LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS PEIXES MAIS

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LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DOS PEIXES MAIS FREQÜENTES
NO MERCADO PÚBLICO DO RIO GRANDE
Lizabeth Carolina Nobre LEAL & Marlise de Azevedo BEMVENUTI
RESUMO - Na costa do Rio Grande do Sul a maior parte do pescado artesanal é originado do
estuário da Lagoa dos Patos e da costa adjacente. É no cais do Porto Velho da cidade do Rio
Grande, nas docas do mercado público, que desembarca uma variedade de pescado ao longo do
ano, com a finalidade de ser consumido pela população. Salientando-se a importância de
introduzir a carne de peixe na dieta alimentar, são apresentadas informações sobre as espécies
mais pescadas, contendo características morfológicas, observações sobre a pesca, onde vivem, o
que comem e como se distribuem. Estas informações estão disponíveis na forma de um texto
ilustrado que irá contribuir para o planejamento didático, despertando o interesse dos alunos na
sala de aula.
Palavras-chave: peixes, pesca, ensino, Mercado Público
INTRODUÇÃO
Os peixes constituem-se no mais antigo e numeroso grupo dentre os vertebrados
existentes. Atualmente, são cerca de 24.000 espécies de peixes, número semelhante ao de
anfíbios, répteis, aves e mamíferos somados. Os peixes são encontrados em todos os ambientes
aquáticos, sendo representados por formas extremamente diversificadas e adaptadas às mais
diferentes condições ambientais (Souza et al., 1999). Esta capacidade de adaptação, ocupando
diferentes nichos ao longo de sua evolução, se reflete também na sua morfologia, diferenciação de
hábitos alimentares e modos de locomoção.
O Brasil, pelo tamanho de sua costa, é rico em peixes, constituindo-se, a pesca, um
importante recurso natural renovável, contribuindo com 12% da proteína animal consumida pelo
homem. Desde o início dos tempos o homem tem se interessado por este grupo por se constituir
em um importante recurso alimentar. As espécies de origem estuarina e marinha contribuem com
cerca de 90% da produção mundial de pescado (Paiva, 1998).
A maioria dos peixes capturados no estuário da Lagoa dos Patos e ao longo da costa do
estado do Rio Grande do Sul, desembarca nas docas do Mercado Público, no cais do Porto Velho
da cidade do Rio Grande. É uma quantidade de pescado variada a ser consumido pela população
que geralmente desconhece a espécie que está comendo.
O assunto “peixes” citado, atualmente, nos livros de ciências do ensino fundamental, está
relacionado com as características morfológicas de indivíduos diferentes daqueles encontrados
na região de Rio Grande. O ensino de Ciências Naturais tem sido praticado como mera
transmissão de informações, tendo como recurso exclusivo o livro didático (Brasil,1998).
Os “Parâmetros Curriculares Nacionais” (Brasil, 1998) indicam que situações envolvidas
no processo de ensino aprendizagem estão relacionadas com o incentivo às atitudes de
curiosidade, de persistência na busca e compreensão das informações de preservação do
ambiente e sua apreciação estética, de apreço e respeito à individualidade e à coletividade. É
importante, portanto, que o professor tenha claro que o ensino de Ciências Naturais não se
resume na apresentação de definições científicas, como em muitos livros didáticos, em geral fora
do alcance da compreensão dos alunos. O ensino destes procedimentos só é possível pelo
trabalho com diferentes temas de Ciências Naturais que devem ser investigados de formas
distintas, com atenção para aqueles que permitem ampliar a compreensão da realidade local.
Acredita-se que as informações sobre “os peixes mais pescados encontrados no Mercado
Público”, poderão contribuir para uma maior conscientização sobre sua importância em nossas
vidas. Portanto, o propósito deste trabalho foi elaborar um texto ilustrado sobre os peixes mais
pescados encontrados no Mercado Público da cidade do Rio Grande, contendo as características
morfológicas, observações sobre a pesca, onde vivem, como se reproduzem, do que se alimentam
e como se distribuem.
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METODOLOGIA
Para realizar o levantamento das principais espécies comercializadas em nossa região,
foram feitas visitas às docas do Mercado Público, com o propósito de obter informações do que é
coletado durante o ano inteiro. Estas visitas realizaram-se entre maio de 2000 e janeiro de 2001, a
cada dois meses, relacionadas às estações do ano. Em cada visita foram realizadas entrevistas
abertas com os comerciantes de pescado, através do formulário abaixo:
Entrevista
Data –
Quantidade de bancas visitadas neste dia –
Número de bancas do entrevistado –
Peixes
- Qual o nome vulgar do peixe?
- Onde foi coletado: dentro do estuário, no canal, no oceano ou em algum saco?
- É um peixe adulto ou juvenil?
- Qual a quantidade de cada grupo de peixes, na banca?
A quantidade de pescado identificado para cada espécie, foi determinada através do
número de peixes em cada banca, somados no total do número de bancas entrevistadas. Neste
caso, “muita quantidade” relacionou-se com mais de 25 peixes, “média quantidade”, menos de 25
peixes e “pouca quantidade”, para menos de 10 peixes. A freqüência foi relacionada ao número de
bancas onde apareceu o pescado, indicando “muita freqüência” quando todas as bancas
possuíam a espécie, “média freqüência“ quando ocorria na metade das bancas e “pouca
freqüência“ aparecendo o pescado em uma ou duas bancas entrevistadas.
Através do levantamento das primeiras entrevistas deu-se início à revisão bibliográfica
para caracterizar cada uma das espécies, utilizando material informativo como teses, monografias,
trabalhos científicos, livros populares e informações do IBAMA. Foi elaborado o texto informativo e
ilustrado onde são encontradas suas características morfológicas, descrição, nome científico,
comum, família, onde ocorrem, onde vivem, como se reproduzem, do que se alimentam, como se
distribuem e informações sobre pesca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram realizadas cinco visitas ao Mercado Público Municipal de Rio Grande, RS,
obtendo-se vinte e cinco (25) entrevistas com dezenove (19) proprietários. Os peixes capturados
foram identificados e listados com as informações das entrevistas. Os dados obtidos junto aos
proprietários das bancas foram organizados na tabela 1.
Com auxílio de Figueiredo & Menezes (1978, 1980), Menezes & Figueiredo (1980) e
Fischer (1999), entre outros, foram identificados o nome científico de cada grupo de peixes. As
principais espécies de peixes encontradas durante o período foram o bagre (Netuma barba),
abrótea (Urophycis brasiliensis), peixe-rei (Odontesthes argentinensis), enchova (Pomatomus
saltatrix), pescada olhuda (Cynoscion guatucupa), pescadinha real (Macrodon ancylodon), papaterra (Menticirrhus americanus), corvina (Micropogonias furnieri), tainha (Mugil platanus) e
linguado (Paralichthys orbignyanus). Algumas espécies ocorreram em todas as entrevistas, outras
foram menos freqüentes, tendo sido encontradas em algumas visitas durante o período.
Outros peixes foram encontrados com menor frequência, quantidade ou foram ocasionais
e não estão citados na tabela I: savelha (Brevoortia pectinata), castanha (Umbrina canosai),
pampo-malhado (Trachinotus marginatus), burriquete (Pogonias chromis),
peixe-espada
(Trichiurus lepturus), traira (Hoplias malabaricus), cabrinha-voadora (Prionotus punctatus) e caçãoanjo (Squatina guggenheim).
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Tabela 1. Observações realizadas nas bancas de peixes das docas do Mercado Público Municipal,
relacionando a quantidade de peixes e sua freqüência em alguns meses do ano para as espécies mais
comuns; cor preta indica muita quantidade e muita freqüência; cinza escuro média quantidade e média
freqüência; cinza claro pouca quantidade e pouca freqüência e branco não encontrado nas bancas.
2000
peixes
24/mai
Q
20/jul
F
Q
20/set
F
Q
2001
20/jan
20/nov
F
Q
F
Q
F
Bagre
Abrótea
Peixe-rei
Enchova
Pescadinha
Pescada
Papa-terra
Corvina
Tainha
Linguado
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS PEIXES ENCONTRADOS NO
MERCADO PÚBLICO DE RIO GRANDE *
(* descrições realizadas em base a bibliografia citada no final de cada texto)
BAGRE (bagre-branco, bagre-marinho)
Nome Científico: Netuma barba
Família: Ariidae
CARACTERÍSTICAS: Apresentam o corpo robusto, cabeça moderadamente deprimida, boca
grande e inferior, com placas de dentes viliformes e aciculares, rodeada por 3 pares de barbilhões.
Nadadeira dorsal e peitorais com acúleos rígidos e serrilhados; nadadeira adiposa estreita. O
dorso é cinza azulado escuro, com as laterais prateadas; ventre branco, com pigmentos escuros
esparsos. É um dos maiores bagres do litoral brasileiro, alcançando 50cm de comprimento total
médio, podendo atingir até 90cm com 30kg.
OCORRÊNCIA: Distribui-se das Guianas ao Rio da Prata, na Argentina.
HABITAT: Vivem no fundo lodoso ou arenoso na zona litorânea. Tem ciclo de vida anádromo, isto
é, migram do mar para o estuário entre agosto e setembro, para desovar em águas menos salinas
da Lagoa dos Patos, onde os juvenis se desenvolvem, retornando ao mar quando adultos.
ALIMENTAÇÃO: Quando estão no oceano alimentam-se principalmente de detritos, crustáceos
decápodes, peixes, moluscos, poliquetos e ovos de corvina; no estuário alimentam-se de restos de
peixes, crustáceos, poliquetos, moluscos, grãos de cereais e detritos.
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REPRODUÇÃO: reproduzem-se dentro do estuário entre o final da primavera e início do verão,
em águas menos salinas.
PESCA: O bagre desembarcado no mercado foi capturado nos Molhes da Barra, em grande
quantidade e freqüência durante todo o período das entrevistas (Tab. 1). A instrução normativa
o
n 3 do IBAMA (09/02/2004), estabelece como período de captura os meses de março, abril,
maio, outubro e novembro. Nesta instrução não é citado o tamanho mínimo de captura como
o
ocorria na portaria IBAMA n 171 (22/12/1998), já revogada que proibia sua captura,
transporte e
comercialização no RS, com comprimento inferior a 40 cm. O bagre constituiu-se num dos grupos
de peixes mais capturados pela pesca artesanal no período de 1960-1979, com desembarques
médios de 5046 toneladas. No período de 1980-1994 sua captura diminuiu (778 toneladas),
representando um pequeno volume pescado no estuário da Lagoa dos Patos. No grupo “bagres”
estão incluídas as três espécies que ocorrem na região, Genidens genidens, Netuma planifrons e
Netuma barba, sendo que mais de 94% da captura tem sido representada por Netuma barba. A
safra do bagre inicia quando a espécie Netuma barba começa a se agregar junto aos Molhes da
Barra do Rio Grande, no final do inverno, vinda do oceano para penetrar no estuário da Lagoa dos
Patos a fim de se reproduzir. A medida que a espécie se desloca para o interior da lagoa as
gônadas maturam, sendo a pesca realizada maciçamente sobre indivíduos em maturação.
Referências: Araújo, 1984; Reis, 1982, 1986, 1993, 1999; Fischer, 1999; foto de Luciano G.
Fischer.
ABRÓTEA (bacalhau, brótula)
Nome Científico: Urophycis brasiliensis
Família: Gadidae
CARACTERÍSTICAS: Apresentam o corpo alongado e fusiforme. Possuem um barbilhão curto e
fino abaixo da ponta da mandíbula. Tem duas nadadeiras dorsais, a primeira é curta, a segunda é
longa, as nadadeiras pélvicas são filamentosas, nadadeiras peitorais e a nadadeira anal são
longas. A cor é marrom pardo no dorso e branco amarelado no ventre. As nadadeiras pélvicas e a
parte anterior da nadadeira anal são claras, as outras nadadeiras são escuras. Atingem
aproximadamente 60cm de comprimento e cerca de 3kg de peso.
OCORRÊNCIA: Distribuem-se do Rio de Janeiro à Argentina, sendo comuns no Rio Grande do
Sul.
HABITAT: Vivem desde águas costeiras rasas até 190 m de profundidade. Os adultos estão
próximos ao fundo de areia, lama ou cascalho; os jovens são pelágicos.
ALIMENTAÇÃO: Alimentam-se de crustáceos, principalmente camarões, invertebrados do fundo
e peixes.
REPRODUÇÃO: ocorre no inverno.
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PESCA: A abrótea foi capturada no oceano, durante todo o período, em pouca quantidade e
freqüência, tendo registrado grande quantidade somente no mês de julho (Tab. 1). Sua captura
ocorre em todos os meses do ano.
Referências: Haimovici et al., 1994; Fischer, 1999; foto de Bernardes et al., 2005.
.
PEIXE-REI
Nome Científico: Odontesthes argentinensis
Família: Atherinopsidae
CARACTERÍSTICAS: Apresentam o corpo fusiforme, com duas nadadeiras dorsais. Coloração
amarelada no dorso, ventre esbranquiçado, laterais com uma faixa prateada longitudinal. Boca
pequena e terminal. Alcançam entre de 30 a 40 cm de comprimento total.
OCORRÊNCIA: É freqüente em águas costeiras e estuários do Atlântico Sul, desde Santa
Catarina, Brasil até a Argentina. É comum em enseadas rasas do estuário da Lagoa dos Patos e
região costeira adjacente.
HABITAT: Vivem em cardumes na superfície ou logo abaixo dela em áreas costeiras,
preferencialmente em estuários, mangues, lagoas e praias rasas, onde são abundantes.
ALIMENTAÇÃO: Os indivíduos juvenis são planctófagos, alimentando-se de crustáceos, larvas de
insetos e algas filamentosas. Os adultos são preferencialmente bentófagos, alimentando-se de
crustáceos bentônicos, poliquetos e moluscos.
REPRODUÇÃO: Ocorre entre agosto e outubro, no interior das enseadas do estuário da Lagoa
dos Patos.
PESCA: O peixe-rei desembarcado no mercado foi capturado na região do estuário e costa
oceânica adjacente, sendo freqüente durante todo o período das entrevistas (Tab. 1). O maior
volume de desembarque ocorreu no mês de julho. Na Lagoa dos Patos sua captura pode ocorrer
o
durante todos os meses do ano. Não há período de defeso. A portaria IBAMA n 171 (22/12/1998),
já revogada, proibia sua captura, transporte e comercialização no RS, com comprimento inferior a
20cm.
Referências: Bemvenuti, 1987; 1990; foto de Luciano G. Fischer.
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ENCHOVA (anchova, enchova de banco)
Nome Científico: Pomatomus saltatrix
Família: Pomatomidae
CARACTERÍSTICAS: Apresentam corpo fusiforme, comprimido lateralmente, com duas
nadadeiras dorsais, a primeira é curta e a segunda é longa; nadadeiras peitorais são curtas e
nadadeira caudal é furcada. O corpo é azul esverdeado no dorso e prateado nas laterais e no
ventre, a nadadeira caudal é escura e as demais nadadeiras claras tem uma mancha escura na
base das nadadeiras peitorais. Medem de 50 a 60 cm de comprimento total e pesam de 2 a 6 kg.
OCORRÊNCIA: Ocorrem em regiões temperadas quentes e subtropicais de ambos os
hemisférios, são pelágicos costeiros e cosmopolitas, incluindo em sua ocorrência a costa do
Brasil.
HABITAT: São peixes fortes e velozes que nadam ativamente perto da superfície; os juvenis
ocorrem em estuários e baias; os adultos em pequenos grupos atacam, geralmente, cardumes de
tainha, sardinha, manjubas e outros peixes, efetuando verdadeiras carnificinas.
ALIMENTAÇÃO: Alimentam-se predominantemente de peixes e lulas que podem ser encontradas
no fundo.
REPRODUÇÃO: A desova é parcelada entre novembro e março na região costeira.
PESCA: A enchova desembarcada no mercado foi capturada no oceano, entre julho e setembro,
em grande quantidade e freqüência (Tab. 1). É a principal espécie pelágica capturada pela pesca
industrial no litoral do Rio Grande do Sul. A pescaria é sazonal e a maior parte da captura ocorre
entre os meses de junho e setembro, quando a espécie migra na direção sul-norte. No período de
1980-1994 sua composição média atingiu 1060 toneladas, superando a captura de 600 t, durante
o
o
1960-1979. A Portaria IBAMA n 127 (18/11/1994), já revogada, proibia sua captura entre 1 de
novembro a 31 de março (época do defeso) no litoral dos estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná, além de sua captura, transporte e comercialização com comprimento inferior a
40 cm.
Referências: Krug & Haimovici, 1991; Haimovici & Krug, 1992; Reis, 1999; foto de Bernardes et al.,
2005.
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PESCADA-OLHUDA (maria-mole)
Nome Científico: Cynoscion guatucupa
Família: Sciaenidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes de corpo alongado, boca grande, oblíqua, com mandíbula
projetando-se adiante da maxila. Os olhos são relativamente grandes. Tem cor acinzentada a azul
escuro no dorso e prateada nas laterais do corpo, têm estrias escuras que acompanham as séries
oblíquas de escamas; as nadadeiras peitorais, pélvicas e anal são amareladas; a base das
peitorais é escura; as nadadeiras dorsais e caudal têm as extremidades escuras. Atingem cerca
de 60 cm de comprimento total, 2 kg de peso e mais de 15 anos de idade.
OCORRÊNCIA: Ocorrem desde o Rio de Janeiro (Brasil) até o Golfo de San Mathías (Argentina);
são muito comuns no litoral Sudeste do Brasil.
ALIMENTAÇÃO: É composta principalmente de crustáceos anfípodos, copépodos, eufausiáceos,
misidáceos, camarões e peixes como manjubas, pescadas e a maria-luiza.
HABITAT: Vivem entre 10 e 200 metros de profundidade em fundos areno-lodosos, sendo
abundantes até 100 metros. Os juvenis penetram em estuários para se desenvolver.
REPRODUÇÃO: A desova é múltipla entre outubro e abril com pico na primavera e início do
outono.
PESCA: A pescada-olhuda desembarcada no mercado foi capturada no oceano, entre os meses
de julho e novembro, em grande quantidade, mas com baixa freqüência entre as bancas (Tab. 1).
Seu volume de captura tem oscilado pouco, como é visto nos registros do desembarque médio
anual entre 1960-1979, quando registrou 696 toneladas e no período 1980-1994, com 763 t. A
espécie é importante no contexto pesqueiro do sul do Brasil, Uruguai e norte da Argentina. Sua
captura ocorre desde outono até fins da primavera pela frota costeira de média escala. Os adultos
são encontrados entre o outono e a primavera, em profundidades inferiores a 50 m, enquanto os
juvenis e sub-adultos (10 a 30 cm) são abundantes todo o ano entre 25 a 100 m. Não há período
de defeso.
Referências: Haimovici et al., 1989; Vieira & Haimovici, 1993, 1997; Fischer, 1999; Reis, 1999; foto
de Bernardes et al., 2005.
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PESCADINHA REAL (pescada-foguete)
Nome Científico: Macrodon ancylodon
Família: Sciaenidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes com o corpo fusiforme, moderadamente alongado e
comprimido. A boca é grande e oblíqua, com a mandíbula saliente. O corpo é prateado, escuro no
dorso, claro nas laterais e no ventre; as nadadeiras dorsal e pélvicas são claras, a primeira tem a
margem terminal escura. A ponta do focinho e a base das nadadeiras peitorais são escuras; a
nadadeira anal é amarelada e tem a parte terminal enegrecida, o dorso dos juvenis têm diversos
pontos negros. Atingem aproximadamente 45 cm de comprimento total e 12 anos de idade.
OCORRÊNCIA: Distribuem-se desde a Venezuela até o norte da Argentina, ocorrendo em maior
abundância no litoral do Rio Grande do Sul, Brasil.
ALIMENTAÇÃO: Alimentam-se principalmente de camarões, lulas e pequenos peixes.
HABITAT: São peixes costeiros, encontrados principalmente sobre fundos de areia e lama até 60
metros de profundidade; ocorrem também em águas estuarinas, especialmente os juvenis.
REPRODUÇÃO: Apresentam desova prolongada e fracionada com dois picos principais, em
dezembro e fevereiro.
PESCA: A pescadinha real foi capturada no oceano, entre os meses de julho e novembro, em
grande quantidade, mas com baixa freqüência entre as bancas (Tab. 1). Na pesca artesanal no
estuário da Lagoa dos Patos, seu desembarque médio oscilou entre 1632 toneladas durante 19601979 e 387 t entre 1980-1994. A espécie também é importante na pesca industrial, porém sua
explotação intensa nas últimas décadas tem provocado uma diminuição no seu desembarque. Sua
captura ocorre em todos os meses do ano, principalmente entre outubro e abril. Não há período de
defeso.
Referências: Vazzoler, 1963; Juras & Yamaguti, 1989; Silva, 1989; Haimovici, 1997; Fischer, 1999;
Reis, 1999; foto de Luciano G. Fischer.
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PAPA-TERRA (betara)
Nome Científico: Menticirrhus americanus
Família: Sciaenidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes com corpo fusiforme e alongado. A boca é pequena, tem um
único barbilhão curto e rígido na ponta da mandíbula. O dorso e as laterais do corpo são cinza
prateado, variando de claro a escuro; a parte inferior é esbranquiçada, as laterais do corpo
geralmente têm 7 – 8 faixas escuras alongadas e oblíquas; nadadeiras pélvicas, anal e segunda
dorsal são claras algumas vezes amareladas, com leve pigmentação escura; primeira nadadeira
dorsal e caudal têm as margens escuras. Atingem um comprimento total médio de 30 cm,
podendo chegar aos 50 cm.
OCORRÊNCIA: Ocorrem desde Massachusetts, nos Estados Unidos, até o sul da Argentina.
ALIMENTAÇÃO: Alimentam-se de organismos de fundo, principalmente poliquetas e crustáceos.
HABITAT: São encontrados geralmente sobre fundos de areia ou lama, em águas costeiras de
pouca profundidade, em zonas de arrebentação e estuários; os juvenis normalmente ocorrem em
águas de menor salinidade. São muito abundantes ao longo da costa brasileira.
REPRODUÇÃO: a desova ocorre na primavera.
PESCA: O papa-terra foi capturado nos Molhes da Barra, em grande quantidade nos meses de
maio e julho, tendo sido menos freqüente no restante do período (Tab. 1). Sua captura ocorre em
todos os meses do ano. Não há período de defeso.
Referências: Fischer, 1999; foto de Luciano G. Fischer.
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CORVINA (cascote, cascuda)
Nome Científico: Micropogonias furnieri
Família: Sciaenidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes com o corpo fusiforme, levemente alongado e comprimido. A
cor é prateada, o dorso é escuro e o ventre é branco; estrias escuras e oblíquas no dorso e
laterais do corpo. A boca é inferior com dentes viliformes e diversos barbilhões abaixo da
mandíbula. A nadadeira dorsal tem a margem escurecida e as demais são claras a amareladas
com pigmentos escuros e esparsos. Emitem roncos através de músculos sonoros ligados à bexiga
natatória. Atingem 40 – 50 cm de comprimento total, podendo chegar aos 60 cm, com cerca de 4
kg e mais de 30 anos de vida.
OCORRÊNCIA: Distribuem-se desde as Antilhas até o Golfo San Mathias, na Argentina.
HABITAT: São encontrados em diferentes ambientes, sobre fundos de areia, lodo ou cascalho,
em estuários, baías e ao longo da costa.
ALIMENTAÇÃO: Os juvenis alimentam-se de organismos de fundo, principalmente crustáceos
bentônicos, misidáceos, moluscos e poliquetas; os adultos comem pequenos peixes, crustáceos
decápodes, cirripédios, pelecípodes, tanaidáceos e poliquetos.
REPRODUÇÃO: A desova é parcelada e ocorre na plataforma, frente a barra do Rio Grande,
entre a primavera e o verão. A corvina do estuário matura entre outubro e abril, com pico em
dezembro.
PESCA: A corvina foi capturada, principalmente no estuário da Lagoa dos Patos, tendo sido
freqüente durante todo o período de entrevistas e em grande quantidade. A corvina representa a
espécie de maior expressão no desembarque artesanal. Há oscilações anuais na produção,
acreditando-se que nos últimos anos a pesca venha se mantendo, com captura de indivíduos
jovens. No estuário da Lagoa dos Patos, a corvina é pescada durante todo o ano, mais
intensamente entre os meses de outubro a janeiro, com pico máximo em novembro. No
desembarque médio anual, registrado no período de 1960-1979, foram capturadas 8037 t,
enquanto no período de 1980-1998 o volume de capturas baixou para 6212 t. A instrução
o
normativa n 3 do IBAMA (09/02/2004), estabelece como período de captura os meses de outubro
a fevereiro. Nesta instrução não é citado o tamanho mínimo de captura como ocorria na portaria
o
IBAMA n 171 (22/12/1998), já revogada que proibia sua captura, transporte e comercialização no
RS, com comprimento inferior a 35 cm. Seu período de defeso ocorre entre março e setembro.
Referências: Silva, 1989; Vazzoller, 1971, 1991; Gonçalves, 1993; Haimovici & Umpierre, 1996;
Fischer, 1999; Reis, 1999; foto de Bernardes et al., 2005.
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TAINHA (tainhota, parati)
Nome Científico: Mugil platanus
Família: Mugilidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes de corpo robusto, fusiforme, um pouco alongado, coloração
cinza azulado no dorso, prateado nas laterais e ventre; possui estrias escuras horizontais mais
fortes na região superior e mais fracas na parte inferior, desaparecendo no ventre; nadadeiras com
áreas escuras esparsas. Os olhos são parcialmente recobertos por uma pálpebra adiposa, muito
desenvolvida nos adultos. Não possuem linha lateral visível. Atingem em média 50 cm de
comprimento total, podendo chegar até 1 metro, com 6 a 8 kg de peso.
OCORRÊNCIA: Ocorrem desde o Rio de Janeiro (Brasil) até a Argentina, sendo mais comuns ao
sul de São Paulo; no Rio Grande do Sul são abundantes na região estuarina da Lagoa dos Patos.
HABITAT: São peixes costeiros de águas tropicais e subtropicais; formam cardumes, nadam na
superfície e são encontrados em grande abundância em ambientes estuarinos.
ALIMENTAÇÃO: Alimentam-se de detritos associados com matéria orgânica em decomposição,
bactérias e outras partículas orgânicas animais e vegetais.
REPRODUÇÃO: A desova ocorre em mar aberto entre o norte do Rio Grande do Sul e o norte de
Santa Catarina, entre o final de outono e o início do inverno, com pico entre maio e junho, com a
o
temperatura da água oscilando entre 19 e 21 C.
PESCA: A tainha foi capturada no estuário da Lagoa dos Patos, principalmente no mês de maio,
em grande quantidade e freqüência. No restante do período sua freqüência foi menor entre as
bancas (Tab. 1). Sua captura ocorre praticamente todo o ano, com maior pico de ocorrência nos
meses de março a maio, constituindo-se importante recurso nas pescarias artesanais, nos estados
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O desembarque médio anual, no período de 1960-1979,
registrou 1872 toneladas na pesca artesanal, enquanto no período de 1980-1998 seu volume foi
o
de 1307 t. A instrução normativa n 3 do IBAMA (09/02/2004), estabelece como período de
captura os meses de outubro a abril. Nesta instrução não é citado o tamanho mínimo de captura
o
como ocorria na portaria IBAMA n 171 (22/12/1998), já revogada que proibia sua captura,
transporte e comercialização no RS, com comprimento inferior a 35 cm. Seu período de defeso
ocorre de junho a janeiro.
Referências: Silva, 1989; Vieira, 1985; Fischer, 1999; Reis, 1999; foto de Luciano G. Fischer.
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LINGUADO
Nome Científico: Paralichthys orbignyanus
Família: Bothidae
CARACTERÍSTICAS: São peixes de corpo ovalado e muito comprimido. A boca é grande e o
focinho tem comprimento maior que o olho. Os olhos situam-se do lado esquerdo do corpo. O
dorso tem cor marrom, normalmente com pontos e manchas escuras e algumas vezes com pontos
claros; o ventre é esbranquiçado. São capazes de mudar rapidamente sua coloração permitindo
imitar quase perfeitamente o padrão de cores do fundo, confundindo-se com o substrato. Podem
atingir até 1 metro de comprimento total com cerca de 12 kg de peso.
OCORRÊNCIA: Ocorrem sobre a plataforma continental, desde a Bahia (Brasil) até a Argentina.
ALIMENTAÇÃO: São predadores ativos e pouco seletivos. Os juvenis alimentam-se
principalmente de larvas de poliquetos, crustáceos, camarões, caranguejos, tanaidáceos e
misidáceos, enquanto os adultos alimentam-se principalmente de juvenis de pescada, corvina,
peixes-rei, tainha e enchova.
HABITAT: São bentônicos costeiros, encontrados solitários ou em pequenos grupos em águas
rasas e fundos arenosos. Podem viver em profundidades de até 200 m. No verão freqüentam
baías e estuários de águas salgadas. Tem o hábito de enterrarem-se na areia.
REPRODUÇÃO: O linguado migra do estuário para águas costeiras rasas na primavera. A desova
parcelada ocorre na plataforma, por um período longo entre a primavera e o verão, onde se dá,
também, o desenvolvimento das larvas e juvenis.
PESCA: O linguado foi capturado na região estuarial da Lagoa dos Patos e costa oceânica
adjacente, nos meses de julho a novembro em grande quantidade, porém com baixa freqüência
entre as bancas (Tab. 1). No Rio Grande do Sul o Paralichthys orbignyanus, conhecido como
“linguado vermelho” ou “linguado manteiga”, é uma espécie de interesse comercial por atingir
maiores tamanhos. O linguado vermelho é capturado principalmente por pescadores artesanais
operando com redes de espera na região estuarina da Lagoa dos Patos e com barcos arrasteiros
de pequeno porte na região costeira adjacente. De acordo com as estatísticas de desembarque
pesqueiro em Rio Grande, entre os anos de 1975-1985, verificou-se que a captura de linguado
ocorreu ao longo de todo o ano, sendo que os maiores valores de desembarques foram
registrados nos meses de primavera.
Referências: Haimovici et al., 1989, 1997; Carneiro, 1995; Fischer, 1999; Foto de Luciano Fischer.
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GLOSSÁRIO
Acúleo: espinho pungente, agudo com glândula de veneno encontrado nas nadadeiras dorsal e
peitorais de alguns peixes; ferrão; esporão.
Anádromo: organismo que se desloca do mar para a água doce para desovar.
Anfípodo: crustáceo da ordem Amphipoda, que possui o corpo comprimido, desprovido de
carapaça; possui dois grupos de patas torácicas.
Barbilhão: prolongamento cilíndrico, par de consistência membranosa encontrado geralmente em
peixes de couro e placas ósseas.
Bentônico: comunidade de seres que vivem sobre ou enterrados no fundo (bentos) dos oceanos e
lagos; podem ser fixos ou rastejantes.
Bentófago: animal que se alimenta de organismos que vivem em contato com o fundo.
Bexiga natatória: grande saco que ocupa a porção dorsal da cavidade visceral dos peixes,
ajustando o peso específico do corpo ao da água nos diversos níveis de profundidade,
através da eliminação ou absorção de gases pelos vasos sangüíneos ou pela boca.
Brânquia: órgão para respiração aquática com membranas permeáveis que efetuam trocas
gasosas respiratórias entre o meio exterior aquático e o meio interior, localizada na cabeça.
Caranguejo: artrópode da classe Crustácea, aquático marinho ou de água doce, com indivíduos de
abdômen curto e dobrado que se acomoda em uma depressão ventral. Serve de alimento
para o homem e outros seres aquáticos.
Carnívoro: animal que se alimenta da carne de outros animais.
Cirripédio: crustáceo de vida fixa que se prende em cascos de navio, rochas submersas ou na
superfície de baleias, ex: craca.
Cosmopolita: organismo encontrado em todos os oceanos.
Crustáceo: tipo de artrópode aquático, marinho ou de terras úmidas, com o corpo revestido por
uma crosta endurecida; alguns são gregários, mas a maioria é de vida livre.
Decápode: animal da Classe Crustácea que apresenta o corpo com 5 pares de apêndices
locomotores, isto é, “dez pés” e 3 pares anteriores modificados em maxilípedes; ex:
camarão.
Dentes aciculares ou viliformes: dentes finos em forma de agulha.
Desova: expulsão para o ambiente dos óvulos que se desenvolveram durante determinado
período nos ovários das fêmeas de diversos peixes.
Detríto: matéria orgânica morta; resto de organismos.
Defeso: período em que é proibida a pesca de determinado recurso pesqueiro por ser época de
reprodução.
Enseadas: área de baía, zona de baixio, margens protegidas de rios.
Escama: lâmina delgada que cobre a pele da maioria dos peixes. Pode ser: placóide nos tubarões,
ctenóide ou ciclóide nos teleósteos.
Estuário: ambiente de água costeira com conexão livre para o mar, no qual a água do mar é
diluída com a água de origem continental (rio, laguna, etc.).
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Eufaciáceo: crustáceo eucarídeo marinho com apêndices torácicos biremes, desprovidos de
maxilípedes; é alimento preferencial das baleias.
Fitoplâncton: comunidade de organismos aquáticos que vivem em suspensão, autotróficos,
principalmente microalgas, que tem um papel importante como produtores de alimento, pois
realizam fotossíntese.
Fusiforme: forma mais comum dos peixes, semelhante ao fuso; afunilado.
Gastrópode: molusco de concha univalve, quase sempre assimétricos.
Gônada: glândula sexual que produz gametas masculinos e femininos e segrega hormônios.
Hábitat: lugar de habitação natural de um indivíduo ou grupo de indivíduos.
Iliófago: organismo aquático que ingere sedimento do fundo lamacento quando se alimenta de
pequenos crustáceos de fundo e suas larvas.
Juvenil: nome dado aos filhotes de peixes.
Laguna: corpo de água costeiro, raso, conectado com o oceano por um ou mais canais. É
orientado geralmente de forma paralela à costa, separado do oceano por uma barreira.
Larva: estágio de um animal, após o período embrionário, com forma diferente do adulto.
Mandíbula: porção inferior da boca, situada na face anterior do crânio dos vertebrados.
Maxila: osso que junto com o pré-maxilar forma a porção superior da boca; situam-se na face
anterior do crânio dos vertebrados.
Migração: movimento periódico feito por organismos, ocasionados por fatores como clima, procura
de alimento, época de reprodução, etc.
Misidáceo: crustáceo da ordem Mysidacea, cujo corpo tem carapaça e olhos pedunculados.
Molusco: animal de corpo mole, não segmentado, do filo Mollusca, geralmente com uma concha
externa.
Nadadeira: extensão do corpo em um animal aquático usada na locomoção. Podem ser: dorsal
(localizada no dorso), anal (após o ânus), peitoral (junto ao opérculo), ventral ou pélvica
(posição inferior, no ventre) e caudal (prolongamento da coluna vertebral.
Nadadeira adiposa: pequena nadadeira de posição póstero-dorsal, sem estrutura de sustentação,
encontrada geralmente em bagres e lambaris.
Omnívoro ou onívoro: animal que ingere dietas mistas com matéria orgânica de diferentes origens
(bactérias, algas, animais e detritos orgânicos).
Opérculo: placa óssea que cobre e protege as brânquias dos peixes teleósteos.
Óvulo: célula germinativa de uma fêmea; gameta feminino; produto específico dos ovários.
Pelágico: organismo que vive na zona pelágica, camada de água que cobre os fundos (de rasos
até profundos) dos oceanos, coluna de água.
Pelecípode: molusco da Classe Pelecypoda, com concha bivalve, ex: marisco.
Pigmento: substância que dá a cor, naturalmente ou não, às células e aos tecidos.
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Plâncton: conjunto de organismos geralmente microscópicos, que vivem em suspensão na água;
alguns são imóveis, outros se movem por meio de estruturas como apêndices, flagelos,
cílios e outras; é caracterizado como fitoplâncton e zooplâncton.
Planctófago: indivíduo que se alimenta de organismos do plâncton.
Poliqueto: classe do filo Annelida; animal segmentado, com muitas cerdas inseridas em projeções
laterais do corpo.
Pré-opérculo: placa óssea anterior ao opérculo.
Tanaidáceo: crustáceo da ordem Tanaidacea, de corpo minúsculo recoberto por pequena
carapaça.
Zooplâncton: comunidade de organismos aquáticos que vivem em suspensão, exclusivamente
heterotróficos, sendo a maioria animais invertebrados e alguns protistas.
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Endereço dos autores:
Lizabeth Carolina Nobre LEAL
Escola Municipal de Ensino Fundamental França Pinto. Rua Minas Gerais, s/n,
Rio Grande, RS.
Marlise de Azevedo BEMVENUTI
Departamento de Oceanografia, FURG, C Postal 474
Rio Grande, RS, 96.201-900
Email – [email protected]
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