DOENÇA DA INCONSTÂNCIA

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TRANSTORNO BIPOLAR: A DOENÇA DA INCONSTÂNCIA
Todos nós sentimos muitas vezes um mal estar que nos toma conta. Há
momentos em que não queremos fazer nada, deprimimos. Há momentos em
que podemos tudo, e nos comportamos como heróis. Não paramos o dia
inteiro, nem o corpo nem a mente. Ficamos eufóricos. Mas um pouco assim
todos somos e é normal. Afinal, nem todo dia vemos o nascer do sol, às vezes
chove.
Mas se tudo ocorrer de forma excessiva, ou seja, ficamos oscilando entre um
estado depressivo ou um estado de euforia de forma patológica,
comprometendo toda dinâmica do dia-a-dia, trazendo prejuízos e grandes
perdas ,seja no aspecto profissional, familiar e psicossocial, podemos pensar
no transtorno bipolar.
Mas o que é ser bipolar? Tempos atrás, denominávamos de Psicose-ManíacoDepressiva, o famoso PMD, atualmente transtorno bipolar (TB). Então, o
transtorno bipolar é uma doença mental crônica grave, que pode provocar
conseqüências emocionais devastadoras tanto para o paciente quanto para
aqueles que o cercam, principalmente se não for identificada e tratada
adequadamente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS),na década de 90, o
transtorno foi a sexta maior causa de incapacitação no planeta. A taxa de
mortalidade também é alta, e a razão mais freqüente de morte entre jovens
afetados é o suicídio. Grande número de pacientes recorre ao uso de álcool e
drogas, o que agrava os sintomas. Embora fatores ambientais tenham grande
influência na deflagração das crises, é consenso que o distúrbio tem forte base
genética.
O Tratamento medicamentoso é fundamental e complexo, pois exige duas
estratégias: a profilaxia (prevenção das crises) e o controle dos sintomas
agudos, o acompanhamento psicológico também é fundamental para uma boa
evolução à longo prazo e um bom vínculo construído em parceria com o
psicoterapeuta pode garantir uma vida praticamente normal, principalmente se
a doença for diagnosticada na fase inicial.Mas quanto mais cedo e mais
profundamente o paciente e sua família entenderem o TB, maior a chance de
conseguir controlar a doença e tornar suas conseqüências menos nocivas.
O transtorno bipolar é traiçoeiro: os sinais e sintomas podem ter inúmeras
manifestações num mesmo paciente e variar muito de uma pessoa para a
outra. Em geral, quem sofre do transtorno tem dificuldade em dedicar-se à
carreira profissional, manter a produtividade e o equilíbrio na vida afetiva e
cultivar relacionamentos duradouros.
Os afetados pelo distúrbio, não tem controle do que pensam ou falam durante
os períodos de manifestação da doença. No espectro maníaco, segundo o
psiquiatra Paulo Dalgalarrondo, o termo euforia, ou alegria patológica, define
um humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria
intensa e desproporcional às circunstâncias. Já no estado de elação há, além da
alegria patológica uma expansão do eu, uma sensação subjetiva de grandeza e
de poder. O “eu” vai além dos seus limites, “ganhando” o mundo. Os sintomas
mais comuns são: irritabilidade, hiperatividade, diminuição da necessidade de
sono, auto-estima repentinamente elevada, fala excessiva, dificuldade em
focar a atenção e envolvimento com atividades prazerosas, porém perigosascomo compras e gastos excessivos, a ponto de envolver-se em dívidas para
adquirir produtos dos quais não necessita, atos impulsivos, delírios e
alucinações.
O paciente em mania não percebe a própria alteração, tem a impressão de estar
extremamente bem, como se vivesse a melhor fase de sua vida. A pessoa no
estado de euforia, mania ou maníaca apresenta otimismo exacerbado e se
relaciona com pessoas com muita facilidade, principalmente quando se trata
de pessoas estranhas. Nas formas mais graves, chega a acreditar que pode ser
famosa. É comum que ocorram mudanças súbitas de humor. O humor
depressivo contamina a percepção do que se passa em determinados períodos.
Uma situação habitual do cotidiano, como ver uma criança, pedindo esmolas
numa esquina ,pode ser percebida de maneira mais angustiante se o individuo
estiver com o humor depressivo,ao passo que,em outro momento,essa mesma
situação causaria mal estar passageiro, indiferença , ou até raiva.
Segundo a psiquiatra, Lee Fu-I, médica supervisora do serviço de Psiquiatria
da Infância e da Adolescência da faculdade de medicina da USP, o transtorno
bipolar em jovens costuma se manifestar, primeiro, com um quadro depressivo
e crianças também com transtorno bipolar, apresentam curso e evolução do
distúrbio de forma idêntica ao quadro de transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH). Se um caso de TB não é reconhecido e é tratado
como TDAH, o paciente pode até melhorar inicialmente, pois controla a
impulsividade e a hiperatividade por alguns meses ou até um ano. Depois, a
piora é quase certa.
Maria Angélica Amorieli Bongiovani-Psicóloga e Psicoterapeuta de
Orientação Analítica-contato:[email protected]
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