresponde à ocorrência de fissuração nos
elementos de construção de origem não estrutural.
Saliente-se ainda a elevada percentagem de casos de ocorrência de condensações na envolvente
interior dos compartimentos (11%), devido, principalmente, à inexistência de um sistema de
ventilação e de aquecimento das habitações e ao deficiente isolamento térmico da envolvente.
1%
11%
12%
Condensações
18%
Fissuração
Degradação do revestimento
Infiltrações
27%
Degradação dos pontos singulares
Humidade ascencional
31%
Figura 31 – Principais patologias analisadas.
60
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4.5 ESTRUTURA DO CATÁLOGO DE PATOLOGIAS
No Catálogo de Patologias, que constitui a essência do presente trabalho e que, apenas por uma
questão de facilidade de leitura, é apresentado no Anexo I, as Fichas de Patologias são agrupadas em
função do elemento construtivo em que se manifestou o problema, de acordo com a classificação
apresentada na Figura 32.
14
12
01
02
10
13
04
09
05
07
03
11
06
REFª
ELEMENTO
CONSTRUTIVO
REFª
08
ELEMENTO
CONSTRUTIVO
ELEMENTO
CONSTRUTIVO
REFª
01
Cobertura Inclinada
06
Parede Enterrada
11
Vão envidraçado
02
Cobertura em Terraço
Não Acessível
07
Parede Interior
12
Platibanda
03
Cobertura em Terraço
Acessível
08
Pavimento Térreo
13
Junta de dilatação
04
Cobertura em
Terraço-Jardim
09
Pavimento Intermédio
14
Clarabóia
05
Parede Exterior
10
Pavimento sobre
Espaço Exterior
15
Outros
Figura 32 – Organização do Catálogo de Patologias.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
61
4.6 FICHAS DE PATOLOGIAS
4.6.1
ESTRUTURA DAS FICHAS DE PATOLOGIAS
Os casos de patologia estudados foram organizados sob a forma de “Fichas de Patologias”
constituídas pelos seguintes campos (Figura 33):
•
Identificação da patologia;
•
Descrição da patologia;
•
Sondagens e medidas;
•
Causas da patologia;
•
Soluções possíveis de reparação.
ELEMENTO CONSTRUTIVO – CAUSA DA PATOLOGIA
Nº da
Descrição sumária da patologia
Ficha
Palavras - chave
Descrição da patologia
Sondagens e medidas
ºC
Causas da patologia
% HR
Soluções possíveis de reparação
Figura 33 – Modelo das “Fichas de Patologias”.
62
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4.6.2
IDENTIFICAÇÃO DA PATOLOGIA
No campo da “Ficha de Patologia” correspondente à “identificação da patologia”, além da
classificação e da descrição sumária da patologia em estudo, é também indicado o elemento
construtivo em que se manifestou o problema, bem como é referida a causa do problema (Figura
34).
A cada ficha foi atribuído um número de identificação, composto pelo número relativo ao elemento
construtivo (definido de acordo o critério especificado na Figura 32) e pelo número sequencial da
ficha.
Neste campo constam ainda as palavras-chave, definidas de forma a permitir uma caracterização
sumária do problema estudado, sendo referenciado, principalmente, o elemento construtivo, a
patologia em análise, a causa e a solução do problema.
Pavimentos Térreos - Condensações Internas
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE
UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTOS TÉRREOS, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO,
CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR
FICHA
08.1
2004
Figura 34 – Exemplo do campo da Ficha de Patologia correspondente à “Identificação da
Patologia”.
4.6.3
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
Neste campo é apresentada, de forma sintética, a patologia em análise, sendo indicados os principais
sinais observados e caracterizando-se sumariamente o elemento em que se manifestou o problema.
A descrição da patologia teve como base, principalmente, a observação visual e o registo fotográfico.
Privilegiou-se a informação gráfica, de forma a permitir identificar, de forma inequívoca, a patologia
em estudo.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
63
4.6.4
SONDAGENS E MEDIDAS
No campo da “Ficha de Patologia” designado por “sondagens e medidas” são indicadas as acções
que foram necessárias para um exame detalhado da patologia, tais como a realização de sondagens e
de medidas em laboratório ou “in situ”.
Um diagnóstico preciso, devidamente fundamentado, identificando de forma clara as causas, é
condição fundamental para a correcção dos problemas.
Em termos teóricos, fazer um diagnóstico corresponde a “operar um modelo de comportamento da
construção em que as ligações entre causas e efeitos estivessem perfeitamente estabelecidas, ou seja,
feito o levantamento dos sintomas (efeitos), tal modelo identificaria univocamente as
correspondentes causas” [87]. No entanto, em termos práticos, não se dispõe de um modelo deste
tipo, tendo em atenção a complexidade dos elementos de construção. Na realidade, a falta de
informação habitualmente existente dificulta a realização de um diagnóstico válido.
Nestas circunstâncias, o diagnóstico é feito, muitas vezes, por aproximações sucessivas, sendo a
recolha de informação uma das tarefas fundamentais. Essa recolha consiste na análise dos elementos
disponíveis (projectos, livros de obra, entre outros), nos testemunhos dos utilizadores e na
observação “in situ” para definição da situação concreta existente. Nesta observação podem usar-se
vários processos, desde a simples inspecção visual à realização de ensaios sobre os elementos de
construção ou sobre provetes retirados, bem como o recurso a medidas.
Nos estudos elaborados pelo LFC, que serviram de base à elaboração das Fichas de Patologias
incluídas no presente trabalho, além da realização de ensaios e de medidas “in situ” e em laboratório,
o diagnóstico teve também como base a análise da informação relativa aos edifícios, bem como o
testemunho dos utilizadores, obtidos na sequência das visitas que foram efectuadas para observação
dos problemas.
4.6.5
CAUSAS DA PATOLOGIA
Neste campo é apresentada a descrição do fenómeno que esteve na origem da patologia, tendo
como base o estudo de diagnóstico elaborado.
Note-se que a ocorrência de patologias tem origem em diversas causas, resultantes da conjugação de
vários factores, devido, principalmente, à complexidade do processo construtivo e à própria
interpretação entre causas e efeitos dos vários fenómenos que se podem desenvolver em simultâneo,
o que gera situações em que um mesmo acontecimento é consequência dum fenómeno a montante e
ao mesmo tempo é causa de outro fenómeno a jusante [93]. A experiência e o conhecimento do
perito, que avalia e estuda o problema, na área da patologia da construção são fundamentais.
64
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
4.6.6
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
Nos trabalhos de reparação a efectuar, interessa adoptar procedimentos que assegurem resultados
satisfatórios a longo prazo, muito embora seja sempre difícil a resolução total dos problemas,
associados ao comportamento dos elementos de construção, sem uma intervenção global.
As soluções de intervenção podem ser muito diversificadas, não só porque as patologias podem
atingir praticamente todos os elementos construtivos, como também as próprias patologias são
muito variadas, não existindo uma medida correctiva única possível.
Neste campo da Ficha de Patologia são apresentadas possíveis soluções de reparação, propostas
com base no estudo diagnóstico realizado e na definição das causas do problema.
As acções de intervenção propostas visam a eliminação das patologias e das suas causas. No entanto,
existem situações em que a intervenção global não é possível, o que obriga a optar por soluções de
ocultação da patologia.
4.7 EXEMPLO DE UMA FICHA DE PATOLOGIA
Na Figura 35 é apresentado um exemplo das Fichas de Patologias que fazem parte do Catálogo
apresentado no Anexo I.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
65
Pavimento Térreo – Condensações Internas
FICHA
08.1
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE
UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO TÉRREO, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO,
CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento à base de PVC do piso térreo de um pavilhão
gimnodesportivo apresentava-se descolado e levantado,
particularmente na zona das juntas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento, tendo-se verificado que o revestimento se
encontrava colado directamente sobre a camada de suporte,
em betão. Tratava-se de um pavimento térreo constituído por
caixa de brita, camada de suporte em betão e revestimento à
base de PVC colado.
Após o levantamento do revestimento na zona de uma junta,
detectou-se uma forte humidificação na interface de colagem
e a degradação da cola.
Foi efectuada uma carotagem a seco na camada de suporte do
revestimento e procedeu-se à determinação do perfil de teor
de humidade, tendo-se verificado que o betão se encontrava
com o teor de humidade mais elevado à superfície que em
profundidade.
Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma
caracterizar as condições higrotérmicas, nomeadamente,
humidade relativa na interface de colagem do revestimento,
temperatura das várias interfaces do pavimento térreo e
temperatura interior e a humidade relativa da ambiência.
a
a
a
a
Teor de Humidade - w das amostras
0,072
0,037
0,022
w [kg/kg]
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Profundidade [cm]
0,082
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento do revestimento à base de PVC deveu-se à
ocorrência de condensações internas na interface de colagem
do revestimento, causadas pela ausência de um pára-vapor
eficaz e pelas flutuações das condições higrotérmicas do
ambiente interior do pavilhão.
A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção (A):
Como o revestimento à base de PVC do pavimento era muito
pouco permeável ao vapor de água, funcionou como um
pára-vapor colocado na zona fria do elemento construtivo,
durante a noite, quando a temperatura do solo era superior à
do ambiente interior.
A condensação do vapor de água deu-se na interface de
colagem do revestimento do pavimento, originando a
degradação da cola e o levantamento das zonas mais frágeis
(juntas).
Em alternativa, poderia substituir-se o revestimento à base de
PVC por um revestimento com um sistema de fixação não
“sensível” à água (B).
A
Noite ≅ 6 ºC
13 ºC
− Remoção do revestimento à base de PVC;
− Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m;
− Regularização do suporte;
− Aplicação de uma barreira pára-vapor com permeância –
Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa);
− Colocação de um filme de polietileno de protecção;
− Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada;
− Colagem do revestimento à base de PVC.
Revestimento à base
de PVC
Cola
Camada de suporte
(Betão)
B
Barreira
pára-vapor
Revestimento e
sistema de
fixação não
“sensível” à
água
Filme de polietileno
Caixa de brita
Figura 35 – Exemplo de uma “Ficha de Patologia”.
66
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
5. CONCLUSÕES
5.1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito embora o problema da patologia da construção seja demasiado complexo para poder ser
tratado de uma forma global e completa, procurou-se com este trabalho efectuar uma análise do
problema, no que se refere à identificação das principais patologias que afectam a envolvente dos
edifícios e à responsabilização dos intervenientes no processo construtivo pelos danos causados.
Paralelamente, foi elaborado um Catálogo de Patologias, no sentido de sistematizar a informação
disponível sobre esta matéria.
As principais conclusões do estudo realizado são as seguintes:
•
Não existem, em Portugal, dados disponíveis que permitam analisar quais as
principais patologias que afectam a envolvente dos edifícios;
•
Dos diversos modelos existentes de registo de dados, salienta-se a experiência
francesa, em que os dados disponíveis relativos à patologia da construção têm
como base os registos das seguradoras, realizados pelos peritos no âmbito das
garantias e dos seguros da construção obrigatórios em França;
•
Será fundamental o desenvolvimento de um sistema nacional de
responsabilidades, garantias e seguros na construção, em que claramente sejam
identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no
processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção do
comprador face a eventuais danos. Simultaneamente, o registo dos sinistros
permitirá identificar as principais patologias que afectam a envolvente dos
edifícios portugueses;
•
Propõe-se que o sistema francês seja tomado como referência no
desenvolvimento do sistema a implementar em Portugal. É fundamental a
responsabilização dos diversos intervenientes e a garantia de indemnização
imediata de danos, durante um período de dez anos após a recepção da obra,
através da instituição de uma política de seguros obrigatórios;
•
Considera-se também imprescindível a criação de um “Código da
Construção”, tendo como base as normas e os regulamentos nacionais
aplicáveis à construção, bem como a normalização europeia em vigor;
•
No § 3.4.4 é apresentada uma proposta para o desenvolvimento de um
sistema nacional com estas características;
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
67
5.2
•
Apesar de se encontrarem milhares de fogos degradados, em Portugal não
existem mecanismos que permitam identificar e corrigir as principais
patologias que afectam actualmente a envolvente dos edifícios;
•
Com o Catálogo de Patologias apresentado no presente trabalho, elaborado
com base nos estudos de patologia de carácter higrotérmico desenvolvidos
pelo LFC da FEUP nos últimos anos, pretendeu-se apresentar uma proposta
do modelo a adoptar para a sistematização da informação existente no âmbito
da patologia da construção e que se encontra dispersa;
•
A forma dinâmica proposta para a organização da informação permitirá o fácil
desenvolvimento e actualização do Catálogo;
•
Por outro lado, a estrutura adoptada para as Fichas de Patologias que
compõem o Catálogo permite a sua divulgação através da Internet, o que
actualmente já se encontra a ser realizado através do site criado pelo Grupo de
Estudos da Patologia da Construção – PATORREB.
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS DA INVESTIGAÇÃO NESTE DOMÍNIO
Com o presente trabalho pretendeu-se dar um contributo para o estudo do problema da patologia
da construção em Portugal. No entanto, existe ainda um vasto campo de investigação neste
domínio, do qual se salientam os seguintes aspectos:
68
•
Tendo em atenção que não existe, no nosso país e mesmo em termos
internacionais, uma terminologia única com definições inequívocas, é
necessário proceder-se à definição dos principais conceitos;
•
O Catálogo apresentado apenas inclui as Fichas de Patologias referentes às
patologias de carácter higrotérmico que surgiram nos edifícios estudados. Será
fundamental o seu alargamento, não só às restantes patologias que afectam a
envolvente dos edifícios, bem como às patologias que afectam os elementos
estruturais;
•
Na divulgação do Catálogo através da Internet, deverá ser desenvolvida a
apresentação das Fichas de Patologias de uma forma dinâmica, criando
ligações a bibliografia técnica complementar, tais como extractos de
regulamentos, informações técnicas, etc.;
•
Seria também interessante criar uma base de dados que permitisse obter o
custo de referência das soluções de reparação propostas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]
ABRANTES, VITOR, A reabilitação do património habitacional. Jornal do IGAPHE nº 5, Março
2000.
[2]
ABRANTES, VITOR, FREITAS; VASCO PEIXOTO DE; SOUSA, MARÍLIA, Reabilitação
de edifícios – Estudo do comportamento e análise tecno-económica das soluções utilizadas nas obras de
construção e reabilitação – IGAPHE – DG.N. Protocolo de Cooperação IGAPHE-FEUP, Porto,
Novembro de 1999.
[3]
AFONSO, PAIS F., Potencialidade do Mercado de Reparação e Manutenção face às características do
parque edificado. Seminário CENSOS 2001 - Resultados Definitivos, INE, Lisboa, 10 e 11 de
Dezembro 2002.
[4]
AGENCE NATIONALE POUR L’ AMÉLIORATION DE L’ HABITAT.
http://www.anah.fr/ (10.07.2003).
[5]
AGENCE QUALITÉ CONSTRUCTION (AQC).
http://www.qualiteconstruction.com/
(11.05.2003).
[6]
AGENCE QUALITÉ CONSTRUCTION (AQC), Observatoire de la qualité de la construction
2002. pp. 32 a 45, Junot 2002.
[7]
AGENCE QUALITÉ CONSTRUCTION (AQC); SOCIÉTÉ D’ASSURANCE
MUTUELLE A COTISATIONS VARIABLES (SMABTP), Corrosion des armatures du béton
armé en facades des bâtiments. Fiche pathologie du bâtiment nº 07, Paris, 2002.
[8]
AGENCE QUALITÉ CONSTRUCTION (AQC); SOCIÉTÉ D’ASSURANCE
MUTUELLE A COTISATIONS VARIABLES (SMABTP), Défauts d’étanchéité des façades en
briques apparentes. Fiche pathologie du bâtiment nº 15, Paris, 2002.
[9]
AGENCE QUALITÉ CONSTRUCTION (AQC); SOCIÉTÉ D’ASSURANCE
MUTUELLE A COTISATIONS VARIABLES (SMABTP), Les fiches Pathologies du Bâtiment.
2002.
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76
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Anexo I - CATÁLOGO DE PATOLOGIAS
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
77
01. COBERTURA INCLINADA
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
79
Cobertura Inclinada – Condensações Superficiais
FICHA
01.1
MANCHAS DE BOLOR NOS TECTOS DAS HABITAÇÕES SOB O DESVÃO
VENTILADO DE UMA COBERTURA INCLINADA
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA INCLINADA , TECTO SOB DESVÃO, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES
SUPERFICIAIS, ISOLAMENTO TÉRMICO, VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
Os tectos dos compartimentos das habitações, sob o desvão
ventilado da cobertura inclinada de um edifício de habitação,
apresentavam manchas de bolor acentuadas.
Procedeu-se à medição da temperatura e humidade relativa do
ar e do caudal de ventilação dos quartos das habitações, sob o
desvão ventilado da cobertura inclinada.
O desvão ventilado da cobertura não apresentava isolamento
térmico.
Verificou-se que a ventilação era insuficiente, bem como não
havia um aquecimento adequado das habitações.
As habitações não dispunham de um sistema de ventilação
permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão
mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias.
As pontes térmicas (topo de laje, vigas e pilares) não tinham
sido tratadas.
O desvão ventilado da cobertura não apresentava isolamento
térmico.
88
15,2
15
86
HR
84
82
14,8
14,6
80
14,4
14,2
78
T
76
74
14
13,8
15-03-2002
Humidade Relativa (%)
Temperatura (ºC)
15,4
72
16-03-2002
17-03-2002
18-03-2002
19-03-2002
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de
condensações superficiais que ocorreu nos tectos dos
compartimentos sob o desvão da cobertura, resultante,
principalmente, da ausência de isolamento térmico e da
ventilação insuficiente das habitações.
A minimização do problema de desenvolvimento de manchas
de bolor nos tectos dos compartimentos das habitações, sob o
desvão, devido ao fenómeno de condensações superficiais,
passaria pelo isolamento térmico do tecto, pela criação de um
sistema de ventilação geral e permanente e pelo reforço do
aquecimento das habitações.
Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando
se verificam uma ou mais das seguintes condições:
− Ausência de aquecimento do ambiente interior ou
aquecimento insuficiente e intermitente;
− Deficiente isolamento térmico da envolvente;
− Produção de vapor de água no interior da
habitação/compartimento significativa;
− Ventilação insuficiente;
− Higroscopicidade
inadequada
dos
revestimentos
interiores.
Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que se
verifique uma temperatura e humidade adequada.
O isolamento do tecto poderia ser aplicado, em contínuo,
sobre a laje horizontal, no desvão, podendo ser constituído
por painéis rígidos de lã mineral (> 70 kg/m3). Na
impossibilidade de isolar pelo exterior, o tecto dos fogos
poderia ser isolado pelo interior, aplicando placas de gesso
cartonado associadas a isolamento térmico.
O aquecimento do interior das habitações deveria garantir uma
temperatura superior a 18 ºC.
O caudal de ventilação deveria ser permanente e da ordem de
0,8 renovações por hora.
Te<4ºC
A’
A
Desvão não
acessível ventilado
Tpo
Ti=18ºC
HR=75%
Tsi<Tpo
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Painéis rígidos de lã
mineral
Laje de tecto
[107]
81
Cobertura Inclinada – Envelhecimento dos Materiais
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM CHAPA DE FIBROCIMENTO
DA COBERTURA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA INCLINADA, CHAPA DE FIBROCIMENTO, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO,
ENVELHECIMENTO DOS MATERIAIS
FICHA
01.2
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em chapa de fibrocimento da cobertura
inclinada de um edifício de habitação apresentava-se
degradado, sendo visíveis manchas associadas ao
desenvolvimento de microorganismos e a fissuração pontual
das chapas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que:
Os acessórios
degradados.
de
fixação
apresentavam-se
também
− A estrutura de suporte do revestimento era constituída por
vigotas pré-esforçadas de betão apoiadas em muretes de
tijolo;
− No remate com os elementos verticais do contorno
(chaminés e paredes emergentes) foi aplicada uma rufagem
metálica.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do revestimento em chapas de fibrocimento e
dos elementos de fixação deveu-se ao envelhecimento
prematuro dos materiais face às solicitações de carácter
higrotérmico.
Seria necessário proceder à substituição do revestimento
existente, bem como dos acessórios de fixação e de remate
com os elementos do contorno.
A proximidade do edifício do mar contribuiu para a rapidez
do processo de degradação.
A aplicação de novas chapas de fibrocimento seria possível,
desde que sem amianto.
Os elementos de fixação das chapas à estrutura deveriam ser
aplicados a meio das sobreposições transversais e incluir uma
anilha de estanquidade, sendo necessário a aplicação de um
complemento de estanquidade nas sobreposições transversais.
Em alternativa, a aplicação de painéis do tipo “sandwich”,
constituídos por duas chapas metálicas e por um núcleo
central preenchido por poliuretano, devendo o sistema ser
homologado, seria também adequada.
82
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Cobertura Inclinada – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NA PAREDE SOB A COBERTURA COM
REVESTIMENTO EM CHAPA METÁLICA DE UM PAVILHÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA INCLINADA,
COM A FACHADA
FICHA
01.3
CHAPA METÁLICA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A superfície da parede sob a cobertura com revestimento em
chapa metálica de um pavilhão industrial apresentava
manchas de humidade, nas zonas sob a ligação das chapas
com a fachada.
Realizaram-se sondagens para apreciar a configuração da
cobertura e da ligação do revestimento com os elementos do
contorno, nomeadamente as paredes emergentes.
Verificou-se que a fachada emergente era constituída por
alvenaria de tijolo vazado (0,15 m).
As chapas metálicas encontravam-se fixas a uma estrutura
metálica.
A ligação das chapas metálicas com a parede emergente foi
simplesmente masticada, não tendo sido aplicada rufagem
adequada (ver figura).
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas deveram-se a
infiltrações que resultaram da degradação do tratamento da
ligação das chapas metálicas com a parede emergente.
Para tratamento da patologia teria de se proceder à correcção
do remate das chapas metálicas de revestimento da cobertura
com a fachada emergente, devendo ser aplicada uma rufagem
metálica.
A inexistência de uma rufagem adequada contribuiu para a
patologia observada.
A impermeabilização da superfície vertical da fachada seria
também vantajosa.
Mastique
Rufagem
metálica
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
83
02. COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
85
Cobertura em Terraço Não Acessível - Condensações Internas
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM CHAPA DE ZINCO DE UMA
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, CHAPA DE ZINCO, DEGRADAÇÃO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR, VENTILAÇÃO
FICHA
02.1
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em chapa de zinco da cobertura em terraço
não acessível de um edifício de habitação apresentava
perfurações.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que o revestimento em chapa
de zinco se encontrava aplicado sobre a camada de isolamento
térmico da cobertura, constituída por placas de aglomerado
expandido de cortiça.
Eram também visíveis manchas de corrosão na superfície
interior da chapa de zinco, nas zonas de contacto do zinco
com o suporte constituído por isolamento térmico.
Sobre a laje de betão foi aplicada uma camada de forma
constituída por betão celular.
Efectuaram-se ensaios sobre amostras da chapa de zinco e das
camadas que constituíam a cobertura para determinação do
teor de humidade das amostras e análise química do processo
de corrosão.
Verificou-se que o comportamento da face inferior do zinco
era muito diferente nas zonas ventiladas (nervuras) e nas zonas
em contacto directo com o isolamento térmico, onde eram
visíveis as perfurações.
Chapa de zinco
Isolamento térmico
Camada de regularização
Camada de forma
(betão celular)
Camada de suporte
(Betão)
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A perfuração das chapas de zinco teve origem,
essencialmente, num processo de corrosão originado pelos
cloretos e sulfatos provenientes do aglomerado de cortiça e
do betão celular da camada de forma da cobertura.
A presença de água líquida no interior da cobertura deveu-se
à condensação do vapor de água que, por difusão, atravessava
os elementos que a compunham. Numa primeira fase, a
grande quantidade de vapor de água condensado teve origem
na secagem do betão celular. Numa segunda fase, o processo
de difusão foi gerado pelo gradiente de pressão entre o
interior e o exterior.
Como o revestimento em zinco foi aplicado sem que o betão
celular estivesse em equilíbrio higroscópio, a sua secagem
originou condensações internas. O vapor, ao atingir a
superfície fria da chapa de zinco, impermeável, condensou.
Como as chapas estavam em contacto directo com o
isolamento, não existiu a possibilidade de ventilação e
secagem, originando a degradação observada.
A ventilação da superfície interior do revestimento em zinco
teria de ser garantida, pelo que teria de ser criado um espaço
de ar ventilado, o que implicaria a aplicação de uma estrutura
de suporte, constituída, por exemplo, por elementos de
madeira, onde deveriam ser fixadas as chapas de zinco.
Chapa de zinco
Isolamento térmico
Camada de regularização
Sob a camada de isolamento térmico deveria ser aplicada uma
barreira pára-vapor.
Espaço de ar ventilado
Barreira pára-vapor
Camada de forma
(betão celular)
Camada de suporte
(Betão)
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
87
Cobertura em Terraço Não Acessível – Condensações Internas
FICHA
02.2
DEGRADAÇÃO DO TECTO FALSO EM GESSO CARTONADO SOB A
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, GESSO CARTONADO, DEGRADAÇÃO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR, ISOLAMENTO TÉRMICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O tecto falso em gesso cartonado dos compartimentos
anexos a uma piscina coberta apresentava-se degradado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que o sistema de
impermeabilização “auto-protegido” terá sido aplicado
directamente sobre a camada de forma em betão leve.
O espaço de ar entre o tecto falso e a laje não era ventilado.
Não foi aplicado qualquer isolamento térmico, embora o
coeficiente de transmissão térmica da cobertura (K) fosse
regulamentar.
Procedeu-se à quantificação da temperatura superficial
exterior, com base no programa WUFI, no Inverno e no
Verão, bem como da temperatura da ambiência interior.
Impermeabilização
“autoprotegida”
Camada de forma
(betão celular)
Laje de betão
Caixa de ar
Gesso cartonado
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do tecto falso em gesso cartonado deveu-se ao
fenómeno de condensações internas que ocorreu na
cobertura, sob a impermeabilização, associado à condensação
superficial, resultante da difusão de vapor na Primavera.
Para que não ocorram condensações seria necessário reforçar
o isolamento térmico da cobertura, sendo adequado a
realização de uma cobertura do tipo “invertido”, com
protecção superior em godo.
A configuração da cobertura permitiu a ocorrência de
condensação sob a impermeabilização.
O sistema de impermeabilização existente poderia ser
mantido, desde que não se encontrasse degradado, passando a
funcionar como barreira pára-vapor.
Esta humidade foi sendo acumulada durante o Inverno e
transportada para o interior no início da Primavera, quando
as condições de temperatura faziam inverter o fluxo de vapor.
O sistema de impermeabilização funcionou como um páravapor colocado na zona fria do elemento construtivo.
O gesso cartonado em contacto com a humidade que
gotejava da laje, naturalmente degradou-se.
Inverno
Verão
0ºC
40ºC
Impermeabilização
“autoprotegida”
Protecção superior
Geotêxtil
Isolamento térmico
Camada de forma
(betão celular)
Laje de betão
Cobertura existente
Caixa de ar
Gesso cartonado
22ºC
88
22ºC
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Cobertura em Terraço Não Acessível – Degradação do Suporte
EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM TELA “AUTO-PROTEGIDA”
DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, TELA “AUTO-PROTEGIDA”, EMPOLAMENTO DO
REVESTIMENTO, DEGRADAÇÃO DO SUPORTE, ISOLAMENTO TÉRMICO
FICHA
02.3
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em tela “auto-protegida” da cobertura em
terraço não acessível de um edifício de habitação apresentavase empolado.
Realizaram-se sondagens para analisar a composição da
cobertura, tendo-se verificado que o revestimento em tela
“auto-protegida” foi aplicado sobre uma camada de betonilha,
não apresentando isolamento térmico.
A remoção parcial do revestimento permitiu observar que a
camada de betonilha sob a tela se encontrava profundamente
fissurada.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O empolamento do revestimento em tela “auto-protegida” da
cobertura em terraço não acessível deveu-se à fissuração da
betonilha que constituía a camada de suporte.
Para correcção da patologia seria necessário a seguinte
intervenção:
A deficiente concepção/execução da camada de betonilha,
nomeadamente, a inexistência de juntas de fraccionamento,
do contorno e dilatação, bem como a inexistência de
isolamento térmico terão sido as principais causas da
fissuração da betonilha.
− Remoção do revestimento existente e da camada de
betonilha,
− Correcção das pendentes, caso necessário;
− Aplicação de uma barreira pára-vapor e de uma camada de
isolamento térmico;
− Aplicação de novo sistema de impermeabilização
convenientemente dimensionado, podendo a última
camada ser “auto-protegida”.
O remate com os elementos do contorno e pontos singulares
deveria ser convenientemente estudado e pormenorizado.
Sistema de impermeabilização
“auto-protegido”
Isolamento térmico
Geotextil
Barreira pára-vapor
Camada de forma
Laje
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
89
Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO DA CAVE SOB A COBERTURA
COM REVESTIMENTO EM GODO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL,
COM A PLATIBANDA
FICHA
02.4
MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto da Cave de um edifício de habitação,
sob a cobertura em terraço não acessível, apresentava
manchas de humidade, principalmente, nas zonas adjacentes
à platibanda.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se constatado que não foi aplicado
isolamento térmico. O sistema de impermeabilização era
constituído por telas betuminosas.
A cobertura em terraço não acessível apresentava um
revestimento em godo.
A platibanda era em alvenaria simples de tijolo “face à vista”,
apresentando um capeamento metálico.
No remate com a platibanda, a tela terá subido na superfície
vertical até ao nível da 2ª fiada de tijolo (ver figura).
Capeamento metálico
Godo
Tijolo “face à vista”
Sistema de
impermeabilização
Geotêxtil
Capa de tijolo “face à
vista”
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade verificadas no revestimento do
tecto da Cave, sob a cobertura em terraço não acessível,
resultaram de infiltrações que ocorreram devido à deficiente
configuração do remate do sistema de impermeabilização
com a platibanda e à degradação da própria tela de
impermeabilização da cobertura.
Seria necessário demolir e executar nova platibanda, bem
como substituir o sistema de impermeabilização da cobertura.
A degradação da platibanda em alvenaria de tijolo “face à
vista”, nomeadamente por se tratar de um elemento simples,
sem elementos de travação, terá sido também uma das causas
do problema observado.
A platibanda deveria ser em betão armado, devendo a
superfície interior ser revestida com chapa de zinco associada
a estrutura intermédia, ventilada e isolada. A superfície exterior
deveria ser impermeabilizada e revestida com capa de tijolo
“face à vista”. Deveria ser aplicado um novo capeamento em
zinco.
No que se refere ao sistema de impermeabilização da
cobertura, deveria ser convenientemente dimensionado,
devendo as telas ser reforçadas no remate com a platibanda.
Seria também vantajoso a aplicação de isolamento térmico na
cobertura.
Capeamento metálico
Godo
Tijolo “face à vista”
Betão
Sistema de
impermeabilização
Geotêxtil
Capa de tijolo “face à
vista”
90
Capeamento em zinco
Isolamento térmico
Capa de tijolo “face à
vista”
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações
FICHA
02.5
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA COM
REVESTIMENTO EM TELA “AUTO-PROTEGIDA” DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, TELA “AUTO-PROTEGIDA”, MANCHAS DE HUMIDADE,
INFILTRAÇÕES, REMATE COM A PLATIBANDA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto da sala de uma habitação, sob a
cobertura em terraço não acessível de um edifício de
habitação, apresentava manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que o sistema de
impermeabilização era constituído por duas telas betuminosas,
sendo a última “auto-protegida”.
A cobertura apresentava um revestimento em tela “autoprotegida”.
Encontrava-se directamente aplicado sobre a camada de
forma, não existindo isolamento térmico.
A superfície interior da platibanda encontrava-se também
revestida com tela, não existindo capeamento.
As medidas efectuadas revelaram que o tecto apresentava um
teor de humidade elevado.
Sistema de
impermeabilização
Camada de
forma
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas no tecto da sala sob a
cobertura em terraço não acessível deveram-se a infiltrações
resultantes da degradação do sistema de impermeabilização
da cobertura.
Para correcção da patologia seria necessário a seguinte
intervenção:
O deficiente remate com o contorno, nomeadamente com a
platibanda, e a ausência de isolamento térmico poderão,
também, ter estado na origem da patologia.
− Remoção do revestimento existente;
− Correcção das pendentes, caso necessário;
− Aplicação de uma barreira pára-vapor e de uma camada de
isolamento térmico;
− Aplicação de novo sistema de impermeabilização
convenientemente dimensionado, podendo a última
camada ser “auto-protegida”.
O remate com os elementos do contorno e pontos singulares
deveria ser convenientemente estudado e pormenorizado.
Rufo
Sistema de impermeabilização
“auto-protegido”
Isolamento térmico
Geotextil
Barreira páravapor
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
91
Cobertura em Terraço Não Acessível – Infiltrações
FICHA
02.6
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA COM
REVESTIMENTO EM GODO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO NÃO ACESSÍVEL, GODO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES,
REMATE COM A FACHADA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto dos compartimentos, sob a
cobertura em terraço não acessível de um edifício de
habitação,
apresentava
manchas
de
humidade,
principalmente, nas zonas sob a ligação da cobertura com a
fachada.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que foi aplicado isolamento
térmico sob a camada de godo.
A cobertura em terraço não acessível apresentava um
revestimento em godo.
As medidas efectuadas revelaram que o tecto e a parede
adjacente ao contorno apresentavam um teor de humidade
elevado.
No remate com a fachada, a tela de impermeabilização terá
subido cerca de 0,05 m na superfície vertical, sob o reboco.
Godo
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade verificadas no tecto dos
compartimentos, sob a cobertura em terraço não acessível,
resultaram de infiltrações que ocorreram devido ao deficiente
tratamento do remate do sistema da impermeabilização da
cobertura com a fachada.
O remate do sistema de impermeabilização da cobertura com
a fachada teria de ser corrigido, sendo necessário:
A ausência de uma rufagem no remate contribuiu para a
patologia observada.
− Aplicar um reforço da tela de impermeabilização no
remate com a fachada;
− Realizar uma rufagem em zinco na parte superior dessa
ligação, devendo o rufo ser fixado mecanicamente ao
elemento vertical;
− Impermeabilizar a superfície vertical da fachada com
argamassa à base de polímeros, armada.
Argamassa com
polímeros, armada
Rufo em zinco
Godo
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
Reforço da
impermeabilização
Godo
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
92
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
03. COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
93
Cobertura em Terraço Acessível – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento
DEGRADAÇÃO E FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO EM BETONILHA
DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, BETONILHA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO,
FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E APLICAÇÃO, JUNTAS
FICHA
03.1
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em betonilha da cobertura em terraço
acessível de um edifício de habitação apresentava-se
degradado e fissurado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura. Tratava-se de uma cobertura do tipo “tradicional”,
não tendo sido aplicado isolamento térmico.
Verificava-se também a deficiente drenagem das águas
pluviais afluentes à cobertura.
A protecção superior era constituída por uma betonilha
(≅ 0,06 m), aplicada sobre um filme de polietileno.
A betonilha não apresentava juntas de fraccionamento, nem
de contorno.
Verificou-se que o sistema de impermeabilização subiu
ligeiramente (cerca de 3 cm) na superfície vertical dos
elementos do contorno.
Fachada
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração do revestimento em betonilha da cobertura em
terraço deveu-se à deficiente concepção e aplicação do
revestimento, nomeadamente no que se refere à ausência de
juntas de fraccionamento e do contorno.
Seria necessária a seguinte intervenção:
A deficiente drenagem da cobertura (pendentes < 2%)
contribuiu, também, para a degradação da betonilha.
− Remoção do revestimento, verificação/correcção das
pendentes e aplicação de novo sistema de
impermeabilização convenientemente dimensionado;
− Aplicação de camada de dessolidarização e de isolamento
térmico;
− Colocação de um filme de polietileno;
− Execução de nova camada de betonilha armada. A camada
de betonilha deveria ser fraccionada (4 x 4 m2) por juntas
preenchidas com um produto impermeável e flexível a
eventuais deformações, devendo a armadura ser
interrompida nas juntas. Deveria também ser criada uma
junta de contorno.
− No remate com os elementos do contorno deveria ser
aplicada uma tela de reforço e uma rufagem adequada.
[40]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
95
Cobertura em Terraço Acessível – Deficiente Drenagem
FICHA
03.2
MANCHAS NO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA
COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS NO REVESTIMENTO,
DEFICIENTE DRENAGEM, RALOS DE PAVIMENTO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos da cobertura em
terraço acessível de um edifício de habitação apresentava
manchas de cor branca.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que era do tipo “tradicional”. O
revestimento em ladrilhos cerâmicos foi aplicado sobre uma
camada de betonilha, não existindo isolamento térmico.
Verificou-se também que a cobertura apresentava uma
pendente praticamente nula (< 0,5%).
Os ralos de recolha das águas pluviais afluentes à cobertura
eram em PVC (ver figura).
Constatou-se que as manchas de cor branca eram de
carbonato de cálcio. A sua remoção era possível com uma
solução de ácido clorídrico diluído a 10%.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de cor branca do revestimento da cobertura
surgiram devido à formação de carbonato de cálcio resultante
da saturação da camada de betonilha da cobertura em terraço.
Seria necessário proceder à correcção da configuração do
terraço, o que implicaria a remoção do revestimento e das
camadas adjacentes.
A configuração da cobertura fez com que a betonilha
colocada
sobre
a
impermeabilização
estivesse
permanentemente saturada. A sua secagem ocorreu por
difusão através do próprio revestimento.
A correcção das saídas de drenagem de águas pluviais seria
também fundamental. Os ralos deveriam apresentar um
desenvolvimento que não permitisse a saturação da camada de
betonilha (ver figura seguinte).
As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é
solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é
transportada para a superfície combinando-se com o dióxido
de carbono, o que originou a formação de carbonato de
cálcio, que originou as manchas observadas.
A ligação com o sistema de impermeabilização teria de ser
convenientemente estudada e pormenorizada.
Ralo de pavimento
Camada de
forma saturada
96
Impermeabilização
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NA BASE DAS PAREDES ADJACENTES À
COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, TIJOLO “FACE À VISTA”, MANCHAS DE HUMIDADE,
INFILTRAÇÕES, REMATE COM A FACHADA
FICHA
03.3
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento da superfície interior das paredes adjacentes à
cobertura em terraço acessível de um edifício de habitação
apresentava manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura e da fachada, tendo-se verificado que:
As fachadas eram em tijolo “face à vista”.
− A cobertura era do tipo invertido, com revestimento em
lajetas, aplicadas sobre isolamento térmico;
− As paredes eram duplas, sendo o pano exterior em tijolo
“face à vista”;
− A tela de impermeabilização dobrou cerca de 2-4 cm na
superfície vertical da fachada;
− Na base da parede existiam
drenagem/ventilação da caixa de ar.
orifícios
para
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade verificadas no revestimento da base
das paredes resultaram de infiltrações que ocorreram devido:
Para tratamento da patologia seria necessário proceder à
correcção do remate do sistema de impermeabilização da
cobertura em terraço com a fachada.
− Ao deficiente remate do sistema de impermeabilização da
cobertura em terraço com a fachada, nomeadamente o
facto de a tela apenas ter subido alguns centímetros na
face exterior da parede em tijolo “face à vista”;
− Ao deficiente tratamento da base da parede,
nomeadamente a inexistência de uma impermeabilização
adequada;
− À inexistência de um corte hídrico adequado.
O remate deveria ser realizado ao nível da superfície vertical
do pano interior da parede (ver figura), devendo ser garantida
a continuidade do corte hídrico materializado pelo espaço de
ar.
O sistema de impermeabilização do terraço teria de ser
reforçado, pelo menos, numa banda de 1 m em todo o
contorno.
Este procedimento obrigaria à desmontagem do pano exterior
da parede por troços.
Reforço da
impermeabilização
Lajetas
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Lajetas
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
97
Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO
ADJACENTE À COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
03.4
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, MADEIRA, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO,
INFILTRAÇÕES, REMATE COM A SOLEIRA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira do pavimento adjacente à porta-janela de acesso à cobertura em terraço acessível de um
edifício de habitação apresentava-se empolado e descolado
do suporte.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura, tendo-se verificado que era do tipo “invertido”,
com revestimento em lajetas aplicadas sobre o isolamento
térmico.
A cobertura em terraço era do tipo “invertido”, com
revestimento em lajetas.
No remate com a soleira, o sistema de impermeabilização
terminou ao nível da base do lintel de suporte, não tendo
revestido a superfície vertical.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O empolamento e descolamento do revestimento em madeira
do pavimento adjacente à cobertura em terraço deveu-se à
ocorrência de infiltrações resultantes do deficiente remate da
tela de impermeabilização da cobertura com a soleira da
porta-janela de acesso ao terraço.
Para tratamento da patologia seria necessário proceder à
correcção do remate do sistema de impermeabilização da
cobertura em terraço com a soleira, devendo ser realizado de
acordo com o princípio definido na figura seguinte.
Note-se que o sistema de impermeabilização rematou ao
nível da base do lintel de suporte onde se encontrava aplicada
a soleira.
O sistema de impermeabilização do terraço teria de ser
reforçado, pelo menos, numa banda de 1 m em todo o
contorno adjacente ao vão.
A remoção da caixilharia e da soleira e a impermeabilização do
contorno com uma argamassa à base de polímeros seria
também necessária.
Reforço da impermeabilização
Soleira
Lajetas
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
98
Argamassa
com
polímeros
Mastique
Lajetas
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações
FICHA
03.5
MANCHAS DE HUMIDADE NO PAVIMENTO ADJACENTE À
COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFIÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS DE HUMIDADE,
INFILTRAÇÕES, REMATE COM A SOLEIRA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O pavimento adjacente à porta-janela de acesso à cobertura
em terraço acessível de um edifício de habitação apresentava
manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura e da ligação da impermeabilização com a soleira da
porta-janela.
Nas zonas em que se procedeu à realização de sondagens foi
possível observar a acumulação de água no interior.
A cobertura apresentava um revestimento em ladrilhos
cerâmicos, aplicados sobre uma camada de betonilha.
No remate com a soleira, a tela de impermeabilização
apresentava a configuração definida na figura seguinte.
Soleira
Ladrilhos cerâmicos
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade verificadas no pavimento adjacente
à cobertura resultaram de infiltrações que ocorreram devido à
deficiente
concepção/execução
do
remate
da
impermeabilização com a soleira da porta-janela de acesso ao
terraço, nomeadamente no que se refere à aplicação da tela
sob a soleira e à configuração da própria soleira.
Seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de
impermeabilização do terraço com a soleira da porta-janela, o
que implicaria a remoção da soleira e da caixilharia.
A soleira deveria também ser substituída por novo elemento
em pedra com configuração adequada.
Reforço da impermeabilização
Soleira
Ladrilhos cerâmicos
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Argamassa
com
polímeros
Junta do
contorno
Mastique
Ladrilhos cerâmicos
Betonilha
Filme de polietileno
Isolamento térmico
Sistema de
impermeabilização
99
Cobertura em Terraço Acessível – Infiltrações
FICHA
03.6
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO DA CAVE SOB A JUNTA DE
DILATAÇÃO DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO ACESSÍVEL, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS DE HUMIDADE,
INFILTRAÇÕES
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto da Cave sob a cobertura em terraço
acessível de um edifício de habitação apresentava manchas de
humidade e escorrências, na zona sob a junta de dilatação
horizontal.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura em zona corrente e ao nível da junta de dilatação.
A cobertura apresentava um revestimento em ladrilhos
cerâmicos.
A cobertura era do tipo tradicional, com revestimento em
ladrilhos cerâmicos, não tendo sido aplicado isolamento
térmico.
A junta de dilatação localizava-se sob o murete de separação
dos terraços, constituído por alvenaria de tijolo vazado, com
revestimento em capa de tijolo “face à vista” e capeamento em
pedra.
A impermeabilização do terraço rematava ao nível da base do
murete.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade e escorrências observadas no tecto
da Cave deveram-se a infiltrações resultantes da deficiente
configuração e tratamento da junta de dilatação.
Seria necessário proceder à correcção do remate do sistema de
impermeabilização da cobertura em terraço com a junta de
dilatação e ao tratamento da própria junta, o que obrigaria à
demolição do murete existente sobre a junta.
A fissuração do murete localizado sobre a junta e o deficiente
remate da impermeabilização do terraço estiveram também
na origem do problema observado.
Preferencialmente, deveria ser substituído por um elemento
em betão (ver figura).
No remate do sistema de impermeabilização da cobertura com
o murete deveria ser aplicado um rufo em zinco.
Capeamento em zin co
Capeamento em pedra
Mastique
Tijolo vazado
Junta de dilatação
Argamassa com
polímeros, armada
Junta do
contorno
Impermeabilização
100
Cordão de poliuretano
Rufo em zinco
Reforço da
impermeabilização
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
04. COBERTURA EM TERRAÇO-JARDIM
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
101
Cobertura em Terraço-Jardim – Infiltrações
FICHA
04.1
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A COBERTURA EM
TERRAÇO-JARDIM DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
COBERTURA EM TERRAÇO-JARDIM, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, REMATE COM OS
ELEMENTOS DO CONTORNO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto da Cave, sob a cobertura em
terraço-jardim de um edifício de habitação, apresentava
manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura em terraço-jardim e a configuração do remate com
os elementos do contorno.
Verificou-se que o sistema de impermeabilização era
constituído por telas betuminosas que subiam na guarda da
cobertura cerca de 10 cm, abaixo do nível da terra.
As guardas da cobertura eram em betão.
Terra vegetal
Geotextil
Camada drenante
Impermeabilização
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas no tecto da Cave, sob a
cobertura em terraço-jardim, deveram-se à deficiente
configuração do remate do sistema de impermeabilização da
cobertura com as guardas e ao envelhecimento prematuro do
sistema de impermeabilização.
Tendo em atenção a idade do edifício, seria necessário realizar
a seguinte intervenção:
− Remoção da terra vegetal;
− Substituição do sistema de impermeabilização da cobertura
por um sistema convenientemente dimensionado;
− Aplicação de uma camada de isolamento térmico sobre a
impermabilização;
− Colocação de uma camada drenante constituída, por
exemplo, por argila expandida, envolvida em geotextil;
− Aplicação no contorno de uma manta drenante constituida
por geotextil e fibras de poliamida.
O remate com os elementos do contorno deveria ser
corrigido, devendo ser convenientemente estudado e
pormenorizado.
Rufo
Terra vegetal
Manta
drenante
Terra vegetal
Geotextil
Geotextil
Camada drenante
Camada drenante
Impermeabilização
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Impermeabilização
103
05. PAREDE EXTERIOR
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
105
Parede Exterior – Condensações Superficiais
MANCHAS DE BOLOR NAS PAREDES DA INSTALAÇÃO SANITÁRIA DE
UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VENTILAÇÃO,
AQUECIMENTO
FICHA
05.1
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento interior das paredes da instalação sanitária de
uma habitação apresentava manchas de bolor acentuadas,
principalmente junto à ligação parede exterior/tecto.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das
paredes exteriores, tendo-se verificado que eram constituídas
por alvenaria dupla de tijolo vazado, com isolamento térmico
preenchendo parcialmente a caixa de ar.
A instalação sanitária não dispunha de um sistema de
ventilação permanente, apenas existindo uma janela.
As pontes térmicas (topo de laje, vigas e pilares) foram
tratadas.
Procedeu-se à medição da temperatura e humidade relativa do
ar e do caudal de ventilação da instalação sanitária em análise.
Verificou-se que o caudal de ventilação era muito reduzido
pelo facto dos utilizadores não abrirem a janela da instalação
sanitária, no período de Inverno. Por outro lado, não havia um
aquecimento adequado do espaço.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de
condensações superficiais que ocorreu nas paredes da
instalação sanitária, devido, principalmente, à ventilação
insuficiente do compartimento.
A minimização do problema do desenvolvimento de manchas
de bolor nas paredes da instalação sanitária, devido ao
fenómeno de condensações superficiais, passaria pela criação
de um sistema de extracção permanente do compartimento e
pelo reforço do aquecimento.
Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando
se verificam uma ou mais das seguintes condições:
− Ausência de aquecimento do ambiente interior ou
aquecimento insuficiente e intermitente;
− Deficiente isolamento térmico da envolvente;
− Produção de vapor de água no
habitação/compartimento significativa;
interior
da
− Ventilação insuficiente;
− Higroscopicidade
interiores.
inadequada
dos
revestimentos
Na instalação sanitária deveria ser aplicado um dispositivo de
extracção natural ou mecânica que garantisse um caudal de
60 m3/h, em contínuo.
O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma
temperatura média no interior superior a 20 ºC.
A limpeza das superfícies com bolores passaria pela lavagem
esterilizante com uma solução a 10% de hipoclorito de sódio e
pela aplicação de um produto fungicida, a remover antes da
pintura da superfície com um revestimento idêntico ao actual.
Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que
sejam criadas condições favoráveis, em particular uma
temperatura e humidade relativa elevada.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
107
Parede Exterior – Condensações Superficiais
MANCHAS DE BOLOR NAS PAREDES DOS QUARTOS DE UMA
HABITAÇÃO UNIFAMILIAR
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.2
PAREDE EXTERIOR, MANCHAS DE BOLOR, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VENTILAÇÃO,
AQUECIMENTO, ISOLAMENTO TÉRMICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A superfície interior da fachada dos quartos de uma habitação
unifamiliar apresentava manchas de bolor acentuadas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das
paredes exteriores, tendo-se verificado que eram constituídas
por alvenaria simples de tijolo vazado, sem isolamento
térmico.
A habitação não dispunha de um sistema de ventilação
permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão na
cozinha e de extracção natural nas instalações sanitárias.
As pontes térmicas, nomeadamente topos de laje, pilares e
vigas não foram tratadas.
Efectuou-se a medição da temperatura e humidade relativa do
ar e do caudal de ventilação dos quartos em análise.
Verificou-se que a ventilação era insuficiente, bem como não
havia um aquecimento adequado da habitação.
Pintura
Reboco
Tijolo vazado
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de bolor surgiram devido ao fenómeno de
condensações superficiais que ocorreu na superfície interior
da fachada, resultante, principalmente, da ausência de
isolamento térmico e da ventilação insuficiente da habitação.
A minimização do problema do desenvolvimento de manchas
de bolor nas paredes dos quartos, devido ao fenómeno de
condensações superficiais, passaria pelo isolamento térmico da
fachada, pela criação de um sistema de ventilação geral e
permanente e pelo reforço do aquecimento da habitação.
Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando
se verificam uma ou mais das seguintes condições:
− Ausência de aquecimento do ambiente interior ou
aquecimento insuficiente e intermitente;
− Deficiente isolamento térmico da envolvente;
− Produção de vapor de água no interior da
habitação/compartimento significativa;
− Ventilação insuficiente;
− Higroscopicidade
inadequada
dos
revestimentos
interiores.
Os esporos que existem no ar desenvolvem-se sempre que se
verifique uma temperatura e humidade adequada.
Poderia optar-se pela aplicação de um sistema de isolamento
térmico pelo exterior, do tipo ETICS, ou recorrer a uma
solução de fachada “ventilada”. Em alternativa, poderia
proceder-se ao isolamento térmico da fachada pelo interior.
No que se refere ao sistema de ventilação a instalar na
habitação, as entradas de ar deveriam ser localizadas nas salas e
nos quartos, sendo, preferencialmente, auto-reguláveis e com
tratamento acústico adequado. Os dispositivos existentes nas
instalações sanitárias deveriam ser ajustados de forma a
garantirem um caudal de 60 m3/h, em contínuo.
O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma
temperatura média de pelo menos 18 ºC.
ISOLAMENTO
PELO INTERIOR
Ti=18ºC
A’
ISOLAMENTO PELO
EXTERIOR - ETICS
Te<4ºC
HR=75%
A
Tsi<Tpo
Tpo
108
[107]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Corrosão das Armaduras
FICHA
05.3
DESTACAMENTO DO BETÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE
HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, DESTACAMENTO DO BETÃO, CORROSÃO DAS ARMADURAS, PROTECÇÃO DAS
ARMADURAS, REGENERAÇÃO DO BETÃO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O betão das fachadas de um edifício de habitação
apresentava-se degradado, sendo visíveis destacamentos
pontuais e armaduras expostas, com um elevado nível de
corrosão.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das
fachadas, tendo-se verificado que se tratavam de paredes em
betão com 0,25 m de espessura, pintadas, não tendo sido
aplicado isolamento térmico.
O edifício localizava-se junto ao mar.
Procedeu-se à recolha de amostras em fachadas com
diferentes orientações e à realização de ensaios para
caracterizar o estado de conservação do betão, que consistiram
na determinação da profundidade de carbonatação e na
avaliação do teor em cloretos e sulfatos totais do betão.
Verificou-se que o betão apresentava carbonatação elevada até
ao nível das armaduras, bem como foi observada a existência
de zonas extensas de cristais de calcite resultantes do processo
de carbonatação.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O destacamento do betão resultou da expansão provocada
pela corrosão das armaduras. A corrosão é o resultado de
fenómenos electro-químicos que transformam o ferro em
hidróxido de ferro. No caso em estudo, as principais causas
do processo de corrosão terão sido:
Teria de ser realizada a seguinte intervenção:
− A carbonatação do betão, ou seja, a perda de alcalinidade
no processo de neutralização, por acção principalmente
do CO2 que transforma os compostos do cimento em
carbonatos, e que resultou da diminuição do pH do betão,
o que conduziu à destruição da película “passivante” que
protegia as armaduras, dando origem à reacção
electroquímica que conduz à oxidação do aço;
− A deficiente espessura da camada de protecção que
envolvia as armaduras e a qualidade do betão que
condiciona a velocidade de penetração do CO2;
− A elevada concentração de cloretos, dada a localização do
edifício num ambiente marinho.
Armadura
Frente de carbonatação
− Eliminação do betão degradado e limpeza da superfície;
− Reparação das armaduras:
⋅ Decapagem e reposição das secções de armadura;
⋅ Protecção das armaduras aplicando uma barreira estanque
constituída por uma resina epoxídica sem solventes
(anticorrosão) e uma protecção “passivante”, constituída
por uma argamassa à base de ligantes hidráulicos com
adjuvantes inibidores de corrosão;
− Reconstituição do betão;
− Aplicação de um revestimento de protecção constituído
por uma impermeabilização com argamassa à base de
polímeros, associada a uma pintura ou a um revestimento
cerâmico. Neste caso, a aplicação de um sistema de
isolamento térmico pelo exterior iria melhorar
substancialmente o conforto térmico dos fogos.
FACHADA
“VENTILADA”
ETICS
Isolamento pelo
exterior
Meio exterior húmido
e agressivo
[7]
Frente atinge a armadura, Inicia-se o processo de
originando a sua
corrosão das armaduras,
“despassivação”
surgindo as primeiras
“fissuras”
Oxidação do aço, originando
as forças expansivas que
levam ao destacamento do
betão de recobrimento
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
109
Parede Exterior – Deficiente Aderência do Revestimento
DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO EM MONOMASSA DA FACHADA
DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.4
PAREDE EXTERIOR, MONOMASSA, DEFICIENTE ADERÊNCIA DO REVESTIMENTO,
DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, REBOCO ARMADO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em monomassa da fachada de um edifício de
habitação
apresentava-se
destacado
pontualmente,
principalmente, na ligação entre a platibanda e o topo da laje,
na padieira dos vãos e junto aos cunhais.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que eram constituídas por
alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,11 m), com caixa
de ar intermédia.
A platibanda era constituída por alvenaria de tijolo vazado,
travada pontualmente por “pilaretes” em betão.
Procedeu-se à realização de ensaios de arrancamento por
tracção “in situ” do revestimento em monomassa, tendo-se
obtido uma tensão de arrancamento variável, inferior a
0,15 MPa, na generalidade dos casos.
Foram recolhidas amostras e realizados ensaios de capilaridade
da monomassa, em laboratório, tendo-se obtido valores
correspondentes aos indicados no documento de
homologação do produto aplicado.
A recolha de amostras permitiu verificar que a espessura do
revestimento não era uniforme, sendo muito reduzida em
alguns dos casos.
Zona de
corte
F
Pastilha
metálica
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O destacamento do revestimento em monomassa das paredes
exteriores pode ter origem nos seguintes factores:
Para tratamento da patologia seria necessário proceder à
seguinte intervenção:
− Inadequação do tipo de revestimento ao tipo de suporte;
− Demolição do revestimento em monomassa;
− Condições de aplicação incorrectas;
− Verificação da estabilidade da parede;
− Defeitos do suporte, devido a erros de concepção ou de
execução.
− Tratamento das fissuras do suporte;
No caso em estudo, as principais causas do problema
observado terão sido:
− A configuração do suporte, principalmente no que se
refere à esbelteza do pano exterior, propenso à fissuração;
− O tipo de monomassa aplicada, que apresentava uma
resistência à tracção baixa;
− A insuficiente espessura do revestimento e a não
uniformidade dessa espessura;
− Aplicação de um reboco com argamassa à base de
polímeros, armado com rede de fibra de vidro;
− Aplicação do revestimento em monomassa, devendo
obedecer-se às especificações do documento de
homologação do produto. Preferncialmente, a monomassa
deveria ser substituída por um sistema de isoalemnto
térmico pelo exterior do tipo ETICS ou fachada
“ventilada”.
Isolamento Térmico pelo Exterior
− A inexistência de redes de fibra de vidro de reforço nos
pontos singulares.
Reboco armado
RPE
110
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento
DESTACAMENTO PONTUAL DO REVESTIMENTO EM PLACAS DE
XISTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, PLACAS DE XISTO, DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE
APLICAÇÃO, FIXAÇÃO MECÂNICA COMPLEMENTAR
FICHA
05.5
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em placas de xisto da fachada do R/Chão de
um edifício de serviços apresentava-se descolado
pontualmente, tendo-se verificado a queda de algumas das
placas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
parede, tendo-se verificado que as placas de xisto foram fixas
ao suporte através de uma argamassa de colagem.
As placas de xisto, com 2,5 cm de espessura, apresentavam
dimensões da ordem de 60 × 60 cm2, tendo sido coladas
directamente ao suporte.
Argamassa de
colagem
Placas de
xisto
Suporte
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento e destacamento pontual do revestimento em
xisto das fachadas deveu-se ao processo de colagem da pedra.
As placas aplicadas apresentavam um peso e dimensões
superiores às mínimas admissíveis para este tipo de fixação.
Tendo em atenção o carácter pontual do problema e que o
revestimento em placas de xisto apenas foi aplicado ao nível
do R/Chão da fachada, seria admissível a realização de uma
fixação mecânica complementar ao sistema de colagem
existente.
Além disso, as próprias variações dimensionais de carácter
térmico tornam difícil a colagem em fachadas de placas de
xisto com elevada dimensão, nomeadamente:
No mínimo teriam de ser aplicadas duas buchas por placa,
convenientemente dimensionadas e adequadas ao suporte.
− A temperatura que a face exterior de uma parede (tse)
pode atingir é dada, aproximadamente, pela seguinte
expressão:
t
se
=t
e
+
α ⋅R
s
h
[ º C]
e
Neste caso, a cor escura do xisto aplicado faz com que as
superfícies possam atingir temperaturas da ordem dos 60 ºC.
− Por outro lado, o coeficiente de dilatação térmica linear
seria de cerca de 8 × 10-6 ºC-1, o que conduziu a variações
dimensionais da ordem de 0,5 mm/m (para variações de
temperatura de 60 ºC).
Estas variações dimensionais provocaram esforços de corte
nas interfaces de colagem das placas e esforços de
compressão nas juntas entre placas, que por sua vez se
traduziram em esforços de arrancamento que podem ter
levado ao destacamento dessas mesmas placas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
111
Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento
FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO DO SISTEMA ETICS DE
REVESTIMENTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.6
PAREDE EXTERIOR, ETICS, FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E
APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO, PERFIL DE ARRANQUE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O reboco delgado do sistema de isolamento térmico pelo
exterior do tipo ETICS aplicado na fachada de um edifício de
habitação apresentava fissuração em correspondência com as
juntas entre perfis de arranque e entre estes perfis e o
suporte.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
sistema ETICS na zona de arranque, tendo-se verificado que:
− Os perfis de arranque do sistema encontravam-se fixos
mecanicamente ao topo da laje em consola;
− Eram constituídos por elementos em aço inoxidável;
− Encontravam-se colocados topo a topo, não existindo
folgas na ligação entre perfis.
Suporte
ETICS
Perfil de
arranque
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração do reboco delgado do sistema ETICS deveu-se
principalmente:
Para tratamento da patologia observada seria necessário
proceder à correcção do remate do reboco na ligação entre o
perfil de arranque do sistema ETICS e a base do corpo em
consola.
− À deficiente execução das juntas de ligação entre perfis;
− Ao deficiente remate do reboco armado e a base do corpo
em consola.
O reboco armado deveria contornar o perfil (ver figura).
Suporte
ETICS
Rebo co
armado
112
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Deficiente Concepção e Aplicação do Revestimento
MANCHAS ASSOCIADAS AO DESENVOLVIMENTO DE
MICROORGANISMOS NO SISTEMA ETICS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, ETICS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, DEFICIENTE CONCEPÇÃO E
APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO, PORMENORIZAÇÃO CONSTRUTIVA, BIOCIDAS
FICHA
05.7
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O sistema de isolamento térmico do tipo ETICS aplicado nas
fachadas de um edifício de habitação colectiva apresentava
manchas associadas ao desenvolvimento de microorganismos
(algas e líquenes).
Realizaram-se ensaios, tendo-se verificado que as algas eram
autotróficas, ou seja, produziam o alimento de que
necessitavam. O carbono celular era produzido em
fotossíntese com a luz, utilizando o dióxido de carbono do ar
ou da água.
O fenómeno verificava-se com maior intensidade nas
fachadas do edifício voltadas a noroeste.
Note-se que as algas não destruíam o suporte por não
extraírem dele nenhuma substância nutritiva. Além disso, ao
contrário de outros organismos, não possuíam raízes de modo
a penetrarem no suporte.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O desenvolvimento de microorganismos, tais como algas e
líquenes, sobre as fachadas com revestimento em ETICS,
apenas ocorre quando se verifica a presença de água em
quantidade suficiente. A presença de vegetação próxima e a
textura do revestimento são também condicionantes.
O risco de desenvolvimento de microorganismos poderia ter
sido parcialmente reduzido através de opções arquitectónicas
ou de pormenorização construtiva que permitissem diminuir a
quantidade de água que escorria ao longo das fachadas.
Tal como é corrente em edifícios com isolamento térmico
pelo exterior do tipo ETICS, verificou-se uma maior
colonização destes microorganismos em fachadas orientadas
a Norte ou a Poente, onde tinham à disposição a luz
necessária e em que existia humidade em quantidade
suficiente, resultante quer do fenómeno de condensação da
superfície exterior, que ocorreu durante o período nocturno e
cuja secagem é mais difícil a Norte e a Poente, quer das
escorrências que ocorreram ao longo da fachada.
Por exemplo, a configuração dos peitoris não era a mais
adequada por permitir que ocorressem escorrências laterais,
bem como os capeamentos não apresentavam uma inclinação
para o interior, permitindo a ocorrência de escorrências na
fachada.
A aplicação de um produto biocida sobre o revestimento final
seria vantajosa. Note-se que, no entanto, os produtos algicidas
ou fungicidas têm uma durabilidade limitada (5 a 7 anos),
sendo necessária uma correcta manutenção do sistema.
Caso tivesse sido aplicado um produto biocida sobre o
revestimento final (ou mesmo incorporado neste) poderia ter
sido minorado o desenvolvimento dos microorganismos.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
113
Parede Exterior – Deformação do Suporte
FICHA
05.8
FISSURAÇÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO,
APOIADA NUMA LAJE EM CONSOLA
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, CORPO EM CONSOLA, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA,
DEFORMAÇÃO DO SUPORTE, ESTABILIDADE DO SUPORTE, ISOLAMENTO TÉRMICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A fachada de um edifício de habitação apresentava-se
fissurada, tendo a fissuração um desenvolvimento diagonal.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que era constituída por alvenaria
dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,15 m), sem isolamento
térmico. A superfície exterior encontrava-se rebocada e
revestida com “pastilha” cerâmica.
A parede encontrava-se apoiada em elementos estruturais em
consola.
Procedeu-se à avaliação da evolução das fissuras, através da
realização de medições e registos periódicos com um
extensómetro mecânico. Verificou-se que as fissuras se
encontravam instáveis.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração, com desenvolvimento diagonal, observada na
fachada resultou da deformação excessiva da laje em consola
em que se encontrava apoiada a parede de alvenaria.
De forma a minorar a deformação do corpo em consola, seria
necessário realizar uma travação complementar, através, por
exemplo, da realização de tirantes passivos ou activos, o que
obrigaria a um estudo arquitectónico e estrutural rigoroso.
Do ponto de vista regulamentar, a prevenção da fissuração
das paredes, por deformação excessiva do suporte, é feita
pela limitação da relação entre a flecha e o vão (livre ou
equivalente).
No entanto, de acordo com estudos experimentais realizados,
verifica-se que, mesmo que as lajes sejam calculadas de
acordo com a regulamentação portuguesa em vigor,
dificilmente apresentam uma rigidez suficiente para que as
deformações a longo prazo sejam suficientemente pequenas
para evitar a fissuração das alvenarias.
A substituição do revestimento existente por um revestimento
dessolidarizado do suporte, por exemplo, do tipo reboco
delgado armado, aplicado sobre isolamento térmico (ETICS)
ou revestimento descontínuo, do tipo fachada “ventilada”,
traria vantagens em termos de eficácia e durabilidade.
FACHADA
“VENTILADA”
ETICS
Isolamento pelo
exterior
[95]
114
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Deformação do Suporte
FICHA
05.9
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM “PASTILHA” CERÂMICA DA
FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, “PASTILHA” CERÂMICA, DEFORMAÇÃO DO SUPORTE, DESCOLAMENTO DO
REVESTIMENTO, ESTABILIDADE DO SUPORTE, SELECÇÃO DO CIMENTO-COLA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em “pastilha” cerâmica da fachada de um
edifício de habitação apresentava-se fissurado, tendo ocorrido
o empolamento e o descolamento pontual da “pastilha”.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
A patologia ocorreu principalmente junto às zonas de maior
rigidez da viga de bordadura, que se encontrava parcialmente
em consola e tinha um desenvolvimento curvo.
− Era constituída por parede dupla em alvenaria de tijolo
vazado (0,11 m+ 0,20 m), com isolamento térmico na
caixa-de-ar;
− No topo das lajes foram aplicados painéis de aparas de
madeira (0,025 m);
− A parede encontrava-se apoiada numa viga de bordadura
parcialmente em consola e com um desenvolvimento
curvo;
− O revestimento foi colado ao suporte com argamassa de
colagem;
− Não foram executadas juntas de fraccionamento.
Tijolo vazado
Isolamento térmico
“Pastilha” cerâmica
Painéis de aparas de
madeira
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento do revestimento em “pastilha” cerâmica da
fachada teve origem nos seguintes factores:
Seria necessário proceder à seguinte intervenção:
− Deformabilidade do suporte da alvenaria, nomeadamente
na excessiva deformabilidade das vigas de bordadura que
suportavam as alvenarias ao nível de cada piso (corpo em
consola e com desenvolvimento curvo);
− Escolha inadequada do produto de colagem. Deveriam
ter sido utilizadas colas de elevada resistência e
deformabilidade, devido ao facto da fachada ter um
desenvolvimento curvo;
− Aplicação de painéis de aparas de madeira;
− Aderência insuficiente entre camadas do sistema de
revestimento;
− Inexistência de juntas de fraccionamento.
Refira-se, ainda, que a resistência das argamassas de colagem
pode ter sido significativamente afectada pela humidade,
devido a infiltrações através das fissuras.
− Remoção dos painéis de aparas de madeira do topo das
lajes;
− Reforço da estabilidade do suporte através da realização de
tirantes passivos ou activos;
− Aplicação de nova “pastilha” cerâmica, tendo em atenção
os seguintes aspectos:
⋅ Deveria realizar-se a impermeabilização do suporte com
argamassa à base de polímeros, armada;
⋅ As juntas deveriam ser preenchidas por um produto
flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa);
⋅ Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm)
e juntas em correspondência com as juntas de dilatação;
⋅ O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em
função das características do revestimento e do suporte
(ver quadro seguinte).
REVESTIMENTO
NATUREZA
Mosaico em pasta de
vidro ou porcelâmico
S ≤ 231
Azulejos em terracota
S ≤ 300 (15 × 15)
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Ladrilhos plenamente
vitrificados
H≤ 6 m
6 m < H ≤ 28 m
C2
ou
C2S
C2S
S ≤ 50
Plaquetas murais em
terracota
Ladrilhos extrudidos ou
prensados, excepto os
plenamente vitrificados
[95]
ALTURA DA FACHA DA
ÀREA (cm²)
S ≤ 2000 (40 × 40)
2000 < S ≤ 3600 (60 × 60)
C2S
S ≤ 2000 (40 × 40)
C2S
[13]
115
Parede Exterior – Eflorescências
MANCHAS NO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS DA
FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.10
PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, EFLORESCÊNCIAS
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um
edifício de habitação apresentava manchas de cor branca,
distribuídas de forma aleatória.
Realizaram-se de sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
− Era constituída por paredes duplas em alvenaria de tijolo
vazado, sem isolamento térmico, tendo pano exterior uma
espessura de 0,11 m;
− A fachada encontrava-se apoiada em lajes em consola;
− O revestimento exterior em ladrilhos cerâmicos
encontrava-se colado sobre um reboco à base de ligantes
hidraúlicos.
Através da inspecção visual do suporte, observou-se que se
encontrava pontualmente fissurado e que o revestimento em
ladrilhos cerâmicos se encontrava descolado.
Constatou-se que as manchas de cor branca eram de
carbonato de cálcio. A sua remoção era possível com uma
solução de ácido clorídrico diluído a 10%.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de cor branca do revestimento em ladrilhos
cerâmicos da fachada surgiram devido à formação de
carbonato de cálcio.
Para tratamento da patologia observada seria necessário
proceder ao tratamento da fissuração da alvenaria, de forma a
evitar a humidificação do suporte.
As infiltrações ocorreram através do revestimento que se
encontrava pontualmente descolado e da própria alvenaria
que se encontrava fissurada.
Caso as fissuras se encontrassem estáveis, deveriam ser
tratadas e preenchidas com material elástico (mastique).
As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é
solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é
transportada para a superfície combinando-se com o dióxido
de carbono, o que originou a formação de carbonato de
cálcio, que constituía as manchas observadas.
116
O suporte deveria ser impermeabilizado com argamassa à base
de polímeros, armada com rede de fibra de vidro, o que
implicaria a remoção global do revestimento em ladrilhos
cerâmicos.
Para remoção das manchas existentes teria de se proceder à
lavagem da superfície com uma solução de ácido clorídrico
diluído a 10%, após escovagem. No entanto, esta intervenção
não impede o aparecimento de novas manchas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Eflorescências
FICHA
05.11
MANCHAS NA FACHADA EM GRANITO DE UMA HABITAÇÃO
UNIFAMILIAR
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, EFLORESCÊNCIAS, CAIXA DE AR,
REPELENTE DE ÀGUA, CAPEAMENTO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A fachada em alvenaria de granito de uma habitação
unifamiliar apresentava manchas de cor branca,
principalmente, nas superfícies adjacentes às juntas da
alvenaria de granito.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que era constituída por uma
parede dupla, sendo o pano exterior em alvenaria de granito e
o pano interior em tijolo vazado.
O pano exterior da alvenaria de tijolo vazado encontrava-se
rebocado.
Os blocos de granito foram assentes com argamassa.
O topo da parede de granito não apresentava capeamento.
Tijolo
vazado
Granito
Argamassa
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de cor branca da fachada em granito surgiram
devido à formação de carbonato de cálcio resultante da
saturação da argamassa de assentamento dos blocos de
granito e do reboco da alvenaria de tijolo vazado.
Para resolução do problema observado seria necessário criar
uma caixa de ar entre a alvenaria de granito a parede de tijolo
vazado, o que obrigaria à remoção e recolocação dos blocos
de granito. O capeamento do topo da parede seria também
fundamental.
As infiltrações e consequente saturação das juntas e do
reboco ocorreram através do topo da parede que não
apresentava capeamento e das próprias juntas.
As argamassas à base de ligantes hidráulicos contêm cal que é
solúvel em água, pelo que, no processo de secagem, essa cal é
transportada para a superfície combinando-se com o dióxido
de carbono, o que originou a formação de carbonato de
cálcio, que constituía as manchas observadas.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Em alternativa, de modo a minimizar a patologia teria de se
aplicar um novo capeamento em zinco na fachada e proceder
à aplicação de um repelente de água na alvenaria de granito.
117
Parede Exterior – Expansão Higrotérmica
FICHA
05.12
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS
DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, DESCOLAMENTO DO
REVESTIMENTO, SELECÇÃO DE CIMENTO-COLA, JUNTAS
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de um
edifício de habitação apresentava-se descolado, tendo-se
observado o empolamento e o destacamento dos ladrilhos
em extensas áreas da fachada, de uma forma aleatória.
Procedeu-se à caracterização dos ladrilhos cerâmicos
aplicados, através da realização de ensaios para determinação
da “expansão por humidade dos ladrilhos” (EN ISO 10 54510) e de “análise dilatométrica” (Norma EN 103).
Os ladrilhos cerâmicos foram colados ao reboco com
cimento-cola, sendo as juntas entre os elementos tomadas.
Foram obtidos valores de expansão máxima devida à
humidade de cerca de 0,4 mm/m nos provetes ensaiados.
O suporte não se encontrava fissurado.
Para verificar a aderência ladrilho/produto de colagem,
procedeu-se à realização de ensaios de arrancamento por
tracção “in situ”, tendo-se obtido uma resistência superior ou
igual a 0,5 MPa.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento do revestimento em ladrilhos cerâmicos das
fachadas pode ter origem nos seguintes factores:
O revestimento em ladrilhos cerâmicos teria de ser removido.
No assentamento dos novos ladrilhos deveria ser garantida a
compatibilidade entre a capacidade de deformação dos
ladrilhos e a elasticidade da camada de colagem, conjugada
com as juntas, devendo ter-se em atenção os seguintes
aspectos:
−
−
−
−
Características do material aplicado;
Deformabilidade do suporte;
Limpeza, planeza e porosidade do suporte;
Aderência insuficiente entre camadas do sistema de
revestimento;
− Deficiente configuração das juntas (entre elementos e no
contorno);
− Escolha inadequada do produto de colagem;
− Deficiente aplicação.
No caso em estudo, o descolamento observado resultou,
sobretudo, da ausência de juntas adequadas entre os ladrilhos
cerâmicos e nas deformações de carácter higrotérmico dos
ladrilhos devido ás variações dimensionais, quer pela acção da
temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da
acção da humidade.
− Deveria realizar-se a impermeabilização do suporte com
argamassa à base de polímeros, armada com rede de fibra
de vidro, caso se encontrasse fissurado;
− As juntas entre ladrilhos, com espessura definida pelo
Fabricante (> 4mm), deveriam ser preenchidas por um
produto flexível (módulo de elasticidade < 8000 MPa);
− Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e
juntas em correspondência com as juntas de dilatação da
construção;
− O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em
função das características do revestimento e do suporte.
REVESTIMENTO
NATUREZA
Mosaico em pasta de
vidro ou porcelâmico
S ≤ 231
Azulejos em terracota
S ≤ 300 (15 × 15)
Ladrilhos plenamente
vitrificados
H≤6 m
6 m < H ≤ 28 m
C2
ou
C2S
C2S
S ≤ 50
Plaquetas murais em
terracota
Ladrilhos extrudidos ou
prensados, excepto os
plenamente vitrificados
118
ALTURA DA FACHA DA
ÀREA (cm²)
S ≤ 2000 (40 × 40)
2000 < S ≤ 3600 (60 × 60)
C2S
S ≤ 2000 (40 × 40)
C2S
[13]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Expansão Higrotérmica
FICHA
05.13
DELAMINAÇÃO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS
CERÂMICOS DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, LADRILHOS CERÂMICOS, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA,
DO REVESTIMENTO, SELECÇÃO DO CIMENTO-COLA, JUNTAS
DELAMINAÇÃO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos da fachada de
um edifício de habitação apresentava-se delaminado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
Os ladrilhos cerâmicos encontravam-se directamente
colados ao suporte, não existindo juntas entre ladrilhos
no sentido horizontal.
− Tratam-se de paredes duplas em alvenaria de tijolo
vazado, sem isolamento térmico, apresentando o pano
exterior uma espessura de 0,11 m;
− A fachada encontrava-se apoiada em lajes em consola e
envolvia a estrutura de betão;
− O revestimento exterior em ladrilhos cerâmicos
encontrava-se colado com juntas horizontais não visíveis e
juntas verticais de muito pequena espessura (< 1 mm);
− Para além das juntas de dilatação estruturais, não existia
qualquer junta de fraccionamento do revestimento.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A delaminação dos ladrilhos cerâmicos resultou de
elevadas tensões entre os ladrilhos que tiveram origem,
sobretudo, em deformações do revestimento,
resultantes, nomeadamente, da ausência de juntas no
sentido horizontal e nas deformações de carácter
higrotérmico do material devido às variações
dimensionais, quer pela acção da temperatura, quer
pela expansão irreversível resultante da acção da
humidade.
Para tratamento da patologia teria de se proceder à remoção
global do revestimento da fachada em ladrilhos cerâmicos.
No assentamento de novos ladrilhos teria de ser garantida a
compatibilidade entre a capacidade de deformação dos
ladrilhos e a elasticidade da camada de colagem conjugada
com as juntas.
A elevada deformabilidade do corpo em consola que
suportava a alvenaria terá, também, contribuído para o
problema observado.
O cimento-cola deveria ser criteriosamente escolhido em
função das características do revestimento e do suporte (ver
quadro seguinte).
Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento (> 6 mm) e
juntas em correspondência com as juntas de dilatação.
REVESTIMENTO
NATUREZA
Mosaico em pasta de
vidro ou porcelâmico
S ≤ 50
Plaquetas murais em
terracota
S ≤ 231
Azulejos em terracota
S ≤ 300 (15 × 15)
Ladrilhos extrudidos ou
prensados, excepto os
plenamente vitrificados
Ladrilhos plenamente
vitrificados
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
ALTURA DA FACHA DA
ÀREA (cm²)
H≤6 m
6 m < H ≤ 28 m
C2
ou
C2S
C2S
S ≤ 2000 (40 × 40)
2000 < S ≤ 3600 (60 × 60)
C2S
S ≤ 2000 (40 × 40)
C2S
[13]
119
Parede Exterior – Humidade Ascensional
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DA BASE DAS PAREDES EM
CONTACTO COM O PAVIMENTO EXTERIOR DE UMA MORADIA
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL, DRENAGEM
PERIFÉRICA, CORTE HÍDRICO
FICHA
05.14
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento das fachadas de uma moradia apresentava-se
empolado, tendo ocorrido pontualmente o destacamento da
pintura junto à base das paredes em contacto com o
pavimento exterior do contorno da moradia.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que eram constituídas por
alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 m+ 0,15 m), sendo o
espaço de ar preenchido com isolamento térmico.
A parede em contacto com o pavimento do contorno da
moradia não apresentava um corte hídrico horizontal.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O empolamento e o destacamento da pintura exterior da
parede, junto à base, deveu-se a fenómenos de ascensão
capilar, resultantes da inexistência de um corte hídrico
adequado na base da parede.
Tendo em atenção que os problemas observados eram apenas
exteriores, não existindo qualquer patologia no interior dos
compartimentos adjacentes à fachada cujo revestimento se
apresentava degradado, poderia ser suficiente a criação de um
sistema de drenagem periférico superficial, constituído por
uma vala preenchida com godo e a realização de um corte
hídrico na base da parede.
A base do paramento exterior das paredes não se encontrava
convenientemente impermeabilizada e estava em contacto
directo com o pavimento exterior do contorno da moradia.
A permeabilidade ao vapor das tintas utilizadas era reduzida,
tendo, também, contribuído para o problema.
Na superfície enterrada do paramento exterior da parede
deveria ser aplicada uma impermeabilização, associada a uma
membrana drenante.
Corte Hídrico
Impermeabilização
Manta drenante
Geotextil
Godo
120
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Inadequada Fixação do Revestimento
DESTACAMENTO PONTUAL DO REVESTIMENTO EM PLACAS DE
GRANITO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, GRANITO, DESTACAMENTO DO REVESTIMENTO, INADEQUADA FIXAÇÃO
DO REVESTIMENTO, SISTEMA DE FIXAÇÃO, FIXAÇÃO MECÂNICA COMPLEMENTAR
FICHA
05.15
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em placas de granito da fachada de um
edifício de serviços apresentava-se descolado pontualmente,
tendo-se verificado a queda de algumas das placas.
Realizaram-se sondagens, tendo-se verificado que a fachada
era em alvenaria dupla de tijolo vazado (0,11 + 0,15 m).
As placas de granito, com 0,03 m de espessura apresentavam
dimensões da ordem de 0,70 m x 1,70 m, tendo sido coladas
directamente ao suporte.
Efectuaram-se ensaios de arrancamento por tracção sobre
provetes de pedra colados com cimento-cola, com
características análogas ao aplicado em obra. Os resultados
conduziram às seguintes conclusões:
− Quando os provetes foram submetidos à acção da
temperatura não foi verificada variação do valor da tensão
de arrancamento. No entanto, a humidade provocou uma
acentuada diminuição da tensão de arrancamento (60 %);
− Quando sujeitos ao choque térmico, apresentaram alguma
heterogeneidade nos valores da tensão de arrancamento;
− A acção do gelo/degelo provocou uma redução
significativa da tensão de arrancamento (40 %);
− Os valores da resistência ao arrancamento obtidos foram
inferiores a 0,5 MPa.
Zona de
corte
F
Pastilha
metálica
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento e destacamento pontual do revestimento em
granito das fachadas deveu-se à fixação por colagem directa
ao suporte da pedra.
No que se refere às dimensões das placas de pedra, há limites
para a fixação por colagem directa ao suporte:
A resolução da patologia implicaria a desmontagem global do
revestimento em pedra e a sua recolocação aplicando um
sistema de fixação homologado e dimensionado em função
dos esforços mecânicos a que estaria sujeito e das
características do suporte.
− 1100 cm2 para placas de pedra com porosidade inferior
ou igual a 5%;
− 2000 cm² para placas de pedra com porosidade superior a
5%.
O peso das placas deverá ser inferior a 40 kg/m².
Tendo em atenção que o suporte era em alvenaria de tijolo
vazado, seria admissível a realização de uma fixação mecânica
complementar ao sistema de colagem existente. No mínimo
teriam de ser aplicadas quatro buchas por placa,
dimensionadas e localizadas a uma distância de 0,10 m do
bordo.
No caso em estudo, as pedras aplicadas apresentavam um
peso (60 kg/m²) e dimensões muito superiores às mínimas
admissíveis para este tipo de fixação.
As buchas deveriam ser dimensionadas para esse tipo de
suporte.
O cimento-cola também não era adequado.
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
121
Parede Exterior – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NA SUPERFÍCIE INTERIOR JUNTO À BASE
DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.16
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES,
IMPERMEABILIZAÇÃO, VENTILAÇÃO, DRENAGEM DA BASE DAS PAREDES
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento interior da fachada de um edifício de
habitação apresentava manchas de humidade ao nível da base
da parede.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
As paredes interiores em contacto com a fachada
apresentavam também manchas de humidade.
− Era constituída por parede dupla em alvenaria de tijolo
vazado (0,15 m + 0,11 m), com caixa de ar intermédia
(0,04 m) e sem isolamento térmico;
− A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida
com ladrilhos cerâmicos;
− A superfície interior foi rebocada e pintada;
− No topo das lajes foi aplicada uma “forra” de tijolo vazado
(0,07 m) para tratamento da ponte térmica, encontrando-se
o pano exterior da parede parcialmente apoiado nesta
“forra”;
− A base da parede, na caixa de ar, encontrava-se saturada de
água.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas no revestimento
interior da fachada, junto à base da parede, deveram-se a
infiltrações que ocorreram através das fissuras existentes no
pano exterior de alvenaria, que atingiram o interior da parede
devido ao deficiente tratamento da caixa de ar.
Para minorar os problemas observados, seria necessário
proceder ao travamento do pano exterior da parede, através da
realização de “pilaretes” e cintas em betão armado, de forma a
garantir a estabilidade da fachada e diminuir a fissuração.
A fissuração manifestada na fachada teve origem, sobretudo,
em deformações de carácter higrotérmico do tijolo, devido às
variações dimensionais quer pela acção da temperatura, quer
pela expansão irreversível resultante da acção da humidade,
agravada pela inexistência de elementos de travação da
alvenaria e pela forma como se encontrava apoiado o pano
exterior ao nível do topo das lajes.
A limpeza da caixa de ar e a impermeabilização, a ventilação e
a aplicação de dispositivos de drenagem na base das paredes
seria também fundamental.
A superfície exterior da fachada deveria ser impermeabilizada
com um reboco com argamassa à base de polímeros, armado,
após tratamento das fissuras significativas. O revestimento em
ladrilhos cerâmicos poderia ser recolocado.
A base da caixa de ar não se encontrava impermeabilizada,
apresentando-se mesmo pontualmente preenchida com lixo
de obra, o que permitiu a condução da água infiltrada para o
interior da parede.
Argamassa com polímeros
Rede de fibra de vidro
Impermeabilização
122
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Instabilidade do Suporte
FICHA
05.17
FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO DO SISTEMA ETICS DE
REVESTIMENTO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, ETICS, FISSURAÇÃO DO REBOCO DELGADO,
INSTABILIDADE DO SUPORTE, ESTABILIDADE DO SUPORTE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O reboco delgado do sistema de isolamento térmico pelo
exterior do tipo ETICS aplicado na fachada de um edifício de
habitação apresentava-se fissurado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
sistema ETICS e da fachada, tendo-se verificado que:
Refira-se que o sistema ETICS aplicado não se encontrava
homologado.
− As paredes exteriores eram duplas em alvenaria de tijolo
vazado (0,15 m +0,07 m), com caixa de ar intermédia
(0,04 m) e sem isolamento térmico;
− O pano exterior da parede encontrava-se parcialmente
apoiado sobre a laje, existindo um espaço de ar entre o
isolamento térmico e o topo das lajes e a face dos pilares;
− O produto de colagem do ETICS foi aplicado
directamente sobre o suporte, apresentando diferentes
espessuras;
− O reboco delgado apresentava uma espessura inferior a
2 mm. A armadura encontrava-se em contacto directo com
as placas de isolamento.
Tijolo vazado
ETICS
Produto de colagem
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração do reboco delgado do sistema de isolamento
térmico pelo exterior do tipo ETICS teve origem nos
seguintes factores:
Para tratamento da patologia seria necessária a seguinte
intervenção:
− Instabilidade do sistema devido à deficiente fixação do
isolamento térmico ao suporte, nomeadamente no que se
refere à dimensão e distribuição irregular dos pontos de
colagem, principalmente pelo desnível existente entre o
paramento exterior das alvenarias e os elementos
estruturais;
− Espessura do reboco insuficiente;
− Incorrecto posicionamento da armadura na espessura da
camada de base (aplicada directamente sobre o
isolamento);
− Aplicação de um sistema não homologado, não sendo
garantida a compatibilidade entre os diferentes elementos
que constituem o sistema.
− Remoção do sistema, pele menos nas zonas fissuradas;
− Preenchimento do espaço de ar existente entre o
isolamento térmico e o paramento exterior dos pilares e o
topo das lajes, de forma a ser garantida a regularização do
suporte do sistema de isolamento térmico nas zonas
correspondentes aos elementos estruturais;
− Remoção do reboco nas zonas fissuradas;
− Aplicação de novo reboco delgado e do acabamento final,
sendo fundamental verificar a compatibilidade entre a nova
camada de base e o revestimento existente.
Reforço de
armadura
Acabamento final
Reboco delgado
Armadura
Reboco
armado
Suporte
Isolamento térmico
Sobreposição da
armadura de 10 cm
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Junta de
mastique
123
Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
FICHA
05.18
FISSURAÇÃO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, INSTABILIDADE E EXPANSÃO
HIGROTÉRMICA, ESTABILIDADE DA ALVENARIA, ISOLAMENTO TÉRMICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A envolvente vertical exterior de um edifício de serviços
apresentava uma fissuração significativa, em particular junto
aos cunhais, onde as fissuras tinham um desenvolvimento
mais ou menos vertical, e ao nível dos apoios dos panos
exteriores de parede, tendo essa fissuração um
desenvolvimento sensivelmente horizontal.
Realizaram-se sondagens para apreciar a configuração das
fachada, tendo-se verificado que:
− As paredes eram duplas, sendo o pano interior em betão
(0,20 m) e o pano exterior em tijolo vazado (0,15 m);
− No espaço de ar foi aplicado isolamento térmico (0,04 m),
constituído por poliestireno expandido;
− A superfície exterior encontrava-se rebocada e pintada. A
cor da fachada correspondia a um coeficiente de absorção
α > 0,7;
− A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não
apresentando elementos de travação verticais;
− Ao nível dos pisos, o apoio dos panos exteriores de
alvenaria fez-se parcialmente sobre consolas curtas de
betão armado, revestidas exteriormente com tijolo vazado
com 0,07 m de espessura. Estes elementos foram aplicados
apenas durante a execução das alvenarias, após a execução
da estrutura de betão.
Betão
Isolamento térmico
Caixa de ar
Tijolo vazado
Pintura
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração manifestada na fachada, nos cunhais e ao nível
das lajes, teve origem, sobretudo:
Para tratamento da fissuração seria necessário proceder-se ao
travamento complementar do pano exterior da alvenaria, de
forma a ser garantida a estabilidade da fachada, através da
execução de “pilaretes” e cintas complementares em betão
armado.
− Na expansão de carácter higrotérmico do tijolo, devido às
variações dimensionais quer pela acção da temperatura,
quer pela expansão irreversível resultante da acção da
humidade;
− Na configuração da parede, nomeadamente:
⋅ Falta de elementos verticais de travamento da
alvenaria;
⋅ Ausência de juntas de fraccionamento (de dilatação e
de retracção);
⋅ Forma como se encontrava apoiada a alvenaria ao
nível do topo de lajes (“forra” colocada após a
betonagem);
⋅ Instabilidade do pano exterior.
As fissuras deveriam ser tratadas e preenchidas com material
elástico (mastique).
A substituição do revestimento existente por um revestimento
dessolidarizado do suporte, por exemplo, do tipo reboco
delgado armado, aplicado sobre isolamento térmico (ETICS)
ou a realização de uma fachada “ventilada” seria vantajoso em
termos de eficácia e durabilidade.
Em alternativa, poderia equacionar-se a demolição do pano
exterior da fachada.
Isolamento Térmico pelo Exterior
Suporte
Rede de fibra de
vidro
∆ t ≈ 60 ºC
∆ t ≈ 15 ºC
∆ l ≈ 0,3 mm/m
Argamassa com
polímeros
Mastique
sintético
Papel adesivo
[95]
124
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
FISSURAÇÃO E QUEDA PARCIAL DO PANO EXTERIOR DA FACHADA
DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, QUEDA DO PANO DE ALVENARIA, INSTABILIDADE E
EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, ESTABILIDADE DA ALVENARIA, ISOLAMENTO TÉRMICO
FICHA
05.19
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A envolvente vertical exterior de um edifício de habitação
apresentava uma fissuração significativa, tendo ocorrido a
queda parcial do pano exterior de alvenaria de uma das
fachadas.
Através da inspecção visual da zona da fachada que ruiu, foi
possível observar que:
− A fachada era dupla, sendo o pano interior em alvenaria de
blocos de betão celular autoclavado (0,10 m) e o pano
exterior em alvenaria de tijolo vazado (0,15 m), rebocado e
pintado;
− A superfície do pano interior encontrava-se
impermeabilizada com uma “emulsão betuminosa”;
− O pano exterior de alvenaria encontrava-se apenas apoiado
em metade da sua espessura.
Blocos de betão
celular
Impermeabilização
Tijolo vazado
Reboco e pintura
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração generalizada das fachadas e a queda de parte do
pano exterior resultou do deficiente apoio do pano exterior,
que se encontrava apenas apoiado em metade da sua
espessura, e de deformações de carácter higrotérmico, que
originaram tensões incompatíveis com as características
mecânicas dos materiais.
Para reparação do problema observado seria necessário
proceder à demolição total do pano exterior da fachada, o que
obrigaria à remoção das caixilharias.
As variações dimensionais de uma parede sem restrição de
movimentos resultam da acção conjunta da temperatura e da
humidade. Estima-se que as deformações reversíveis de
carácter térmico sejam da ordem dos 0,2 a 0,3 mm/m e a
expansão irreversível do tijolo pela acção da humidade seja
superior a 0,6 mm/m.
A deficiente fixação do pano exterior da parede, quer em
zona corrente, quer na proximidade das juntas de dilatação ou
de fraccionamento, contribuiu também para o agravamento
da instabilidade do pano exterior da fachada.
A travação do pano exterior seria fundamental, sendo
necessário realizar “pilaretes” de betão nos cunhais e
preencher e reforçar os redentes das lajes, de forma a ser
garantida a estabilidade. A ligação entre o pano exterior e o
pano interior da fachada deveria ser assegurada por ligadores
em aço inox.
Deveriam ser criadas juntas de fraccionamento de 12 em 12 m.
Como revestimento exterior seria vantajoso a aplicação de um
sistema de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS.
Blocos de betão
celular
Impermeabilização
∆ t ≈ 60 ºC
∆ t ≈ 15 ºC
∆ l ≈ 0,3 mm/m
Betão armado
(com grout de fixação)
Resina epoxídas
[95]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
ETICS
125
Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
FISSURAÇÃO E QUEDA DO PANO EXTERIOR EM TIJOLO “FACE À
VISTA” DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO “FACE À VISTA”, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA,
FISSURAÇÃO E QUEDA DO PANO EXTERIOR DA ALVENARIA, ESTABILIDADE, LIGADORES
FICHA
05.20
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A fachada de um edifício de habitação apresentava-se
fissurada junto aos cunhais, tendo ocorrido o destacamento
pontual do pano exterior em tijolo “face à vista”.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
Verificou-se também o empolamento e o destacamento
pontual do revestimento ao nível do topo das lajes.
− O pano interior era constituído por alvenaria de tijolo
vazado (0,15 m) e o pano exterior era em tijolo “face à
vista”, tendo sido aplicado isolamento térmico no espaço
de ar (0,04 m);
− A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não
apresentando elementos de travação;
− O topo das lajes encontrava-se revestido com uma capa
em tijolo “face à vista”;
− O pano exterior da parede, em tijolo “face à vista”,
encontrava-se parcialmente apoiado sobre a capa, como se
mostra na figura seguinte.
Tijolo vazado
Isolamento térmico
Tijolo “face à vista”
“Capa” em tijolo
“face à vista”
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração e o destacamento do pano exterior da fachada
resultou sobretudo:
Para correcção da patologia seria necessário a seguinte
intervenção:
− Da expansão de carácter higrotérmico do tijolo que
constituia o pano exterior, devido às variações
dimensionais quer pela acção da temperatura, quer pela
expansão irreversível resultante da acção da humidade;
− Da configuração da parede, nomeadamente:
⋅ Esbelteza do pano exterior e forma como se
encontrava apoiado ao nível do topo de lajes;
⋅ Ausência de juntas de fraccionamento (de dilatação e
de retracção);
⋅ Aplicação de isolamento térmico na caixa de ar, o
que provocou uma maior solicitação do pano
exterior;
⋅ Ausência de ligadores entre o pano exterior e o pano
interior da parede.
− Demolição do pano exterior da parede;
− Realização de “pilaretes” nos cunhais, em betão armado,
de forma a reforçar a estabilidade das paredes;
− Na execução do pano exterior em tijolo “face à vista”,
deveria ter-se em atenção os seguintes aspectos:
⋅ Aplicação de ligadores em inox entre o pano exterior
e o interior (> 3/m2), reforçados na zona de ligação
entre vãos e nos cunhais;
⋅ Realização de uma meia cana impermeabilizada na
base da parede;
⋅ Realização de juntas de fraccionamento;
⋅ Refechamento das juntas com argamassa adequada.
Cunhal
Vão
∆ t ≈ 60 ºC
∆ t ≈ 15 ºC
∆ l ≈ 0,3 mm/m
[95]
126
[24]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Parede Exterior – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
FISSURAÇÃO DA FACHADA AO NÍVEL DAS PADIEIRAS DE UM
EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
05.21
PAREDE EXTERIOR, TIJOLO VAZADO, PADIEIRAS, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA,
FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, ESTABILIDADE, REBOCO ARMADO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A fachada de um edifício de habitação apresentava uma
fissuração acentuada com um desenvolvimento horizontal, ao
nível da padieira dos vãos.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
− Era constituída por uma parede dupla em alvenaria de
tijolo vazado (0,11 m + 0,15 m), tendo sido aplicado
isolamento térmico (0,04 m) na caixa de ar. A superfície
exterior encontrava-se rebocada e pintada;
− A alvenaria exterior envolvia a estrutura de betão, não
apresentando elementos de travação verticais;
− As padieiras dos vãos foram realizadas em alvenaria.
Capeamento
Tijolo vazado
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração manifestada nas paredes exteriores ao nível das
padieiras teve origem, sobretudo, em deformações de carácter
higrotérmico da alvenaria.
Para tratamento da fissuração observada teria de se proceder
ao travamento das alvenarias, através da realização de
“pilaretes” em betão armado.
As deformações das paredes por acção das solicitações de
carácter higrotérmico podem originar fissuras com
desenvolvimento preferencialmente horizontal, nas zonas
onde as tensões são mais elevadas, nomeadamente junto dos
vãos.
Nas padieiras deveria ser executada uma cinta em betão
armado, após reforço dos apoios.
A aplicação de uma “forra” pelo exterior dos elementos
estruturais em betão torna estes pontos mais frágeis e com
maior propensão ao aparecimento de fissuras.
Na superfície exterior deveria ser aplicado um reboco armado
e um revestimento plástico espesso (RPE) como acabamento.
Em alternativa, o revestimento exterior poderia ser substituído
por um sistema de isolamento térmico pelo exterior, do tipo
ETICS ou revestimento descontínuo, do tipo fachada
“ventilada”.
Isolamento Térmico pelo Exterior
Reboco
armado
RPE
[95]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
127
Parede Exterior – Retracção das Argamassas
FICHA
05.22
MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO DA FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE
SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE EXTERIOR, RETRACÇÃO DAS ARGAMASSAS, MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO, REBOCO
ARMADO, RPE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O reboco da parede exterior de um edifício de serviços
apresentava microfissuração.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
reboco, tendo-se observado que apresentava a seguinte
constituição:
As paredes eram constituídas por alvenaria de pedra,
rebocada e pintada.
− Camada impermeabilizante (“cerezite”) à base de ligantes
hidráulicos;
− Camada de base (emboço), à base de cal;
− Camada de acabamento, à base de ligantes hidráulicos.
Sobre o reboco foi aplicada uma pintura acrílica.
Foram realizados ensaios de arrancamento por tracção do
reboco, tendo-se verificado que a média da tensão de
arrancamento foi superior 0,30 MPa.
Zona de
corte
F
Pastilha
metálica
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A microfissuração do reboco da fachada deveu-se à retracção
das argamassas face à solicitação térmica.
Tendo em atenção os valores obtidos para a tensão de
arrancamento do reboco, seria admissível não se proceder à
sua demolição global.
Nas condições de aplicação correntes, as argamassas sofrem
uma retracção inicial resultante da dissecação, da hidratação
(retracção endógena) e da carbonatação.
A retracção global das argamassas é influenciada por relações
complexas entre o tipo de cimento, inertes, a composição e o
processo de cura.
O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à
escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da
relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as
condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de
absorção do suporte.
O tratamento da microfissuração observada passaria pela
aplicação em toda a superfície de um barramento constituído
por argamassa à base de polímeros, armado com rede de fibra
de vidro, após análise por percussão do reboco e reparação das
zonas ”ocas” e tratamento das fissuras existentes.
A aplicação de um revestimento plástico espesso – RPE como
acabamento, sobre o reboco armado, seria vantajoso,
permitindo uma uniformização da textura.
RPE
Suporte
Rede de fibra de
vidro
Mastique
sintético
Argamassa com
polímeros
Papel adesivo
[95]
128
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
06. PAREDE ENTERRADA
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
129
Parede Enterrada – Condensações Internas
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DA SUPERFÍCIE INTERIOR DE
UM RESERVATÓRIO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
06.1
PAREDE ENTERRADA, BETÃO PINTADO, RESERVATÓRIOS, DEGRADAÇÃO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento interior das paredes de um reservatório
apresentava-se degradado, tendo ocorrido o desenvolvimento
de “bolhas”.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração das
paredes do reservatório, tendo-se verificado que eram em
betão, rebocadas. O betão encontrava-se seco, enquanto que o
reboco estava saturado.
As “bolhas” apresentavam maior dimensão e apareciam em
maior número junto ao nível máximo da água, diminuindo
gradualmente de dimensões e intensidade à medida que
aumentava a profundidade da superfície afectada.
Ao serem furadas por acção mecânica revelaram-se cheias de
líquido.
Refira-se que as “bolhas” apenas surgiram após a intervenção
que o reservatório sofreu com vista à renovação do seu
revestimento interior.
Na intervenção realizada procedeu-se à picagem e substituição
do reboco inicial e à aplicação, em toda a superfície interior, de
uma argamassa à base de polímeros, bem como de uma tinta
baseada em dispersão aquosa de resinas sintéticas.
A argamassa à base de polímeros era impermeável à água
líquida, mas permeável ao vapor, enquanto que a tinta
apresentava uma permeabilidade ao vapor reduzida.
Procedeu-se à medição da temperatura do ar e da água do
reservatório, tendo-se verificado que era inferior a 13ºC.
Revestimento por pintura
Argamassa à base de polímeros
Reboco
Betão
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As “bolhas” observadas resultaram da acumulação de água
devido ao fenómeno de condensações internas que ocorreu
na interface entre a argamassa à base de polímeros e a
pintura. O suporte apresentava uma quantidade de água
significativa devido ao reboco realizado, que não terá secado
devido às condições higrotérmicas no interior do reservatório
(elevada humidade relativa).
Para correcção da patologia, a tinta aplicada teria de ser
removida.
Teria de se exigir a secagem do suporte, podendo ser aplicada
uma tinta com características análogas à existente.
O gradiente de pressão de vapor entre o reboco e o ar
interior ou a água do reservatório criou um fluxo de difusão
de vapor de água no sentido do interior, através da argamassa
e da pintura. Como a pintura era pouco permeável ao vapor
de água, ao contrário da argamassa, ocorreram condensações
na interface argamassa/pintura, o que levou à formação das
“bolhas”. A argamassa à base de polímeros era impermeável à
água líquida, não permitindo a redistribuição da água
condensada.
Revestimento
por pintura
Pressão [Pa]
As bolhas diminuíam com a profundidade devido à pressão
hidroestática.
Argamassa à
base de
polímeros
1600
Pressão de Saturação
Pressão Parcial de Vapor
1500
1482
1400
1300
1200
1100
1000
909
900
t = 5 ºC
HR =
t = 13ºC
HR = 100%
t = 5ºC
HR = 90%
800
785
Interior do
Reservatório700
Argamassa com
polímeros
Tinta
t = 13 ºC
HR =
Reboco de
Regularizaçã
600
0
2000000000
4000000000
6000000000
8000000000
10000000000
12000000000
14000000000
Rd [m2.s.Pa/kg]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
131
Parede Enterrada – Humidade Ascensional
FICHA
06.2
MANCHAS NAS PAREDES EM GRANITO SEMI-ENTERRADAS DE UM
MOSTEIRO
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE ENTERRADA, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL,
VENTILAÇÃO DA BASE DAS PAREDES
2004
SONDAGENS E MEDIDAS
A face interior das paredes em alvenaria de granito da Capelamor de um Mosteiro apresentava manchas de tonalidade
esverdeada, sobretudo, até cerca de 1 m de altura.
Realizaram-se um conjunto de medidas de forma a caracterizar
as condições higrotérmicas da ambiência e a temperatura e o
teor de humidade superficial das paredes.
As paredes encontravam-se parcialmente enterradas,
existindo uma diferença de cerca de um metro entre o terreno
que confinava as paredes da Capela-mor e o pavimento
interior.
Verificou-se que o interior da Capela-mor apresentava uma
humidade relativa elevada e que a ventilação era insuficiente.
HR [%]
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
100
80
60
40
20
0
0
50
100
150
200
250
300
Tempo [h]
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas existentes nas paredes surgiram devido ao
fenómeno de ascensão capilar e migração da humidade
proveniente do terreno, associados à dificuldade de secagem
dos elementos construtivos em contacto com o terreno.
O tratamento de paredes com problemas de humidade
ascensional e consequente eliminação das manchas observadas
poderá passar pela ventilação da base das paredes, pela
execução de corte hídrico ou pela ocultação de anomalias.
A migração da humidade ocorre quando as paredes estão em
contacto com água ou com solo húmido, sempre que os
materiais constituintes apresentam elevada capilaridade e
quando não existe um corte hídrico.
No caso em estudo, a opção mais adequada seria a criação de
um sistema de ventilação na base das paredes constituído por
um canal exterior ventilado naturalmente, de forma a
possibilitar a secagem da parede. O canal deveria possuir
inferiormente uma caleira de drenagem das águas infiltradas e
superiormente ser coberto, mas ventilado.
O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de
concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar
(Ca’):
g = β (Cs’-Ca’)
[kg/(m2·s)]
Nas construções históricas não há grande diferença entre a
temperatura do ar interior e a superfície interior da parede,
pelo que, quando a humidade relativa é elevada, a diferença
de concentração tende para zero, bem como o fluxo de
secagem.
No interior da parede deveria ser criado um sistema de
ventilação constituído por manilhas de betão associadas a um
dispositivo de ventilação mecânica higro-regulável.
Grelha de ventilação
Caixa de ventilação
Canal de ventilação
pré-fabricado
[104]
132
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
07. PAREDE INTERIOR
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
133
Parede Interior – Humidade Ascensional
FICHA
07.1
MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES INTERIORES EM GRANITO,
REBOCADAS E PINTADAS, DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAREDE INTERIOR, GRANITO, MANCHAS DE HUMIDADE , HUMIDADE ASCENSIONAL,
VENTILAÇÃO DA BASE DAS PAREDES, CORTE HÍDRICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento das paredes divisórias interiores de um
edifício de serviços apresentava manchas de humidade ao
nível da base.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
parede, tendo-se verificado que era em alvenaria de granito,
sendo a superfície rebocada e pintada.
Os rodapés em madeira adjacentes apresentavam-se também
degradados.
Efectuaram-se um conjunto de medidas para caracterizar as
condições higrotérmicas da ambiência (a temperatura e o teor
de humidade superficial da parede e do rodapé em madeira).
Verificou-se que a base da parede, junto ao rodapé,
apresentava um teor de humidade elevado.
O edifício possuía um sistema de aquecimento central com
funcionamento a temperatura variável, sendo a temperatura de
21ºC durante o dia e de 19ºC, durante a noite.
Temperatura
superficial (ºC)
17.1
170
171
18.2
129
Teor de humidade
da madeira (%)
142
137
14
12
151
18
136
12
11
Reboco:
130 – “Húmido”
180 – “Seco”
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade que surgiram na base da parede
resultaram do fenómeno de ascensão capilar.
De forma a minorar o problema observado seria necessária a
seguinte intervenção:
A humidade ascensional manifesta-se quando as paredes
estão em contacto com a água ou com o solo húmido,
sempre que os materiais constituintes apresentam elevada
capilaridade e quando não existe um corte hídrico. A
ascensão capilar progride até que se verifique o equilíbrio
entre a evaporação e a capilaridade.
− Execução de um corte hídrico na base da parede, de forma
a impedir a ascensão de água, por exemplo, através da
injecção de produtos hidrófugos ou tápa-poros;
O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de
concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar
(Ca’):
− Criação de um sistema de ventilação da base da parede
constituído por tubos perfurados (por exemplo manilhas
de betão) associados a um dispositivo de ventilação
mecânica higroregulável.
g = β (Cs’-Ca’) [kg/(m2·s)]
A inexistência de um corte hídrico adequado terá sido a causa
fundamental do problema.
Difusão do produto
impermeabilizante
dentro do muro
[104]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
135
08. PAVIMENTO TÉRREO
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
137
Pavimento Térreo – Condensações Internas
FICHA
08.1
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO À BASE DE PVC DO PISO DE
UM PAVILHÃO GIMNODESPORTIVO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO TÉRREO, REVESTIMENTO À BASE DE PVC, DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO,
CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento à base de PVC do piso térreo de um pavilhão
gimnodesportivo apresentava-se descolado e levantado,
particularmente na zona das juntas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento, tendo-se verificado que o revestimento se
encontrava colado directamente sobre a camada de suporte,
em betão. Tratava-se de um pavimento térreo constituído por
caixa de brita, camada de suporte em betão e revestimento à
base de PVC colado.
Após o levantamento do revestimento na zona de uma junta,
detectou-se uma forte humidificação na interface de colagem
e a degradação da cola.
Foi efectuada uma carotagem a seco na camada de suporte do
revestimento e procedeu-se à determinação do perfil de teor
de humidade, tendo-se verificado que o betão se encontrava
com o teor de humidade mais elevado à superfície que em
profundidade.
Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma
caracterizar as condições higrotérmicas, nomeadamente,
humidade relativa na interface de colagem do revestimento,
temperatura das várias interfaces do pavimento térreo e
temperatura interior e a humidade relativa da ambiência.
a
a
a
a
Teor de Humidade - w das amostras
0,072
0,037
0,022
w [kg/kg]
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Profundidade [cm]
0,082
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento do revestimento à base de PVC deveu-se à
ocorrência de condensações internas na interface de colagem
do revestimento, causadas pela ausência de um pára-vapor
eficaz e pelas flutuações das condições higrotérmicas do
ambiente interior do pavilhão.
A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção (A):
Como o revestimento à base de PVC do pavimento era muito
pouco permeável ao vapor de água, funcionou como um
pára-vapor colocado na zona fria do elemento construtivo,
durante a noite, quando a temperatura do solo era superior à
do ambiente interior.
A condensação do vapor de água deu-se na interface de
colagem do revestimento do pavimento, originando a
degradação da cola e o levantamento das zonas mais frágeis
(juntas).
Em alternativa, poderia substituir-se o revestimento à base de
PVC por um revestimento com um sistema de fixação não
“sensível” à água (B).
A
Noite ≅ 6 ºC
13 ºC
− Remoção do revestimento à base de PVC;
− Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m;
− Regularização do suporte;
− Aplicação de uma barreira pára-vapor com permeância –
Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa);
− Colocação de um filme de polietileno de protecção;
− Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada;
− Colagem do revestimento à base de PVC.
Revestimento à base
de PVC
Cola
Camada de suporte
(Betão)
B
Barreira
pára-vapor
Revestimento e
sistema de
fixação não
“sensível” à
água
Filme de polietileno
Caixa de brita
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
139
Pavimento Térreo – Condensações Internas
FICHA
08.2
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO
TÉRREO DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO TÉRREO, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS,
BARREIRA PÁRA-VAPOR
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira (soalho) do pavimento térreo de
uma habitação encontrava-se degradado, apresentando:
Procedeu-se à desmontagem do revestimento, tendo-se
observado que as réguas de madeira se encontravam fixas a
ripas de madeira. A caixa de ar encontrava-se parcialmente
preenchida com granulado leve.
−
−
−
Deformação e descolamento das réguas;
Apodrecimento da madeira;
Aparecimento de manchas de cor mais escura na zona da
fixação das réguas.
Foram medidas as condições higrotérmicas da ambiência, a
temperatura e o teor de humidade das interfaces do pavimento
em madeira tendo-se verificado que:
−
As ripas de fixação das réguas de madeira apresentavam
um elevado teor de humidade;
− A temperatura do piso térreo encontrava-se estável;
− A temperatura do revestimento e da caixa de ar variava de
forma sinusoidal.
A habitação dispunha de um sistema de aquecimento central
que funcionava de forma intermitente.
21,0
1
T(ºC)
20,0
3
19,0
18,0
5
2
44
Termopares
Sonda - HR
1
3
2
4
Revestimento em
madeira
Ripas
5
Camada de suporte
(betão)
17,0
Tempo (dias)
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do revestimento em madeira (soalho) deveu-se
ao elevado teor de humidade encontrado no pavimento,
devido à ocorrência de condensações internas.
A correcção da patologia implicaria a seguinte intervenção:
As condensações tiveram origem:
−
−
−
Na ausência de um pára-vapor eficaz, o que permitiu a
difusão de vapor do pavimento térreo para a caixa de ar;
Na não ventilação da caixa de ar;
No aquecimento intermitente dos compartimentos.
Com aquecimento
−
−
−
−
−
−
−
−
Desmontagem do revestimento em madeira (soalho);
Picagem da camada de suporte em cerca de 0,06 m;
Regularização do suporte;
Aplicação de uma barreira impermeável ao vapor e à água
líquida;
Colocação de um filme de polietileno de protecção;
Execução de uma lajeta de betão (e > 0,05 m), armada;
Aplicação das ripas de suporte;
Aplicação do revestimento em madeira (soalho).
Sem aquecimento
Barreira pára-vapor/
impermeabilização
140
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Pavimento Térreo – Condensações Internas
FICHA
08.3
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO
TÉRREO DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO TÉRREO, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS,
BARREIRA PÁRA-VAPOR, VENTILAÇÃO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira do pavimento térreo de um
edifício de serviços apresentava-se degradado, nas zonas
sobre a calha técnica periférica.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento em zona corrente e ao nível da calha técnica,
tendo-se verificado que a betonilha da base da calha não se
encontrava impermeabilizada.
Observou-se o apodrecimento da madeira.
Procedeu-se à medição das condições higrotérmicas da
ambiência e da temperatura e do teor de humidade das
interfaces do pavimento, tendo-se verificado que a humidade
relativa no interior da calha técnica periférica era elevada.
O edifício era dotado de um sistema de aquecimento que
funcionava de forma intermitente.
Calha
Técnica
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do revestimento em madeira do pavimento,
sobre a calha técnica, deveu-se à condensação na face inferior
das réguas, resultante da humidade proveniente da ascensão
capilar através das paredes e da base da calha.
O revestimento em madeira teria de ser removido para se
proceder à impermeabilização do interior da calha técnica,
através da aplicação, por exemplo, de uma emulsão
betuminosa, a frio.
Tendo em atenção o aquecimento intermitente, a temperatura
no interior dos compartimentos atingia valores inferiores à do
solo que, devido à sua elevada inércia térmica, se mantinha
sensivelmente constante.
A impermeabilização/barreira pára-vapor deveria apresentar
uma permeância – Wp inferior a 2x1012 kg/(m2.s.Pa).
A ventilação da calha técnica através da aplicação de grelhas
pontuais no soalho seria também vantajosa.
Gerou-se assim um fluxo ascendente de vapor de água que,
ao encontrar uma superfície a uma temperatura mais baixa
(face inferior do revestimento do pavimento), condensou. A
ausência de ventilação agravou o problema.
A deposição da humidade de condensação permitiu criar
condições para a degradação da madeira. A descontinuidade
da impermeabilização do pavimento térreo, ao longo da calha
técnica, é a causa fundamental do problema.
Grelha de
ventilação
Calha
Técnica
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Impermeabilização/
Barreira pára-vapor
141
Pavimento Térreo – Humidade Ascensional
FICHA
08.4
MANCHAS DE HUMIDADE NO PAVIMENTO TÉRREO EM LAJEADO DE
GRANITO DE UMA IGREJA
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO TÉRREO, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO, HUMIDADE ASCENSIONAL,
DRENAGEM PERIFÉRICA, NÍVEL FREÁTICO, IMPERMEABILIZAÇÃO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O lajeado em granito do pavimento térreo da capela-mor e
das capelas laterais de uma Igreja apresentava manchas de
humidade, encontrando-se completamente saturado nalgumas
áreas.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento, tendo-se verificado que o lajeado de granito foi
assente sobre uma camada de areia. Verificou-se, também, a
inexistência de um sistema de drenagem de águas freáticas do
pavimento.
Efectuaram-se um conjunto de medidas de forma a
caracterizar as condições higrotérmicas da ambiência, a
temperatura e o teor de humidade superficial dos pavimentos.
Verificou-se que o interior da Igreja apresentava uma
humidade relativa muito elevada e que a ventilação era
insuficiente.
Procedeu-se à medição do nível freático com piezómetros
entre Julho e Dezembro.
Medição do nível piezométrico entre Julho e Dezembro de 2002
(m)
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
P.Z.1 - 09h00
2,40
P.Z.1 - 13h00
2,50
P.Z.1 - 17h00
2,60
2,70
P.Z.2 - 09h00
2,80
P.Z.2 - 13h00
2,90
P.Z.2 - 17h00
3,00
3,10
17-7-02
29-7-02
10-8-02
22-8-02
3-9-02
15-9-02
27-9-02
9-10-02
21-10-02
2-11-02
14-11-02
26-11-02
8-12-02
20-12-02
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas existentes no pavimento surgiram devido à
humidade ascensional associada à dificuldade de secagem dos
elementos construtivos em contacto com o terreno.
De forma a minorar o aparecimento de manchas de humidade
devido à humidade ascensional, teria de ser criado um sistema
de drenagem de águas pluviais e freáticas adequado.
A humidade ascensional manifesta-se quando os elementos
estão em contacto com água ou com solo húmido, sempre
que os materiais constituintes apresentam elevada
capilaridade e quando não existe um corte hídrico. A
ascensão capilar progride até que se verifique o equilíbrio
entre a evaporação e a capilaridade.
Deveria, sobretudo, ser aplicado um sistema
impermeabilização, antes da recolocação do lajeado.
de
O fluxo de secagem (g) depende do gradiente de
concentração do vapor da superfície da parede (Cs’) e do ar
(Ca’):
g = β (Cs’-Ca’) [kg/(m2·s)]
Na situação em análise verificou-se que as condições de
evaporação eram desfavoráveis devido à elevada humidade
relativa e à insuficiente ventilação no interior da Igreja.
Lajeado de granito
Caixa de areia
Impermeabilização
[104]
142
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
09. PAVIMENTO INTERMÉDIO
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
143
Pavimento Intermédio – Condensações Internas
FICHA
09.1
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO À BASE DE RESINAS EPÓXIDAS
DO PAVIMENTO DE UM LABORATÓRIO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO INTERMÉDIO, REVESTIMENTO À BASE DE RESINAS EPÓXIDAS, DEGRADAÇÃO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento à base de resinas epóxidas do pavimento do
1º andar de um laboratório apresentava deformações
constituídas por “bolhas” que se encontravam preenchidas
com água.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento, tendo-se verificado que o revestimento à base de
resinas epóxidas era constituído por duas camadas, aplicadas
sobre uma camada de regularização, em betonilha.
Foi observada uma maior incidência na área sobre a zona
técnica, onde se localizava a casa das máquinas.
A camada base (primário) era permeável ao vapor e
impermeável à água líquida, enquanto que a camada de
acabamento era impermeável ao vapor e à água líquida.
Procedeu-se à recolha de amostras e à medição do teor de
humidade do betão celular e da camada de argamassa, tendo-se
verificado que ambos apresentavam um teor de humidade
próximo do equilíbrio higroscópico.
Foi feita a medição da temperatura e da humidade relativa do
interior do laboratório e da zona técnica (piso inferior), bem
como da temperatura na laje.
O edifício era dotado de um sistema de aquecimento central
que funcionava durante os dias úteis das 8 às 18 horas.
Revestimento à base
de resinas epóxidas
Camada de
regularização
Camada forma
(betão celular)
Laje de betão
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A formação de “bolhas” deveu-se à ocorrência de
condensação entre as duas camadas que constituíam o
revestimento à base de resinas epóxidas do pavimento.
O revestimento existente teria de ser substituído.
No Inverno, a temperatura e a humidade variavam
significativamente entre o dia e a noite no interior do edifício,
devido ao aquecimento intermitente, enquanto que no
interior do pavimento se mantinham constantes, gerando-se
fluxos de vapor de água ascendentes.
O revestimento do pavimento funcionava como um páravapor colocado na “face fria" do pavimento (durante a noite).
As condensações ocorriam entre a camada de base e a
camada de acabamento do revestimento.
A aplicação de novo revestimento com características análogas
ao existente seria possível, desde que fosse garantido o
aquecimento contínuo do laboratório ou aplicada uma barreira
pára-vapor com permeância – Wp inferior a
2x1012 kg/(m2.s.Pa) sobre a camada de forma, o que obrigaria
à picagem parcial da betonilha e à realização de nova camada
de regularização (A).
Em alternativa, poderia optar-se por substituir o revestimento
existente por um revestimento permeável ao vapor, por
exemplo, do tipo ladrilhos cerâmicos (B).
O crescimento das “bolhas” resultou de uma acumulação
contínua de água condensada que não se podia redistribuir.
Numa primeira fase, o processo de secagem do betão celular
contribuiu para o processo de difusão.
Dia
24 ºC
Noite
15 ºC
Revestimento à base de
resinas epóxidas
B
A
Camada de regularização
20 ºC
20 ºC
Camada forma
(betão celular)
Barreira
pára-vapor
Ladrilhos
cerâmicos
Laje de betão
28 ºC
12 ºC
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
145
Pavimento Intermédio – Condensações Internas
FICHA
09.2
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS VINÍLICOS DE
CORTIÇA DO PAVIMENTO DO 1º ANDAR DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO INTERMÉDIO, LADRILHOS VINÍLICOS DE CORTIÇA, DESCOLAMENTO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, BARREIRA PÁRA-VAPOR
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos vinílicos sobre suporte de
aglomerado de cortiça do pavimento do 1º andar, de um
edifício de serviços, apresentava-se descolado de uma forma
generalizada.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento, tendo-se verificado que o revestimento terá sido
fixo sobre a camada de regularização com uma cola à base de
soluções aquosas de resinas acrílicas.
Observava-se o empolamento do centro do ladrilho e a sua
total descolagem.
Foram efectuados registos de temperatura e humidade relativa
no interior de diversos compartimentos e nos vários pisos.
As juntas apresentavam uma ligeira variação de tonalidade
associada ao aparecimento de humidade.
O edifício de serviços apresentava uma ocupação intermitente.
Quando se retiravam os ladrilhos eram visíveis gotículas de
humidade na zona de colagem.
Registou-se a situação do edifício desocupado, com o sistema
de aquecimento desligado, e também a situação de total
ocupação, com o sistema de aquecimento em pleno
funcionamento.
Foi também medida a temperatura e a humidade relativa na
cave.
Desocupado
Ocupado
20 ºC - 65%
10 ºC - 80%
Revestimento em
ladrilhos vinílicos
Cola
Camada de regularização
Camada de forma
(betão celular)
Laje de betão
14 ºC - 90%
14 ºC - 90%
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento do revestimento em ladrilhos vinílicos sobre
suporte de aglomerado de cortiça do pavimento deveu-se ao
aparecimento de humidade no plano de colagem, originada
pela ocorrência de condensações internas.
Para correcção da patologia teria de se proceder à substituição
do revestimento.
A transferência de humidade ocorreu por termomigração, da
zona quente para a zona fria, com condensação no plano de
colagem sob o revestimento do pavimento que funcionava
como um pára-vapor colocado na “face fria” do pavimento.
A aplicação de novo revestimento com características análogas
ao existente seria possível, desde que fosse aplicada uma
barreira pára-vapor com permeância – Wp inferior a
2x1012 kg/(m2.s.Pa) sobre a camada de suporte, o que
obrigaria à picagem da betonilha e à realização de nova
camada de regularização (A).
Esta situação ocorreu quando os compartimentos do piso
superior estavam mais frios do que a cave (edifício
desocupado).
Em alternativa, poderia optar-se por substituir o revestimento
existente por um revestimento permeável ao vapor, por
exemplo, do tipo ladrilhos cerâmicos (B).
Revestimento em
ladrilhos vinílicos
Cola
Camada de regularização
Camada de forma
(betão celular)
B
A
Barreira
pára-vapor
Ladrilhos
cerâmicos
Laje de betão
146
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Pavimento Intermédio – Condensações Internas
DESCOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO
ADJACENTE À FACHADA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO INTERMÉDIO, MADEIRA, ETICS, LADRILHOS CERÂMICOS, DESCOLAMENTO DO
REVESTIMENTO, CONDENSAÇÕES INTERNAS, PERFIL DE ARRANQUE
FICHA
09.3
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira do pavimento dos
compartimentos dos fogos do 1º piso de um edifício de
habitação apresentava-se levantado nas zonas junto à fachada,
revestida com um sistema de isolamento térmico pelo
exterior do tipo ETICS.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que era constituída por alvenaria
simples de tijolo vazado, revestida por um sistema de
isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS. Não foi
aplicado perfil de arranque do sistema.
Verificou-se que a anomalia só ocorria junto às fachadas onde
foi aplicado, até cerca de 1 m de altura, um revestimento em
ladrilhos cerâmicos sobre o ETICS.
Os ladrilhos cerâmicos foram colados directamente ao
isolamento, até cerca de 1 m de altura. Tratam-se elementos
não permeáveis ao vapor.
Foi medido o teor de humidade do revestimento em madeira,
junto à base das paredes, tendo-se verificado que era elevado
apenas nas zonas em que foi aplicado o revestimento cerâmico
sobre o ETICS.
Os restantes pavimentos não apresentavam problemas.
Sistema ETICS
Revestimento cerâmico
impermeável ao vapor
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do revestimento em madeira do pavimento
deveu-se à presença de água proveniente da migração de
humidade de condensação, gerada na interface entre o
revestimento cerâmico e o sistema de isolamento do tipo
ETICS da fachada.
Para correcção da patologia teria de se proceder à remoção do
revestimento em ladrilhos cerâmicos aplicado sobre o sistema
de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS.
A aplicação do perfil de arranque do sistema de isolamento
térmico seria também fundamental.
As condensações foram geradas pelas diferenças de vapor
resultantes do processo de secagem da alvenaria que estava
saturada quando foi aplicado o ETICS.
Refira-se que o revestimento cerâmico estava em perfeita
continuidade com o muro de suporte em betão, não tendo
sido aplicado o perfil de arranque do sistema ETICS.
Utilizando o método de GLASER, verificou-se que os fluxos
condensados eram superiores a 1 l/m2.
Sistema ETICS
Sistema ETICS
> 1 l/m2
ETICS
Revestimento cerâmico
impermeável ao vapor
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Revestimento
cerâmico
impermeável ao
vapor
Perfil de
arranque
147
Pavimento Intermédio – Expansão Higrotérmica
EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO EM LADRILHOS CERÂMICOS
DO PAVIMENTO DA SALA DO ÚLTIMO PISO DE UMA HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PAVIMENTO INTERMÉDIO, LADRILHOS CERÂMICOS, EMPOLAMENTO DO REVESTIMENTO,
FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO, EXPANSÃO HIGROTÉRMICA, JUNTAS
FICHA
09.4
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em ladrilhos cerâmicos do pavimento da sala
localizada no último piso de uma habitação unifamiliar
apresentava-se descolado, tendo corrido o empolamento
pontual do revestimento.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento tendo-se verificado que o revestimento constituído
por ladrilhos cerâmicos encontrava-se aplicado directamente
sobre a laje em betão, não existindo juntas de fraccionamento,
nem no contorno.
Os ladrilhos cerâmicos eram constituídos por barro vermelho.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O descolamento e empolamento do revestimento em
ladrilhos cerâmicos do pavimento da sala ocorreu devido à
franca expansão do material cerâmico de revestimento não
compensada pela existência de juntas de assentamento e de
fraccionamento com largura e espaçamento compatíveis.
O revestimento em ladrilhos cerâmicos do pavimento teria de
ser substituído por um revestimento cerâmico cuja expansão
devido ao efeito da humidade fosse inferior a 0,6 mm/m. O
período de tempo entre a sua produção e a aplicação deveria
ser superior a 2 meses.
As deformações de carácter higrotérmico do revestimento
devido às variações dimensionais quer pela acção da
temperatura, quer pela expansão irreversível resultante da
acção da humidade (água e/ou vapor de água) foram muito
significativas.
Na aplicação do novo revestimento deveriam ser criadas
juntas periféricas, na ligação do revestimento com o contorno,
e intermédias (> 4 x4 m2), devendo ser preenchidas com um
material flexível.
A espessura das juntas deveria ser definida em função das
características do material de revestimento, devendo
preferencialmente ser especificada pelo Fabricante.
> 10 mm
Material flexível e de
preenchimento
148
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
10. PAVIMENTO SOBRE ESPAÇO EXTERIOR
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
149
Pavimento Sobre Espaço Exterior – Condensações Superficiais
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO PAVIMENTO
SOBRE O EXTERIOR DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
10.1
PAVIMENTO SOBRE ESPAÇO EXTERIOR, MADEIRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO,
CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, ISOLAMENTO TÉRMICO , VENTILAÇÃO, AQUECIMENTO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira do pavimento dos
compartimentos das habitações de um edifício apresentava
um comportamento deficiente, apenas nas zonas sobre o
espaço exterior (corpo em consola), tendo-se observado o
aparecimento de gotículas de água sobre o verniz.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração do
pavimento sobre o exterior, tendo-se verificado que o
revestimento em madeira foi colado sobre a camada de forma
em betão leve.
As habitações não dispunham de um sistema de ventilação
permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão
mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias.
Efectuou-se a medição da temperatura e humidade relativa do
ar e do caudal de ventilação dos compartimentos das
habitações em análise.
Verificou-se que a ventilação era insuficiente (inferior a 0,3
renovações por hora), bem como não havia um aquecimento
adequado das habitações.
O coeficiente de transmissão térmica do pavimento – K era
elevado, sendo superior ao máximo imposto pelo RCCTE.
Revestimento em madeira
Camada de forma
Laje
Revestimento exterior
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação do revestimento em madeira do pavimento
sobre o espaço exterior resultou do fenómeno de
condensações superficiais que ocorreu no pavimento, devido,
principalmente, à ausência de isolamento térmico e à
ventilação insuficiente das habitações.
A minimização do problema observado no pavimento sobre o
espaço exterior, resultante do fenómeno de condensações
superficiais, passaria pelo isolamento térmico do pavimento.
Na envolvente das habitações, este fenómeno ocorre quando
se verificam uma ou mais das seguintes condições:
− Ausência de aquecimento do ambiente interior ou
aquecimento insuficiente e intermitente;
− Deficiente isolamento térmico do pavimento;
− Produção de vapor de água no interior da
habitação/compartimento significativa;
− Ventilação insuficiente.
Ti=18ºC
HR=75%
A’
Poderia optar-se pela aplicação de um sistema de isolamento
térmico pelo exterior, do tipo ETICS, sob o pavimento (ver
figura).
A criação de um sistema de ventilação geral e permanente e o
reforço do aquecimento melhoraria o conforto das habitações
em termos higrotérmicos.
O aquecimento do interior da habitação deveria garantir uma
temperatura superior a 18 ºC.
Tsi<Tpo
A
Isolamento
térmico
Ti<4ºC
Tpo
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
151
11. VÃO ENVIDRAÇADO
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
153
Vão Envidraçado – Deficiente Configuração dos Peitoris
FICHA
11.1
MANCHAS DE SUJIDADE NA FACHADA SOB OS PEITORIS DE UM
EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, MANCHAS NO REVESTIMENTO, ESCORRÊNCIAS, DEFICIENTE
CONFIGURAÇÃO DOS PEITORIS
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em monomassa das fachadas de um edifício
de serviços apresentava manchas de sujidade associadas a
escorrências nas zonas da fachada sob os peitoris dos vãos
exteriores.
Procedeu-se à análise da configuração dos peitoris, tendo-se
observado que não apresentavam inclinação para o exterior,
sendo praticamente horizontais.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As escorrências/manchas de sujidade observadas na fachada
sob os peitoris resultaram da acumulação de partículas nas
superfícies horizontais, transportadas pela água para as
fachadas.
Para evitar o aparecimento de novas escorrências sob os
peitoris, seria necessário aplicar elementos com configuração
adequada, o que implicaria o ajuste da caixilharia adjacente,
sendo uma operação de grande complexidade.
A configuração do peitoril, nomeadamente, a inexistência de
uma inclinação para o exterior e a ausência de pingadeira
agravaram o aparecimento de “bigodes” na fachada.
Em alternativa, seria aceitável a aplicação de um rufo em zinco
sob o peitoril com configuração adequada.
Os peitoris não apresentavam também pingadeira exterior que
permitisse o afastamento da água.
Note-se que todas as superfícies horizontais (ou com
pequena inclinação) têm tendência para acumular lixo que
será posteriormente arrastado pelas águas das chuvas.
Alem da geometria inadequada do peitoril, o facto de
apresentar um revestimento em monomassa, com grande
capacidade de absorção e porosidade excessiva, agravou a
acumulação de sujidades e o aparecimento de manchas.
≥ 1,5 cm
≥ 1,5 cm
l
h ≥ 25 mm
l ≥ 25 mm
h
[96]
α
tgα ≥ 0,10
[35]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
155
Vão Envidraçado – Envelhecimento dos Materiais
FICHA
11.2
DEGRADAÇÃO DOS PEITORIS EM PEDRA CALCÁRIA DOS VÃOS DE UM
EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, DEGRADAÇÃO, ENVELHECIMENTO DOS MATERIAIS,
PROTECÇÃO METÁLICA, REVESTIMENTO CONTÍNUO À BASE DE RESINA DE POLIURETANO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
Os peitoris em pedra calcária dos vãos de um edifício de
habitação colectiva, com cerca de 30 anos, apresentavam um
aspecto degradado, tendo-se verificado a alteração da
superfície e microfissuras.
Procedeu-se à verificação da estabilidade dos peitoris, tendo-se
constatado que não se encontravam dessolidarizados do
suporte.
Foram efectuadas sondagens sob o peitoril e na ombreira que
permitiram constatar que a forma do peitoril e que a ligação da
caixilharia com o peitoril apresentavam uma configuração
considerada satisfatória.
h
l
α
h ≥ 25mm
≥ 1,5 cm
≥ 1,5 cm
l ≥ 25mm
tg α ≥ 0,10
[35]
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação dos peitoris em pedra calcária deveu-se ao
deficiente comportamento destes elementos face às
solicitações de carácter higrotérmico.
Para tratamento da patologia seria necessário proceder à
substituição do peitoril. No entanto, esta operação criaria
alguns incómodos para os moradores, tendo em atenção que
obrigaria à remoção da caixilharia.
O envelhecimento prematuro da pedra calcária terá também
estado na origem do problema observado.
Não sendo possível a remoção do peitoril, existem soluções
alternativas que garantiam a estanquidade da ligação com a
fachada, sendo contudo modificado o aspecto estético inicial.
Seria vantajoso a aplicação de um revestimento contínuo à
base de resina de poliuretano, o que, para além de garantir a
estanquidade à água do peitoril, permitiria um remate
adequado com o contorno e melhoraria o aspecto estético. No
entanto, o aspecto inicial seria alterado.
Em alternativa, poderia também ser aplicada uma protecção
metálica superior, desde que compatível com a caixilharia.
Resinas à base de
poliuretano
Primário
Peitoril
156
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Vão Envidraçado – Infiltrações
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO EM MADEIRA DO CONTORNO
DOS VÃOS COM CAIXILHARIA EM ALUMÍNIO DE UM EDIFÍCIO
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, INFILTRAÇÕES,
CONFIGURAÇÃO DA OMBREIRA, CAIXILHARIA CLASSIFICADA
FICHA
11.3
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em madeira do contorno dos vãos de um
edifício de serviços, localizado junto ao mar, apresentava-se
degradado, sendo visíveis manchas de humidade nas
ombreiras, junto à ligação com o peitoril.
Procedeu-se à desmontagem de uma janela-tipo, de forma a
analisar a configuração e a fixação da caixilharia. Verificou-se
que a caixilharia se encontrava fixa mecanicamente à ombreira
de betão.
Os vãos envidraçados eram constituídos por caixilharia em
alumínio e vidros duplos incolores, sem protecção exterior.
O peitoril constituído por pedra calcária, não apresentava
projecção lateral.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação verificada no revestimento em madeira do
contorno dos vãos foi causada por infiltrações que ocorreram
devido à deficiente configuração da ligação da caixilharia e do
peitoril com a ombreira, nomeadamente, a inexistência de um
pré-aro que permitisse a conveniente masticagem, ou de um
redente na ombreira.
A resolução do problema seria muito complexa, sendo
necessário proceder à correcção da ligação da ombreira com a
caixilharia e com o peitoril, o que implicaria a substituição da
caixilharia.
A solução de caixilharia utilizada poderia, também, ter estado
na origem do problema observado, nomeadamente, o facto
de terem sido aplicadas janelas não classificadas, não sendo
possível verificar a sua adequabilidade à solicitação:
permeabilidade ao ar, permeabilidade à água e
deformabilidade ao vento.
Deveria ser aplicada uma caixilharia classificada, escolhida em
função da exposição e do desenvolvimento em altura da
fachada.
Seria também conveniente a substituição do peitoril por um
elemento com configuração adequada.
O facto de se tratar de um edifício com considerável
desenvolvimento em altura (17 pisos) e bastante exposto
exigia um dimensionamento rigoroso da caixilharia.
[37]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
[35]
157
Vão Envidraçado – Infiltrações
FICHA
11.4
MANCHAS DE HUMIDADE E DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO DAS
PAREDES SOB OS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, PEITORIS, “PASTILHA” CERÂMICA, MANCHAS DE HUMIDADE,
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, INFILTRAÇÕES
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento das paredes, sob os vãos de um edifício de
habitação, apresentava manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração dos
peitoris, tendo-se verificado que apresentavam um
revestimento em “pastilha” cerâmica, aplicado sobre o reboco
da fachada, à base de ligantes hidráulicos.
Os peitoris apresentavam um revestimento em “pastilha”
cerâmica.
Os vãos eram constituídos por caixilharia em alumínio, tendo
sido aplicado vidro simples.
Procedeu-se à medição do teor de humidade das paredes sob
os vãos, tendo-se verificado que apresentavam um teor de
humidade elevado.
“Pastilha” cerâmica
Reboco
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas nas paredes sob os vãos
deveram-se a infiltrações que ocorreram através dos peitoris e
da ligação com a envolvente, resultantes:
Para resolver as infiltrações observadas, seria necessário
proceder à aplicação de um peitoril em pedra, com
configuração adequada, o que obrigaria à remoção e ajuste da
caixilharia.
− Da deficiente configuração dos peitoris, salientando-se, a
planeza do peitoril, que dificultava o escoamento e
propiciava infiltrações;
− Da fissuração do suporte, face à deformabilidade da
alvenaria (corpo em consola) e às solicitações de carácter
higrotérmico;
− Da deficiente impermeabilização da ligação do peitoril
com a fachada.
A envolvente do vão deveria ser impermeabilizada com
argamassa à base de polímeros.
A ligação caixilharia/fachada teria de ser convenientemente
masticada.
Caso não fosse viável a remoção da caixilharia, pelo custo e
incómodo que iria gerar aos moradores, para minimizar o
problema, teria de se proceder à remoção e recolocação da
“pastilha” cerâmica do contorno dos vãos, após a aplicação de
um barramento com argamassa à base de polímeros, bem
como à masticagem da caixilharia.
h
l
α
h ≥ 25 mm
≥ 1,5 cm
≥ 1,5 cm
158
l ≥ 25 mm
tgα ≥ 0,10
[35]
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Vão Envidraçado – Infiltrações
FICHA
11.5
MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES ADJACENTES ÀS
OMBREIRAS DOS VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, TIJOLO “FACE À VISTA”, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES,
BARREIRA DE ESTANQUIDADE, CONFIGURAÇÃO DA OMBREIRA
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
As paredes adjacentes às ombreiras dos vãos de um edifício
de habitação apresentavam manchas de humidade,
encontrando-se o revestimento degradado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada, tendo-se verificado que:
O pano exterior da parede era constituído por tijolo “face à
vista”.
− Era constituída por parede dupla, sendo o pano exterior
em tijolo “face à vista” e o pano interior em blocos à base
de gesso;
− Na caixa de ar não foi aplicado isolamento térmico.
Procedeu-se à desmontagem de uma janela-tipo, de forma a
analisar a configuração da ombreira, tendo-se verificado que o
tijolo “face à vista“ dobrou nesta zona existindo uma
argamassa de separação entre o pano interior e exterior da
fachada.
A caixilharia, em alumínio, com vidro simples, foi aplicada
directamente sobre o pano exterior em tijolo “face à vista”.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade do revestimento interior da
fachada, adjacente à ombreira dos vãos, resultaram de
infiltrações que ocorreram devido:
A minimização do problema observado passaria pela criação
de uma barreira de estanquidade na ombreira, entre o pano
exterior e o pano interior, o que implicaria a remoção e ajuste
da caixilharia.
− À aplicação da caixilharia sobre o pano de tijolo “face à
vista”, não existindo uma barreira hídrica contínua de
separação entre o pano exterior e o pano interior da
fachada;
A conveniente masticagem da ligação da caixilharia com o
contorno seria também fundamental.
− À configuração da ombreira;
− Às características do tijolo de “face à vista” que sendo um
material capilar, absorve a água da chuva incidente, o que
adicionado ao facto das juntas não terem sido refechadas,
fez com que facilmente a água atinjisse a face interior do
paramento de tijolo.
Barreira de
estanquidade
Bloco à base de
gesso
Tijolo “face à
vista”
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Bloco à base de
gesso
Tijolo “face à
vista”
159
Vão Envidraçado – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES SOB OS VÃOS COM
CAIXILHARIA EM MADEIRA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, CAIXILHARIA EM MADEIRA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES,
BARREIRA DE ESTANQUIDADE
FICHA
11.6
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento da parede sob os vãos de um edifício de
serviços apresentava-se degradado, sendo visíveis manchas de
humidade.
Foi efectuada a inspecção visual da caixilharia e a apreciação
dos elementos desenhados disponíveis, de forma a analisar a
configuração da caixilharia, tendo-se constatado que:
Os vãos apresentavam caixilharia em madeira.
− A caixilharia, o peitoril e as portadas interiores dos vãos
eram em madeira pintada;
− As janelas apresentavam duas folhas de batente e uma
bandeira superior fixa com vidros simples incolores, com
protecção interior;
− A barreira de estanquidade ao ar ao nível do peitoril era
exterior ao dispositivo de recolha de água.
Barreira de
estanquidade ao ar
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade observadas no revestimento da
superfície interior das paredes sob os vãos deveram-se a
infiltrações resultantes:
De forma a resolver o problema observado, seria necessário
proceder à substituição da caixilharia por uma caixilharia
classificada, convenientemente dimensionada em função da
exposição da fachada.
− Da utilização de janelas não classificadas, não sendo
possível verificar a sua adequabilidade às solicitações:
permeabilidade ao ar, à água e deformabilidade ao vento;
− Da configuração da própria caixilharia, nomeadamente,
no que se refere à configuração e ao posicionamento da
barreira de estanquidade ao ar, que deveria estar localizada
preferencialmente pelo interior.
Barreira de
estanquidade ao ar
Equilíbrio de pressões
Caso não fosse possível esta intervenção, de forma a
minimizar o problema, seria necessário aplicar juntas em PVC
flexível ou neoprene no contorno das folhas da janela, de
forma a passar a barreira de estanquidade ao ar para o interior
do dispositivo de recolha de água (ver figura seguinte).
Barreira de
estanquidade ao ar
Barreira de
estanquidade ao ar
160
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Vão Envidraçado – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NAS PAREDES AO NÍVEL DA PADIEIRA DOS
VÃOS DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
VÃO ENVIDRAÇADO, PADIEIRA, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, FISSURAS,
ESTABILIDADE, IMPERMEABILIZAÇÃO
FICHA
11.7
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A superfície interior das paredes ao nível da padieira dos vãos
envidraçados de um edifício de habitação apresentava
manchas de humidade.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
fachada e da padieira, tendo-se verificado que:
− A fachada era constituída por parede dupla, sendo o pano
exterior em tijolo “face à vista”;
− Os vãos envidraçados eram constituídos por caixilharia em
alumínio e vidros duplos incolores, com protecção interior;
− Na padieira foi aplicado um elemento de betão de pequena
espessura, moldado em obra. Após a betonagem deste
elemento foi colocado o pano interior de tijolo vazado;
− A superfície exterior do elemento de betão da padieira foi
revestida com capa de tijolo “face à vista” (ver figura).
Fixação do elemento préfabricado
Capa em “tijolo face à vista”
Elemento pré-fabricado em
betão
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade verificadas nas paredes, ao nível da
padieira dos vãos envidraçados, deveram-se a infiltrações.
Para tratamento da patologia seria necessário reforçar a fixação
da padieira ao topo da laje, garantindo a estabilidade deste
elemento, o que obrigaria a uma intervenção complexa que
implicaria a desmontagem do pano exterior da fachada em
tijolo “face à vista”.
A instabilidade da solução adoptada para a padieira,
nomeadamente esbelteza do elemento de betão aplicado e a
forma como foi realizada a sua fixação à laje do piso superior
gerou fissuração e permitiu infiltrações.
A impermeabilização da superfície do pano interior da parede
seria também fundamental.
Reforço da
estabilidade
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Impermeabilização
161
12. PLATIBANDA
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
163
Platibanda – Deficiente Configuração e Aplicação do Capeamento
DESTACAMENTO DO CAPEAMENTO METÁLICO DA PLATIBANDA DE
UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
PLATIBANDA, CAPEAMENTO METÁLICO, DESTACAMENTO DO CAPEAMENTO, DEFICIENTE
CONFIGURAÇÃO E APLICAÇÃO DO CAPEAMENTO, FIXAÇÃO DO CAPEAMENTO
FICHA
12.1
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O capeamento metálico da platibanda de um edifício de
serviços apresentava-se degradado, tendo ocorrido o seu
destacamento.
Efectuou-se a inspecção visual de forma a analisar a
configuração do capeamento, tendo-se observado que se
encontrava fixo mecanicamente ao suporte, sendo constituído
por chapa zincada.
Não se observaram juntas de dilatação do capeamento.
Realizaram-se sondagens para análise da configuração da
platibanda, tendo-se verificado que era em alvenaria de tijolo
vazado (0,15 m), rebocada e pintada.
O bordo superior não apresentava qualquer inclinação, sendo
o capeamento praticamente horizontal.
Capeamento
Betão
Tijolo vazado
Reboco
Pintura
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O destacamento do capeamento metálico da platibanda
deveram-se ao envelhecimento prematuro dos materiais e à
deficiente configuração e aplicação do capeamento,
salientando-se a fixação directa ao suporte da chapa zincada e
a inexistência de juntas de dilatação convenientemente
tratadas.
O capeamento metálico da platibanda deveria ser substituído
por um capeamento em zinco, devendo ter-se em atenção os
seguintes aspectos:
Refira-se ainda que o capeamento não apresentava inclinação,
sendo praticamente horizontal.
− O zinco a utilizar deveria apresentar uma espessura de 0,65
a 0,80 mm (zinco n.º 12 a n.º 14), de acordo com o seu
maior ou menor desenvolvimento;
− Deveria ser fixo por “clipagem”, devendo apresentar uma
inclinação mínima de 5% para o lado interior, de forma a
evitar-se a escorrência de água pelas fachadas;
− Atendendo à forte dilatação linear do zinco, deveriam ser
previstas juntas de dilatação, espaçadas no máximo de
8,0 m.
De preferência, por questões de durabilidade, deveria ser
aplicado um revestimento em zinco associado a uma estrutura
ventilada e a isolamento térmico na superfície interior da
platibanda.
Revestimento em zinco
Capeamento
em zinco
Espaço de ar
Isolamento Térmico
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
165
Platibanda – Deficiente Configuração e Aplicação do Capeamento
DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO SOB O CAPEAMENTO EM PEDRA
DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PLATIBANDA, CAPEAMENTO EM PEDRA, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO, DEFICIENTE
CONFIGURAÇÃO E APLICAÇÃO DO CAPEAMENTO
FICHA
12.2
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento em pintura da platibanda de um edifício de
habitação encontrava-se degradado, tendo ocorrido
pontualmente o seu destacamento, sob o capeamento em
pedra.
Foi efectuada a inspecção visual de forma a analisar a
configuração do capeamento em pedra, tendo-se observado
que se encontrava aplicado com cimento-cola sobre o reboco
à base de ligantes hidráulicos da platibanda.
O capeamento não apresentava inclinação, sendo praticamente
horizontal. As juntas entre as placas de pedra encontravam-se
abertas.
Realizaram-se sondagens para análise da configuração da
platibanda, tendo-se verificado que era em alvenaria de tijolo
vazado, com 0,20 m de espessura, tendo sido rebocada e
pintada.
Capeamento em pedra
Pintura
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
O empolamento e o destacamento da pintura exterior da
platibanda deveu-se a infiltrações que ocorreram sob a
película de tinta, através do capeamento em pedra, e que
resultaram da deficiente configuração e aplicação destes
elementos, nomeadamente:
Para tratamento da patologia seria necessário proceder à
correcção do capeamento em pedra da platibanda, de acordo
com o seguinte princípio:
− Inexistência de uma inclinação, sendo o capeamento
praticamente horizontal;
− Elevada porosidade do reboco e do cimento-cola;
− Configuração do reboco, no que se refere à garantia de
estanquidade;
− O facto das juntas entre placas se encontrarem abertas.
− Remoção do capeamento e do revestimento em tinta
existente;
− Correcção do bordo superior da platibanda, criando uma
pendente para o interior, com cerca de 5% de inclinação;
− Impermeabilização do suporte com argamassa à base de
polímeros, armada;
− Aplicação de nova pedra com pingadeiras laterais
convenientemnte dimensionadas;
− Pintura da superficie vertical da platibanda.
A migração da água através do cimento-cola e da argamassa
do reboco e a permeabilidade ao vapor da pintura terão sido
as principais causas do problema.
5%
Capeamento em pedra
Argamassa com polímeros
Rede de fibra de vidro
Pintura
166
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Platibanda – Instabilidade e Expansão Higrotérmica
FISSURAÇÃO DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE SERVIÇOS
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
12.3
PLATIBANDA, TIJOLO VAZADO, BETÃO, INSTABILIDADE E EXPANSÃO HIGROTÉRMICA,
FISSURAÇÃO DA ALVENARIA, REBOCO ARMADO, RPE
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A platibanda de um edifício de serviços apresentava-se
fissurada, sensivelmente a meio da espessura e junto à base.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
platibanda, tendo-se verificado que era constituída por uma
parede de betão armado (0,10 m) e por alvenaria de tijolo
vazado (0,07 m), aplicada como cofragem antes da betonagem.
A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com
ladrilhos cerâmicos.
A superfície exterior encontrava-se rebocada e revestida com
ladrilhos cerâmicos.
A platibanda apresentava um capeamento metálico.
Capeamento metálico
Betão
Tijolo vazado
Ladrilhos cerâmicos
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração manifestada na platibanda teve origem,
sobretudo, em deformações de carácter higrotérmico do
tijolo, devido às variações dimensionais da alvenaria quer pela
acção da temperatura, quer pela expansão irreversível
resultante da acção da humidade.
Para tratamento da fissuração observada seria necessária a
seguinte intervenção:
Deveu-se também às diferenças de comportamento face às
solicitações de carácter higrotérmico dos dois materiais que
constituíam a platibanda – o betão, que constituía a parte
interior da guarda e a “forra” exterior em tijolo vazado. Estes
materiais, ao deformarem-se de forma distinta, geraram
tensões nas ligações que conduziram à fissuração da ligação.
− Demolição do revestimento em ladrilhos cerâmicos;
− Tratamento das fissuras significativas e preenchimento
com material elástico (mastique);
− Realização de uma “alheta” na ligação entre o betão e a
alvenaria na base da platibanda;
− Aplicação de um reboco com argamassa à base de
polímeros, armada com rede de fibras de vidro;
− Recolocação do revestimento em ladrilhos cerâmicos.
RPE
Suporte
Rede de fibra de
vidro
Mastique
sintético
Argamassa com
polímeros
Papel adesivo
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
167
Platibanda – Retracção das Argamassas
FICHA
12.4
FISSURAÇÃO DO REBOCO DA PLATIBANDA DE UM EDIFÍCIO DE
HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
PLATIBANDA, REBOCO, RETRACÇÃO DAS ARGAMASSAS, MICROFISSURAÇÃO DO REBOCO, RPE,
ISOLAMENTO TÉRMICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento da superfície interior da platibanda de um
edifício de habitação apresentava-se fissurado.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
platibanda, tendo-se verificado que:
A superfície interior encontrava-se rebocada e pintada.
− Era constituída por alvenaria de tijolo vazado de 0,15 m,
travada por “pilaretes” e viga de coroamento;
− A superfície vertical encontrava-se rebocada com um
reboco à base de ligantes hidráulicos (0,02 m) e pintada;
− O capeamento da platibanda era constituído por chapa de
zinco.
Capeamento
Betão
Tijolo vazado
Reboco
Pintura
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A fissuração do reboco da platibanda deveu-se à retracção
das argamassas e à solicitação térmica.
Nas condições de aplicação correntes, as argamassas sofrem
uma retracção inicial resultante da dissecação, da hidratação
(retracção endógena) e da carbonatação.
O tratamento da patologia observada passaria pelo tratamento
das fissuras e o seu preenchimento com um produto flexível
(mastique). Na superfície interior da platibanda deveria ser
aplicado um reboco em argamassa à base de polímeros,
armado com rede de fibra de vidro.
A retracção global das argamassas é influenciada por relações
complexas entre o tipo de cimento, os inertes, a composição
e o processo de cura.
Como acabamento final, por questões de uniformização de
textura, sereia vantajoso a aplicação de um revestimento
plástico espesso (RPE).
O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à
escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da
relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as
condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de
absorção do suporte.
Note-se que por questões de durabilidade seria preferível a
aplicação de isolamento térmico associado a um revestimento
exterior em zinco, ou outra chapa metálica não corrosível, fixo
a uma estrutura intermédia que garantisse a ventilação.
Esta intervenção implicaria a substituição do capeamento
existente por novo capeamento em zinco.
Revestimento em zinco
Espaço de ar
Capeamento
em zinco
Isolamento Térmico
[95]
168
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
13. JUNTA DE DILATAÇÃO
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
169
Junta de Dilatação – Envelhecimento dos Materiais
DEGRADAÇÃO DA JUNTA DE DILATAÇÃO VERTICAL DE UM EDIFÍCIO
DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
JUNTA DE DILATAÇÃO, MASTIQUE, DEGRADAÇÃO DO REVESTIMENTO,
MATERIAIS, PROTECÇÃO MECÂNICA
FICHA
13.1
ENVELHECIMENTO DOS
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A junta de dilatação vertical de um edifício de habitação
encontrava-se degradada, sendo visível o destacamento do
material de preenchimento.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da junta
de dilatação vertical, tendo-se observado que o mastique se
encontrava aplicado sobre um fundo de junta constituído por
um fole de zinco.
A junta não apresentava protecção mecânica encontrando-se
preenchidas apenas com mastique.
A junta terá sido preenchida com placas de aglomerado de
cortiça.
Fole de zin co
Cordão de polietileno
expandido
Mastique
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
A degradação da junta de dilatação vertical do edifício deveuse ao envelhecimento prematuro do material de
preenchimento da junta face às solicitações de carácter
higrotérmico.
Seria necessário proceder ao tratamento da junta de dilatação
vertical, devendo remover-se o material de preenchimento
existente.
A falta de protecção mecânica da junta terá acelerado o
processo de envelhecimento do material.
Deveria ser realizado um fundo de junta com um cordão de
espuma de polietileno expandido e aplicado um mastique de
estanquidade à base de poliuretano, classificado como
elastómero de 1ª categoria, segundo a certificação da SNJF
(França)
Para protecção mecânica das juntas e durabilidade do
tratamento, deveria ser aplicado um cobre-juntas metálico (em
alumínio ou inox).
Cordão de polietileno
expandido
Mastique
Cobre-junta
metálico
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
171
Junta de Dilatação – Infiltrações
MANCHAS DE HUMIDADE NO TECTO SOB A JUNTA DE DILATAÇÃO
DA COBERTURA EM TERRAÇO DE UM EDIFÍCIO DE HABITAÇÃO
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
13.2
JUNTA DE DILATAÇÃO, MANCHAS DE HUMIDADE, INFILTRAÇÕES, RUFO METÁLICO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
O revestimento do tecto e das paredes da cave de um edifício
de habitação, sob a junta de dilatação da cobertura em
terraço, apresentava manchas de humidade e escorrências.
Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
cobertura em zona corrente e ao nível da junta de dilatação.
A junta de dilatação localizava-se adjacente à fachada do
edifício.
A cobertura apresentava um revestimento em betonilha
esquartelada.
A fachada adjacente à junta era em betão à vista.
A tela de impermeabilização não subiu na superfície vertical da
fachada do edifício adjacente à junta de dilatação.
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas de humidade e escorrências observadas no
revestimento do tecto e das paredes da Cave adjacentes à
junta de dilatação resultaram de infiltrações que ocorreram
devido à deficiente configuração e tratamento da junta.
Teria de se proceder à correcção do tratamento da junta de
dilatação, sendo necessário:
A ausência de uma rufagem adequada e o movimento natural
da junta terão sido a principal causa do problema observado.
− Remover o revestimento da cobertura numa banda
adjacente à junta;
− Aplicar novo material de preenchimento da junta;
− Colocar uma cantoneira metálica na ligação com a fachada
(ver figura);
− Aplicar um reforço da tela de impermeabilização;
− Realizar uma rufagem em zinco na parte superior dessa
ligação, sendo o rufo fixado mecanicamente ao elemento
vertical;
− Impermeabilizar a fachada com argamassa à base de
polímeros, armada.
Fach ada
Junta de
ligação
172
Rufo em zinco
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
Reforço da
impermeabilização
Cantoneira
metálica
Mastique
Cordão de
poliuretano
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
14. CLARABÓIA
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
173
Clarabóia – Condensações Superficiais
CONDENSAÇÕES NA FACE INTERIOR DOS VIDROS DAS CLARABÓIAS
DOS FOGOS DO ÚLTIMO PISO DE UMA HABITAÇÃO UNIFAMILIAR
PALAVRAS-CHAVE:
FICHA
14.1
CLARABÓIA, CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS, VIDRO SUPER-ISOLANTE, VENTILAÇÃO,
AQUECIMENTO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
A superfície envidraçada (clarabóias) do corredor do último
piso de uma habitação unifamiliar apresentava condensações.
Procedeu-se à desmontagem de uma clarabóia, tendo-se
observado que era constituída por caixilharia em ferro, sendo
o vidro duplo (8+8+8 mm), sobreposto por uma terceira
chapa de vidro, incolor. A caixilharia era dotada de uma caleira
interior para recolha de condensados, com orifícios de
ventilação protegidos por tubos exteriores metálicos.
Dispunha também de um dispositivo mecânico de abertura.
A habitação não dispunha de um sistema de ventilação
permanente, apenas existindo dispositivos de exaustão
mecânica de ar na cozinha e nas instalações sanitárias.
Os muretes em que se encontravam fixas as clarabóias eram
em alvenaria de tijolo vazado com 0,15 m de espessura, sem
isolamento térmico e com capeamento superior em pedra de
granito.
Efectuou-se a medição da temperatura e da humidade relativa
do ar e do caudal de ventilação dos compartimentos, tendo-se
verificado que a ventilação era insuficiente, bem como não
havia um aquecimento adequado das habitações (aquecimento
intermitente).
Envidraçado
Capeamento
Caixilharia
Murete de
suporte
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As condensações que surgiram na face interior da superfície
envidraçada das clarabóias resultaram do fenómeno de
condensações superficiais.
Sempre que a temperatura superficial interior (Tsi) era
inferior à temperatura de ponto de orvalho (Tpo) ocorreram
condensações:
Tsi = Ti – 1/hi ⋅ k ⋅ (Ti-Te)
(ºC)
Considerando um coeficiente de transmissão térmica - K de
3 W/(m2⋅ºC) do envidraçado é superior a 6 W/(m2⋅ºC) para a
caixilharia em ferro, verifica-se que se a temperatura exterior
descer abaixo dos 7,5 ºC podem ocorrer condensações na
superfície interior do envidraçado e quando desce abaixo dos
14ºC na caixilharia.
A deficiente ventilação dos compartimentos contribuiu,
também, para o agravamento do problema.
A resolução do problema das condensações na superfície
interior das clarabóias passaria pela substituição do vidro, bem
como da caixilharia.
Para que não ocorram condensações, deveria ser aplicado um
vidro duplo super-isolante, com um coeficiente de transmissão
térmica – K não superior a 1,7 W/(m2⋅ºC). A eficiência em
termos de factor solar e de transmissão luminosa deveria
também ser melhorada, sendo recomendável que os lanternins
apresentassem um factor solar inferior a 0,20.
A substituição da caixilharia de ferro seria também exigível.
O reforço do sistema de ventilação e o aquecimento contínuo
do interior das habitações seria fundamental para melhorar o
seu conforto higrotérmico.
Esquadria de protecção
contra a radiação solar
Te<7,5ºC
A’
A
Estanquidade
Tsi<Tpo
Corte FF
Ti=20,5ºC
Presilha de
retenção
HR=75%
Estanquidade
Tpo
15,9ºC
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
Estanquidade
DTU 39.1 [X
[38]
[107]
175
15. OUTROS
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
177
Pilares – Condensações Superficiais
FICHA
15.1
MANCHAS NOS PILARES EM GRANITO DE UMA IGREJA
PALAVRAS-CHAVE:
PILARES, GRANITO, MANCHAS NO REVESTIMENTO , CONDENSAÇÕES SUPERFICIAIS,
AQUECIMENTO, VENTILAÇÃO, BIOCIDAS, DESUMIDIFICAÇÃO
2004
DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA
SONDAGENS E MEDIDAS
Os pilares em granito das capelas laterais de uma igreja
apresentavam manchas de tons esverdeado, principalmente
até uma altura de cerca de 3 m acima da cota do pavimento.
Realizaram-se um conjunto de medidas de forma a caracterizar
as condições higrotérmicas da ambiência.
Verificou-se que o interior das capelas apresentava uma
humidade relativa elevada e que a ventilação era insuficiente.
HR=85%
Ti=9ºC
Tsi<Tpo
HR=88%
Ti=13ºC
CAUSAS DA PATOLOGIA
SOLUÇÕES POSSÍVEIS DE REPARAÇÃO
As manchas observadas nos pilares laterais das capelas
deviam-se ao fenómeno de condensações superficiais
resultantes da elevada humidade relativa e da deficiente
ventilação da Igreja.
De forma a minorar o aparecimento de manchas na superfície
dos pilares interiores teria de ser realizada a seguinte
intervenção:
Este fenómeno foi sobretudo provocado pela existência de
uma caleira no contorno do pavimento, ligada à rede de
drenagem de águas pluviais, o que permitia que o ar mais
quente e húmido que circulava nas tubagens acedesse ao
interior da Igreja.
Devido à inércia térmica do solo em determinados dias, a
temperatura no interior dos tubos era superior à temperatura
ambiente, assim como a humidade relativa. O ar mais quente
e húmido subia ao longo das paredes e pilares para as grelhas
de ventilação, colocadas nas janelas, condensando ao
encontrar a superfície de granito fria.
− Limpeza das manchas com biocidas;
− Execução de uma barreira de modo a impedir a circulação
de ar das tubagens de drenagem para o interior das capelas.
Poderia ser aplicado um rolhão de poliuretano nos
orifícios de ligação da rede de drenagem freática que, por
sua vez, liga à rede de drenagem de águas pluviais;
− Instalação de aparelhos de desumidificação para
diminuição da elevada humidade relativa no interior da
Igreja, atendendo a que não há aquecimento;
− Reforço da ventilação através da aplicação de dispositivos
de entrada e saída de ar reguláveis.
De acordo com os cálculos efectuados, ocorreram
condensações sempre que a temperatura superficial das
paredes e pilares interiores foi inferior a 10,5 ºC.
Caleira
Rolhão de poliuretano
Tubagem transversal
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
179
Patologia da Construção – Elaboração de um Catálogo
181
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