Intoxicaes por Raticidas

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Intoxicações por Raticidas
Raticidas ou rodenticidas são substâncias químicas utilizadas para exterminar
ratos e outros tipos de roedores. O mercado dispõe de uma gama de formulações
de raticidas, mas também são encontrados produtos manipulados e
comercializados clandestinamente (“fundo-de-quintal”). Os raticidas mais
utilizados, além dos que utilizam na formulação Organofosforados (Mata-Rato
Aldrine, outros), Carbamatos e outros, são:
RATICIDAS ANTI-COAGULANTES – Cumarínicos e derivados da
indandiona:
USOS: Raticidas, medicamentos.
PRINCIPAIS COMPOSTOS: Medicamentos: Warfarin sódico, Marevan. Raticidas:
Warfarin (Ratox, Brumoline, Dorexa, Storm, Mat-Rat, Mata-Rato m7, Mato-Rato
Orval, Nexarato, Ratofim, Ri-do-Rato, Sigma, outros), Brodifacoun (Klerat, Ratak
10, Talon), Difenacoun (Ridak), Flocoumafen, Difetialone (Rodilon), Bromadiolone
(Fenômeno, Mata-Rato Purina), Clorfacinona, Difacinona, Pindone, Hidroxicumarina
(Racumin).
MECANISMO DE AÇÃO: Inibem a formação, no fígado, dos fatores de
coagulação dependentes da vitamina K (II, VII, IX e X). Estes produtos aumentam
também a fragilidade capilar em altas doses e/ou pelo uso repetido.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Náuseas e vômitos podem ocorrer logo após a
ingestão, mas na maioria dos casos, inicialmente assintomáticos; sintomas poderão
aparecer após dias. A principal manifestação é o sangramento em diversos órgãos:
sangramento gengival, sangramento nasal, tosse com sangue, fezes ou urina com
sangue, hematomas e equimoses. Casos de intoxicação severa: hemorragia maciça
(geralmente interna), dor abdominal aguda, choque, coma.
LABORATÓRIO: Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Ativação da Protrombina
(TAP).
TRATAMENTO: Medidas de Descontaminação: esvaziamento gástrico quando
pertinente, carvão ativado em doses seriadas, catártico salino. Antídoto: Vitamina
K1 (Fitomenadiona) - Kanakion: 0,6 mg/Kg de peso para crianças, e 10,0 a 20,0
mg para adultos. Estas doses podem ser feitas como dose única ou a cada 8 a 12
horas nos casos graves, administrada por via endovenosa lentamente, não
ultrapassando a velocidade de 1,0 mg/min, associada a transfusão de plasma ou
sangue fresco, se necessário. Evitar fármacos que alterem metabolismo dos
anticoagulantes. A duração do tratamento usualmente é demorada.
ESTRICNINA
USOS: Medicamentos homeopáticos. Seu uso como raticida é proibido, embora
haja distribuição clandestina.
MECANISMO DE AÇÃO: Aumento da excitabilidade reflexa da medula espinal,
que resulta na perda da inibição normal da estimulação do neurônio motor,
havendo contração simultânea de todos os músculos.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A principal manifestação clínica é a convulsão. O
quadro instala-se 30 minutos após a ingestão e se configura pela rigidez dos
músculos do pescoço e face, seguido de hiperreflexia e hiperexcitabilidade a tal
ponto que o menor estímulo determina convulsões generalizadas, contratura da
coluna vertebral e mandíbula, podendo levar a distúrbios respiratórios pelo
comprometimento da musculatura torácica e diafragmática. As convulsões são
dolorosas, pois não há depressão do SNC. O óbito ocorre entre a 2ª e 5ª crise, por
insuficiência respiratória.
LABORATÓRIO: Cromatografia em camada delgada (CCD) em lavado gástrico,
sangue e urina.
TRATAMENTO: Medidas Gerais: hospitalização imediata e evitar qualquer
estímulo ao paciente. Não provocar vômitos pelo risco de convulsões e aspiração.
Caso os sintomas não tenham se iniciado, realizar lavagem gástrica, seguida de
carvão ativado. Controle das convulsões: O diazepam é o fármaco de escolha
por ser também miorrelaxante. Dose: 0,05 a 0,10 mg/Kg, repetido a cada 30
minutos se necessário.
ARSÊNICO
USOS: Proibido atualmente, utilizado como raticida de distribuição clandestina.
Algumas medicações homeopáticas podem conter arsênico.
MECANISMO DE AÇÃO: Liga-se aos radicais sulfidrila (-SH) de grupos
enzimáticos e provavelmente da hemoglobina. Bem absorvidos após ingestão ou
inalação. Dose letal entre 1 a 3 mg/Kg. Dose única potencialmente tóxica entre 5 a
50 mg de arsênico.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Gosto metálico, queimação na boca, esôfago e
estômago, gastrite ou gastroenterite hemorrágica, diarréia profusa e dolorosa,
desidratação. Irritabilidade, sonolência, delírio, espasmos musculares, tontura,
tremores, paralisia, convulsões, coma. Insuficiência renal aguda. Necrose hepática.
Choque hipovolêmico e cardiogênico. Óbito pode sobrevir entre 24h a 4 dias.
Exposição por inalação causa dano agudo em vias respiratórias, conjuntivas e pele.
LABORATÓRIO: Teste de Reinsch em urina.
TRATAMENTO: Descontaminação externa imediata. Ingestão: esvaziamento
gástrico até 4 a 6 horas após ingesta, com 1 a 2 litros de água. Carvão ativado,
evitar catárticos. Medidas de suporte cárdio-respiratório. Antídoto: dimercaprol ou
BAL (Demetal®). Administração intramuscular 3 a 5 mg/Kg de peso a cada 4
horas durante 2 dias, diminuição da dose para 2,5 a 3,0 mg/Kg de peso a cada 6
horas por mais 2 dias, seguido por mais 5 dias com a mesma dose a cada 12
horas. A dose máxima é de 300 mg. Hemodiálise para remover o complexo
arsênico-BAL na insuficiência renal. Medidas de suporte: sedação da dor,
anticonvulsivantes, correção hidroeletrolítica, uso de aminas vasoativas.
FLUORACETATO DE SÓDIO - (Composto 1080)
USOS: Seu uso como raticida é restrito a situações muito especiais. Uso comercial
é proibido.
MECANISMO DE AÇÃO: Potente inibidor do metabolismo celular, causa depleção
de energia e morte.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Desconforto epigástrico e vômito são raros.
Apreensão, alucinações auditivas, nistagmo, fasciculações, alterações da
sensibilidade na região da face. Estes e outros sinais neurológicos aparecem
gradualmente após um período de latência de várias horas. Excitação do sistema
nervoso central (SNC), progredindo a convulsões generalizadas. Severa depressão
neurológica, entre ou após os episódios convulsivos pode ocorrer, mas o óbito por
insuficiência respiratória é raro em humanos com intoxicação por fluoracetato.
Distúrbio de ritmo cardíaco é comum apenas após a fase convulsiva. Pulso
alternado, longas seqüências de batimentos ectópicos (freqüentemente multifocal)
e taquicardia ventricular podem evoluir para fibrilação ventricular e morte.
TRATAMENTO: Induzir vômitos imediatamente, se possível. Lavagem gástrica, a
menos que convulsões (ou a eminência delas) tornem impraticável este método.
Barbitúricos de ação curta ou benzodiazepínicos podem ser usados no controle das
convulsões. Medidas de suporte: oxigenoterapia e respiração mecânica, se
necessário.
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