UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO ADRIANA DE FATIMA VALENTE BASTOS ANÁLISE DO ESFORÇO DA CAPTAÇÃO DE DOAÇÃO DE SANGUE EM JOÃO PESSOA A PARTIR DE UMA VISÃO DO MARKETING SOCIAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING JOÃO PESSOA – PB JULHO 2010 ADRIANA DE FATIMA VALENTE BASTOS ANÁLISE DO ESFORÇO DA CAPTAÇÃO DE DOAÇÃO DE SANGUE EM JOÃO PESSOA A PARTIR DE UMA VISÃO DO MARKETING SOCIAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às exigências para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. Francisco José da Costa JOÃO PESSOA – PB JULHO 2010 TABELA DE BIBLIOTECA Ao Professor Orientador Francisco José da Costa Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Adriana de Fatima Valente Bastos João Pessoa, 12de julho de 2010 _________________________________________________________________________ Prof. Dr. Fábio Walter Coordenador do SESA/CCSA/UFPB Parecer do Professor (a) Orientador (a): ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ADRIANA DE FATIMA VALENTE BASTOS ANÁLISE DO ESFORÇO DA CAPTAÇÃO DE DOAÇÃO DE SANGUE EM JOÃO PESSOA A PARTIR DE UMA VISÃO DO MARKETING SOCIAL Trabalho de Conclusão de Curso aprovado em _______ de julho de 2010. Banca Examinadora _____________________________________ Prof.º Francisco José da Costa Orientador _____________________________________ Prof.ª Rita de Cássia de Faria Pereira Examinadora _____________________________________ Prof.º Jailson Ribeiro de Oliveira Examinador Dedico este trabalho especialmente a Deus e a toda minha família, por sempre confiar em meu potencial e pelo imenso apoio concedido no alcance dos meus objetivos. AGRADECIMENTOS A Deus, por ser o mestre que guia meus caminhos dando-me sabedoria, força e perseverança para não desistir diante dos obstáculos da vida, e que através do seu amor infinito mostrou-me que Ele pode tornar possível as coisas impossíveis. Aos meus pais, por me ensinarem valores e princípios que carregarei para sempre, pela dedicação, carinho e paciência durante toda a minha existência, e por acreditarem desde o início da minha formação em meu potencial, além de estarem presentes, mesmo que em meu coração, em todos os momentos especialmente os que mais precisei. A minha irmã Silvia Bastos, por estar sempre disposta a me estimular e enfrentar os obstáculos que aparecem no dia a dia, estando sempre ao meu lado me apoiando, sendo a sua presença fundamental para a realização de muitas conquistas em minha vida. Ao meu namorado Daniel Nascimento, pela enorme paciência, amor, carinho e cumplicidade nesse período, torcendo sempre pelas minhas conquistas e por todos os momentos que passamos juntos fazendo-me sentir uma pessoa mais feliz. Obrigada de todo o coração pelo amor e tempo a mim dedicados. Aos meus amigos, por serem pessoas fundamentais em cada etapa da minha vida, ajudandome a crescer e me tornar uma pessoa melhor. Em especial aos meus amigos queridos Niedja Araújo, Ana Paula Perez, Natalia Albino, Dante Tomei, Suelen Melo e Thiago Espíndola, por toda a motivação dada através de palavras de incentivo ajudando-me para a concretização deste trabalho e mostrando-me o verdadeiro sentido da palavra amizade. Ao meu orientador Franzé Costa, por nortear os meus caminhos através de sua excelente orientação na elaboração deste trabalho, por ser um grande amigo e parceiro que me aconselhou, me apoiou, me criticou nos momentos necessários, me fazendo crescer pessoal e profissionalmente. Serei eternamente grata, a sua ajuda foi imprescindível para a qualidade do conteúdo deste trabalho. Aos funcionários do departamento e coordenação do curso, que sempre me auxiliaram nas dificuldades burocráticas encontradas na universidade me estimulando assim a não desistir, em especial Soraia e Graça, que se tornaram pessoas essenciais para minha caminhada no âmbito acadêmico. A instituição estudada, na pessoa da Senhora Vânia Cavalcanti e Ruth Lopes, por terem me apoiado e aberto as portas para mim, viabilizando a execução desta pesquisa. A EJA Consultoria, por ser essa grande transformadora de talentos e ter proporcionado as minhas primeiras experiências profissionais, dando-me a oportunidade de aprender e desenvolver minhas habilidades e competências na área de Marketing. Agradeço de maneira particular a todos que estiveram junto comigo, pois, posso afirmar que construí uma grande família. A todos, que contribuíram direta ou indiretamente para a realização dessa etapa da minha vida, estes foram sem dúvida extremamente importante ao longo desse período. “Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los.” Dalai Lama BASTOS, Adriana de Fatima Valente. Análise do esforço da captação de doação de sangue em João Pessoa a partir de uma visão do marketing social. 2010. 61f. Monografia (Graduação em Administração). UFPB, João Pessoa – PB. RESUMO O fomento de campanhas sociais é fundamental para solucionar diversos problemas que tangem a sociedade, estas são lançadas para provocar mudança nas atitudes e comportamentos da sociedade, resultando em impactos de grandes proporções. Para isso é necessário o desenvolvimento, a implantação e a divulgação de novas tecnologias para o incentivo na área social, sob essa perspectiva o Marketing Social apropria-se de conhecimentos e técnicas mercadológicas, adaptando-as para a promoção do bem-estar social. Nesse contexto, objetivase com a presente pesquisa sobre a análise do esforço da captação de doação de sangue em João Pessoa, no intuito de verificar se as campanhas realizadas pelo Hemocentro da cidade supracitada estão alinhadas ao modelo teórico que abrange o Marketing Social. Para a concretização deste estudo que corresponde a uma pesquisa de natureza qualitativa, sendo esta um estudo de caso, foi aplicado um roteiro de entrevista com a coordenadora de ações estratégicas do Hemocentro, no qual foi possível compreender como ocorre o desenvolvimento das campanhas de doação de sangue e a partir dos dados coletados avaliar sob a luz da teoria de marketing social a eficiência das mesmas. Além disso, buscou-se avaliar o conteúdo ético envolvido identificando os principais dilemas que envolvem as questões éticas. Os resultados alcançados demonstram que o modelo teórico de Kotler e Roberto (1992) proposto servirá como base para o aprimoramento das campanhas, sendo este um facilitador para atingir o foco que corresponde à mudança de comportamento e atitudes do público para benefício da sociedade. Palavras-chave: Campanhas sociais, Marketing social, Doação de sangue, Mudança de comportamento. ABSTRACT The promotion of social campaigns is essential to solve various problems faced by the society nowadays. These campaigns are released to cause change in attitudes and behaviors of people, resulting in major impacts. This purpose requires the development, deployment and diffusion of new technologies to encourage the social area. Under this perspective, Social Marketing appropriates knowledge and marketing techniques, adapting itself to promoting social welfare. In this context, the objective of this research is to present an analysis of campaigns related to blood donation in João Pessoa, verifying if that campaigns undertaken by João Pessoa´s Hemocentro are aligned with the theoretical model that covers the Social Marketing. To achieve the goals of this study (a qualitative research and a case study), we interviewed the coordinator of strategic actions of the Hemocentro. During this interview it was possible to understand how a donation blood campaign is developed, and from this collected data, evaluate, from the light of the theory, their efficiency. In addition to that, we sought to understand the ethical content involved in these campaigns by identifying key dilemmas related to ethical issues. Results show that the proposed theoretical model will serve as the basis for the improvement of the campaigns, being a facilitator to achieve the focus that corresponds to the change in behavior and attitudes of the public to benefit society. Keywords: Social campaigns, Social Marketing, Blood donation, Behavior change. LISTA DE ILUSTRAÇÃO Figura 1: Diferenciação do Uso do Marketing nas Causas Sociais.......................................... 23 Figura 2: Etapas do Processo de Administração do Marketing Social..................................... 24 Figura 3: Um referencial Ético para a Prática do Marketing Social......................................... 31 Gráfico1: Qualidade Geral do Hemocentro Coordenador........................................................ 44 Quadro 1: Modelo de Marketing Social para a promoção das campanhas do Hemocentro de João Pessoa............................................................................................................................... 53 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema ...................................................... 17 1.2 Objetivos.......................................................................................................................... 19 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 19 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 19 1.3 Justificativa ..................................................................................................................... 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 21 2.1 Marketing Social............................................................................................................. 21 2.1.1 Processos de Marketing Social .................................................................................. 24 2.1.2 Marketing Mix Social................................................................................................ 25 2.2 Campanha Social ............................................................................................................ 29 2.2.1 Evolução e Características das Campanhas Sociais .................................................. 29 2.2.2 Mudança de Comportamento..................................................................................... 30 2.3 Ética e Marketing Social ................................................................................................ 30 2.4 Causas Sociais e Saúde Pública ..................................................................................... 33 2.4.1 Problemas Sociais Existentes no Setor da Saúde ...................................................... 33 2.4.2 Doação de Sangue ..................................................................................................... 34 2.5 Marketing Social e Saúde Pública................................................................................. 36 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 38 3.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................................. 38 3.2 Sujeito da Pesquisa ......................................................................................................... 39 3.3 Procedimentos da Coleta de Dados............................................................................... 39 3.4 Método de Análise de Dados.......................................................................................... 41 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................................. 43 4.1 Apresentação da Instituição ............................................................................................ 43 4.1.1 Histórico e Estrutura.................................................................................................. 43 4.1.2 Dados Relevantes ...................................................................................................... 44 4.2 Resultados da Entrevista ................................................................................................. 45 4.3 Avaliação do Conteúdo Ético........................................................................................... 51 4.4 Proposta de Melhorias ..................................................................................................... 52 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 54 5.1 Considerações Finais ........................................................................................................ 54 5.2 Limitações da Pesquisa .................................................................................................... 55 5.3 Sugestões para Futuras Pesquisas................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57 APÊNDICE A – Entrevista com a coordenadora de ações estratégicas do Hemocentro de João Pessoa.............................................................................................................................. 60 16 1 INTRODUÇÃO A tendência atual da sociedade é a busca por uma mudança social: alterações na economia, em seus sistemas sociais, modos de vida, crenças e valores. Uma proposta para atender essas expectativas alinhadas ao desejo de desenvolver estratégias potenciais para a resolução dos problemas sociais converge para soluções pautadas em campanhas sociais com o intuito de mudar as atitudes e o comportamento do público. Neste contexto de transformações, as campanhas de natureza social baseadas no incentivo a participação da população apresenta uma grande oportunidade de melhorar a perspectiva social diante da realidade vivenciada, estas estiveram fortemente presente no âmbito da saúde pública, como no caso da campanha estudada nesta pesquisa, que gira em torno do esforço para a captação de sangue no Hemocentro da cidade de João Pessoa, este aspecto é fundamental para a manutenção dos estoques de sangue, objetivando evitar que a demanda de solicitação de bolsas de sangue seja maior que a reposição dos mesmos. Para que isso ocorra é necessário que haja uma mobilização da população no sentindo de fidelizar e expandir os doadores de sangue. Diante dessa ótica, surge a alternativa fundamentada na teoria relativa ao Marketing Social que corresponde à gestão estratégica do processo de inovações sociais a partir da adoção de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas em questões éticas baseadas nos direitos humanos e na igualdade social, sendo relacionado à aplicação de princípios e técnicas orientadas para promover a aceitação de uma causa ou idéia. As campanhas sociais podem ser avaliadas sobre a prescrição da teoria supracitada, pois a promoção do marketing social por meio das campanhas possui como objetivo principal provocar efeitos que irão eliminar ou atenuar os problemas sociais, as carências da sociedade relacionadas, principalmente as questões de higiene e saúde pública, de trabalho, educação, habitação, transporte e nutrição, sendo estes efeitos. Esta pesquisa avaliou as campanhas de doação de sangue realizadas pelo Hemocentro Coordenador de João Pessoa, analisando os aspectos referentes ao desenvolvimento, a implantação e divulgação da campanha estabelecida pela instituição, sendo os resultados confrontados sob a luz da teoria do Marketing Social. Para isso, o instrumento de trabalho utilizado foi o roteiro estruturado que norteou a entrevista realizada com a coordenadora de ações estratégicas do Hemocentro. Neste documento estão contemplados os seguintes capítulos: Introdução, explicitando a importância deste tema e os objetivos propostos; Fundamentação teórica, que refere-se as 17 teorias a respeito do tema em questão; Procedimentos metodológicos, que apresenta os métodos utilizados para o alcance dos objetivos desta pesquisa; Análise e interpretação dos dados, que expõe a análise das informações coletas; e, por fim, a Conclusão que aborda as respostas quanto aos objetivos deste trabalho. Neste capítulo abrangerá assuntos relacionados à delimitação do tema e formulação do problema, objetivo geral e objetivos específicos e, por fim, a justificativa diante do contexto apresentado. 1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema Segundo Kotler e Roberto (1992), uma campanha de mudança social corresponde a um esforço estruturado, realizado por um grupo (o causador de mudança), com o objetivo de persuadir terceiros (os adotantes selecionados como alvo) a aceitar, modificar ou abandonar determinadas idéias, comportamentos, práticas e atitudes. Esse conceito esteve amplamente empregado através da realização de variadas campanhas de mudança social por diferentes partes do mundo, como o caso de campanhas orientadas para a dependência de drogas, poluição ambiental, pedofilia, conscientização no trânsito, entre outras. No contexto nacional, percebe-se a existência de campanhas relevantes de diversas naturezas, podendo-se destacar para esta pesquisa o caso dos esforços de captação de doação de sangue difundida pelo Ministério da Saúde, que consiste em uma campanha sólida que tem o objetivo de promover a saúde pública. No entanto, o que se verifica na prática é que, exceto alguns casos, as campanhas estão distantes de solucionar os problemas de ordem social. Em virtude de que, em sua grande maioria, contribuem apenas para alertar ou gerar informações sobre um problema social, nesse sentido questiona-se se há o desenvolvimento de campanhas meramente promocionais ou se estas são agentes de mudanças de comportamento e atitudes da sociedade. Tendo em vista essa realidade, o marketing social surge como um conceito que poderá proporcionar o enriquecimento dessas campanhas, aprimorando-as e incorporando em sua elaboração as adequadas necessidades dos públicos selecionados, ao aprofundar essa definição tem-se que: 18 Marketing Social é uma estratégia de mudança do comportamento. Ele combina os melhores elementos das abordagens tradicionais da mudança social num esquema integrado de planejamento e ação e aproveita os avanços da tecnologia das comunicações e na capacidade de marketing. (KOTLER; ROBERTO, 1992, p.25) Adquirindo sua importância para a sociedade, o marketing social apresenta ferramentas capazes de influenciar mudanças sociais, aliadas ao planejamento, à implantação e ao controle de programas com foco para o aumento do nível de aceitação referente a uma idéia ou prática social em segmentos elegidos como alvo. Deste modo, esta variante do marketing atua em um contexto, no qual um agente de mudança social fornece novos comportamentos e idéias a um determinado público adotante e quem se favorece é a sociedade em geral (ver referencial teórico). Em suma, as campanhas de marketing social devem acompanhar o significado de marketing mix (produto, preço, ponto -de- distribuição e promoção), para assim atingir os objetivos propostos. A partir dessa análise, é possível avaliar os resultados e a eficiência das campanhas que possuem como principal objetivo provocar mudança de comportamento na sociedade inserida sob a ótica do marketing social. Nesse panorama da atuação de campanhas alicerçadas aos fundamentos do marketing social, verifica-se a propensão para a existência de dilemas éticos, como entende Andreasen (2002), ao afirmar que o marketing social lida em sua maioria, com produtos e serviços polêmicos ou mal compreendidos, representando situações que envolvam as crenças e julgamentos morais. O autor afirma que há um conjunto de elementos tais como o público, o contexto cultural, o motivo, entre outros, que constituem em um referencial que auxiliam a determinar do ponto de vista do marketing social, os parâmetros éticos da campanha. Existem diversos exemplos para ilustrar situações que envolvem discussões éticas no marketing social. No caso brasileiro, tem-se o caso da atriz Cássia Kiss que para conscientizar a mulher brasileira quanto aos cuidados à mama, participou no ano de 1988, de uma campanha de prevenção de câncer de mama, mostrando os seios e incentivando o auto-exame. Este fato gerou grande polêmica, tendo em vista que a opinião pública levantou acusações de usar um assunto sério para aumentar a audiência, pois os seios não foram encobertos por tarjas nem desfocados no vídeo, além de grupos feministas que reclamaram do uso abusivo do corpo da mulher, dessa forma ficando perceptível a existência de confrontos éticos nas questões relacionadas ao marketing social. 19 Pode-se então considerar o aspecto ético como extremamente relevante, pois analisar os fatores que envolvem a ética significa compreender as consequências, principalmente não intencionais, de uma interação de valores que provocam julgamentos éticos. Logo, a campanha escolhida na pesquisa em questão, terá o seu conteúdo ético analisado para poder compreender a posição das conseqüências geradas pela campanha em um ambiente bastante complexo em que existem muitos valores e julgamentos divergentes. Assim, sendo as campanhas sociais uma questão importante para a sociedade e tendo o marketing social como um ponto chave para engrandecer essas campanhas, torna-se relevante responder a seguinte questão de pesquisa: como o esforço da captação de doação de sangue em João Pessoa é desenvolvido e como pode ser aperfeiçoado pelos princípios do modelo de ação de Marketing Social? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Analisar as campanhas de doação de sangue do Hemocentro de João Pessoa considerando a teoria do Marketing Social. 1.2.2 Objetivos específicos • Descrever as campanhas de doação de sangue promovida em João Pessoa; • Avaliar os resultados e limitações da campanha em questão e em que medida a teoria do marketing social pode contribuir para o aprimoramento destes; • Apresentar proposta de melhorias para a instituição seguindo as prescrições do marketing social; • Identificar o conteúdo ético existente na campanha sob a luz do marketing social. 1.3 Justificativa Desde o início do emprego do marketing social, sua maior abrangência se deu as causas de saúde pública, como as grandes campanhas de combate à AIDS (com a intenção de provocar mudança no comportamento sexual), ao uso de bebidas alcoólicas e drogas (visando 20 a adoção de um novo comportamento), prevenção do câncer, entre outras, e os resultados vem mostrando sempre impactos positivos. Nesta ótica, a realização de um estudo que aborde as campanhas sociais na área da saúde sob a perspectiva do marketing social e que envolva discussões sobre dilemas éticos, apresenta diversas razões e impactos positivos. Para a sociedade, este estudo é importante e benéfico, pois desenvolver a avaliação de uma idéia ou prática social corresponde à análise sob as luzes teóricas do aspecto concreto da ação, permitindo a verificação quanto à mudança de comportamento social por parte do público e a eficiência da campanha de doação de sangue na cidade de João Pessoa. Assim, a pesquisa forneceu uma avaliação que propiciou um diagnóstico das campanhas em questão e propôs melhorias quanto aos aspectos e ferramentas utilizadas para aplicação desta na sociedade. Além disto, irá permitir aos órgãos executores elaborar novas campanhas sob a prescrição do marketing social, podendo assim aprimorar os resultados destas. Para a Universidade Federal da Paraíba, a concretização dessa pesquisa é relevante, tendo em vista que o âmbito acadêmico irá cumprir a responsabilidade de gerar conhecimento a respeito de um tema socialmente válido e propenso a disseminar discussões relevantes a cerca da temática abordada, e ainda disponibilizará de um estudo de extrema importância e inovador, pois ao realizar pesquisas no acervo referente a monografias, teses e dissertações da Biblioteca Central e da Biblioteca Setorial do CCSA (Centro de Ciências Sociais Aplicadas), não foram encontrados trabalhos tratando do tema campanhas sociais sob a ótica do marketing social. No que diz respeito à abrangência do estudo na realidade social, percebe-se a oportunidade de firmar essa pesquisa tendo em vista que as campanhas de doação de sangue na sociedade inserida apresentam aspectos de grande valor para a saúde das pessoas, tendo em vista que o sangue corresponde a um fator essencial para a vida, além disso, a análise do conteúdo ético proporcionará uma reflexão e esclarecimentos dos objetivos e resultados da campanha supracitada. Para a autora este trabalho apresenta-se como uma oportunidade de estudar um tema diferenciado e de destaque para a sociedade. Embora não haja uma abordagem específica na graduação, por meio da elaboração de uma pesquisa consistente esta é relevante para autora na medida em que se almeja alcançar um amadurecimento acadêmico e no tema, podendo ser uma oportunidade de ampliar a pesquisa para estudos futuros em nível de pós -graduação. 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo será realizada uma abordagem quanto ao referencial teórico na qual se fundamenta esta pesquisa. São apresentadas abaixo aspectos da temática de Marketing Social conceito, processos, modelos, uma ênfase também é dada para as Campanhas Sociais, bem como, a relação entre Ética e Marketing Social. 2.1 Marketing Social A definição de marketing social surgiu inicialmente em 1971, nos Estados Unidos, sendo empregada para expressar o uso de princípios e técnicas de marketing com o objetivo de promover uma causa social, idéia ou comportamento da sociedade. A partir disso, o termo passou a ser usado com maior freqüência na promoção da mudança social. De acordo com Kotler e Roberto (1992, p. 25), O termo Marketing Social passou a significar uma tecnologia de administração da mudança social, associada ao projeto, à implantação e o controle de programas voltados para o aumento da disposição de aceitação de uma idéia ou práticas sociais em um ou mais grupos adotantes escolhidos como alvo. Recorre a conceitos de segmentação de mercado, pesquisa de consumidores, desenvolvimento e testes de conceitos de produtos, comunicação direta, facilitação, incentivos e teoria da troca, para maximizar a resposta dos adotantes escolhidos como alvo. A idéia apresentada retrata que o marketing social consiste em um processo de gerenciamento dos programas sociais elaborados com o intuito de influenciar a aceitabilidade de idéias sociais abrangendo as considerações quanto ao planejamento e execução das campanhas envolvendo primordialmente o composto que abrange o preço, produto, ponto de distribuição social e promoção. Alinhado a esse conceito, Fontes e Schiavo (1997) afirmam que o marketing social corresponde ao direcionamento estratégico das ações praticadas segundo a adoção de idéias inovadoras, atitudes e comportamentos diferenciados, em abrangência individual e coletiva, norteadas por valores éticos, tendo como base a igualdade social e os direitos humanos. Compartilhando desta idéia, Boone e Kurtz (1998) exploram o conceito de marketing social como uma ferramenta que faz uso das técnicas do marketing, com o objetivo de transferir um maior valor à questão social, de modo que se construa uma reflexão, 22 participação e mudança social, a partir da exposição das idéias sociais orientadas a atender o público delimitado. Neste raciocínio, a expressão é utilizada para se referir ao uso sistemático das ferramentas e métodos do marketing orientados para atingir o consentimento de uma determinada causa ou idéia, que induzam o público caracterizado como adotante a transformações comportamentais, envolvendo a maneira de pensar e agir sobre uma questão específica. O resultado da aplicação deste conceito será considerado eficiente quando for possível abordar uma grande parte do público escolhido, garantindo as mudanças de comportamento planejadas. Outras interpretações vêm sendo feita por alguns autores, como Pringle e Thompson (2000), que destacam um conceito diferenciado do abordado, consistindo no Marketing para Causas Sociais (MCS) que pode ser definido como uma ferramenta estratégica de marketing que relaciona uma empresa ou marca a questões de natureza social, em prol de vantagens recíprocas. Esta variante do marketing compõe a forma efetiva de aprimoramento da imagem corporativa, com o objetivo de expandir as vendas e assegurar a fidelidade dos clientes. É importante destacar que um programa de Marketing para Causas Sociais geralmente é desenvolvido através da parceria entre uma empresa e uma organização da sociedade civil, sendo esta comprometida com alguma área de interesse social, estas se unem em decorrência de se atingir um benefício comum. A partir desse contexto, o fator que diferencia os conceitos mencionados é a exigência de influenciar atitudes na direção de uma causa ou idéia, o que caracteriza o marketing social como tendo um produto abstrato (WEBSTER, 1978). Ao passo que, as organizações lucrativas que executam o MCS, possuem atenção para a adaptação das estratégias organizacionais aos comportamentos e valores presentes na sociedade, do que tentar unir esforços para atender uma necessidade ainda não abrangida. Aliado a essa abordagem, percebe-se o emprego do marketing nas Organizações Sociais (OS), estas são entidades privadas sem fins lucrativos, preocupadas com atividades em geral dirigidas à educação, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. As OS estão inseridas no chamado Terceiro Setor, que corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público Na medida em que, é necessário a sobrevivência dessas organizações introduz-se nessa realidade as ferramentas do marketing (CORRÊA, 1997). 23 Logo, o marketing exerce a função de, através de estratégias, maximizar os recursos existentes nas OS, gerando como resultados a expansão e consolidação das atividades, conquista de novos adeptos e principalmente os patrocínios que apóiam as causas. Analisando esses conceitos divergentes, é possível perceber uma nítida diversidade de aplicações e definições, por parte dos autores, quanto ao uso das técnicas mercadológicas, para facilitar a compressão segue o esquema abaixo que apresenta as principais características do conteúdo supracitado: Figura 1 – Diferenciação do Uso do Marketing nas Causas Sociais Fonte: Elaboração Própria, 2009. Tendo então essa diferenciação sobre o posicionamento dos conceitos explorados deste segmento do marketing percebe-se que mesmo o MCS apresentando, em grande parte, resultados favoráveis para a sociedade, o Marketing Social corresponde a um modelo de gestão mais completo que se caracteriza pela composição de medidas mais vantajosas para a sociedade. A partir do fato que se pretende provocar uma mudança significativa na sociedade, pois a instituição que possui a pretensão de adotar o marketing social terá que compreender os anseios mais profundos dos indivíduos, a procura do aumento da satisfação, da aceitação ou adoção de seu produto, aliado ao principal foco do marketing social que o define como mais 24 benéfico, a medida que estabelece novos paradigmas de ação social, favorecendo a obtenção de maiores resultados e intervenções na sociedade em geral. 2.1.1 Processos do Marketing Social Kotler e Roberto (1992) abordam diversos processos que devem ser adotados no marketing social, explicando-os e detalhando-os para uma melhor compressão e análise, sendo assim as afirmativas destes autores irão compor o modelo teórico utilizado ao longo da pesquisa. O primeiro passo para a estruturação de um programa que tenha como meta provocar mudança social, diz respeito a análise do meio ambiente do marketing social, no qual é necessário alcançar um amplo entendimento do grupo adotante e suas necessidades, após essa avaliação passa-se para a etapa da segmentação que representa o agrupamento devido às características comuns do público. Em seguida, o processo deve englobar a formulação das estratégias de posicionamento, planejamento, execução e controle dos resultados alcançados pelo programa. Esta estrutura é possível ser visualizada na Figura 2: Análise do meio ambiente do marketing social Pesquisa e seleção da população de adotantes escolhidos como alvo Formação das estratégias de marketing social Planejamento dos programas do complexo de marketing social Organização, implantação, controle e avaliação do esforço do marketing social Figura 2 – Etapas do Processo de Administração do Marketing Social Fonte: KOTLER e ROBERTO (1992). Ao avaliar detalhadamente as etapas que envolvem o processo de marketing social defendido pelos autores supracitados, verifica-se que a primeira etapa do processo 25 corresponde a análise do meio ambiente que cerca a campanha social, verificando o perfil do público, a capacidade da organização e das suas partes interessadas. Quanto a etapa da pesquisa da população de adotantes escolhidos como alvo, defende o autor que os especialistas necessitam chegam a um entendimento completo a cerca do grupo de adotantes escolhidos como alvo e suas respectivas motivações, anseios e expectativas para isso se faz necessário a aplicação de pesquisa para traçar essas características. Na perspectiva que envolve a formulação de objetivos e estratégias de Marketing Social, no que diz respeito a estratégia esta é responsável por especificar o plano para a consecução dos objetivos das campanhas, para isso se torna necessário definir os princípios gerais que norteiam a organização social para atingir seus objetivos de acordo com os segmentos de adotantes definidos como alvos. Após essa etapa, segue-se com o planejamento dos programas de marketing social os quais detalham de maneira mais complexa as ações que deveram ser executadas, tendo como elemento inicial desta etapa a definição do produto social e posteriormente engloba os elementos de comunicação que irão pautar as estratégias de promoção das campanhas, além de diversos outros elementos que compõe o planejamento. Por fim, tem-se a etapa que abrange a organização, implantação, controle e avaliação do esforço de marketing social, esta se caracteriza por ser a etapa fundamental para gerenciar as campanhas, controlando e avaliando os resultados, podendo compreender as reações dos grupos de adotantes alvos e se de fato os objetivos propostos foram atendidos. As etapas do processo apresentadas compõem o complexo sistema de atuação do marketing social, em que se pode observar que este segue as ferramentas amplas do marketing em geral e o gerenciamento embasado nos processos decisórios da administração mercadológica, buscando obter através do controle e avaliações o feedback dos resultados do programas social, em prol do benefício coletivo associado à causa. 2.1.2 Marketing Mix Social Na construção e elaboração do seu modelo teórico-prático, o marketing social, utiliza das técnicas mercadológicas, adaptando-as segundo as demandas, em busca de um maior desenvolvimento e bem-estar coletivo. De acordo com Costa (2009), a potencialidade do marketing social consiste na abordagem focada nos 4Ps, pois esta dá suporte a uma perspectiva ampla, muito além da ótica da publicidade social, para uma maior abrangência de interesse social. Dessa forma, o marketing social agrega diretrizes e objetivos estabelecidos, 26 pesquisas e demais ferramentas, que objetivam o desenvolvimento dos denominados produtos sociais. Sendo assim, pode-se analisar o Marketing Social sob a perspectiva do Marketing Mix no qual abrange os elementos a seguir: • Produto Social No que se refere ao produto social, Kotler e Roberto (1992) afirmam primeiramente que o projeto do produto social representa o pilar sobre o qual se desenvolve os demais elementos, este sugere a identificação das exigências do público escolhido como alvo. Dessa forma, as campanhas sociais que buscam promover idéias que envolvem a saúde pública, direitos humanos, eliminação de preconceitos, reabilitação da dependência química, entre outras, a grande maioria apresentam dificuldades em definir e detalhar os produtos correspondentes. Isso ocorre devido ao produto social, possuir em sua essência o fato de ser intangível, logo não é possível vê-lo ou tocá-lo. De acordo com os autores supracitados, existem três tipos de produtos sociais em que há a possibilidade de serem ofertados ao público escolhido: um deles é a “idéia social”, que pode ser caracterizada como crença, atitude ou valor; em seguida tem-se a “prática social”, a qual pode ser um ato ou comportamento e por fim o “produto tangível”, como no caso do uso de preservativos para evitar a AIDS. Além disso, deve-se salientar a existência dos serviços sociais que correspondem a um instrumento do Marketing Social responsável por oferecer não apenas idéias e práticas de marketing, mas também serviços, tais como orientar os locais apropriados para o atendimento dos produtos sociais de fato (KOTLER; ROBERTO, 1992). Na perspectiva de Costa (2009), o produto referente a uma ação de marketing social pode estar relacionado a um conjunto de benefícios e de sacrifícios do comportamento, e não essencialmente ao comportamento propriamente dito. Dessa maneira, deve haver a soma do comportamento desejado e dos benefícios inerentes à sua adoção, pois se compreende que as ações associadas ao marketing social, como a idéia, o comportamento, e o suporte material, em determinados casos, compreendem elementos de viabilidade do alcance do benefício que é considerado a oferta fundamental do marketing social. 27 • Preço No Marketing Social o preço tem a finalidade de adequar e limitar a demanda por determinado produto, além de levantar recursos para cobrir os custos da produção do produto ofertado na sociedade. O preço pode ser monetário caso a campanha exija algum tipo de apoio financeiro, ou ofertar algum tipo de produto a valores subsidiados. Porém, em grande parte, o preço é não monetário, solicitando o envolvimento da população ou de algumas pessoas num programa ou projeto, sendo o valor contabilizado expresso pelas horas trabalhadas pelos agentes executores (SCHIAVO, 2000). De acordo com Kotler e Roberto (1992), os custos referentes ao marketing social devem ser administrados com o objetivo de facilitar a aquisição e utilização do produto social, os autores orientam que em casos de valores monetários, é necessário fixar de maneira estruturada os preços dos produtos envolvidos nas campanhas de mudança social, ressaltando que a elevação do preço implica em menores proporções frente à adoção do público. Ao passo que a ausência do envolvimento do valor monetário reflete a necessidade de identificar nas mais diversas ações de marketing social alguma forma que representa a demanda sobre o público-alvo, é possível então agregar o elemento preço a aspectos como esforço físico, esforço psicológico, tempo, desconforto físico e sacrifício na forma de risco (COSTA, 2009). Em virtude disso, o autor conclui que a dimensão de preço do marketing mix social corresponde a questões monetárias e também em sua grande abrangência a não monetária, e dessa forma a ação de marketing social tem por objetivo de maneira ampla minimizar a existência dos elementos referente ao sacrifício, e dependendo da situação até mesmo maximizar estes sacrifícios caso estes representem a opção mais plausível para facilitação da mudança do comportamento. • Canais de Distribuição Os canais de distribuição são os principais responsáveis pelo fornecimento dos produtos sociais gerados. Kotler e Roberto (1992) conceituam um canal de distribuição como sendo uma organização de instituições e agências focadas na função de orientar os produtos da produção para os pontos de consumo, este conceito se aplica ao produto social, no qual o ponto de distribuição se refere à campanha de mudança social e os pontos estratégicos de consumo são o próprio público-alvo. 28 Seguindo ainda a idéias dos autores, existem tipos intermediários que formam um nível de canal e define a dimensão dos mesmos. Dessa forma, decisões importantes devem ser tomadas quanto ao canal de distribuição do Marketing Social, sendo assim um desafio para os gestores, no qual são responsáveis por definir a estratégia de distribuição englobando os meios que serão utilizados, com sua respectiva quantidade e localização. Para exemplificar os canais de distribuição nesse contexto, têm-se um posto de vacinação que fornece o produto social que engloba a vacina contra Hepatite B, em período de campanha. Assim, no ponto de vista do marketing social, este conceito possui relação com os esforços de distribuição que são direcionados para atingir o usuário. De acordo com Costa (2009), uma característica do gerenciamento dos canais de distribuição (praça) nas ações de marketing social consiste então na intervenção não somente nos elementos da oferta em si, mas também nos elementos que são concorrentes do comportamento almejado, ou seja, é necessário dificultar a adoção de atitudes concorrentes para promover a mudança desejada. • Promoção A promoção no marketing social corresponde a divulgar o produto social e estimular, por conseqüência, a adoção da causa social através de um programa de difusão. Para a obtenção de resultados satisfatórios quanto a penetração da promoção no público-alvo, se faz necessário diferenciar os adotantes eleitos como alvo fragmentado-os enquanto massa e indivíduo (KOTLER; ROBERTO, 1992). Este aspecto do Marketing Mix orienta à execução da comunicação persuasiva, ou seja, despertando através de mensagens estratégicas o desejo e interesse pela adesão e/ou aquisição do produto social ofertado. Nesse sentindo são utilizados ferramentas como a propaganda, a publicidade, o contato direto entre outros, para abranger da maneira mais adequada o grupo de adotantes escolhidos. De acordo com Schiavo (2000), o marketing social emprega veículos promocionais convencionais, geralmente utilizados pelos outros segmentos como as empresas e o governo, porém, devido a sua natureza social, há a necessidade de buscar espaços gratuitos ou a baixo custo no que se refere aos meios de divulgação. Na grande maioria, a comunicação direta, ou a simples distribuição de folhetos em ambientes estratégicos já são capazes de trazer grandes retornos para a sociedade, vale destacar que não se deve perder o foco da promoção do produto social que corresponde a 29 estimular o público quanto à adesão de uma prática provocando a transformação no comportamento. Nesse sentido Kotler e Zaltman (1971) afirmam que para a eficiência na mudança do comportamento não basta um esforço de comunicação, sendo preciso enfatizar a definição de estratégias relacionadas aos demais elementos que compõem o mix de marketing social. 2.2 Campanha Social O marketing social é direcionado aos mais diversos tipos de causa de interesse social. Entretanto, a sua abrangência desde os primeiros momentos ocorreu com as grandes campanhas sociais, especialmente as focadas na saúde pública, dessa forma é essencial um aprofundamento nesta perspectiva. 2.2.1 Evolução e Características das Campanhas Sociais As campanhas sociais não retratam acontecimentos novos na humanidade, pois desde a Grécia e Roma antigas houveram registros de eminentes campanhas para libertação dos escravos, além do histórico referente a existência de campanhas na Inglaterra, no contexto da Revolução Industrial em meados do século XVIII, em que se lutava pelo direito de votos às mulheres, abolição do trabalho infantil, entre outras questões (KOTLER; ROBERTO, 1992). Ao longo dos anos, as campanhas sociais passaram por um processo evolutivo se configurando de outra maneira, em que o foco passou a ser na área da saúde, causas ambientais e reformas socioeconômicas, dessa forma as campanhas ganharam maior amplitude e foram se expandindo para diversos países do mundo como a Suécia, Canadá, Austrália e Brasil. Para Kotler e Roberto (1992, p.6), a campanha social é o “esforço organizado, feito por um grupo, visando a convencer terceiros”, ou seja, existe a preocupação no impacto favorável das campanhas quanto a mudança de comportamento. Na perspectiva de Tóth (2005), grande parte das campanhas sociais possui raio de atuação apenas em nível da transmissão de informações e objetiva promover os programas de natureza social ou as instituições que os realizam. Enquanto que a comunicação planejada pretende gerar a aceitabilidade diante de comportamentos para a efetiva absorção de políticas 30 públicas, impactando no aprimoramento das questões ligadas a saúde, educação e meio ambiente. Dessa forma, é importante executar campanhas sociais dentro de fatores centrais do marketing para assim eliminar a probabilidade de fracasso e potencializar o sucesso das mesmas, os elementos destacados por Kotler e Roberto (1992), são: causa, agentes de mudança, adotantes escolhidos como alvo, canais e estratégias de mudanças. Tais elementos constituem o desafio do marketing nas campanhas de mudança social, e apresentam características peculiares que norteiam o planejamento dos programas desta natureza. 2.2.2 Mudança de Comportamento Há um objetivo social que representa o pilar das causas sociais, este consiste na mudança de comportamento das pessoas ditas como público-alvo. Para atingir essa meta, deve-se fazer a diferenciação em comportamentos sociais e comportamento de consumo, o que se avalia é que diferentemente do consumo o comportamento social apresenta o desafio de traduzir a percepção do prazer, deixando a sensação de conquistas individuais e adquirindo consequentemente estímulo ao ganho coletivo. O uso da comunicação para promover a mudança social remonta à década de 1920, na medida em que, houve a associação formal da propaganda e veículos de comunicação com as causas voltadas a educação e saúde da sociedade, enfatizando o objetivo de incentivar mudanças nos conhecimentos e atitudes, em virtude da aceitação de comportamentos favoráveis, sendo então as mudanças de comportamento relacionadas à necessidade do desenvolvimento da humanidade em geral (ROCHA, 2003). Dessa forma, podemos perceber que o principal foco das campanhas sociais corresponde exatamente à mudança de comportamento dos adotantes, no quais através da sensibilização às causas apresentada pelos meios de comunicação passam agir de maneira diferenciada, demonstrando que os resultados esperados pela campanha foram atingidos. 2.3 Ética e Marketing Social As práticas do marketing social, devido sua natureza coletiva, devem passar criteriosamente por uma profunda análise ética desde o seu planejamento até os seus resultados. Smith (apud ANDREASEN, 2002) define a ética como “um estudo de padrões de conduta e de julgamento moral”. O autor avalia que os profissionais especialistas em 31 marketing social em diversas vezes se deparam com situações que existem dilemas éticos, no qual as decisões são dificultadas pela percepção de uma falta de diálogo entre a ética e o marketing social. É possível afirmar que os padrões éticos possuem uma variedade conforme os valores da organização, podendo uma determinada situação ser uma questão polêmica para alguma instituição que utiliza o marketing social, porém para outra que compartilha de valores e princípios divergentes da anterior ser aceitável sob a ótica da ética, demonstrando assim que esse ponto é mutável segundo o ponto de vista adotado. Para Smith (apud ANDREASEN, 2002, p. 17-22), o delimitador do marketing social no que diz respeito às questões relacionadas à ética são as fortes crenças e julgamentos morais, estes aspectos geram dilemas éticos que fazem questionar o teor de uma campanha social, como no caso das campanhas de doação de sangue no período da proliferação da AIDS, gerando diversos dilemas e interpretações errôneas. Ainda para esse autor, existem padrões que costumeiramente apresentam dilemas de ordem ética na execução do trabalho dos profissionais do marketing social, em que pode-se destacar os seguintes padrões: ser verdadeiro, proteger a privacidade, evitar a criação de comportamento inadequados, não ser ofensivo, ser justo e equilibrado. Estes padrões supracitados geram questionamentos e conflitos, pois dependem de interpretações inerentes ao público atingido, podendo ser diferenciada de acordo com as diversas opiniões. Com o intuito de nortear a prática ética do marketing social Smith elaborou o seguinte referencial racional de reconhecimento e análise da ética, segue o modelo na Figura 3. Figura 3 – Um referencial ético para a prática do marketing social Fonte: SMITH (2002). 32 Segundo o modelo apresentado, existem elementos fundamentais na análise ética são eles: • Autores: o autor de uma campanha de marketing social corresponde, de maneira geral, a uma organização, com ou sem fins lucrativos, ou até mesmo órgãos governamentais executores de campanhas. O autor afirma que quanto maior for a interação entre o autor e seu público, maior será o reconhecimento quanto à verdade e exatidão da campanha ou ato; • Motivo: este sofre um debate no decorrer de sua variação, oscilando de um forte egoísmo ao total altruísmo, ou seja, apresenta inconstância quanto ao seu teor; • Ato: o julgamento deste elemento deve girar em torno do fato de haver a promoção de estereótipos de grupos de pessoas, projetando imagens que produzam impactos em conceitos populares errôneos e muitas vezes, prejudiciais; • Contexto: trata sobre as questões que a veiculação de uma propaganda está inserida, analisando o ambiente externo e suas peculiaridades; • Público: nas análises éticas é fundamental destacar dois tipos de público: o públicoalvo e o público não-alvo; • Conseqüências: dividindo-se em intencionais ou não, estas afetam diretamente o público. Elas podem apresentar benefícios, benefícios relativos e males que podem resultar do ato. Seguindo como orientação o modelo proposto por Smith, é possível analisar as campanhas de marketing social e verificar seu caráter ético. Como exemplo tem-se a polêmica campanha direcionada ao cuidado no trânsito, como o caso em que uma empresa de comunicação veiculou em grandes capitais do Brasil uma campanha bem ousada contra a imprudência ao dirigir no qual no título está presente a frase “Bebeu e está dirigindo?” e o complemento “Chique, heim? Se o carro pegar fogo, vai ser cremado” ou “Coisa linda. Igreja lotada daqui a sete dias”, e ainda “Vai ficar lindo com uma coroa de flores.” Seguindo o modelo proposto, o autor dessa campanha foi a WTGomes Outdoor, sendo em algumas cidade do país veiculada por outras empresas, observa-se que a finalidade é claramente romper o modelo de propaganda tradicional e despertar polêmica contra a imprudência no trânsito. O contexto é comunicar por meio de outdoors a propaganda principalmente em períodos próximos a feriados, quando se acentuam os graves acidentes. O público são os principais causadores de acidentes de trânsito, e a conseqüência é o debate em virtude da proposta de 33 aliar educação no trânsito com humor negro, percebendo a interação que implica julgamentos éticos (PORTAL UOL, 2010). 2.4 Causas Sociais e o Setor da Saúde As causas sociais e o setor da saúde mantêm uma nítida relação e uma grande importância para a pesquisa estudada, sendo maior explanada ao longo deste item. 2.4.1 Problemas Sociais Existentes no Setor da Saúde Como ressalta Samaja (2000), a noção de problema na saúde forma uma ordem descritiva que é empregada para qualificar estados possíveis de ameaça aos seres vivos. Durante o período que caracteriza a Revolução Industrial percebe-se profundos impactos sobre as condições de vida da população afetando diretamente a saúde pública, sendo um contexto propicio para a proliferação de diversas doenças que assolaram a humanidade. Dessa forma, a sociedade passou a se estruturar de forma que os assuntos relacionados à saúde foram incorporados na luta dos movimentos sociais e originando a denominação de medicina social, voltada a atender a saúde pública. Porém ao longo dos anos, a saúde passou a ser algo restrito a sociedade, hoje as pessoas que possuem condições financeiras favoráveis buscam planos de saúde e o sistema privado, pois a saúde pública encontra-se em situação de crise. Hospitais com capacidade mínima de atendimento, escassez de medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebrados, filas para atendimento, prédios mal conservados são os principais problemas encontrados em hospitais e postos de saúde da rede pública. A população mais afetada é aquela que depende deste atendimento médico público, ou seja, as pessoas que vivem em situação de risco social. No que diz respeito à Paraíba, de acordo com a Secretária da Saúde do Estado, um grande déficit se concentra nas políticas públicas voltadas para a melhoria na área de saúde, dificultando a acesso da sociedade paraibana aos serviços de saúde, representando uma ameaça a seguridade social quanto aos aspectos relacionados à área da saúde. 34 2.4.2 Doação de Sangue Desde alguns séculos atrás, o sangue passou a ser utilizado pela humanidade para cura de doenças, no qual em rituais de determinadas civilizações a população banhava-se com sangue de pessoas e animais e acreditavam que se salvariam de certas doenças. (VERRASTRO, LORENT e WENDEL, 2005, p. 237). O sangue e a medula óssea são insubstituíveis, sendo a doação a única forma de adquiri-los. De acordo com as estatísticas do Ministério da Saúde (2009), apenas 1,7% da população brasileira doa sangue e reunindo todos os hospitais e clinicas que precisam realizar transfusões de sangue diariamente mais de 5.500 litros são precisos diariamente, representando uma escassez imensa de doadores no país. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que a quantidade ideal de doadores de sangue de um país seja de 3% a 5% do total da população, no Brasil, cerca de 2% da população são doadores. De acordo com a Fundação PRÓ-SANGUE (2009), as estatísticas são preocupantes, pois a cada dois segundos, alguma pessoa necessita de transfusão sanguínea no Brasil sendo que, uma em cada cinco pessoas necessita de transfusão durante o período de internação hospitalar. Segundo o Ministério da Saúde (2009), mais de 80 milhões de bolsas de sangue são doadas todos os anos, mas apenas 38% são coletadas nos países em desenvolvimento no qual vive 82% da população mundial, apesar de crescente, este número ainda é insuficiente para atender à demanda de pacientes, principalmente pelo fato da probabilidade de se encontrar um doador compatível, o que no Brasil é de um em cem mil. GUERRA (2004), explica que seria necessário construir um cadastro com, no mínimo, dois milhões de doadores potenciais, considerando-se que há duas mil pessoas aguardando transplantes de medula. Para incentivar ainda mais a prática de doação de sangue surgiu o Dia Mundial do Doador de Sangue que foi inspirado no Dia Internacional do Doador de Sangue organizado desde 1995, este é comemorado dia 25 de novembro de cada ano, como forma de incentivar a prática de doação. 35 2.4.2.1 Campanhas de doação de sangue no Brasil As campanhas de doação de sangue são fundamentais para fortalecer o estoque referente às bolsas de sangue e demais derivados, podendo assim ampliar os doadores e estimular o aumento da freqüência na doação de sangue de maneira regular. O resultado que se pretende alcançar com estas campanhas estruturadas é proporcionar maior suporte a equipe do serviço de saúde e principalmente expandir o número de doadores esporádicos que desempenham o papel imprescindível na missão de salvar vidas. As campanhas de doação de sangue no Brasil passaram por um intenso processo evolutivo, segundo a Fundação Pró Sangue (2009), houve um significativo avanço das campanhas quanto à melhor utilização dos meios e ferramentas da comunicação. Em 1995, segundo a fundação a campanha tinha como principais apoiadores os artistas e formadores de opinião, que tinha como slogan: “Imite Seu Ídolo”, fazendo alusão ao fato de ao doarem sangue os artistas estavam sensibilização a sociedade para adesão da causa. Enquanto que 1998, a campanha teve o apoio integral da empresa Nestlé, tendo como principal foco expandir a participação da mulher na doação voluntária de sangue. Seguindo o histórico das campanhas, os registros da fundação mostram que em 1999 a campanha de doação de sangue esteve vinculada a uma agência de publicidade que lançou a campanha Boa Coração, com o slogan “Mostre que você tem bom coração, doe sangue” e a imagem forte de dedo que sangra em forma de coração, a intenção foi apresentar o primeiro passo da doação e o que, talvez, mais cause medo e desmotiva a pessoa de executar o ato. Esta campanha teve destaque por abranger diversos meios publicitários, entre eles um filme de 15” para Tv, outdoor, malas diretas, cartazes, folhetos, material de merchandising, papelaria entre outros. E dessa forma, as demais campanhas da fundação foram sendo desenvolvidas tornando-se cada vez mais atrativa e profissional. Porém, quanto ao Ministério da Saúde, em 2009, segundo os dados do site da instituição, foi lançada a campanha que teve como slogan “Entre para a Corrente Sanguínea. Doe e convide alguém a doar”. A principal proposta da campanha foi tornar em hábito saudável a ação de doar sangue, sempre com o objetivo maior de aumentar o número de doadores e a frequência de doação. O Ministério afirma que pela primeira vez, a campanha foi inserida de maneira mais focada no meio digital, buscando atingir o público internauta, no qual está presente em comunidades virtuais como blogs, Orkut, Twitter e MSN que corresponde as ferramentas mais 36 utilizadas para comunicação na internet, isto tudo na tentativa de sensibilizar os prováveis doadores. Além desses meios, no planejamento da campanha estava a vinculação da mesma em filmes na TV aberta e nos cinemas, agregada dos Spots em 27 rádios das capitais e em ambientes públicos como as praças do interior do País. Nesse contexto, verifica-se a intensificação da mobilização dos agentes executores das campanhas na busca de inovação e abrangência, para assim alcançar cada vez o seu objetivo maior que é a mudança de comportamento do público. 2.5 Marketing Social e Saúde Pública Segundo Voltolini (2003), o fundamento na promoção para o comportamento das demandas sociais quanto à área da saúde pública, foi estudado pioneiramente pelo médico Ricardo Manoff na década de 60 nos Estados Unidos, sendo o primeiro a utilizar a comunicação com o objetivo preventivo em saúde pública, convicto da lógica de que da mesma forma a propaganda pode expandir a vendas de cigarros, esta também poderia vender a idéia de que a prática de fumar torna a vida mais curta. Dessa forma, percebe-se que o desenvolvimento da comunicação social nas campanhas com foco na saúde data as décadas de 1970 a 1980, ao longo dos anos tem-se um cenário em que as campanhas de saúde pública desenvolvidas pelos sanitaristas no inicio do século XX eram vistas com grande desconfiança por parte da população. Pode-se citar como exemplo desta não adesão, o surgimento de movimentos na época como a famosa Revolta da Vacina, no qual imperava o medo, fazendo com que a população escondesse os doentes para não tomar a vacina antivariólica (Teixeira, 1999). De acordo com Teixeira (1999), na área da saúde a propaganda procurar influenciar e ajustar as pessoas a normas e prioridades definidas epidemiologicamente, utilizando como instrumentos o reconhecimento de crendices e superstições, bem como o conhecimento sobre transmissão de doenças. Estas propagandas tinham a missão de fazer com que a população cumprisse com as exigências das autoridades sanitárias. Surge a idéia de incentivar a educação para a saúde, com o objetivo voltado a prevenção das doenças e/ou ensinar hábitos de higiene pessoal. Sá (1934), afirmava a importância de "difundir no público em geral os conhecimentos necessários à melhoria do comportamento sadio". 37 Na perspectiva desta abordagem, percebe-se que os meios de comunicação, deixaram de ser usados apenas como fontes de informação para a sociedade, transformando-se assim em uma ferramenta de persuasão e a maior adesão do público eleito como alvo das campanhas com foco na saúde. Diante deste cenário com Boone e Kurtz (1998) afirmam que o marketing social e suas respectivas estratégicas passaram também a ser direcionado à saúde pública, envolvendo a combinação de diferentes variáveis para proporcionar a aceitação da idéia proposta. Por fim, percebe-se o anseio, por parte dos agentes executores, pela aplicação do marketing social nas campanhas da saúde pública, permitindo haver mais eficiência das mesmas, além de maximizar a obtenção do principal resultado que consiste nas transformação das atitudes do público alvo. 38 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo serão apresentadas as seguintes etapas referentes a metodologia: tipo de pesquisa, o universo e amostra, os procedimentos da coleta de dados e o tratamento dos dados. 3.1 Tipo de Pesquisa Esta pesquisa possui natureza aplicada, devido apresentar como objetivo “gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos e envolver verdades e interesses locais” (SILVA; MENEZES, 2001, p.20). Dessa forma, além do julgamento quanto ao aspecto teórico, a pesquisa pretende, por meio dos resultados alcançados, apresentar proposta de melhorias à instituição responsável pela campanha de doação de sangue em João Pessoa, no Estado da Paraíba. Aliado a isso, a presente pesquisa é associada ao núcleo temático da Administração que faz parte de uma grande área específica que é a ciência social aplicada, reforçando assim seu caráter aplicado. A pesquisa caracteriza-se como um estudo exploratório devido ao nível de conhecimento sobre o tema e por adotar uma base composta por estudo de caso. Segundo Gil (1996), quanto aos objetivos de uma pesquisa, o estudo exploratório pretende oferecer um alto grau de familiaridade com o problema para assim torná-lo mais claro, tendo como principal finalidade o aprimoramento de idéias ou a descoberta de hipóteses, geralmente assume as formas de estudo de caso e pesquisa bibliográfica. Vergara (2005), complementa que a pesquisa exploratória é concretizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Dessa maneira, a pesquisa utilizou uma metodologia que não alcança condições de descrição exaustiva do tema, sendo fundamental uma perspectiva estritamente exploratória. Os dados foram avaliados à luz de procedimentos qualitativos, o qual segundo Neves (1996, p. 1), “compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados”. E ainda nessa abordagem, percebe-se que a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são fundamentais no processo da pesquisa, sendo dispensável o uso de métodos e técnicas estatísticas. Ao passo que, o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave (LAKATOS, MARCONI, 1986). 39 A partir disso, foi utilizado o método qualitativo devido à pesquisa ter como essência um estudo de caso, tendo como foco a compreensão de um fenômeno específico que será abordada de maneira ampla e detalhada. No que se refere aos procedimentos técnicos, foi aplicado um estudo de caso. Para Yin (2001), o estudo de caso é um procedimento em que se aprecia a realidade de certo objeto com o intuito de obter respostas às questões de pesquisa. Minayo (2007) acrescenta, defendendo que este conceito envolve um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de forma que se permita um amplo e particularizado conhecimento. No caso desta pesquisa haverá a análise das campanhas de doação de sangue do Hemocentro de João Pessoa, com suas respectivas peculiaridades de forma aprofundada. 3.2 Sujeito da Pesquisa De acordo com Vergara (2005, p.53), “os sujeitos de uma pesquisa são aqueles que fornecerão os dados que o autor necessita para fazer a pesquisa”. Como informado acima, a organização escolhida como sujeito para a pesquisa é o Hemocentro da Paraíba, especificadamente a unidade de João Pessoa, esta é uma instituição pública ligada a Secretaria de Saúde do Estado (SSE), e esta secretaria, segundo o site da própria instituição, apresenta como principal competência a função de coordenar e executar a política de governo na área de saúde, abrangendo dessa forma, a questão da doação de sangue. De acordo com este cenário, a instituição foi escolhida como sujeito da pesquisa por corresponder ao órgão responsável pela execução das campanhas de doação de sangue no local do estudo, além de ser o principal responsável pela coleta de sangue por parte dos doadores, sendo esta a fonte necessária das informações referente à pesquisa. Outro fator relevante para a escolha diz respeito à proximidade que a autora da pesquisa possui com a instituição em questão, devido à viabilização de contatos próximos que auxiliarão na coleta dos dados. 3.3 Procedimentos da Coleta de Dados A coleta de dados foi necessária para permitir o estudo e a avaliação das campanhas de doação de sangue em João Pessoa, as potencialidades do marketing social sobre a mesma e a verificação do conteúdo ético da campanha em questão. Desta forma, a coleta de dados foi 40 realizada abrangendo duas diferentes técnicas de coleta: entrevista em profundidade e pesquisa documental. • Entrevista em Profundidade Entrevista para Lakatos e Marconi (1985), é um procedimento utilizado na investigação social para coletar dados, auxiliar no diagnóstico ou tentar solucionar problemas sociais. Ocorre em um colóquio entre duas pessoas, no qual uma delas transmite informações para a outra. Veiga (2001, p. 5) ratifica que “a entrevista é uma técnica através da qual o pesquisador se coloca diante do participante para quem faz perguntas com o objetivo de obter informações que contribuam para a investigação. Trata de um diálogo assimétrico em que o pesquisador busca coletar dados e o interlocutor se apresenta como fonte de informação.” Além disso, segundo a mesma autora, a entrevista em profundidade, apresenta natureza subjetiva tendo em vista que é imprescindível a interpretação das informações sob a perspectiva do sujeito que transmitiu as informações. Na presente pesquisa a entrevista em profundidade foi realizada com a coordenadora de ações estratégias, representando a principal executora da campanha de doação de sangue do Hemocentro de João Pessoa, para assim obter informações referentes às estratégias de marketing utilizadas e permitir a comparação com o modelo teórico de marketing social adotado ao longo da pesquisa, aliado a isso possibilitou, através da análise das informações concedidas, fazer uma avaliação quanto ao teor ético existente na campanha adotada. A entrevista foi orientada por um roteiro semi-estruturado (Apêndice A), no qual de acordo com Mattos (2005), o investigador possui uma lista de questões ou tópicos para serem preenchidos ou respondidos, representando um guia, esta entrevista possui relativa flexibilidade. Tendo como principal característica o fato de que as questões não necessitam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser formuladas novas questões no decorrer da entrevista. Isto permite o acesso à informação além do que se planejou, o esclarecimento quanto aos aspectos da entrevista, a geração de pontos de vista, a orientações e hipóteses para o aprofundamento da investigação, além da definição de novas estratégias e outros instrumentos (TOMAR, 2007). O roteiro para a avaliação das estratégias da campanha de doação de sangue no Hemocentro de João Pessoa abordou quais são os esforços depreendidos pela instituição responsável, para atingir o público alvo das campanhas e identificar o nível de alinhamento 41 aos preceitos do marketing social. Enquanto que para o conteúdo ético, foram identificados os principais dilemas éticos enfrentados e o reflexo na adesão do público quanto à campanha. O roteiro possuiu oito perguntas semi estruturada que nortearam a entrevista, seguindo a linha da teoria adotada em que segue as etapas que compõem a Figura 2 do referencial teórico. Veiga (2001) sugere que a entrevista seja gravada, a fim de reproduzir exatamente o discurso do entrevistado, e assim proporcionar que o pesquisador não desvie sua concentração na fala do mesmo. Nestes termos, optou-se por adotar este procedimento. • Pesquisa Documental A pesquisa documental é realizada através do acesso aos dados secundários, que “são informações de obtenção rápida, mais acessível que os dados primários” (RÉVILLION, 2003). Esta pesquisa usa documentos conservados por diversas fontes para compreender o tema abordado. De acordo com Vergara (2005, p.48), “uma investigação documental é realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, videoteipe, informações em disquete, diários, cartas pessoais e outros”. Este procedimento foi necessário para a coleta de dados referente ao histórico e aspecto relevantes da instituição estudada e resultados das campanhas de doação de sangue anteriores, esta etapa ocorreu basicamente utilizando-se de relatórios e informações oriundas do cadastrado de doadores, para verificar o desempenho das campanhas realizadas nos Hemocentro Coordenador de João Pessoa. 3.4 Método de Análise dos Dados Para analisar e interpretar os dados coletados ao longo da pesquisa foram necessários procedimentos qualitativos, tendo em vista ao tipo de pesquisa adotado. Quanto aos dados obtidos através da entrevista em profundidade, primeiramente houve a transcrição da gravação da entrevista, e posteriormente foi aplicada a técnica de análise do conteúdo, por meio desta técnica pode-se descrever as tendências no conteúdo das informações transmitidas e desvendar contradições. Foi feita a análise do conteúdo da entrevista com a responsável pelo setor de ações estratégicas da instituição, a fim de descrever as técnicas e procedimentos utilizados 42 atualmente pela campanha de doação de sangue em questão e a avaliação da pesquisa documental que permitiu realizar um levantamento quanto as dados de campanhas anteriores que serviram de suporte à pesquisa. Dessa forma, os dados coletados foram confrontados entre si por meio das evidências e levando em consideração os conteúdos teóricos debatidos na revisão da literatura. Para atender aos objetivos propostos na pesquisa, foi sugerido um plano de melhoria (passo a passo) baseado no modelo de marketing social de Kotler e Roberto (1992) para assim ser adotado pela instituição com o intuito de obter maiores retornos nas campanhas estudadas. 43 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste capítulo será apontada a análise e interpretação dos dados coletados, discorrendo sobre os resultados obtidos ao longo da pesquisa, a fim de atender aos objetivos específicos propostos. 4.1 Apresentação da Instituição A seguir será explanado sobre a configuração do Hemocentro na Paraíba, com ênfase na cidade de João Pessoa, este é o órgão da Secretaria de Estado da Saúde (SES) responsável pela coleta de sangue e pela promoção das campanhas de doação de sangue. 4.1.1 Histórico e Estrutura As informações relativas aos aspectos da apresentação da instituição foram extraídas do Portal da Secretária de Saúde do Estado da Paraíba. O Centro de Hemoterapia e Hematologia da Paraíba – Hemocentro Coordenador de João Pessoa consiste em um órgão público, vinculado a Secretaria de Estado da Saúde, criado no ano de 1991, por meio da LEI N° 6.306, com o objetivo de se tornar referência quanto a assistência hemoterápica do Estado. Esta instituição busca através de ações inovadoras desempenhar eficientemente seus procedimentos e funções para atender ao cumprimento da sua principal missão no âmbito do serviço de saúde pública. O Hemocentro da Paraíba é responsável por atender 40 hospitais, cobrindo 100% dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), além dos leitos dos planos de saúde cadastrados, como o caso da Unimed de João Pessoa. Para a realização das atividades, o hemocentro é composto por uma rede de 10 (dez) Hemonúcleos que corresponde a unidades menores de captação de sangue vinculadas ao Hemocentro Coordenador, que objetiva atender as demandas dos municípios, estes são distribuídos em cerca de 12 (doze) municípios do Estado tais como: João Pessoa, Guarabira, Picuí, Monteiro, Princesa Isabel, Patos, Piancó, Itaporanga, Cajazeiras, Sousa e Catolé do Rocha, além de um regional em Campina Grande. A unidade do Hemocentro objeto desta pesquisa apresenta funcionamento diário, e sua sede está localizada na Avenida Dom Pedro II, em João Pessoa nº 1119 – Torre. Na intenção de melhor atender os doadores de sangue a Rede Hemocentro disponibiliza de uma grande estrutura de aparelhos e de colaboradores que visão o bom 44 atendimento das pessoas que se habilitam para a doação, com a finalidade de suprir seu estoque regulador de sangue. Para o preenchimento das bolsas de sangue, o hemocentro de João Pessoa se caracteriza como o principal agente executor das campanhas de doação na cidade, além de orientar os requisitos e procedimentos adequados para a concretização do ato de doar sangue. 4.1.2 Dados Relevantes Os dados apresentados estão relacionados às campanhas de doação de sangue efetuadas no Hemocentro de João Pessoa, sendo estes retirados da entrevista e análise documental realizada ao longo da pesquisa. Uma informação relevante para a pesquisa corresponde ao fato de que mensalmente, uma média de 4 mil pessoas doam sangue no Hemocentro de João Pessoa, demonstrando a quantidade de doadores fidelizados e sensíveis a causa. Atualmente, o Hemocentro tem em seu banco de dados 98.500 doadores, e são realizadas anualmente 8 (oito) campanhas fixas para doação de sangue especialmente em datas comemorativas como Carnaval, Dia da Mulher, Dias das Mães, Dia Nacional do Doador de Sangue, Dia dos Pais, Período de São João, Momento Cívico e Campanha de encerramento do ano em dezembro. De acordo com dados estatísticos do Hemocentro Coordenador de João Pessoa, a principal faixa etária de doadores corresponde à população de 25 a 35 anos, que demonstram maior interesse em praticar o ato de doar sangue, sendo esta uma informação de extrema importância para analisar os efeitos quanto ao público atingido pelas campanhas de doação de sangue da cidade supracitada. Quanto a quantidade de meios de comunicação utilizados nas campanhas, percebe-se 4 (quatro) meios de maior abrangência são eles: palestras, folders, rádio e televisão, demonstrando o interesse de penetração na sociedade. De acordo com a pesquisa, as coletas externas de sangue são realizadas todos os meses, e em cada uma podem ser feitas até 60 doações de sangue. O objetivo do Hemocentro com essas coletas externas e também com as campanhas é viabilizar a manutenção do estoque de sangue. Para isso é fundamental a qualidade nos serviços prestados na instituição, pois, desta forma, favorece uma maior mobilização da população no sentindo de fidelizar os doadores de sangue, fazendo-se necessário que os mesmos sintam segurança no processo que corresponde a doação e estejam satisfeitos ao longo do atendimento. 45 Diante desse contexto, foi realizada uma pesquisa que apresenta a qualidade dos serviços prestados no hemocentro de João Pessoa, em que os dados do Gráfico 1 correspondem ao nível de satisfação dos doadores. Gráfico 1 – Qualidade Geral do Hemocentro Coordenador Fonte: MARQUES (2006). Os aspectos avaliados foram o serviço realizado, a facilidade para conseguir o serviço, o atendimento dos funcionários, a qualidade geral no Hemocentro Coordenador, a conservação e limpeza e por fim o tempo de permanência para o atendimento. Sendo possível, apontar uma satisfação positiva dos doadores de sangue diante dos serviços prestados. 4.2 Resultados da Entrevista A entrevista foi realizada em 30/04/2010 com a coordenadora de ações estratégicas do Hemocentro, senhora Vânia Cavalcante Pereira, e houve algumas dificuldades quanto ao acesso à respondente devido à incompatibilidade de horários e ao nível de compromissos atribuídos ao cargo por ela desempenhado, dificultando a realização da coleta de informações, que teve seu prazo postergado algumas vezes. Porém, mesmo com os entraves, foi possível um contato com a agente estratégica das campanhas de doação de sangue, possibilitando atender o que foi proposto na pesquisa. 46 Foram traçadas oito perguntas para a compressão do funcionamento das campanhas de doação de sangue e sua respectiva avaliação quanto a seguir as prescrições da teoria proposta por Kotler e Roberto (1992), sendo estas analisadas particularmente. Questão 1: Como ocorre a campanha de doação de sangue em João pessoa? Segundo a resposta obtida na pesquisa, as campanhas de doação de sangue em João Pessoa ocorrem seguindo um planejamento anual, baseado em um cronograma que abrange todas as campanhas que irão ocorrer durante o ano vigente. É designada uma equipe do setor de ações estratégicas para execução de cada campanha, e o planejamento é feito com dados de anos anteriores e por meio de reuniões. Como destacado na resposta da entrevistada: “... nos reunimos mensalmente para projetar as atividades que deverão ser feitas em um espaço de tempo, entramos em contato com a mídia 30 dias antes do evento...”. Pode-se perceber que ocorre a preocupação imediata com relação à elaboração de estratégias de atuação e a divulgação das campanhas para a sociedade, além do foco em fechamento de parcerias estratégicas tais como parcerias com empresas que comercializam materiais farmacêuticos, panificadoras, faculdades, gráficas, entre outras, para viabilizar a execução das campanhas. De acordo com a prescrição do modelo teórico de Kotler e Roberto (1992), o primeiro passo para a construção de um programa ou campanha que objetiva a mudança de comportamento deve ser a análise do ambiente denominado de ‘ambiente de marketing social’. Isto permite verificar, pela resposta obtida, um não alinhamento deste aspecto, pois a campanha estudada não considera de forma explícita em seu planejamento os aspectos externos fundamentais como análise das oportunidades existentes, pois o planejamento é traçado anualmente seguindo um cronograma de acordo com datas estabelecidas e sem informações externas consistentes para a elaboração do mesmo. Percebe-se que ocorre um planejamento bastante intuitivo sem a busca de maiores inovações provenientes de análises com o público externo, pois não ocorre a verificação da situação da população de adotantes escolhidos como alvos, ou mesmo a capacidade de execução de um número maior de campanhas, entre outros elementos. Sendo assim, é possível afirmar que a instituição desconsidera as inconstâncias do ambiente externo que podem estar afetando diretamente no desenvolvimento das campanhas e há espaços evidentes para aperfeiçoamentos a partir da teoria do marketing social. 47 Questão 2: Há definição de públicos quando vocês definem o doador? No que se refere à definição dos públicos, em linhas gerais, no caso do Hemocentro em questão, o público definido consiste em toda a população que se enquadra nas exigências para a doação de sangue, em que abrange basicamente homens e mulheres entre 18 e 65 anos com o peso acima de 50 kg. Para atuar diante desse público existe cinco vertentes de facilitação são estas: associações, entidades educacionais, entidades particulares (hospitais, empresas,...), entidades religiosas e forças armadas. Esse público é definido segundo os projetos de captação de sangue que correspondem às campanhas. De acordo com o calendário planejado a atuação, ocorre com o foco no público em que se deseja atender, como por exemplo, no caso do público feminino, que corresponde a 20% de doadoras em relação ao índice geral, sendo este um percentual bastante inferior, em que diante dessa situação são executadas campanhas para o dia da mulher e dia das mães, no período de planejamento. Como frisa a coordenadora de ações estratégias “... cada grupo em relação ao seu projeto vai buscar esse público alvo, se é nas forças armadas entra em contato com as mulheres militares, ocorre busca em associações de mulheres...”, observando assim as vertentes de atuação como uma facilitadora para captar a demanda quanto ao público alvo estabelecido. Seguindo uma análise à luz da teoria de Kotler e Roberto (1992), defende-se a idéia de que para a definição do público alvo se faz necessário realizar uma seleção com a população de adotantes escolhido como alvo. Na instituição objeto de estudo a seleção é feita de maneira que engloba todos os indivíduos que se enquadrem ao perfil apto de doador, sendo um aspecto positivo em que as campanhas são orientadas para este público específico, não focando parcelas da população que estão fora dos adotantes alvos tais como crianças e idosos acima de 65 anos. Quanto à segmentação deste mesmo público, a teoria ressalta que é fundamental executar a tarefa de subdividir a população em segmentos com características comuns em sua reação a campanha social, para, a partir desta segmentação, ser possível formular estratégias de posicionamento para cada segmento. Isso ocorre de maneira genérica no Hemocentro Pessoense, o qual cada campanha pré-estabelecida possui de certa maneira um público de maior abrangência como o caso citado do público feminino, e aliado a esse aspecto são traçadas estratégicas por meio das vertentes de facilitação para gerar maiores resultados e promover uma atuação positiva nas campanhas do Hemocentro. 48 Questão 3: O Hemocentro realiza pesquisa com os doadores? Ao questionar se o Hemocentro Coordenador de João Pessoa realizava pesquisas, averiguou-se que a pesquisa formalizada não existe, o que ocorre são apenas questionamentos informais nas semanas das campanhas, e ao ser feito o cadastro dos doadores e levantada a informação do que motivou a adesão quanto à doação de sangue, identificando aspectos relevantes do perfil dos doadores. Avaliando essa perspectiva tendo como base a teoria de Marketing Social, destaca-se uma grande lacuna quanto a informações sobre os dados, pois Kotler e Roberto (1992) afirmam com veemência que pesquisar a população de adotantes escolhidos como alvo corresponde a uma etapa fundamental para o desenvolvimento de programas que objetivam provocar uma mudança de comportamento, pois se faz necessário analisar o ambiente externo do Marketing Social, e isto demanda que se chegue a um entendimento abrangente do grupo de adotantes e suas principais exigências, e a partir disso ter subsídio na elaboração das estratégias de comunicação. Neste aspecto, acredita-se que é possível haver aprimoramentos no trabalho do Hemocentro a partir da consideração das bases teóricas de Marketing Social. Questão 4: Como ocorre o processo de divulgação? Quem são os tomadores de decisão dos locais estratégicos? O processo de divulgação das campanhas de doação de sangue ocorre primeiramente por meio de reuniões para definir entre a direção e a coordenação quais as estratégias de comunicação serão traçadas, e após essa definição a equipe de captação de recursos entra em contato com a Secretaria de Saúde do Estado, instituição responsável pela ligação direta com as mídias envolvidas, para realizar contatos com meios de comunicação já consolidados como parceiros tais como televisão, rádio, internet, entre outras. Porém, quando o retorno não é significativo, a própria equipe de ações estratégicas passa a atuar na divulgação e a definir quais os locais estratégicos que devem ser acionados. Quanto aos gastos financeiros para as estratégias de promoção e preço das campanhas, verificou-se, ao longo da entrevista, que não há esforços financeiros despendidos sendo explicado com um trecho a seguir extraído da resposta da entrevistada: “... como essa é uma questão que mexe de fato com a sociedade fazendo um bem para todos, as mídias já estão sensibilizados a fazer um trabalho voluntário”. Percebe-se assim a tendência da mídia em 49 realizar divulgações de maneira gratuita, o qual o retorno será seu comprometimento com a causa social que consiste a doação de sangue. Existe ainda um projeto de mobilização de empresas quanto à causa de doar sangue, em que ocorrem visitas mensais, a princípio em duas empresas, buscando torná-las fiéis e fazendo com que os próprios funcionários se enquadrem como doadores de sangue, reafirmando o compromisso da organização com as causas sociais, e demonstrando uma mudança de comportamento organizacional. Ao analisar o procedimento de divulgação à luz da teoria verifica-se um aspecto fundamental que consiste na formulação de objetivos e estratégias de Marketing Social, o qual é responsável pela definição dos objetivos que espera se atingir diante de um público adotante escolhido com alvo. Esse levantamento de estratégias no que diz respeito ao aspecto relacionado à comunicação das campanhas é bem definido na campanha analisada, pois a Secretaria de Saúde do Estado é responsável por atingir maior abrangência do público alvo através de contatos consolidados com as mídias locais. Assim, quanto ao critério promoção dos 4P´s do Marketing Social, avalia-se um grande esforço para obtenção de resultados favoráveis, mostrando o alinhamento com a teoria estudada. Em contrapartida, analisa-se uma atenção menor no que tange o produto em que desconsidera, em suas estratégias, a abordagem quanto à qualidade nos procedimentos de coleta de sangue, segurança e a importância da doação de sangue na sociedade, sendo necessário fazer uma definição mais aprofundada desse importante elemento do mix de Marketing Social Questão 5: Quais as principais dificuldades encontradas no processo de divulgação das campanhas? Quanto as dificuldades no processo de divulgação da campanha pesquisada, constatase que a quantidade de recursos humanos se torna o principal fator limitador, pois somado a um reduzido número de funcionários envolvidos com as campanhas, tem-se a questão da ausência de maior responsabilidade e compromisso da equipe para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de inovações nas campanhas. Além disso, outro ponto crítico se concentra na resistência do público, especialmente mulheres e jovens, como pode-se perceber na afirmação da entrevistada: “... trabalhar com jovens especialmente 18 – 20 é um público difícil, porém a partir dessa idade a resposta é muito boa...”. No que diz respeito às dificuldades relativas ao processo de divulgação, não ocorrem tantos entraves devido ao fato de que as mídias estão consolidadas e sensíveis quanto à adesão da causa. 50 Em sua teoria, Kotler e Roberto (1992) afirmam que organização, implantação, controle e avaliação do esforço de marketing social são essenciais para o desenvolvimento de programas sob esta perspectiva, esta etapa consiste em organizar os recursos de marketing, implantação dos programas e controle. Devido ao que foi questionado sobre os gargalos diante da promoção das campanhas, e com a resposta obtida, percebeu-se o reconhecimento em diversos aspectos que impedem a alavancagem das campanhas, sendo então fundamental para implementação do programa de marketing social, identificar as barreiras e executar melhorias para atender aos objetivos que as campanhas se propõem. Questão 6: Há o gerenciamento das campanhas? O gerenciamento das campanhas segundo a entrevistada acontece de maneira intuitiva, ou seja, não há controles por meio de indicadores e não são elaborados relatórios sobre cada campanha, deixando de ser abordado os feedbacks e resultados das campanhas em questão. Porém, verificando a necessidade de consolidar essas informações a coordenadora de ações estratégicas afirmou que “... a partir dessa campanha de maio foram inseridos indicadores para avaliar a resposta dessas campanhas, nós tínhamos a resposta com apenas números de doadores, sendo dados muito vagos...”. Além disso, sentiu-se a necessidade de haver um profissional de marketing inserido nas atividades das ações estratégicas do Hemocentro. Tendo em vista que a capacitação com ênfase nessa área do conhecimento é essencial para a promoção de campanhas mais sólidas, foi relatado que em alguns hemocentros no Brasil existem profissionais que possuem habilidades em marketing para suprir essa deficiência. São realizados trimestralmente treinamentos com a equipe devido à necessidade de expandir o conhecimento na área de gestão, pois como relata a entrevistada “... sentimos a necessidade de trabalhar com esse tipo de plano de ação e resultar indicadores, para avaliar se estamos tendo êxito ou não.” Ao realizar uma análise fundamentada na teoria defendida pelo modelo teórico, verifica-se que quanto à organização, implementação, controle e avaliação as campanhas de doação de sangue em João Pessoa, estão em uma fase ainda não evoluída quanto esses aspectos, pois mesmo realizando melhorias por meio de indicadores se faz necessário o acompanhamento com uso de ferramentas através de planos de ações e metas definidas que inexistem nas campanhas supracitadas, podendo gerar ineficiência no resultados (o impacto 51 social e ético) e até mesmo não atender o objetivo proposto que consiste na maior captação de doadores de sangue na cidade, por meio das campanhas para suprir os estoques de sangue. Questão 7: O material de divulgação chega pronto de algum órgão? Ao ser questionado sobre o controle do material de divulgação das campanhas de doação de sangue, foi constatado que a produção dos folders, banners e cartazes é realizada por empresas locais que mantém relação de parceira com a Secretaria de Saúde do Estado, verificando assim a autonomia para implementação de campanhas com a identidade traçada de acordo com o planejamento, porém vale ressaltar que em casos de campanhas nacionais como o dia do doador, o material de divulgação é enviado pelo órgão nacional de saúde. Este aspecto é de extrema relevância conforme a teoria, pois se defende que para a implantação de campanhas sociais é necessário fazer uma escolha cuidadosa das agências de publicidade que irão atuar além de que a seleção da mídia e das ocasiões coerentes contribuem de maneira significativa nos resultados das campanhas. 4.3 Avaliação do Conteúdo Ético A abordagem para análise quanto ao conteúdo ético das campanhas de doação de sangue promovidas pelo Hemocentro de João Pessoa segue o modelo prescrito por Smith em que são traçados elementos fundamentais que são destacados para orientar a análise ética das campanhas em questão. O primeiro elemento corresponde aos autores envolvidos nas campanhas de marketing social, no caso da campanha estudada esse fator diz respeito ao Hemocentro Coordenador de João Pessoa, pois corresponde à instituição executora da campanha. Enquanto ao motivo que impulsiona a realização da campanha verifica-se o suprimento dos estoques de sangue como agente de maior interferência para promoção das campanhas que objetiva desprender esforços para a captação de doadores de sangue na cidade inserida. No que diz respeito ao ato, este elemento gira em torno da exigência em realizar uma grande sensibilização com a população para provocar mudança de comportamento, em que detecta-se projeção de imagens e conceitos quanto ao ato de doar sangue que geram dilemas éticos tais como no caso das campanhas de doação de sangue nos momentos em que a AIDS estava em ênfase como doença que assolava o mundo, situação esta que impactava diretamente nos processos de transfusão de sangue que ficaram cada vez mais restritos devido 52 ao medo da transmissão da doença, porém nos dias atuais não verifica-se destaque nesses conceitos errôneos gerado pela própria sociedade, ou seja, não atinge de maneira significativa no processo de doação de sangue. Quanto ao contexto, as campanhas de doação de sangue do Hemocentro de João Pessoa estão inseridas em um cenário em que a população alvo está cada vez mais sensível a causa, sendo este um aspecto de extrema relevância, pois permite o desenvolvimento de projetos como a parceria com empresas para ampliar o banco de doadores, obtendo assim resultados para beneficiar a sociedade como um todo. No elemento relativo a público destaca-se a divulgação das campanhas focadas no público alvo, sendo um aspecto de destaque referente ao público feminino, o qual representa 20% do total de doadores, um fato relevante observado está relacionado as mulheres apresentarem tabus em relação à doação de sangue, pois a sociedade defende que as mulheres constituem o sexo frágil, que ao doarem sangue podem estar colocando sua saúde em risco, porém esse pensamento é incoerente, pois a mulher tem o poder de gerar vidas sendo dessa forma fortes também para doar sangue. Por fim, o último aspecto do modelo de Smith é caracterizado como conseqüências em que verifica-se que o impacto diretamente o público, trazendo neste caso benefícios significativos para a sociedade com a reposição contínua dos estoques de sangue, não sendo verificado males quanto a promoção das campanhas, dessa forma as conseqüências intencionais e não intencionais são alcançadas para contribuir com a saúde pública. Diante do contexto exposto é possível afirmar que não foram verificados evidências de preocupação quanto ao conteúdo ético das campanhas de doação de sangue, isso deve ocorrer provavelmente pela natureza altruísta que caracteriza o ato de doar sangue, baseado no pensamento de salvar vidas. 4.4 Proposta de Melhorias Considerando a existência de limitações que podem ser aprimoradas sob a luz das estratégias que abrangem o Marketing Social, foi proposto como contribuição um passo a posso a ser seguindo para orientar a instituição a expandir a aceitação da idéia e prática social que o Hemocentro sugere para seu publico de adotantes alvos. A proposição está explícita no Quadro 1. 53 Etapa Definição do Produto Social Orientação Reconhecer que o produto social objeto das campanhas é uma prática social: doar sangue. Realização de pesquisa de mercado especializada com potenciais Análise do Ambiente doadores para identificar suas expectativas, avaliação das partes interessadas (fornecedores, parceiros, público alvo,...). Definir com bases nas informações da pesquisa o perfil do público alvo Escolha do Público Alvo para elaborar campanhas mais focadas neste. Os objetivos e estratégias devem ser específicos e mensuráveis, para isso devem partir dos objetivos gerais e, depois, identificar o comportamento e os atos específicos dos adotantes alvos, chegando a objetivos como por Traçar os Objetivos e Estratégias exemplo, aumentar a capacidade de promoção pelas mídias das campanhas de doação de sangue, elevar o índice de doadores que foram sensibilizados pelas campanhas, entre outros. Nesta etapa sugere-se que a instituição análise o Mix de Marketing Social em seu planejamento, avaliando o produto, o preço (sacrifícios Planejamento das para o público como dor, constrangimento, entre outro), a praça (canais campanhas de distribuições de coleta de sangue) e a promoção (mídias envolvidas) para traçar um planejamento mais consistente com informações do âmbito externo. Para implementação das campanhas sugere-se que primeiramente seja contratado um profissional na área de gestão e a utilização de Implementação e indicadores de desempenhos para controlar a eficácia do programa que Controle das engloba as campanhas de doação de sangue. Esses indicadores servirão Campanhas de Doação para compreender as reações dos grupos de adotantes e serão extraídos de Sangue através da pesquisa de marketing social aplicada nas campanhas em questão. Quadro 1 – Proposta de Marketing Social para promoção das campanhas do Hemocentro de João Pessoa FONTE: Autoria Própria, 2010. 54 5 CONCLUSÃO Este capítulo apresenta as considerações finais do presente estudo, procurando resgatar e a analisar o atendimento aos objetivos da pesquisa. Também mostram-se algumas limitações existentes e sugestões para as futuras pesquisas. 5.1 Considerações Finais A partir dos resultados levantados ao longo da pesquisa através dos procedimentos metodológicos aplicados, visando a atender aos objetivos propostos na pesquisa, verifica-se que os aspectos levantados foram adequadamente respondidos. Assim, ao longo do desenvolvimento do estudo aliado à análise e interpretação dos dados, avaliada sob a prescrição do modelo teórico predeterminado (de marketing social), foi possível descrever a campanha de doação de sangue promovida em João Pessoa. Tal atividade foi viabilizada pela entrevista aplicada com a coordenadora de ações estratégicas da instituição pesquisada, o hemocentro de João Pessoa, o qual compreendeu as etapas da elaboração das campanhas iniciando com o seu planejamento perpassando a fases de organização e implementação das campanhas supracitadas. Os resultados mostraram que as campanhas de doação de sangue do Hemocentro não estão bem alinhadas ao modelo teórico de Kotler e Roberto (1992) explorado na pesquisa, pois ao avaliar a realização das campanhas verifica-se a escassez no uso de ferramentas tecnológicas (de conhecimento) que compõem o Marketing Social, em especial nas atividades clássicas de implantação e controle dos programas voltados a provocar uma mudança social. Tal constatação tem motivação, provavelmente, na a ausência de um profissional especializado na perspectiva de gestão com ênfase em marketing, sendo isso algo constatado durante a entrevista. Este fato impacta no desenvolvimento das atividades, que possuem características que ressaltam a maneira intuitiva e sem critérios bem definidos para planejar e executar as campanhas de doação de sangue gerenciadas pela instituição estudada. Seguindo nas considerações finais da pesquisa, verifica-se que uma das conclusões relevantes esteve relacionada ao conteúdo ético das campanhas de doação de sangue, tendo sido observado que não havia dilemas éticos significativos no contexto da pesquisa realizada. Porém, é possível notar a existências de dilemas éticos em potenciais que dizem respeito à segurança quanto aos procedimentos de doação de sangue, tais como higiene nos materiais utilizados, além de questionamentos quanto ao perfil de doador o qual determina certas 55 exigências tais como a permissão para doação de sangue para pessoas que possuem tatuagem ou colocaram piercing após um ano da realização desses procedimentos, podendo originar um problema social de preconceito que se caracterizará como um conflito ético. Dessa forma, recomenda-se que na elaboração das campanhas haja maior atenção para os pontos destacados acima, buscando esclarecer ao grupo de adotantes escolhidos como alvo que as campanhas de doação de sangue pretendem minimizar os possíveis conflitos éticos que possam existir. Enfim, os resultados alcançados com este estudo demonstram que as campanhas de doação de sangue realizadas pelo Hemocentro Coordenador de João Pessoa, apresentam características interessantes tais como fechamento de parcerias, mídias definidas, entre outras. Porém, se tais aspectos forem aperfeiçoados seguindo a prescrição do modelo de Marketing Social, isto permitirá que as campanhas tragam resultados melhores quanto a captação de doadores. Logo, fica evidente a importância do estudo e da realização de pesquisas voltadas para essa vertente. 5.2 Limitações da Pesquisa Na finalização desta pesquisa é importante ressaltar algumas limitações detectadas: • A pesquisa não aborda o conteúdo de cada campanha de maneira detalhada, dificultando a verificação dos pontos críticos a serem melhorados; • A ausência de relatórios de anos anteriores com indicadores de desempenho tais como índice de captação de doadores por campanha dificulta a análise da eficácia das campanhas do Hemocentro Coordenador; • O programa de campanhas sociais possui como característica ser bastante amplo, pois aborda diversas ferramentas que possuem o foco de provocar mudança de comportamento, dessa forma o presente estudo não levou em consideração aspectos relacionados a teoria do marketing social, assim como o projeto de ajuste entre produto e mercado. Diante desse contexto, ressalta-se que tais limitações não representaram problemas para o estudo em questão, sendo estas destacadas para apresentar a existência de obstáculos existentes ao longo da pesquisa. 56 5.3 Sugestões para Futuras Pesquisas Conforme já dito anteriormente, a análise do Marketing Social em campanhas de natureza social é extremamente abrangente e na presente pesquisa não foi possível contemplar todos os aspectos que são relevantes para a elaboração consistente de um programa com foco em campanhas sociais sob a prescrição do modelo teórico de Marketing Social em questão. É recomendado um estudo detalhado sobre cada campanha promovida pela instituição e realizar uma comparação com campanhas dos Hemocentros de outros Estados do Brasil, para identificar o nível de captação de novos doadores no Estado e avaliar com indicadores comparativos a situação estratégica do Hemocentro estudado. A continuidade da pesquisa é interessante, pois a introdução de novos indicadores de desempenho e a proposta de modelo de plano de marketing presente na pesquisa poderá ser base para verificação de melhores resultados das campanhas, atingindo o público alvo desejado e provocando mudança de comportamento. 57 REFERÊNCIAS ANDREASEN, Alan R.. Ética e Marketing Social: como conciliar os interesses do cliente, da empresa e da sociedade numa ação de marketing. São Paulo: Futura, 2002. BOONE, L. E.; KURTZ, D. L. Marketing contemporâneo. São Paulo: LTC Editora, 1998. COSTA, F. J. Marketing Social: Tópicos Introdutórios. Texto de discussão, João Pessoa, 2009. CORRÊA, S.C.H. Projetos de Responsabilidade Social: A Nova Fronteira do Marketing na Construção da Imagem Institucional. COPPEAD/ UFRJ. Rio de Janeiro, 1997. Dissertação de Mestrado. ________, Secretária de Estado da Saúde da Paraíba. Hemocentros. Disponível em <http://www.saude.pb.gov.br/site/hemocentropb.shtml>. Acesso em: 10 de dezembro de 2009. ________, Ministério da Saúde. Doação de sangue. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=27484&janela=1>. Acesso em: 03 de dezembro de 2009. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996. GUERRA, Rafael. Relatório da comissão externa destinada a averiguar denúncias referentes a interferências na lista de espera de pacientes necessitados de transplante de medula óssea no instituto nacional do câncer. 2004. Disponível em: <http://www.camara.gov.br>. Acesso em: 02 de dezembro de 2009. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A.: Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo. Ed. Atlas, 1985 MARQUES, Francisco. Qualidade no serviço prestado ao doador de sangue do hemocentro coordenador de João Pessoa - Paraíba. 2006. 59f. Monografia (Graduação em Administração). UFPB, João Pessoa – PB. MATTOS, P.; LINCOLN, C. L.: A entrevista não-estruturada como forma de conversação: razões e sugestões para sua análise. Rev. Adm. Pública; 39(4):823-847, jul.ago. 2005 MINAYO MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2007. 58 NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa – características, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 1, No. 3, 1996. PORTAL UNIMED. Hemocentro da Paraíba faz campanha para incentivar doação de sangue. Disponível em: <http://www.unimedjp.com.br/sistema/noticias.php?id=2572>. Acesso em: 10 de dezembro de 2009. PORTAL UOL. Campanha de trânsito gera polêmica. Disponível em: < http://liciafabio.uol.com.br/tag/campanha-educativa-de-transito/>. Acesso em: 11 de maio de 2010. PRINGLE, H; THOMPSON, M. Marketing Social: Marketing para causas sociais e a construção das marcas. São Paulo: Makron Books, 2000. PRÓ SANGUE - Fundação pró-sangue hemocentro de São Paulo. Estatísticas de doação de sangue no Brasil. Disponível em: < http://www.prosangue.com.br>. Acesso em: 03 de dezembro de 2009. RÉVILLION, A. S. P. A utilização de pesquisas exploratórias na área de Marketing. RIMAR – Revista Interdisciplinar de Marketing, v. 2, No. 2, pp. 21-37, 2003. ROBERTO, E. L.; KOTLER, P. Marketing social: estratégias para alterar o comportamento público. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1992. ROCHA, C. M. V. Comunicação Social e Vacinação. Rio de Janeiro, 2003. SÁ, Carlos. Higiene e educação da saúde. Serviço Nacional de Educação Sanitária (SNES); 1934. SAMAJA, Juan. A reprodução social e a saúde. Casa da Qualidade. Salvador, 2000. SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F; LUCIO, P. B; PÉREZ, M. L. C. Metodologia de La investigación. México: McGraw-Hill, 1991. SCHIAVO, M. R.; FONTES, M. B. Conceito e evolução do marketing social. Rio de Janeiro, II Curso de Capacitação em Marketing Social, 1997. SCHIAVO, Márcio R. Agregando Valor Social. Revista Marketing. São Paulo, ano 33, nº 327, p.13-16, abr.2000. SILVA, E. L; MENEZES, E. M. Metodologia de Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001. Disponível 59 em: < http://www.scribd.com/doc/2367267/DA-SILVA-MENEZES-2001-Metodologia-dapesquisa-e-elaboracao-de-dissertacao>. Acesso em: 10 de dezembro de 2009. SMITH, W. A. A ética e o promotor de marketing social – Um referencial para profissionais. In ANDREASEN, Alan R.. Ética e Marketing Social: como conciliar os interesses do cliente, da empresa e da sociedade numa ação de marketing. São Paulo: Futura, 2002. TEXEIRA, M. G. 25 anos do Programa Nacional de Imunizações: Bahia. Em PNI-Bahia, 25 anos de história. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, 1999. TOMAR, M. S. A Entrevista semi-estruturada Mestrado em Supervisão Pedagógica. Ed. 2007. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/10409/1/conceitos-em-pesquisacientfica/pagina1.html>. Acesso em: 10 de dezembro de 2009. TÓTH, Mariann. Campanhas sociais vs comunicação social estratégica. 2005. Disponível em:<http://www.socialtec.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=92:camp anhas-sociais-vs-comunicacao-social-estrategica&catid=11:comunicacao&Itemid=2>. Acesso em: 20 de novembro de 2009. VEIGA, L; GONDIM, S. M. G. A utilização de métodos qualitativos na Ciência Política e no Marketing Político. Opinião Pública, Campinas, v. 7, No. 1, pp. 1-15, 2007. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005. VERRASTRO, T; LORENZI, T. F.; WENDEL, S. Hematologia e Hemoterapia Fundamentos de morfologia, fisiologia, patologia e clínica. São Paulo: Atheneu, 2005. VOLTOLINI, Ricardo. Marketing Social, uma ferramenta a serviço da mudança que o país reclama. Revista Integração. Ano VI, n º 29, 20003. Disponível em: < http://integracao.fgvsp.br/ano6/08/opiniao.htm >. Acesso em: 04 de dezembro de 2009. WEBSTER JUNIOR, Frederick E. Aspectos Sociais do marketing. São Paulo, Atlas, 1978. YIN, R. K. Estudo de curso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre Bookman, 2001 60 APÊNDICE A – Entrevista com a coordenadora de ações estratégicas do Hemocentro de João Pessoa. Entrevistada: Vânia Cavalcante Pereira Cargo: Coordenadora de Ações Estratégicas do Hemocentro João Pessoa 1. Como vocês fazem a campanha de doação de sangue em João pessoa? Nós temos um cronograma anual que engloba várias campanhas, a campanha do carnaval, da mulher, das mães, de São João, dos pais, momento cívico, campanha nacional do dia do doador e a campanha de dezembro, geralmente existe uma equipe que faz parte da coordenação de ações estratégicas formada por assistentes sociais deveria ser multiprofissional, mas estamos trabalhando para isso, essa equipe é formada por um coordenador e um grupo de assistentes sociais, nós nos reunimos mensalmente para projetar as atividades que deveram ser feitas em um espaço de tempo entramos em contato com a mídia, uns 30 dias antes do evento entramos em contato com algumas empresas parceiras, empresas que nos vendem bolsas de sangue, alguns materiais farmacêuticos, empresas que abastecem também, panificadoras, mercados para que nos ajudem de uma forma direta ou indiretamente o Hemocentro nesse período, existe também a colaboração de algumas faculdades com ajuda que nos dão com materiais de informação como folders, cartazes, banners, a parceria consiste na concessão de material e divulgar a logomarca da empresas nas campanhas. Em cada evento tem as camisas então também para parceria geralmente nós mandamos a arte e eles mandam a aprovação dessa arte com a logomarca dos parceiros, de certa forma é uma contrapartida. 2. Há definição de públicos quando vocês definem o doador? Tem-se 5 projetos que se estendem para associações, entidades educacionais, entidades particulares - hospitais, algumas empresas - , tem-se projetos voltados a entidades religiosas e projeto voltado a forças armadas, Estamos trabalhando da seguinte forma, com a semana da mãe nosso público alvo é tentar aumentar o numero de mulheres que no Estado corresponde a 20% do total de doadores apresentando um percentual muito pequeno, cada grupo em relação ao seu projeto vai buscar esse público alvo, se é nas forças armadas, entrar em contato com as mulheres, no sistema de associações buscar associações de mulheres, se são empresas trabalhar com essas empresas naquele período, há reuniões de planejamento 40 dias antes de cada campanha com orientações e palestras durante aquele mês da campanha começa a atuação do Hemocentro, as campanhas já estão definidas de acordo com o calendário com datas fixas desde do ano passado cada ano se muda porque as campanhas duram de segunda a sábado fazendo sempre uma semana que antecede a data por exemplo o dia das mães. 61 3. O Hemocentro realiza pesquisa com os doadores? Na verdade na recepção na semana da campanha são feitos questionamentos porque ele quer doar, e existe um cadastro no computador e pergunta se veio doar voluntariamente pela campanha ou se veio mesmo sem ser pela campanha, mas não existe uma pesquisa apenas o cadastro que é feito. 4. Como ocorre o processo de divulgação? Quem são os tomadores de decisão dos locais estratégicos? A programação das atividades das comemorações individuais já foi feita desde quando foi fundado o hemocentro cada ano o grupo se reúne com a direção fazendo a definição entre direção e coordenação de como será a divulgação das campanhas junto com a equipe de captação nós entramos em contato com a secretaria de saúde do estado é lá que fazem os contatos, entram em contato pela internet mostrando os projetos para o determinado mês desde coleta externa de sangue a festividade e daí entram em contato com as emissoras de rádio e televisão quando a gente vê que não tem uma resposta muito concreta a equipe de ação estratégica entra em contato com as mídias pessoalmente, (vocês pagam para sair nas mídias?)* não porque como essa é uma questão que mexe de fato com a sociedade fazendo um bem para todos as mídias já estão sensibilizados a fazer um trabalho voluntário (e quais são os locais estratégicos?) quem define é a coordenação de ações estratégica junto com os projetos digamos nós entramos em contato com alguma empresa, empresa X, naquele período é interessante ir em alguma praça a gente pede toda autorização do gestor municipal na verdade é um acordo entre coordenação e instituição. (A instituição tem autonomia para solicitar do hemocentro que haja campanha em determinada empresa?) sim, nós estamos empenhados em trabalhar em empresas então estamos com um projeto a dois meses estamos visitando mensalmente duas empresas buscando idealizá-las para que até 2020 ou 2025 elas continuem solidárias conosco, quando se vê que não tem resposta por parte da empresa buscamos outras estas não serão esquecidas mas iremos tentar atingir 100% das empresas estamos até o final deste ano buscando fidelizar 4 empresas sabendo que elas tem compromisso podendo solicitar coleta de sangue com os funcionários. 5. Quais as principais dificuldades encontradas no processo de divulgação das campanhas (gargalos)? Bem acredito que nós temos um número muito pequeno de recursos humanos, mas vem melhorando de 4 a 5 meses para cá, outro fator é a responsabilidade e compromisso da equipe, enfrentamos falta de estímulo da equipe de promover campanhas cada vez melhores. (Vocês sentem alguma resistência com relação ao público?) eu fiz uma palestra ano passado em uma escola e como o público era jovem é difícil, mas a própria escola nos ajudou a trabalhar com esses jovens, depende 62 muito do público de 18 – 20 é um público difícil, porém a partir dessa idade a resposta é muito boa, tem ainda hospitais que 2 pessoas fazem sensibilização, ainda a dificuldade com a questão da área técnica do hospital pois os profissionais solicitam sangue mas não sensibilizam a doação. Encontramos poucas dificuldades com relação ao processo de divulgação, nós já estamos a um ano trabalhando com determinadas empresas hoje já quebrou mais a resistência as empresas já estão mais abertas, pois muitos profissionais ali já foram vitimas de acidentes de trabalho e necessitaram de sangue, dessa forma as empresas já estão sensibilizadas a quebrar essa barreira. 6. Há o gerenciamento das campanhas? Até um mês atrás o gerenciamento era feito intuitivamente, mas percebemos que sem papel o controle não dá, a partir dessa campanha de maio foram inseridos indicadores para avaliar as respostas dessas campanhas, nós tínhamos a resposta com apenas números de doadores, mas só que esses números. (Você sente falta de um especialista em gestão – administrador para dá suporte nas estratégias?) sim inclusive já conversamos com a direção sobre esse respeito a necessidade de um profissional ligado a marketing, pois até em alguns hemocentros do Brasil existem esses profissionais, mas na nossa equipe existem pessoas que tem habilidades com marketing, mas estamos buscando treinamentos de 3 em 3 mês sobre gestão, pois sentimos a necessidade de trabalhar com esse tipo de plano de ação e resultar indicadores, para avaliar se estamos tendo êxito ou não. 7. O material de divulgação chega pronto de algum órgão? Os folders, banners, cartazes são feitos aqui no Estado, não chega nada de órgãos superiores exceto em campanhas nacionais como o dia do doador, o material é feito através de parceria com as empresas da própria cidade. 8. Você sabe o que consiste o marketing social? Se sim o que entende por esse conceito? Não conheço este conceito. *Os parênteses representam os questionamentos da pesquisadora no momento da entrevista. 63 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO ANÁLISE DO ESFORÇO DA CAPTAÇÃO DE DOAÇÃO DE SANGUE EM JOÃO PESSOA A PARTIR DE UMA VISÃO DO MARKETING SOCIAL Adriana de Fatima Valente Bastos Orientador: Dr. Francisco José da Costa Gabriel Porto Bellini